Nove Meses escrita por Miriã Melo Lima


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o atraso!!!! Fiquei muito mau essa semana, tive algumas complicações na minha operação e não tive tempo nem disposição para revisar nada, nesse capítulo também acrescentei algumas coisinhas, enfim.
Agradeço à cada uma que leu até aqui, vou deixar pra me despedir oficialmente no prólogo!
Beijão


Capitulo revisado e editado 13/06/2017



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Finalmente havia chegado o dia da formatura, depois de sete anos incríveis naquele Castelo, havia finalmente chegado o dia de nos despedirmos dele, dos amigos, dos professores e da segurança da vida de criança/adolescente que tivemos ali, agora um mundo novo se abria, com milhares de possibilidades, dificuldades e muitas responsabilidades.

Já não éramos as crianças que entraram pela primeira vez naquele Salão, agora, éramos jovens adultos, que precisávamos encontrar nossos caminhos e segui-lo.

Ao contrário das milhares de vezes que imaginei esse momento durante esses nove meses de gravidez, eu não estava envergonhada, ou apavorada.

Sim, as pessoas ora ou outra, me olhavam com aquele olhar de pena, como se pensassem: – Coitadinha dela, não sabe o que a vida está lhe revezando! – Mas sim, eu sabia.

Sabia que minha vida havia mudado completamente o rumo, e que agora não havia apenas o meu futuro em jogo, e sim, de uma criança. Da minha criança.

Eu sabia que não teria chances para erros, que sacrificaria noites de sono e saídas com futuros colegas de trabalho. Teria que trabalhar em dobro, porque além das minhas necessidades, haviam também as da minha filha, além de tudo, teria que estar pronta psicologicamente para indagações que viriam e com a educação dela.

Hera tinha um fardo muito grande para carregar... Além de ser neta de Hermione Granger e Ronald Weasley, era também herdeira Malfoy.

Dois sobrenomes de peso, dois sobrenomes que lhe rotularia antes mesmo de entender o que aquilo significava.

Aquilo me assustava, não o suficiente para me oprimir, tinha noção de todas as responsabilidades de um sobrenome importante, mas sabia que acima de tudo, ela seria amada.

A família Weasley era complicada, grande, irritante, companheira e muito amiga também... Eles sempre estariam lá por ela, prontos para amá-la em qualquer situação, assim como faziam comigo.

Os Malfoys também estariam por perto, do jeito deles, estariam sempre prontos para acolher Hera, e isto era reconfortante.

Eu não estava sozinha. Nunca estaria.

Por isto, mesmo algumas pessoas me olhando atravessado, subi naquele palco com as mãos suadas e frias, enquanto Hera chutava forte em meu ventre, preparando-me para o meu discurso.

Suspirei, rolando os olhos pelas milhares de pessoas que estavam ali, procurando pelo olhar reconfortante da minha família.

Encontrei mamãe sorrindo orgulhosamente, tia Ginna segurando suas mãos e sorrindo animadamente em minha direção.

Tio Harry, Vovó e Vovô Weasley, tio George, tia Fleur, James, Fred, Dominique e toda extensa lista de nomes da minha família, embora eu estivesse feliz por encontrar os olhares orgulhosos e encorajador de todos eles, apenas um me fazia falta, o único que não estava ali, aquele que sempre sonhei em ver naquele momento, me olhando orgulhosamente, enquanto eu fazia o discurso que já havia escrito e reescrito milhares de vezes durante aqueles anos.

Suspirei.

Vi Scorpius sorrir em minha direção, com aquele olhar complacente que acalmava minha alma e acalentava meu peito.

— Diretora McGonagall, professores, amigos, familiares... Boa noite. – soltei um sorriso ao ver minha mãe deixar as lágrimas inundarem seus olhos rapidamente. – Desde que nascemos, esperamos pelo momento em que nossa carta de Hogwarts chegue... Acredito, que todas as crianças sonham com o dia que finalmente conhecerão o Castelo, onde a magia acontece... Quando finalmente colocamos os pés aqui, em um misto de sentimentos e sensações, somos pegos pela realidade da transição, aos poucos, vamos deixando de ser crianças para passarmos à adolescência. São fases difíceis, onde temos que nos descobrir pouco a pouco, e aí, quando finalmente estamos confortáveis com aquilo que achamos que somos, nos vemos jogados no turbilhão de sentimentos e emoções que é a vida de adulto. De repente, temos que escolher qual profissão vamos seguir por toda nossa vida, saímos da segurança do Castelo e somos jogados ao mundo, onde não temos segundas chances. Quer dizer, em Hogwarts, primeiro estudamos e depois fazemos a prova, na vida, primeiro passamos pela prova para aprender algo... Nem sempre somos perfeitos, como esperavam e tomamos caminhos inesperados... Eu, Rose Weasley sou prova disto, quer dizer, sei que as pessoas esperavam coisas grandes de mim, e com uma decisão errada, posso tê-los lhes decepcionado, mas isso não importa... Não quando você sabe que a única coisa que importa, que no fim de tudo, a única opinião que vai importar, vai ser daqueles que sempre estiveram com você. – olhei minha família nesse momento, agradecendo por tê-los em minha vida. – Como meus companheiros em Hogwarts e toda minha família sabe, eu sempre vivi mais dentro de livros do que no mundo real, tive oportunidade de viajar o mundo sem sair do meu quarto, vivi amores, chorei mortes, extrai lições e tive inspirações de milhares de autores diferentes, que me proporcionaram oportunidades únicas, no entanto, minha maior inspiração é e sempre foram meus pais, Hermione e Ronald Weasley.

Observei uma cabeleira ruiva caminhar silenciosamente pelo corredor vazio, em direção ao banco reservado para ele, ao lado da minha mãe. Ele sentou-se, passou os braços pelos ombros dela, que sorria abertamente, ajustou-se em seu lugar e me encarou. Senti as lágrimas correrem pelo meu rosto, fazendo meu coração se acalmar lentamente, aqueles olhos azuis cristalinos me contavam tantas coisas, havia tanto amor cintilante neles, que era impossível me lembrar de toda dor que senti pela rejeição nesses últimos meses.

— Meus pais, me ensinaram desde muito cedo, sobre as coisas que mais importavam, ensinou-me sobre o valor da família, do amor, do perdão... Me mostraram que nenhuma dificuldade é grande demais para ser superada, me ensinaram que eu poderia ser quem eu quisesse ser, sem me importar com o que poderiam dizer! Nos ofereceu um lar cheio de amor, companheirismo, paz, música, arte, livros e quadribol. Obrigada por isto, mãe e pai, eu não seria quem sou, se não fosse pela dedicação de vocês em me criar. Espero que eu seja metade do que vocês foram comigo, para Hera. Obrigada aos professores por dedicarem tempo, amor e paciência para nos ensinarem, mesmo quando não estávamos dispostos a aprender, obrigada Diretora, por me mostrar que sempre podemos seguir nossos sonhos, não se importando com as dificuldades que podem se opuser... Obrigada aos meus companheiros de estudo, sei que muitos aqui, não verei com frequência, outros me acompanharão além dos muros de Hogwarts, alguns, encontraremos em tempos e, tempos, outros, simplesmente não serão mais vistos... E a vida, sabemos que ela segue, estando nós preparados ou não. De uma coisa eu sempre terei certeza, Hogwarts sempre estará de portas abertas para todos que acreditam na magia dela, boa noite.

Desci do palco, ouvindo os assobios e aplausos de todos, enquanto me encaminhava diretamente para o homem que me esperava de braços abertos, logo à minha frente.

— Tenho orgulho de ser seu pai. – Ronald resmungou, assim que envolveu-me em um abraço.

***

A festa estava animada, as pessoas à minha volta riam, dançavam, bebiam.

Eu estava feliz, embora não estivesse com disposição para dançar e não poder tomar um porre como metade dos meus amigos e primos, estava imensamente feliz.

Parecia que finalmente minha vida estava tomando o rumo certo, estava finalmente me encontrando.

Scorpius estava me rondado, meu pai sorria constantemente e já até tinha feito o esforço de cumprimentar Draco.

Mamãe sorria constantemente por ver sua família reunida novamente, meus amigos estavam animados com as possibilidades que a vida estava lhe apresentando.

Hera também parecia animada em minha barriga, chutando constantemente debaixo do meu ventre, fazendo-me sentir fisgadas doloridas, que deixavam Scorpius se alarmar a cada minuto.

Estava com quase trinta e sete semanas, sabíamos que ela poderia vir nos próximos dias, por isto, era aceitável sua tensão e preocupação.

— Você está bem? – ele perguntou pela milionésima vez, fazendo-me revirar os olhos, sem paciência.

— Se você me fizer essa pergunta mais uma vez, juro que darei um jeito de fazê-lo sofrer por isto. – resmunguei, contrariada, enquanto ele soltava um meio sorriso afetado.

Me levantei rapidamente para fazer xixi, quando senti uma fisgada intensa e forte inundar-me.

Puxei o ar com força, tentando regularizar minha respiração, quando uma cólica forte, intensa e contínua, veio.

Apertei o braço de Scorpius, fazendo-o me olhar assustado.

— Acho que chegou a hora. – falei baixinho, tentando não chamar a atenção de toda festa, enquanto vi Scorpius empalidecer na minha frente.

E então outra cólica veio ainda mais intensa, fazendo-me gemer baixinho, alarmando ainda mais ele.

— O que foi? – meu pai percebeu nossa inquietação, se aproximando, curioso.

De repente, minha vontade de sair despercebida dali, esvaiu, porque uma expressão de medo invadiu o rosto de Ronald, quando ele percebeu que havia chegado a hora de Hera nascer e saiu desesperado, anunciando, gritando e esperneando com tudo e todos.

— Vai nascer... Minha neta vai nascer. – ele gritava elétrico, enquanto todos prestavam atenção em nossa mesa.

De repente, estavam todos em minha volta, enquanto Scorpius segurava minha mão fortemente e outra contração me alcançava.

— Tragam uma chave de portal!

— Vamos de carro!

— Aparatem!

— Ela não pode aparatar, está gravida!

— Tragam um medi bruxo.

— Pó de flu!

— Rápido!

Eram muitas pessoas falando ao mesmo tempo, enquanto uma correria se instalava.

— Rose, querida, você pode andar? – Astória sorriu, calmamente, enquanto pegava minha mão.

— Posso. – suspirei, em meio à contração.

— Tem um medi-bruxo nos esperando na saída, ele trouxe uma chave de portal junto consigo, vamos. – Draco apareceu aflito, olhando de mim para Scorpius.

Foi uma loucura, todos estavam parados, observando o desenrolar dos fatos, enquanto era amparada pelos Malfoys e minha família seguiam aflitos, logo atrás.

***

Estava de pé, em frente ao enorme espelho que havia no banheiro do quarto, vestida em uma camisola larga de algodão que deixava meus movimentos livres.

Ao contrário do que havia previsto às coisas estavam demorando, minha dilatação estava lenta e o meu corpo já mostrava claro sinais de cansaço.

Embora sempre houve a opção de procedimento cirúrgico, ainda estava insistindo na forma natural, tínhamos à magia ao nosso favor, no entanto, os medi-bruxos não tinham muito conhecimento de Medicina Trouxa, o que de certa forma, me deixava insegura.

Caminhar ajudava, por isto estava ali, andando de um lado para o outro, perdida em um turbilhão de emoções enquanto havia um número simbólico de pessoas aflitas na sala de espera.

As contrações vinham à cada cinco minutos, fortes, intensas e agudas, roubavam meu fôlego e me deixava sem forças.

O suor cobria meu rosto, enquanto tentava suportar à contração que estava chegando.

Scorpius estava logo atrás de mim, de braços cruzados, me olhando fixamente, com o semblante em um misto de ansiedade e medo.

— Você deveria aceitar a poção que lhe ofereceram. – ele suspirou, quando percebeu que a contração havia parado.

— Não, ainda não.

— Odeio ver você assim Rose. – confessou baixo, enquanto rolava os olhos pelos azulejos da parede.

— Já parou para pensar no quanto nossa vida vai mudar depois dessa noite, Scorpius? Você está pronto para isso? – murmurei, cansada, chamando sua atenção para meu rosto.

— Desde o momento que você me disse que havia chegado a hora, Rose. – suspirou, cansado também.

Scorpius era humano, afinal, tinha tantos medos e anseios que eu.

— Acho que pode se ter trinta, quarenta e até cinquenta anos e nunca se estar realmente pronto para isso, quer dizer, eu a amo, seria capaz de qualquer coisa por uma pessoa que ainda nem conheço... Mas a dúvida continua aqui, à espreita, o medo de falhar... De não ser o suficiente... Serão constantes daqui em diante.

Eu entendia o que ele dizia, entendia, porque me sentia exatamente igual.

— Ela vai ter sorte... Terá uma família incrível para ajudá-la em ambas às partes. – sorri, tentando me convencer daquilo.

— Você sabe que não é bem assim, Rose. Não seremos uma família, ela sempre estará dividida entre dois mundos distintos, em vidas diferentes…

— Não posso pedir para você ficar, Scorpius. Seria injusto. – murmurei, cansada, eu estava chateada, com dor e com milhares de dúvidas me rondando.

Eu amava Scorpius, hoje ainda mais do que antes, simplesmente porque foi impossível manter-se alheia ao amor e dedicação que ele vinha devotando à mim e à Hera, durante todo esse tempo.

Estava pronta para dizer à ele que poderíamos tentar, que talvez pudéssemos fazer aquilo funcionar, poderíamos construir nossa família, e então, aquela carta chegou, a carta de aprovação de Scorpius, no curso de Auror, na França, um dos melhores cursos, ele não somente havia passado com honras, como estava sendo convidado à se juntar a turma inicial de um protejo Secreto do Ministério da Magia, em parceria com a França e milhares de outros países.

Era tudo o que Scorpius sempre desejou, sabia disso. Vi a felicidade estampada em seu rosto, no momento em que soube de sua aprovação.

Não poderia simplesmente pedir para ele abrir mão da sua vida, por nós duas.

Talvez aquele não fosse o momento.

Ele suspirou, cansado de discutir aquilo, e deu de ombros, desleixadamente.

— Não sei se quero perder seis meses da vida dela, Rose.

— Não posso interferir na sua decisão, Scorpius. Só posso lhe dizer que talvez, seja melhor perder seis meses agora e estar pelo resto da vida dela ao seu lado, do que embarcamos em um relacionamento, aonde provavelmente, um dia, você vá se sentir frustrado por tudo que deixou de fazer por nós duas, e nos separarmos e você perder toda etapa importante que ela vai passar... Vai por mim, você não vai perder muita coisa, serão apenas algumas milhares de fraldas, banhos e cólicas! Nada que você não supere em todos os outros anos que terão pela frente.

Foi a última coisa que consegui dizer, antes das coisas começarem a acelerar e as contrações vieram a cada milésimo de segundo.

Àquela altura, já estava na maca, com uma equipe de medi-bruxos e Scorpius, segurando minha mão fortemente, enquanto minha mãe me auxiliava, me dizendo o que fazer.

A dor era intensa, não conseguia pensar, raciocinar ou falar nada, era algo quase insuportável, quase inumano, e então, foi como se toda aquela dor não tivesse existido um segundo antes, quando o choro alto, cheio de fôlego e vida, ecoou pelo quarto, inundando todo o ambiente.

Naquele segundo, meu mundo mudou, foi como ser transportada para outra realidade, outra dimensão. De repente, tudo ao meu redor parecia mais colorido, cheio de vida, de amor.

Quando colocaram ela sobre meu peito e eu a vi, tão pequena, frágil e dependente, entendi que havia ganhado um presente valioso.

Havia ganhado um motivo para sorrir, para lutar e para amar incondicionalmente.

As lágrimas corriam soltas pelo meu rosto, enquanto, com um medo absurdo, arrastei levemente a ponta do meu dedo pelo seu rostinho rosado e incrivelmente delicado.

Quando Scorpius tocou minha mão forte e olhou meus olhos pela primeira vez desde que Hera havia realmente nascido, soube que estávamos não somente ligados pelo resto da vida, como compartilhávamos os mesmos sentimentos.

Não importava quanto tempo demorasse até estarmos prontos, com a vida organizada e preparada para formamos uma família, acima de tudo, de qualquer dificuldade e dúvida, acima de tudo isso, estava o amor incondicional que tínhamos pelo ser, que um dia julgamos como um erro.

Hera era o erro mais doce de nossas vidas, a coisa mais real e sensacional que viveríamos, mesmo que vivêssemos um milhão de anos, nada nunca superaria a plenitude de sermos seus pais.


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Notas finais do capítulo

Cometem...amanhã tem o prólogo!



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