Ouvi o despertador tocar, anunciando a hora de me levantar e encarar mais uma vez o colégio. Estava um friozinho agradável, me enrolei e afundei ainda mais no travesseiro, estava realmente muito agradável ali. Por fim, tomei coragem e me sentei, ao colocar os pés no chão um frio latente correu minha espinha, o chão estava tão gelado quanto uma pedra de gelo, ou eu estava com o corpo quente. Tanto faz, não liguei e fui andando para o banheiro, parei em frente a uma garota com os cabelos embolados parecendo um ninho de passarinho, os olhos semifechados e a cara abatida.

— Uau! Com certeza eu ganharia o Oscar da pessoa mais feia do mundo ao acordar. 

Dei um risinho, minha figura no espelho estava realmente em estado de urgência máxima, fico imaginando como será que essas pessoas bonitas como a Gisele Bündchen se levantavam. "Certamente devem ficar bonitas da mesma forma", pensei.
Me inclinei para o chuveiro, quando o primeiro jato de água caiu sobre mim, desejei ter verificado se estava no quente. Depois me lembrei de que havia queimado a resistência semana passada, suspirei e comecei a dar vários pulinhos até me molhar completamente. 
Foi o banho mais rápido que já tive na vida, peguei meus materiais, armei a mochila e me preparei para encarar mais um dia de aula.

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Cheguei ao colégio e como sempre o pátio estava lotado de grupinhos, fiz como de costume caminhei em direção à porta com o olhar determinado. Conseguia passar por todo mundo sem ser percebida era uma das minhas melhores habilidades, foi quando estava preste a me sentir segura do lado de dentro daquelas grandes portas que mal notei uma bola voando em minha direção, por reflexo me encolhi e cobri o rosto com as mãos esperando o impacto, mas nada aconteceu. Abri espaço por entre os dedos que cobriam o meu rosto e qual não foi minha surpresa? O garoto mais popular do colégio, bem ali na minha frente parado, seu olhar fixo em mim. Fiquei admirando-o até perceber o que aconteceu, ele me salvará de ganhar uma ida ao médico. Ele sorriu para mim, o que me deixou quente, senti minhas bochechas corando.

— O-obrigada! – exclamei com dificuldade.

— Que isso, não foi nada. Mas... Você já pode tirar as mãos do rosto e não sou tão feio assim, sou? – e caiu na risada.

Havia esquecido completamente que mantinha minha posição de defesa, conclusão corei mais ainda.

— Hey! Jean, o herói das mocinhas! -  Surgiu T.J., o melhor amigo de Jean. Ele se aproximou do colega e passou o braço em volta de seu pescoço bagunçando o cabelo do garoto. Virou-se para mim e sorriu.

— Desculpe-me, nós estávamos treinando para o jogo de hoje à tarde e sem querer errei a direção da bola.

— Pelo visto, vai precisar de mais algumas horas de treino. – Merda! Falei sem pensar, detesto quando minha boca funciona mais rápido que meu cérebro, por um instante fiquei ali fitando os pés esperando a enxurrada de palavras de raiva, mas o garoto caiu na gargalhada.

— Você é sincera, gosto disso! Meu nome é zoado, mas prefiro que me chamem de T.J., ok? – E estendeu as mãos, fiquei com cara de taxo, afinal ele era legal! Normalmente os jogadores do nosso time de futebol possuem uma única proporção “100% corpo definido para 0% de cérebro”, apesar de Jean ser diferente, eu o via na biblioteca algumas vezes concentrado estudando, mas nunca tive coragem de conversar com ele.

— Malu, prazer. -  Apertei sua mão e sorri timidamente.

— Hum, então seu nome é Malu. – Jean agora prestava mais atenção em mim com um ar de interessado. Não entendi bem o motivo. -  Acho que já te vi em algum lugar...

— Sim, somos da mesma turma. – suspirei, eu realmente era uma pessoa apagada. Ninguém da minha sala me conhecia? Será possível!

— Ah! Desculpe, sou meio ruim com nomes, mas seu rosto me era familiar.

Senti uma pontada de mentira naquela frase, mas estava extremamente feliz! O rapaz com que sempre sentia um carinho especial finalmente me notará e melhor ainda salvou minha cabeça de uma bola desgovernada. Não conseguia pensar direito, e fiquei parada olhando aqueles dois rapazes.

— Bom, então precisamos ir ali. Foi um prazer te conhecer, Malu! – disse T.J., que se aproximará e me deu um beijo na bochecha. Corei e fiquei meio desajeitada.

— Bom, então até a aula. Ah! Você vai assistir ao jogo, não é? Por mim?

— Hum, não sei se vai dar... Mas vou tentar. – E sorri.

— Ok, faz um esforço, vou ficar muito feliz se for. -  E me deu um aperto de mãos.

Fiquei parada por um instante, minha cabeça batendo a mil, mas decidi que sonhar é bom, manter os pés próximo ao chão evita machucados sérios e dolorosos.