A Infeliz História de uma Dragonesa Negra escrita por SpyroForever


Capítulo 4
Meu corpo que não é meu


Notas iniciais do capítulo

Este é o primeiro relato que um dos massacres que eu cometi enquanto estava sendo controlada. Me desculpem pela... Tamanha violência e crueldade, mas prometi a mim mesma que iria relatar à vocês exatamente o que eu passei. Espero que não me julguem.



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Durante toda a noite, mesmo que eu não conseguisse controlar meu corpo, não consegui dormir. Fiquei ali, de olhos fechados, meu corpo imóvel, como se eu estivesse de fato dormindo, mas meus pensamentos e sofrimentos eram tamanhos que lágrimas não paravam de sair das frestas pequenas que haviam em meus olhos.

Conforme as lágrimas desciam pelo meu rosto, eu sentia que cada vez mais, meu sofrimento e minha dor aumentavam. Quanto mais eu pensava naquele pobre filhotinho, mais meu coração doía e eu me afogava em sofrimento.

Finalmente senti que eu havia recobrado o controle do meu corpo, assim, abri meus olhos e finalmente abri a boca, começando a chorar alto. –Por que, papai!? –Perguntei para ninguém, apenas me lamentando.

Ver aquele pobre dragão queimando, berrando, pedindo por misericórdia... Aquilo não era para qualquer um.

Comecei a sentir então minhas lágrimas queimarem as escamas logo abaixo de meus olhos em determinados lugares. Lugares específicos em minhas escamas. Coloquei minhas patas nos meus olhos, gemendo de dor, sentindo a dor do meu coração cada vez mais aumentando. Me levantei e fui até um dos cristais para olhar meu reflexo. Assim que o vi, percebi que haviam marcas de cor azul claro logo abaixo de meus olhos. Passei a pata nelas e cada vez mais me sentia pior.

—Essas são as marcas do sofrimento. –ouvi a voz de Malefor atrás de mim. Assim que o olhei, fui falar algo, mas ele me atropelou. –Elas são seu castigo. Elas farão você sentir todo o sofrimento das pessoas que você assassinar.

—Mas... Pai! Por que você fez isso? –Perguntei, chorando.

—Porque você me desobedeceu! –Ele disse para mim, ríspido. –Você é apenas uma arma. Irá me obedecer por bem ou por mal! Agora venha! Tenho uma primeira missão para você. Deverá matar todos de uma vila. Lá será uma de minhas bases.

—Eu não irei fazer isso. –Falei, me sentando no chão, mas logo meu corpo novamente se levantou sozinho e o seguiu. Não pude nem mesmo falar, apenas ver, e pensar.

Malefor foi até fora do vulcão. Era a primeira vez que eu via aquele lugar. Árvores, flores, animais, pássaros. Até mesmo o céu se mostrava ser lindo para mim. Mas logo ele falou.

—A vila fica ao norte daqui. Não fazemos prisioneiros. Vá até lá, mate todos, destrua todas as casas e volte para reportar.

—Sim mestre. –Falei e logo me transformei em adulta novamente, assim que ele tocou a pata em mim. Com isso decolei, rápido, indo para o norte.

—Não... Não Cynder. Não faça isso! Por favor! –Eu falava em minha mente, tentando ao máximo controlar meu corpo para poder parar de voar, porém nada conseguia.

Assim que enxerguei a pequena e humilde vila, me desesperei. Dezenas de filhotes brincando, correndo de um lado para o outro, rindo, se divertindo, suas mães os observando sempre atentas, seus pais trabalhando com coisas pacatas. Tão inocentes. Tão calmos. Tão indefesos.

Rodeei a vila 2 vezes, colocando uma barreira invisível de ar em volta dela para que ninguém saísse, então... A maldição da minha vida começou assim que os primeiros respingos de sangue relaram em mim.

Pousei, indo sem nenhuma emoção em direção de um grupo de crianças. Minhas ações, o jeito que eu estava agindo, chamou a atenção de todos, que logo começaram a ficar em guardar e os pais se aproximarem em mim.

Meus pensamentos estavam em desespero. Eu tentava ao máximo ficar em controle, mas então, eu desisti assim que um dos machos tocou em meu ombro.

—Posso ajudar, senhorita? –Disse ele.

Parei no mesmo lugar. As marcas azuis debaixo dos meus olhos começaram a brilhar e eu logo olhei para o jovem macho. –Este lugar já não é mais de vocês, mas sim de meu mestre, Malefor. –Com isso segurei a pata dele e a quebrei, logo segurando seu peito e arrancando-lhe a perna inteira.

Seu rugido de dor me deixou totalmente em pura dor, mas meu corpo continuou, pegando então seu focinho e quebrando seu maxilar, logo após isso quebrando seu pescoço, o matando.

Todos lá começaram à correr de um lado para o outro, tentando sair da vila, mas a barreira de vento matava qualquer um que tocava, os deixando completamente desesperados. Os filhotes corriam para suas mãe e os machos corriam em minha direção, lançando todo tipo de ataques contra mim, no qual eu desviava ou bloqueava com meus elementos, matando um por um.

Cada um que se aproximava de mim tinha uma morte cruel, tendo alguns membros retirados de seu corpo, ou sendo perfurados, tendo órgãos retirados, ou então derretidos pelo meu ácido. Depois que todos os machos acabaram, as mães, que estavam protegendo seus queridos filhos, começaram à avançar em mim, tentando ao máximo manterem seus filhos seguros, porém tinham exatamente o mesmo destino que seus maridos.

Assim que a última mãe caiu sem vida na minha frente, eu já estava completamente coberta de vermelho. O gosto daquele sangue todo não saia da minha boca por algum motivo. Minha testa começou a queimar então, aos poucos.

Comecei a andar em direção dos filhotes então, que choravam, alguns me pedindo para não os matar, outros apenas procurando algum lugar para se esconder ou fugir.

Assim que cheguei neles, cuspi uma poderosa rajada de ácido em cima deles, que começou a corroer seus pobres e frágeis corpos pouco em pouco, suas vozes aos poucos se esvaindo e o silêncio tomando o lugar.

Sem nenhuma emoção aparente, meu corpo começou então a queimar cada uma das casas, até que me vi no espelho. Eu estava com uma marca na testa da mesma cor das de debaixo de meus olhos.

Assim que a vi, ouvi a voz de Malefor na minha cabeça. –Isso é um presentinho que eu lhe dei pelo sucesso que você teve. Essas marcas lhe darão o dom de sempre poder ver, sentir, cheirar e pensar enquanto estiver no modo marionete.

Marionete... Era isso que eu havia me tornado. Vendo todo aquele sangue. Toda aquela destruição. Aquilo me mudou. Aquilo me mudou, e muito. Foi a partir disso que comecei a ser chamada de um dos nomes que eu tenho mais repúdio: terror dos céus.


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