A Infeliz História de uma Dragonesa Negra escrita por SpyroForever


Capítulo 3
Aprendendo a caçar




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—Venha aqui agora, Cynder. –Malefor diz andando para outro cristal negro e eu o segui, saltitando como qualquer outro filhote.

—Papa? –Eu perguntei assim que ele parou e tocou nele. Assim que o tocou, o cristal começou a brilhar.

Eu achava aquele brilho simplesmente lindo. Parecia que chamava meu nome. Comecei a me aproximar dele devagar, meio receosa.

—Venha, pequena Cynder. Toque no cristal. Se sentirá melhor. Não precisa ter medo. Estou aqui para lhe proteger, pequenina.

Sorri e me esfreguei contra a pata dele, ronronando demais. Então fui até o cristal e o toquei sem medo. Senti um calor se apoderar dentro de mim. Meu corpo inteiro começou a coçar e senti meus membros aumentando de tamanho. Ficava cada vez maior e maior, meu corpo ficando mais e mais definido, com curvas. Quando fiquei levemente menor que ele, parei.

—O que aconteceu, pai? –Estranhei de como eu já sabia falar. Olhei para as paredes e pude dizer com certeza que era lava vulcânica seca. –Como eu sei de tudo isso? Está tudo tão confuso! –Segurei minha cabeça com as asas.

—Eu dei minhas experiências para você, minha Cynder. Agora você irá fazer tudo que eu falar para você fazer! Preciso da sua ajuda, minha querida.

—Ajuda em que? –Perguntei olhando meu corpo inteiro. –Me sinto tão estranha

—Você irá atrás de fragmentos de cristais especiais que poderão me ajudar a ser liberto.

—Liberto?

—Isso mesmo. O que você está vendo é apenas uma magia antiga. Meu nome é Malefor, querida. Você me ajudará a viver novamente?

—Ajudo sim, pai!

—Ótimo! A primeira coisa que deve aprender então, é aprender a caçar sua própria comida. Você não deve ter medo e muito menos piedade à suas presas!

—Eu realmente estou morrendo de fome. O que eu deverei caçar? –Perguntei. Mesmo com o corpo e conhecimentos de um adulto, ainda era uma criança, um filhotinho recém nascido.

—Venha aqui. –Ele começou a andar para um outro luugar, saindo daquele salão grande que eu havia nascido.

Eu o segui, estranhando levemente o tamanho de minha cauda. –É estranho andar com uma cauda tão grande assim! –Eu disse rindo um pouco.

—Você acabará se acostumando, não se preocupe com isso. –Malefor diz e então entra em uma sala separada. –Sua presa está aqui. Mate-a e devore-a.

Assim que entrei eu vi um pequeno coelho em uma jaula. –Que coelho bonitinho!

—Esse coelho é sua presa. Carne. Proteínas. Coma-o ou morrerá de fome!

—Nossa pai. Você me deixaria sem comida?

—Estou te ensinando a viver. Nem sempre estarei aqui com você para lhe dar sua comida. Vamos. –Disse se sentando no chão.

Entrei na sala e então, quando eu estava indo em direção do coelho aterrorizado, ele tocou na minha cauda e eu voltei a ser filhote, porém um pouco maior que antes. –Por que fez isso?

—Geralmente, Devemos aprender a caçar enquanto ainda somos filhotes, assim, poderemos desenvolver mais habilidades. Vamos. Coma-o.

Fui até a gaiola e então Malefor a abriu. Entrei nela e logo ataquei o pobre coelho, mordendo-lhe o pescoço com toda a força que eu possuía, o matando. Assim que percebi que ele havia morrido, o comi inteiro, sobrando apenas seus ossos.

—Ótimo. Muito bem. Ótimo para sua primeira presa.

—Tava gostoso! Mas eu ainda estou com fome.

—Eu imaginei isso. Preparei uma outra presa. Uma presa especial. Venha aqui! –Ele diz sorrindo de um jeito diferente e se virando.

Eu estranhei um pouco e limpei minha boca com minha língua, o seguindo.

Ele caminhou até outra sala e entrando lá, vi um outro filhote de dragão. Olhei para ele, que estava chorando no canto de uma jaula. Ele era um dragão negro, assim como eu. Tinha olhos azuis.

—Ele é sua presa. –Malefor diz, me olhando.

Arregalei meus olhos. –OQUE?! Não! Eu... Não posso matar outro dragão! Não! –Me sentei no chão. –Muito menos comê-lo!

—Sim! Você pode e vai, pois eu estou mandando você fazer isso!

—Mas... Pai... Por favor! Eu te imploro! –Eu disse olhando para ele.

Ele apenas se virou, andando para fora do quarto. –Te darei 10 minutos para o matar, ou sofrerá as devidas consequências!

Eu olhei para o filhote. –Me desculpa.

—Não me mata não! Por favor! –Ele me pediu, se afastando da porta da jaula.

—Desculpa. Eu preciso fazer isso. Meu papai mandou! –Entrei na jaula, fechando a porta atrás de mim.

Ele se deitou, fechando os olhos, chorando, tremendo. –N... Não.

Me aproximei dele, abrindo a boca. Ver ele tremendo daquele jeito e suplicando pela vida me partiu o coração.  Me afastei novamente, olhando para o chão. –Eu... Eu não posso fazer isso.

—Obrigado! –Ele diz me olhando ainda rente ao chão. –Q... Qual é o seu nome?

—Cynder. E o seu? –Me sentei no chão, olhando-o.

—Eu... Não sei.

—Mhhh... Tudo bem. Vou te chamar de amigo. Posso?

—Amigo? Quer ser minha amiga? –Ele me perguntou me olhando nos olhos.

Aqueles olhos... Aqueles... Doces... e... Inocentes olhos... Eu... Não consigo falar dele sem chorar... Me desculpem. Essa é uma das minhas lembranças mais tristes. Enfim... Preciso me acalmar. Respirar. Relaxar. Me desculpem.

—Claro que eu quero, bobinho! –Eu disse sorrindo para ele.

—Pode me tirar daqui?

—Eu acho que não. Desculpa. Mas quer brincar?

—Do que?

—Não sei... Pega Pega?

—Tudo bem... –Finalmente ele começou a ficar com menos medo de mim.

—Está com você! –Eu disse correndo dele.

Logo o dragão começou a correr atrás de mim. Ficamos brincando algum tempo até que Malefor finalmente entrou novamente na sala.

—Cynder...

Eu olhei, abaixando a cabeça. –P... Pai?

—Você não fez oque eu mandei. Venha! Agora mesmo!

Eu olhei para o dragãozinho. –Tchau amigo. –Então eu saí da jaula, olhando para baixo. –Descul...

Nesse momento Malefor foi para a jaula.

—Pai?

Ele... Ele abriu a boca, rosnando, olhando para o dragão.

—PAI! NÃO! POR...

Ele nem pareceu me ouvir. Com um único movimento... Ele... Lançou uma rajada de chamas no pequenino.

As chamas o envolveram, o queimando. Eu podia ouvia seus gritos de dor e desespero enquanto ele rolava no chão e corria de um lado para o outro.

—PAI! NÃO! POR FAVOR! SALVA ELE! EU JURO QUE EU FAÇO OQUE EU QUISER! –Eu disse.

—Tarde demais. Devia ter pensado nisso antes! Agora ele irá sofrer! –Malefor diz, frio.

Os gritos daquele pequeno dragão agonizando de pura dor entraram em minha alma e se recusaram a sair até hoje. Estou chorando, pois aquilo me deixou tão assustada e triste. Eu era apenas uma filhote. Ver aquele dragão ser consumido pelas chamas até finalmente ficar imóvel, me olhando com um olhar de sofrimento.

Eu queria ajudar ele, mas sabia que ele já estava morto.

Assim que a vida se esvaiu do pequeno dragão, Malefor olhou para mim. –Agora você irá fazer tudo que eu mandar! –Ele aproximou seu rosto de mim e seus olhos brilharam vermelho. –Você querendo ou não!

Olhar aqueles olhos me deixou aterrorizada e completamente imóvel. De repente minha boca simplesmente se moveu completamente sozinha. –Sim, meu mestre. –Eu não queria ter falado aquilo. Me senti estranha. Sentia meu corpo, cheiro, enxergava, mas não conseguia me mover nem falar. Me sentia presa.

—Ótimo. Agora vá dormir. Amanhã teremos um dia cheio.

—Sim. –Eu falei sem nem sequer pensar e então meu corpo começou a se mover por conta própria, andando para o salão onde eu havia nascido alguns minutos atrás.

Aquele foi o começo de tudo. Minha força de vontade já não importava mais. Havia virado uma infeliz marionete nas patas de um ser maligno, e não havia nada que eu poderia fazer se não rezar para que acabasse rápido.


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