Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 6
S01CAP06 - Blackout


Notas iniciais do capítulo

E então povo, fim de temporada. Capítulo enorme. Aliás, não vou criar uma história nova pra segunda temporada, só mudar a capa e o título.
Mas espero que apreciem este capítulo, que até eu gostei dele.
Aliás número 2, obrigado pelas participaçoes, as oito vagas já foram preenchidas, mas se quiserem participar, podem esperar pelas mortes de outros personagens. E podem acompanhar a história de qualquer jeito também. É isso, boa leitura.



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24 de dezembro de 2023.

O calor infernal e abafado do local estava começando a deixar as pessoas mal. Elena reencontrou Lúcia, e foi para um dos quartos com ela. Não havia muita diferença, mas era melhor.

— Atenção! Mantenham a calma! – Sandra gritava, mas não era ouvida. Os sussurros estavam virando gritos.
— Quanto tempo acha que vamos aguentar aqui? – Uma mulher gritou no meio das pessoas.
— Não podemos abrir, aquelas coisas estão lá! – Ela respondeu.

Ana abanava o rosto com as mãos, o calor estava tão insuportável que ela mal conseguia prestar atenção em mais nada. Quando seus olhos encheram de lágrimas, mal sabia o motivo ainda. Mas Mariana não estava com ela, saiu de seu quarto e gritou na área principal.
— Mariana! – Ela gritou, todos pararam e olharam para ela. Uma mulher com provavelmente o nome de sua irmã, olhou para ela, com uma cara de "ela está louca". O silêncio foi a pior resposta que ela podia receber, Elena e Lúcia olhavam também. Nesse momento Sandra pareceu lembrar de algo.
— Você precisa abrir isso! – Ana gritou para ela, sabia que sua irmã estava lá fora.
— Não... Onde está Kauan? – Ela gritou também, havia notado que a criança não estava com ela.

Elena e Lúcia atravessaram a multidão e chegaram perto dela, Lúcia quase gritou mas sabia que a culpa não era dela.
— Não podemos deixar Mariana e Kauan lá fora! – Agora Yuri chegava, havia visto o desenrolar da situação. As batidas na parede desviaram a atenção de todos. Uma, em um ponto só. Duas, e o ritmo aumentava, repetidas vezes no mesmo local, até que começou a se espalhar, atrás, dos lados. E isso deixou as pessoas mais assustadas, eles haviam atravessado a cerca.
— Temos que ir lá... – Sandra mudou de posição, se virou para o portão, prestes a abrir a porta.
— Você não vai fazer isso! – Um homem gritou também, o silêncio era esmagador. Sandra parou, não sabia como agir agora.
— Vamos sim. É o filho dela que está lá fora e a irmã dela. – Yuri levantou a voz e apontou para Sandra e Ana, ninguém respondeu.
— Se abrirmos, assim que saírem vamos fechar. – O outro homem disse.
— Tudo bem. Mantenham tudo fechado até nossa volta. – Sandra disse, pareciam ter chegado a uma conclusão.
— E vamos sair pela porta da frente, desfilar até a garagem e cruzar os dedos para eles não nos verem? – Elena disse, antes que a porta fosse aberta.
— Vamos ter que sair pelas janelas. – Yuri disse, trazendo a solução simples.
— Tenho um plano já... – Elena disse. Primeiro ordenou que as pessoas batessem na parede de um lado apenas, os sons atraíram todos eles para o lado esquerdo da construção. Assim, com as duas janelas abertas o pequeno grupo pulou os dois metro de altura na grama do campo, alguns errantes andavam soltos pelo jardim.

— Você precisava vir junto? – Elena perguntou a Lúcia, preferia que a amiga ficasse em segurança ali.
— E deixar você sozinha? – Lúcia responde, continuou caminhando abaixada.

Ana, Yuri e Sandra trocaram alguns olhares. A mulher mais velha não queria que seu sobrinho viesse junto, mas não podia decidir por ele, e ele escolheu não deixar Ana sozinha, isso deixou Sandra um pouco preocupada, mas ela aceitou.

Rapidamente eles correram pela grama até a garagem, Yuri entrou pela janela alta, e com a ajuda dos outros, Sandra abriu a garagem, seu carro preto saiu reluzindo no sol.

— Vamos olhar o quarteirão, qualquer coisa, voltem imediatamente para o carro. Imediatamente. – Ele frisou a palavra, e abriu as portas do carro.

☆ ☆ ☆ ☆

Mariana corria, o mais que podia. Não conseguia chorar mais, Kauan corria atrás dela e acompanhava seu ritmo. Três errantes os acompanhavam, e eles não se cansavam. Já Mariana e o garoto sim. Eles viraram uma esquina e pararam, uma casa de porta aberta, aquilo poderia ser a salvação deles. Kauan correu na direção da casa, mas a garota o impediu.
— E se eles estiverem lá dentro? Estavam na casa de sua mãe! – Kauan parou imediatamente. Os dois estavam ofegantes.
— Mas não podemos ficar parados aqui! – Ele respondeu, apoiou os braços nos joelhos.

Os três errantes que os seguiam despontaram na esquina a alguns metros de distância deles, agora eles não tinham muita escolha, Kauan não esperou, começou a correr na direção da casa, Mariana não teve escolha senão ir atrás, e foi, para sua surpresa assim que pisou na casa, algo atingiu sua cabeça, ela caiu para o lado, viu a luz da porta desaparecer enquanto era fechada.

Kauan havia sido pego por outra pessoa, estavam tapando sua boca com a mão. A casa era comum e tinha todos os moveis dentro intactos, a poeira se acumulava nas janelas mas ainda não estava na mobília.

Dois homens, da mesma altura acenderam a luz e se revelaram.
— Perdão por isso... – O primeiro, que pedia desculpas a Mariana era mais um garoto que homem. Teria no máximo dezessete anos. Seu cabelo preto e liso descia pelo rosto em uma franja média. Tinha olhos azuis e escuros, sua pele era meio morena, não muito. Usava uma calça jeans azul e uma camisa listrada de rosa e branco. Parecia ter um corpo definido. – Sou Júlio César. – Ele disse seu nome e entregou um pouco de gelo para a garota.
— E eu o Cláudio. – O outro era jovem também, mas era mais velho, dezenove, vinte anos talvez. Seu cabelo era loiro e também tinha uma franja que cobria apenas a testa. Era raspado dos lados. Os olhos eram verdes e ele usava uma camisa branca simples e uma calça de algodão comum. Os dois usavam tênis de cor escura. Ele finalmente tirou a mão da boca de Kauan.
— Por que isso? – Mariana perguntou, intercalando a voz com um gemido de dor.
— Pensamos que podiam estar infectados. – Cláudio disse sem enrolar, Kauan se sentou no chão ao lado de Mariana.
— E era muito inteligente me segurar pela boca se eu estivesse infectado. – Kauan disse, sua voz carregava o nervosismo que sentia. Cláudio não disse nada, Júlio tomou a frente.
— O que faziam ali fora?
— Nos separarmos do nosso grupo, temos uma comunidade não muito longe daqui. – Mariana disse, se levantou e jogou o saco de gelo na pia da casa.

Os dois jovens se olharam, uma certa desconfiança no olhar.
— Vocês são do Abrigo de São Paulo? – Júlio perguntou, parecia cauteloso.
— Não. Temos uma comunidade independente... – Ela percebeu os olhares dos dois, viu a desconfiança. – O que aconteceu lá?
— Era tudo maravilhoso nas primeiras horas, mas muitas pessoas foram impedidas de entrar devido aos números. Os soldados começaram a atirar neles, eles revidaram. Entraram e mataram todos que puderam noite passada. Meu pai... Morreu também. – Cláudio falou, mesmo falando da morte de seu pai não se permitiu chorar.
— Meu Deus... – Mariana colocou as mãos na cabeça.
— Escapamos por pouco, meu pai e minha mãe também ficaram... E quando conseguimos sair, aquelas coisas estavam lá fora. O barulho os chamou... – Júlio começou a soluçar, antes de virar as costas para a janela e tentar abafar seu choro.
— Sinto muito. – Mariana se sentiu mal pelo garoto, e disse o que podia dizer.
— Não sinta. Não adianta nada. – Ele secou as lágrimas com a barra da camisa e engoliu o choro.
— Tudo bem, não podemos sair, mas eles virão até nós. – Kauan disse, parecia certo do que falou. – Fiz questão de pisar nos baldes de tintas antes de sair, tem uma trilha até perto daqui.

Cláudio, Mariana e Júlio olharam surpresos para Kauan, pareciam não acreditar no garoto de apenas doze anos.

☆ ☆ ☆ ☆

Yuri teve sorte, assim que virou a esquina encontrou pegadas brancas no chão, elas formavam uma longa trilha regular pelas ruas, alguém tinha feito aquilo propositalmente.

— Podem ser de qualquer um... – Elena observou, mas eles preferiam acreditar que aquilo era uma pista decisiva.
— E se os encontrarmos, podem estar em perigo, e vamos ter que lutar com os errantes. – Lúcia apenas teve coragem de dizer o que todos já sabiam.
— Vamos evitar contato. – Sandra disse, parecia inflexível.
— Mas não sabemos se poderemos evitar contato. – Lúcia respondeu, Sandra ficou quieta.
— Eu trouxe armas. – Ana disse após três minutos de silêncio. Elena agradeceu mentalmente a ela. – Estão no porta malas desde ontem.
— Como assim?! Você deveria guardar as coisas e não roubar! – Sandra gritou, Yuri olhou de canto para ela.
— Achei que seria inteligente ter armas nos carros. – Ela respondeu sem alterar a voz, Sandra se virou para frente e cruzou os braços. Em mais dois minutos de silêncio eles chegaram ao fim da trilha.
O bairro onde estavam era uma área residencial de classe baixa comum, várias casas simples de variados tipos, ruas desertas e um carro parado no meio eram a paisagem do local. Do outro lado da rua, alguns errantes se aproximavam.
— A trilha acaba aqui. – Yuri destravou a porta, e desceu, não precisava dizer o que tinham que fazer, as mulheres também fizeram o mesmo. Ele abriu o porta malas do carro e revelou o pequeno mas suficiente arsenal organizado por Ana.

Elena não escolheu muito, pegou um bastão de beisebol, Lúcia rapidamente retirou uma pá de terra, Yuri uma faca, Ana pegou uma machete que tinha escondido atrás do pano. Sandra olhava o que sobrou, não queria lutar, mas se lembrou do filho, com raiva pegou a barra de metal leve e curta e se preparou.
— Isso vai ser uma grande merda, mas fazer o que. – Elena avançou sobre um deles, atingiu ele na cabeça com força surpreendente, ele virou o pescoço mais de cento e oitenta graus e caiu no chão, viu outro se aproximando pelo lado, mais uma vez se virou e atingiu ele com força total, quebrando seu crânio. Outro errante quase pegou Elena pelas costas, mas Lúcia "cutucou" ele com a pá, o derrubando no chão, com força enfiou a pá em sua mandíbula, e puxou, descendo mais forte com a pá na altura dos olhos, o som do metal no asfalto foi alto. Ela deu um grito grave de raiva.
Yuri se aproximou com cuidado, pegou e atingiu um na cabeça, e empurrou seu corpo para trás.
Sandra parecia relutante, enquanto um deles se aproximava, levantou a barra de ferro para atingi-lo e não conseguiu, ele caiu por cima dela, e estava prestes a morder seu rosto quando uma lâmina atravessou sua cabeça por trás e as mãos de Ana tiraram a criatura de cima dela. Estendeu a mão para Sandra, que aceitou a ajuda para levantar.
— Obrigado. – Ela disse, de certo modo Ana viu sua sinceridade.

☆ ☆ ☆ ☆

— Isso foi um som de metal! – Cláudio ouviu um baque metálico no asfalto, em seguida um grito de tom grave.
— Temos que sair! – Mariana impulsivamente correu para a porta, assim que colocou a mão na tranca, a de Cláudio impediu que ela abrisse.
— Olhe pela janela primeiro. – Ele manda Júlio, que obedece e corre até a janela, limpando a poeira com a roupa ele olha para fora.
— Tem quatro mulheres e um homem. Uma morena, loira, ruiva...
— São eles! – Kauan gritou, e correu, forçando Mariana a abrir a porta. Assim que abriu um errante caiu por cima dela, Kauan saltou para trás com um grito, por pouco ela não foi mordida na barriga. Júlio atingiu o monstro com um machado simples, levou a cabeça dele junto e a lâmina grudou na parede, uma quantia considerável do sangue da criatura escorreu no toros da garota.
— Meu Deus, meu Deus... – Mariana se sentiu tonta enquanto segurava sua blusa com as pontas dos dedos, olhava atônita para o pescoço sem vida sobre sua barriga. Sua visão ficou turva e seu corpo perdeu as forças.
— Droga! – Júlio soltou o machado, e pegou a garota pelos braços, puxando ela para trás.

Sandra viu do lado de fora a porta abrir e reconheceu algumas pessoas lá dentro. Mais errantes se aproximavam dos lados da casa e ela sinalizou para a casa, Yuri correu e puxou Ana, que estava distraída matando um deles. Lúcia e Elena foram as últimas, atravessaram a rua rapidamente. Cláudio quase bateu a porta antes deles entrarem, mas Kauan o impediu. Os errantes começaram a seguir eles e começaram a bater na porta assim que Cláudio a trancou.
— Mãe! – Kauan abraçou sua mãe, envolvendo os braços na cintura dela. Ela se permitiu chorar naquele momento.
— Filho... Me desculpe... – Ela o abraçou com mais força.

Ana quase partiu para cima de Júlio quando viu ele carregando sua irmã, ela avançou com um soco desalinhado e ele desviou com facilidade.
— Calma! – Ele afastou ela com as mãos e soltou a garota.
— O que você fez com ela? – Ela gritou, provavelmente teria gritado mais se uma batida repetida na porta não tivesse a lembrado que o tempo estava correndo rápido demais para eles.
— Ela desmaiou por causa do sangue...
— Esse sangue, não é...? – Ana realmente não queria ouvir a resposta, mas seus olhos se encheram de lágrimas enquanto esperava o pior.
— Não. Ele salvou ela por pouco. – Cláudio interrompeu os dois. – O tempo voa. – Ele estalou os dedos e apontou para a porta, Elena e Lúcia seguravam a porta. Yuri foi até a garota, se abaixou e com certa dificuldade levantou ela em seus braços. Sandra pegou Kauan pelo braço.
— Essa porra não vai segurar tanto tempo assim! – Elena gritou, a porta começava a balançar com mais força.
— Ela tem razão. – Lúcia reforçou a informação da amiga.
— Tem uma porta nos fundos... – Cláudio falou apontando para uma porta nos fundos, tinha duas barras de madeira segurando ela.

Júlio correu e com seu machado aplicou um golpe extremamente forte que arrebentou as tábuas de uma vez só, a porta abriu um pouco.
— Se vocês nos ajudarem, podem ficar conosco. – Sandra disse, os dois se olharam, não pareciam ter muita escolha.

Cláudio foi o primeiro a sair, usava um machado também, embora fosse menor. Olhou ao redor e sinalizou para fazerem silêncio.

O pátio atrás era grande, tinha um gramado que parecia ter sido cuidado há pouco tempo, era cercado por uma cerca de arame alta. Cláudio observou com cuidado, caminhava com o corpo abaixado, os errantes estavam pela porta e pela rua.
— Vamos pelas casas, temos um veículo não muito longe. – Yuri foi logo atrás de Cláudio, carregando Mariana em seus braços, em seguida, Ana vinha logo atrás, Seguida de Júlio César, os dois olhavam atentamente todos os locais ao redor de Yuri, protegendo-o. Semelhante formação era feita por Lúcia, Sandra levando Kauan pela mão e Elena que saíram logo atrás.

Pularam o primeiro muro rapidamente, e deram a volta na casa, chegado até o carro, onde um impasse se formou.
— Estamos em nove! No máximo temos espaço para seis! – Sandra disse, Yuri entrou, mas saiu ao ouvir. Os errantes os notaram, vindo em suas direções. Estavam longe ainda.
— Droga... Eu vou a pé! – Yuri se colocou atrás do carro.
— Levem Mariana e Kauan. – Sandra praticamente ordena, Júlio César tenta colocar Mariana no carro mas não consegue.
— Que droga, rápido! – Ana grita, os errantes estão mais perto.
— Vai junto! – Cláudio fala para Júlio César, que entra junto com Mariana, pegando ela no colo, Kauan senta ao lado.

Nesse momento um jovem chega gritando, baixo, de pele clara e olhos castanhos saiu de uma casa, gritando. Teria vinte e um anos, embora estivesse parecendo uma criança.
— Socorro! Socorro! – Ele tinha um cabelo castanho e curto, mas liso. Usava uma camisa simples preta e uma bermuda longa de jeans.

Ao vê-lo Kauan quase saiu do carro. Abriu a porta, mas sua mãe o impediu.
— Bernardo! – Ele gritou, o amigo desesperado o reconheceu. Sandra também.
— Mas que porra, vamos logo! – Agora Elena que falou, os errantes estavam a alguns metros apenas. – Pega esse garoto e coloca ele aqui! – Ela abriu a porta do banco da frente e empurrou a criança sem fazer perguntas, ninguém pensou em descordar, e o garoto também não. Todos olharam para Lúcia, sinalizando que ela deveria dirigir, não questionou a decisão deles. Entrou no carro e deu meia volta, saindo rapidamente.

Elena, Ana, Yuri e Sandra começaram a correr, na mesma direção que o carro, sabiam que não tinham muito tempo agora.

☆ ☆ ☆ ☆

O jovem sentado ao lado do banco de Lúcia estava ofegante, ela dirigia sem desviar os olhos.
— Onde você estava? – Kauan perguntou, provavelmente o conhecia há um tempo.
— Correndo por aí... O abrigo foi o maior erro da minha vida. – Ele disse, respirava fundo agora.
— Ouvimos falar sobre coisas ruins lá, as pessoas enlouqueceram. – Kauan disse.
— Eu estava lá. – Júlio César falou, Mariana estava deitada ao seu lado agora.
— Sinto muito. Foram coisas terríveis...

Passaram se dez minutos de viagem. Tudo era silêncio, quebrado pelo ronco do motor do carro.

Mariana abriu os olhos devagar. Piscou várias vezes antes de recobrar sua consciência, não lembrava exatamente o que aconteceu, sua roupa estava completamente encharcada com algo denso e pegajoso. Cheirava mal.

Júlio viu que a garota acordou. Bruscamente tirou sua mão do cabelo dela, que estava deitada em seu colo encolhida.
— Você está bem? – Ele perguntou com a voz gentil.
— Estou um pouco melhor... – Ela começou a falar mas sentiu seu estômago embrulhar quando finalmente lembrou do ocorrido e do que era o líquido viscoso em sua camisa. Sentiu a ânsia de vômito subir pela garganta mas segurou, viu que estava em um carro.
— Chegamos! – A voz de Lúcia acordou Mariana de vez, ela então se levantou um pouco tonta. Bateu com a cabeça no teto do carro.
— Tem alguma coisa errada... – Lúcia disse ao ver que nenhum errante estava por perto, mas logo percebeu que estavam todos ali. No chão, mortos.

Ela nem viu o que aconteceu, apenas um estouro de longe e a cabeça da mulher saltou para trás. Seu corpo ficou completamente mole e ela caiu no chão. Um tiro de longa distância no meio de seu rosto.
— Que porra é essa!? – Bernardo abriu a porta do carro, mas um grito o impediu de sair.
— Desculpem pela garota. Fiquem dentro do carro. – Uma voz amplificada por algum alto falante saiu do abrigo. – Ou podem sair, e acabar como ela. – A voz masculina completou.
— Por favor, permaneçam no carro. – Uma mulher saiu do pavilhão. Tinha cabelo ruivo e levemente encaracolado, sobre a testa uma franja lisa, estava preso atrás mas algumas mechas caiam pelos lados do rosto. Olhos de cor verde bem claro. Usava uma blusa de renda rosa fraca, e uma calça branca. Parecia jovem, algo perto dos vinte e dois anos. – Por favor. Não quero que ninguém mais se machuque.

— Ela parece ser uma boa pessoa... – Mariana disse, olhou de longe enquanto ela se aproximava desarmada.
— Se ela estava com eles... Não pode ser uma boa pessoa. – Kauan foi mais direto, estava com os olhos cheios de lágrimas. Tinha raiva.

— Por favor, coloquem essas algemas. – Ela disse quando finalmente chegou ao carro, atirou uma algema de metal para cada um. – Meu nome é Rebecca Bittencourt e sou totalmente contra as ações violentas de meu grupo. Nunca sai pois não temos escolha. Sou uma médica.
— Como assim? O que está acontecendo aqui? – Júlio César perguntou, foi o primeiro a fechar as algemas.
— Não posso dizer muito. Somos o grupo M. Nossos líderes, Michael Miller Senior e André Ferraz organizaram uma resistência rapidamente a crise epidêmica. É uma longa história, Michael vai explicar para vocês. – Ela mantinha os olhos baixos, enquanto checava se todos estavam devidamente presos. – Desculpem pela sua amiga... Eles não deveriam fazer isso. Com ninguém.

☆ ☆ ☆ ☆
Elena pegou um último impulso, Yuri a agarrou pelo braço enquanto ela saltava por um muro, ele puxou ela para cima e os dois caíram para o outro lado. Já estava ficando tarde.

Agora eles estavam em um beco estreito. Ana é a primeira da fila, seus olhos analisam todo o ambiente, nenhuma ameaça por perto no momento. Ela abaixou a machete, olhou cuidadosamente para a rua deserta a frente, nada. Saiu do beco, os três a seguiram. Silêncio completo. As ruas estavam laranja, o sol havia começado a se por, as luzes da rua se acendiam automaticamente.
Eles seguiram em silêncio pela rua, estavam a um quilômetro do local onde queriam estar, e isso acalmou eles, não precisavam temer nada.

Mais dez minutos de caminhada e sol havia se escondido já, as luzes laranjas da rua eram a única luz que haviam restado e eles caminhavam lado a lado no meio da rua.
— Que dia... – Cláudio suspirou, provavelmente não saberia dizer qual dos últimos dias foi o pior.
— Nem me diga. – Yuri disse, olhava para o chão enquanto caminhava.
— Não sei o que faremos. – Ana olhava para o céu. A fumaça característica estava bem menos densa, era possível ver as estrelas. Fazia tempo que não as via. Fazia tempo que não andava assim pela rua.
— Temos uma comunidade lá, e ela funciona. – Agora Sandra quem falava, sua voz era quase um sussurro.
— Pois é. Podemos aguentar até essa situação ser resolvida. – Yuri não passava muita esperança pela voz.
— Mas temos que lutar, não? – Cláudio virou a cabeça para cima. Sandra e Yuri acompanharam o gesto.

E então, a passarela de luzes falhou, uma a uma, se apagaram, sequencialmente, até que nenhuma luz sobrou, estavam totalmente no escuro.

☆ ☆ ☆ ☆

Na próxima temporada de Survivors...

— Abram essa porta já! – Sandra batia desesperada na porta de metal, seus três companheiros estavam do lado de fora também.
— Será que eles nos trancaram aqui?! – Yuri gritava, ajudava Sandra a bater na porta.
— Saímos por dez horas e eles fazem isso? – Ana respirava fundo, não se permitia gritar.

A porta se abriu. Armas, instintivamente todos se preparam para lutar. E todos de dentro estavam armados.
— Me perdoem a péssima recepção. É que devo tomar algumas... "Providências", sabem, mas vamos socializar. Sou Michael, Michael Miller. E esse lugar agora é meu.


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Notas finais do capítulo

E então. Peço especialmente nesse fim de temporada, que me dêem suas opiniões sinceras sobre tudo. Minha escrita, minha história. O que poderia ser melhorado com relação as duas e o que está bom. Mas é isso, agradeço a todos vocês por me ajudarem assim, esse apoio que só um escritor também entende.
Então, rumo a próxima temporada. Até mais, e obrigada!



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