Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 20
S03CAP05 - A Hell Of a Day


Notas iniciais do capítulo

capitulo novo meio tarde, mas espero que gostem.



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Bruno Souza

O sol da manhã está entrando pela janela do meu quarto. Dormir ao lado de Yara foi muito estranho, mas não no mal sentido. Era ela quem abria a janela.

—- Bom dia. – Nunca entendi porque tinha essa necessidade de ser bom com as pessoas. Ela não me respondeu.

O cachorrinho estava na porta do “meu” quarto, deu uma pequena latida amigável para mim e se sentou.

—- Olá amiguinho. – Me abaixei e fiz um carinho em sua cabeça, ele abanou a cauda feliz.

Jhess passou na minha frente e quase me derrubou pois eu estava abaixado, então percebi que todos estavam acordados já.

—- Café da manhã pronto. – Pablo anunciou, e todos estavam dispersos pela sala e cozinha.

Sentei no lugar livre no sofá. Era uma casa bem rustica, bem na saída de uma floresta. A madeira era bem cuidada apesar disso, e estava abastecida, não com o tipo de comida que precisávamos, mas o que podíamos usar. Quem fez alguma coisa foram Pablo e Agnes, que usaram tudo que estava prestes a estragar no freezer fechado na cozinha. A primeira refeição foi um café com direito a leite, omelete e frutas. E Deus, como era bom poder comer alguma coisa boa de verdade nesse fim do mundo.

Cam comeu pouco, estava na janela observando a área quando todos começamos a se juntar na sala.

—- Então povinho, pra onde a gente vai? – Jhess realmente não parecia ligar pra isso.

—- Aqui a gente não pode ficar, não tem recursos sobrando nem nada, em pouco tempo o que temos acaba.  – Taylan disse o que sabíamos. Nem questionei em que momento viramos um grupo só.

Os carros que chegaram fizeram todos nós entrarem em alerta, Cam nos alertou que eles vinham. Quatro carros. Os ouvi parar em quatro direções opostas ao redor da casa, eram no mínimo inteligentes ou experientes.

Todos estávamos com as armas prontas pra atirar, mas eu não conseguiria realmente fazer isso. Meus dedos travam quando pego uma dessas coisas não mão e miro para uma pessoa.

E eles eram experientes ou inteligentes mesmo, quando uma voz calma e feminina falou após bater na porta.

—- Tem alguém aí? Não viemos com a intenção de machucar ninguém. --

—- Ei, se ninguém falar nada vamos entrar. Não queremos confusão. – A mulher continuou falando. Parecia muito calma.

Ricardo fez menção de levantar de seu esconderijo e soltou a arma, mas Pablo o puxou de volta. Percebi que pela primeira vez eu era o mais qualificado em alguma coisa pra fazer.

Levantei e pensei que Pablo iria se atirar em mim, mas sabia que não ia conseguir nada. A porta começou a se abrir bem devagar.

—- Ei! – Eu falei de volta antes que ela terminasse de abrir, e ela parou.

—- Tem gente. – A mulher falou para alguém que estava com ela. – Não queremos brigar.

—- Nem nós, não estamos armados. – Às vezes omitir a verdade era necessário, mas todos baixamos as armas.

—- Nós também não. – Ela falou e deu um tempo. – Podemos entrar?

Quando respondi que sim dei de cara com uma mulher ruiva e um homem alto apareceram na porta, ele estava com a arma apontada para mim, parecia ironia, pois Pablo estava com o revolver mirando na mulher.

—- Melhor prevenir que remediar. – Pablo destravou a arma e o homem fez a mesma coisa.

—- Melhor abaixarmos isso. – Eu e a ruiva falamos ao mesmo tempo, e já gostava dela mesmo sem conhecer.

—- Você primeiro. – Pablo estava realmente disposto a dificultar algumas coisas.

Quando Jhess e Taylan saíram de perto da janela com as mãos levantadas vi uma outra mulher na janela com um rifle apontado para eles, do outro lado da sala, na porta dos fundos, um jovem tinha um revolver mirado em Agnes e Yara por trás. Eram realmente inteligentes.

—- Você primeiro.— O cara quase riu ao falar isso, o sarcasmo na voz era bem marcante.

Pablo, relutante baixou sua arma, enquanto todos nós se juntávamos no centro da sala. Eles trouxeram uma criança, um jovem e uma mulher feridos, um garoto e mais duas mulheres. Não parecia um grupo forte. O cachorro começou a latir para eles.

—- Quem são vocês? – Pablo tomou a frente, acho que ele é nosso líder auto elegido.

A ruiva se apresentou, Rebecca, Yuri, Ana e outras pessoas que ali estavam. Falaram sobre os ferimentos em três deles que foram causados por um companheiro, a mulher, Amora, estava bem já, com o rosto um pouco inchado, mas estava bem. O outro, Bernardo parecia mais mal psicologicamente que fisicamente, estava com a cabeça baixa e não dizia nada. Júlio nem marca de ferimento tinha. Kauan parecia curioso sobre tudo e Clara estava quieta também, mas parecia bem.

—- Pretendemos ir embora amanhã, não queremos ficar por aqui. – Yuri terminou de falar.

Pablo olhou para nós, parecia que queria nossa opinião, não sobre eles ficarem, mas sobre nós irmos.

—- Pra onde vão? – Ele se voltou para Rebecca logo depois.

Ela virou-se para Yuri, dava pra ver o que ela queria dizer. Se era seguro revelar seu objetivo.

—- Se não quiserem falar, não precisam. – Eu achei melhor intervir, não precisávamos realmente saber isso. Pablo me olhou de lado, não gostou do que falei.

—- Acho justo, estão na nossa casa. – Ele falou ríspido, quase senti hostilidade em seus olhos.

Rebecca hesitou mais uma vez, entendia seu lado. Mas assim como não era seguro revelar pra onde iam, não era recebe-los.

—- Vamos pro Rio. – O próprio Yuri falou, encerrando aquilo.

Pablo relaxou o corpo, até o cãozinho sentiu a tensão diminuir e se sentou. Pude ouvir o suspiro de alivio de Rebecca. Esse novo mundo fazia de pedir ajuda uma negociação perigosa.

Eles se enturmaram rapidamente com o nosso grupo, acho que Pablo não estava muito feliz com o espaço que sobrava na casa, mas o resto estava bem. Entendi completamente a felicidade deles ao terem o almoço oferecido por Yara a eles, juro que entendi Ana quase chorar de felicidade e as risadas de Clara, era um mundo novo realmente estranho.

—- Ei! – Jhess me chamou. Nunca entendi aquela garota, era meio doida. Cam estava conversando com ela e Taylan.

—- O que foi? – Acho que tentar ser legal com todos era cansativo, mas eu me permitia tentar. Esperava que minha voz não demonstrasse isso

—- Tudo bem com você? – Cam me perguntou. Minha voz estava realmente ruim assim?

—- Ele tá ótimo. – Jhess falou por mim e agradeci mentalmente a ela por isso. Não sei se conseguiria mentir.  – Pra onde eles vão? – Ela apontou com o indicador na direção de Yuri e Ana.

—- Querem um navio, vão na direção dos aviões que vimos outro dia. – Yuri tinha nos contado isso, mas esse grupo em especial não estava nem aí.

—- Olha, Tay, é uma boa ideia, né? – Ela falou “Tay” com um agudo que feriu meus ouvidos.

—- Eles não vão dividir o navio com a gente. – Taylan falou, não ouvia ele falar muito, mas era bem calmo.

—- Mas a gente pode pegar uma carona com eles, eles acham um navio e nós outro. – Jhess parecia estar em outro grupo, grupo em que eu não estava. Cam pelo jeito estava com eles.

—- Você devia vir com a gente. – A própria Cam me chamou, Jhess nem Taylan mostraram resistência. No mínimo cinco pessoas seriam necessárias para manter um navio funcionando.

Olhei para trás. Yara, os gêmeos, Agnes e o cãozinho. Todos deviam vir com a gente. Não sei, até Pablo eu não deixaria para trás, claro que eles podiam escolher ficar, mas um navio era nossa melhor jogada agora.

—- Acho que nós precisaríamos de mais pessoas pra manter um navio. – Falei me voltando para eles. Era minha jogada para manter aquele time junto. Quanto mais melhor.

—- Seis, ou sete talvez? – Taylan ponderou um pouco sobre o que eu falei, estava quase.

—- Acho que a gente devia manter o grupo junto. – Era a hora exata pra falar isso, era quase certo que ele ia aceitar isso. – Precisamos de mais gente, olha o tamanho do grupo deles.

Ele se virou para as outras duas garotas, Jhess deu de ombros e Cam se mostrou indiferente.

—- Acho que você tem razão mesmo. – Ele deu uma pausa e pensou mais no assunto. – Se eles quiserem vir com a gente, serão bem-vindos.

Acho que ele viu as vantagens de manter nosso grupo junto, éramos mais confiáveis que o resto que estava lá.

Esperei a noite chegar, acho que as coisas estavam começando a dar certo para nós. Tivemos uma janta maravilhosa, juntando mesas e prateleiras sentamos todos juntos. Tínhamos carne assada com arroz e feijão, salada e vinho, ou suco de uva para gente que nem eu. Um verdadeiro banquete. Aproveitei a ocasião para um diálogo.

—- Então gente! – Bati meu garfo no copo várias vezes, as conversas foram diminuindo. Todos se voltaram para mim. Eu não bebi. – Tenho uma proposta para amanhã. – Os olhares se aguçaram, inclusive dos bêbados.

—- Sem enrolar então. – Pablo falou e me olhou. Deixar ele para trás parecia tentador.

—- O grupo de Yuri está indo para o Rio, que mesmo destruído ainda guarda alguma esperança. Taylan nos propôs uma coisa. Vamos com eles até lá, e conseguimos nosso próprio navio. Acho que vai ser bom pra todos um grupo maior, mesmo que não estejamos exatamente juntos.

Eles se entreolharam, as conversas começaram novamente. Mas quando Yuri se levantou, todos pararam. Ele tinha uma aura de líder rara.

—- Por nós está tudo bem.

A decisão dele parecia ter acatado a todos nós, nem Pablo discordou. Terminamos nosso jantar com alguns bêbados e com certa dificuldade nos arrumamos pra dormir. Ainda dei o resto de carne para o cachorro que pulou em mim feliz. Foi um ótimo dia no inferno.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que gostem, até mais.



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