Interativa - Survivors: Terceira Temporada escrita por Luan Hiusei


Capítulo 17
S03CAP02 - Taking A Life Out


Notas iniciais do capítulo

bem, olá pessoal.
Acho que esse capitulo poderia ser considerado chato pois não tem muitos acontecimentos, mais é o falatório mental do Bruno rs Mas é bom explorar um pouco a mente dos nossos amiguinhos.
Espero que gostem mesmo assim.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697648/chapter/17

Bruno Souza

Eu virei meus olhos para frente. A cidade queimava atrás de mim. Não podia ouvir os gritos, mas eles estavam na minha mente. Quantas pessoas haviam morrido naquele ataque? Obviamente ainda havia gente viva por lá, mas agora os números haviam sido cortados, sem falar nos suprimentos, roupas e outras coisas que seriam uteis. Tudo queimado. Será que estávamos perdendo a guerra contra essas criaturas a ponto de precisarmos usar isso pra vencer?

— Bruno! Bruno! – Uma voz feminina me chama. Me sinto tonto. Alguma coisa lateja na minha testa e sinto um gosto amargo na boca. Antes de tentar me levantar começo a analisar a situação. Tento abrir meus olhos mas meu corpo não obedece. A voz da mulher que me chama parece estar em câmera lenta. – Eles estão vindo! – Ela grita de novo, e desse vez luto contra meu corpo e abro os olhos. Junto com a visão o olfato retorna, e sinto o cheiro de terra úmida invadir meus pulmões enquanto vejo a terra. Um carro de cabeça pra baixo na minha frente. Natalie? Claire? Nenhuma das duas. Minha visão vai se aguçado e voltando ao estado original. É uma das que estavam com o outro grupo. Aquela que estava com o ombro machucado. Agnes, eu acho, o cabelo preto, médio e liso estava desarrumado. Usava uma regata preta e uma calça jeans amarela, além de sandálias azuis. Outra pessoa está ali também. Eu estava usando uma camisa simples azul e uma calça jeans totalmente rasgada, estava descalço. Meu cabelo escuro estava bem mais longo e o penteado não existia mais, agora minha franja caia sobre meu rosto todo.

— Deixe ele! Temos que sair daqui! – Este deve ser um dos gêmeos, pois é igual ao outro. Pablo. O “mauzinho”, seu cabelo castanho ainda era curto, mas as luzes loiras estavam desaparecendo. Usava calça jeans rasgada em vários pedaços e uma regata branca. Tive que reparar. Em outras ocasiões pediria o número dele. Mas, ah né, celular não funciona.

— Por que não cala a boca e me ajuda? – Ela responde. Os dois estão abrigados atrás dos carros atirando.

— Mas que droga! A gente vai morrer aqui se não dermos um jeito nisso logo! – Ele gritou novamente. Agnes nem respondeu. Eu finalmente levantei, mas me arrependi no mesmo momento. Uma dor meio que incalculável atingiu meu tornozelo. Olhei para baixo e vi o sangue. O grito de dor era inevitável.

— Bom dia. – Pablo me respondeu com uma olhada rápida e uma dose controlada de provocação.

— Se importa de se juntar a nós? – Agnes disse e me empurrou uma arma normal. Peguei ela do chão e me levantei com dificuldade, a perna doía menos agora.

— O que houve? – Minha voz estava como a de alguém recém acordando, o que era o caso.

— Esses monstros cruzaram nosso caminho. Uma maldita horda deles. Devem ter sido atraídos pela explosão. – Pablo falou e continuou atirando.

— Acabamos divididos e desesperados desse jeito. Faz duas horas isso. – Agnes completou a história. Eu comecei a atirar contra os mortos, não haviam muitos, mas a floresta fechada tirava minha visibilidade. Tinha ficado desmaiado por duas horas.

— Chega! A gente tem que sair daqui. – Pablo recarregou a arma e deu as costas, Agnes também tinha a mesma resolução em mente, e isso me deixava sem escolha. Ela me ajudou a levantar de vez e apoiei meu braço sobre as costas dela.

Começamos as nos mover, minha perna começou a doer mais, minha cabeça também. Tudo estava ficando um pouco embaçado, estava cansado, queria fechar os olhos...

— Se você desmaiar agora, juro que te deixo no chão! – Agnes gritou e eu pisquei rapidamente recuperando minha consciência aos poucos e lutando contra a vontade de cair ali mesmo.

Minha perna sangrava ainda mais, e minha visão estava turva. Vi os monstros correndo atrás de nós e continuei me esforçando para não cair. Foi quando alguma coisa feliz aconteceu. Mais duas pessoas chegaram, o irmão de Pablo e a garota asiática, eles também estavam correndo mas pararam ao nos ver. Dessa última vez eu não aguentei, me entreguei ao peso que me empurrava para o chão, fechei os olhos e caí.

Senti meu corpo leve enquanto recuperava os sentidos. A primeira coisa que senti foi como se tivesse flutuando, mas estava sendo carregado, por duas pessoas possivelmente. Comecei a abrir os olhos e o ambiente estava muito parecido, exceto pela luminosidade, que era de fim de tarde. Agnes estava com uma arma em mãos, apontando para frente, seu ombro estava com uma atadura nova, mas sangrava. Pablo era quem estava ao meu lado, seu rosto estava bem sujo e ele parecia cansado. Seu irmão estava do outro lado, me segurando também, ainda estava com o cabelo curto e sua roupa era uma camisa curta bege e uma calça simples azul com um tênis preto. Ele tinha uma marca de corte profundo na barriga, mas não sangrava. Yara, provavelmente, havia cuidado dos três. Inclusive de mim, pois meu pé não doía tanto e estava amarrado também. O cabelo rosado dela não tinha muita cor, mas ainda parecia bem cuidado. Vestia uma regata azul fraca, um shorts de jeans e uma sandália simples.

— Podemos parar um pouco? – Ela perguntou, respirava com dificuldade. Estava exausta.

Pablo parou e olhou cuidadosamente ao redor, como não viu nada, me abaixou um pouco.

— Podemos. – Eu ouvi todos suspirarem, estavam realmente cansados de onde podia ver.

— O que... – Minha voz não estava muito fácil de entender, saiu enrolada.

— Acordou de novo. – Agnes sentou no chão. Todos os outros fizeram quase a mesma coisa. Eu apoiei as costas em uma arvore.

— Como está? – Yara apontou para minha perna e fez um gesto.

— Melhor que antes. – Minha voz estava normal novamente.

— Será que despistamos eles? – Agnes perguntou a Pablo e se levantou ajudando ele a olhar ao redor.

— E então, o que aconteceu nesse tempo? – Perguntei aos dois que estavam comigo.

— Quando você caiu, Pablo não parou. – Ricardo falou mais pra si mesmo, parecia pensar nessa frase e não continuou. Dava para perceber claramente que não havia aprovado a atitude do irmão.

— Havia vários deles atrás de nós. Mas conseguimos ganhar deles na corrida, não são tão rápidos. – Yara falou como piada, mas não estávamos nem com ânimo para rir. Ela parecia preocupada com o pai, e começou a cantar uma música em língua estrangeira bem baixo, parecendo um sussurro.

Agnes e Pablo sentaram novamente após checarem tudo de novo, pareciam mais calmos agora e se deram ao trabalho de baixar a cabeça por um instante.

— Temos que pensar no que fazer, e rápido. – Pablo saiu dos quinze segundos de descanso e começou a apresentar a situação. – Não sabemos onde estamos, como voltar para a estrada, onde há comida e onde há agua. Essencialmente todos nós com exceção de Yara estamos feridos, e todos nós cansados, com sede e fome. Temos que continuar e achar alguma coisa antes que a noite chegue.

Era uma verdade difícil, mas ele sabia exatamente o que falar e nos levantamos, havia muito caminho pela frente.

A casa que vimos no meio de um gramado parecia sonho. Era uma fazenda rústica, uma cabana praticamente. Estava com as luzes apagadas, mas seria mais surpreendente se estivessem acesas.

Eu me permiti baixar a guarda, afinal, já eram dez da noite e nenhum perigo parecia por perto. Yara parecia prestes a desmaiar também, Agnes e Pablo ainda estavam fortes mas eu e Ricardo não levaríamos muito tempo para cair também.

Enquanto caminhávamos colina abaixo, deixando as arvores escuras para trás, comecei a pensar em como nós estávamos, Yara, ela perdeu a mãe, agora não sabe nada da melhor amiga e do pai, por seus olhos era fácil de perceber que ela havia chorado muito. Todos nós nem temos tempo para se lembrar de nossos parentes, se paramos para fazer isso estamos mortos. Temos que lutar, correr, sobreviver, sem pensar. Isso é horrível e nos destrói. E ainda há o peso de ter que matar alguém, que parece que eventualmente cairá sobre todos nós, mas não consigo aceitar isso, é desumano, é monstruoso sermos obrigados a isso, a coisas que nunca esqueceremos, coisas que nos mudarão, pois nunca mais poderemos ser como antes.

A mão de Yara em meu ombro me tira da imersão, ela olha nos meus olhos e eu percebo que algo estava visível em meu rosto.

— Está tudo bem? – Ela pergunta gentilmente enquanto caminhamos devagar. Agora que me olha diretamente posso ver como está exausta.

— Sim, apenas pensando. – Respondo de uma forma nada convincente, visto que ela continua me olhando preocupada. – E com você? – Perguntei na tentativa de fazê-la esquecer de mim, parecia mais mal que eu.

— Cansada, bastante. – Ela respondeu pausadamente, e baixou a cabeça, disfarçava tão bem quanto eu o seu estado emocional.

— Todos estamos, mas sempre tem alguma coisa a mais. – Eu respondi, e parecia irônico eu querer saber o que acontecia com ela sem querer falar de mim.

Estávamos nos aproximando mais da casa, e tudo ainda parecia sereno, em outras circunstancias isso me deixaria alerta, mas dessa vez não tinha como mais nada dar errado, seria muito azar. Mas sorte não era algo característico da gente. E não seria agora.

Pablo nos parou a quinze metros da casa e deu a brilhante ideia de nos dividirmos e entrarmos na casa por trás, e teria sido ótima a ideia se a pessoa que estava lá dentro fosse um pouco menos inteligente. E tenho que confirmar que eu e Yara erámos uma péssima dupla mesmo com a ajuda de Agnes.

Todos tínhamos armas de fogo mas no momento seria último recurso usar uma realmente, mas se houvesse alguém dentro da casa estaríamos bem fudidos, e de qualquer jeito eu não conseguiria matar ninguém realmente.

Yara abriu a porta bem lentamente, Agnes foi a primeira a olhar se via alguma coisa, colocando a cabeça para dentro da casa, mas estava tudo escuro assim que eu olhei também, não conseguiria identifica-las lá se não soubesse que eram elas.

Não tinha nada, então baixei a guarda e entrei na frente, foi nesse exato momento que me arrependi, pois alguma coisa puxou meu braço, e arrancou a faca da minha mão e me deixando completamente desprotegido, vi outro vulto correndo na minha direção e vi que levaria um belo soco no meio da cara e como sou um exímio lutador fui atingido em cheio, caí e bati as costas em algum armário que derrubou pratos na minha cabeça para completar. Mais tarde Yara me contaria o que houve ali, mas no momento ela estava ocupada demais correndo na direção de quem me derrubou e deu um empurrão nele, que caiu para o lado, ouvi um grito e uma risada de mulher.

— Treta no escuro! – Agnes deve ter reconhecido a voz pois mandou todo mundo parar, e então luzes se acenderam. Taylan, Cam e Jess. Eram quem tinham atacado a gente. Fechei meus olhos e desmaiei mais uma vez.

Já estava ficando enjoado de desmaiar, e havia me acostumado com a sensação, mas quando acordei Yara cuidava de mim. Estava deitado em um sofá, uma fraca vela me permitia reconhecer todos ali. Cam, que havia surgido de algum lugar desconhecido que só Deus sabe. Aquela garota meio doida, Jess que estava com outro vestido rendado e preto e só deus sabe como seu cabelo ruivo ainda parecia bem cuidado. Taylan que estava com uma camisa e um casaco brancos por cima, calça jeans e tênis branco, o cara que nos avisou das explosões. Pablo, Ricardo e Agnes também estavam ali.

A primeira coisa que fiz foi ingenuamente tentar levantar, mas cai no primeiro passo.

— Você tem que descansar. – Yara me empurrou delicadamente de volta. – Temos comida e agua aqui, logo jantaremos.

Notei que eles estavam conversando entre si, com um clima mais descontraído, provavelmente já eram conhecidos antes. Cam continuava igual, pelo menos por fora, ainda parecia extremamente fechada e se vestia toda de preto, chamei ela e por um minuto fui ignorado, mas então ela veio até mim.

— O que foi? – Ela falou rapidamente, provavelmente queria parecer desinteressada mas vi algum brilho em seus olhos.

— Por onde estava? – Puxei assunto com a garota solitária e ela se senta ao no chão ao meu lado. É incrível como acho estranho minha vontade de ser amigo de todos, imagino como deve ser triste passar por isso tudo sozinho.

— Depois do mercado eu tentei encontrar outro jeito de viver, sabe, aquilo não foi tão fácil... – Se eu fosse uma pessoa mais ruim teria dito que avisei, mas seria sem razão. Por algum motivo isso me lembrou Natalie, como ela estaria lidando com isso? – Tinha saído da cidade uma semana antes das bombas. Não foi tão difícil aqui fora, eles estão em um número bem menor. E não tem o tipo de gente que havia por lá.

Ela respirou fundo e pude ver um relance de tristeza em seu olhar, mas não durou muito. Ainda tentava entender como eles conseguiriam matar alguém assim, eram vidas. Vidas como a deles mesmos, e tiravam elas tão facilmente. Será que conseguia ser tão simples assim fazer uma vida desparecer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, espero que tenham gostado mesmo sendo um pouco parado. É isso gente, até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Interativa - Survivors: Terceira Temporada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.