Inequações do Amor escrita por May Winsleston


Capítulo 7
Capitulo 7 - Milagre (Narração de Zachary)


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, gostaria de agradecer aos comentarios, acompanhamentos e favoritadas. Vocês estão me alegrando muito com isso e me dando mais motivos para escrever, então muito obrigada!!
Segundamente ( :p ) : SURPRESA!!!
Este capitulo é narrado pelo Zack. Ele conta a história dele até o momento em que conheceu alguns personagens da atualidade, portanto voltaremos um pouco no tempo com esse capitulo. Enfim, espero que gostem e que entendam mais o Zack a partir deste ponto.
Boa leitura!!



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 Não sei ao certo como tudo começou. Mas, de alguma forma, algo me levou até ela. Alguns chamariam de acaso, outros de sorte, muitos diriam que era obra do destino e outros afirmariam que era Deus. Eu chamo de milagre.

A minha vida foi repleta de infelicidades, mas nada disso me impediu de ver a luz em cada adversidade. Afinal, era assim que a vida deveria ser vivida. Lembro de minha mãe nesses momentos. Lembro do seu corpo frágil e teimoso, que insistia em sair da cama, que resistia a tomar remédios, que ignorava os pensamentos e o pessimismo das pessoas. Aquela doce mulher que era fraca, mas ao mesmo tempo demonstrava uma força sem igual. Ela era meu exemplo.

Certa vez, quando brincava num parque, me aproximei de alguns garotos. Eles eram mais velhos, porém ainda assim fui brincar com eles, mas logo percebia que eles não brincavam, ao invés disso tentavam enterrar um pequeno pássaro na areia. Era agonizante. O filhote piava, cada vez mais alto, desesperado para encontrar sua mãe, ansiava sua salvação. Por algum motivo, eu fui na direção daquele animalzinho e o tirei dali. Eu o salvei. Eu achei que havia o salvado. Os três grandalhões que importunavam o pequeno animal, insatisfeitos com o meu feito, sentiram a necessidade de descontar sua frustação em mim. Eu fugi, eu juro que tentei correr o mais rápido que minhas pequenas pernas conseguiam, mas não foi o bastante. Senti a mão de um puxar minha gola e o movimento me fez tombar no chão. Cerrei as mãos, na tentativa de proteger o indefeso animalzinho, enquanto recebia chutes e socos. Quando um policial passou por ali, os encrenqueiros fugiram. Com ajuda fiquei de pé, porém ignorava o suor que caia e se misturava com o sangue vermelho em meu rosto fazendo-o arder, minha roupa surrada, meus braços e pernas com grandes marcas arroxeadas e ferimentos. Nada disso importava. Não mais do que o que estava em meus palmos. Separei minhas mãos, cuidadosamente, e neste momento, as lagrimas que estavam presas forçaram sua saída. O pequeno animal, indefeso e assustado dormia o sono sem volta. Toquei no minúsculo tórax do animal, e pude ver que ele não se mexia.

Ele não pertencia mais a este mundo. Deixei meu corpo ser guiado até a viatura pelo policial, que me deixou em casa. Ainda com o corpo inerte do filhotinho em mãos, entrei na minha casa. Zanzei pelos corredores até achar o quarto que procurava. Entrei pela grande porta e sentei numa poltrona clara. Não durou muito para que a mulher deitada na cama notasse minha presença e me lançasse um sorriso gentil.

— Eu não consegui. – falei, soluçando.

— Não conseguiu? – seu sorriso deu lugar a uma expressão preocupada, porém terna.

— Não consegui salvá-lo. – contei. As lágrimas corriam pelo meu rosto, enquanto eu mostrava o corpo sem vida do animalzinho. Sua expressão pedia que eu explicasse o ocorrido, e foi o que eu fiz. Após o relato, os olhos da minha mãe continuavam ternos e gentis.

— Querido, eu sinto muito pelo que aconteceu. – falou, se apoiando nos cotovelos e sentando na cama. – Mas, estou orgulhosa de você. Infelizmente, às vezes, pessoas ruins aparecem. Elas estragam a beleza do mundo e matam a felicidade das pessoas. Esse passarinho estava desesperado, com medo, e apesar de ser difícil salvá-lo, você, ainda assim, se arriscou e o tirou dali. Você o deu carinho e conforto. Pode ter sido por pouco tempo, mas ainda assim, você se arriscou para que um animal, tão pequeno e indefeso, pudesse ter um final feliz. – aproximei o corpo do bichinho ao peito.

— Acha mesmo? – perguntei, tentando conter as lágrimas.

— Eu tenho certeza, meu bem. Sabe, eu acho que ele merece um enterro digno. – disse, se levantando da cama. Suas pernas tremiam um pouco, e ela cambaleava de vez em quando, porém isso não a impediu de me acompanhar até o jardim de nossa casa, onde cavamos um pequeno buraco e enterramos o minúsculo ser. No topo, flores arrumavam o tumulo improvisado. Sequei as lagrimas e agarrei as pernas da moça que me dera a vida. Ao sentir minhas mãos ao redor de si, ela se agachou e penetrou seus olhos nos meus. – Querido, existem pessoas más no mundo. Elas não conseguem ver a luz no mundo e por isso, tentam apagar o candelabro que existe em nossos corações. Mas, eu quero que você seja diferente dessas pessoas. Quero que você ilumine o mundo e faça seu candelabro brilhar mais forte. Quero que vislumbre a cor e a magia que existem neste mundo. Se você enxergar o mundo em preto e branco, então ele perderá a cor e o brilho, por isso enxergue o mundo com o olhar de uma criança. Onde tudo é novo e resplandecente, onde a cor é viva e a fantasia é a realidade. E onde os sonhos são imortais. Assim como esse passarinho. Ele sempre estará vivo no seu coração.

Pouco tempo depois, minha mãe adoeceu e veio a óbito. Nessa época eu tinha apenas 7 anos. Eu nunca esquecerei seu sorriso doce, que teimava em aparecer sempre que eu a visitava no leito do hospital. Com a morte de sua amada esposa, meu pai sucumbiu. Ele fazia o seu melhor para cuidar de mim e para não transparecer sua tristeza, contudo o sofrimento que a ausência da sua amada lhe causava era notável. Não só em sua rotina, mas também em suas composições, antes alegres e vividas, substituídas por melodias que carregavam dor e sofrimento, que mostravam seu interior. Por algum motivo, canções tristes fazem mais sucesso do que canções felizes. Nós, seres humanos, acreditamos que a angustia dos outros pode, de alguma forma, suavizar nossa própria dor, talvez por isso somos tão maus.  E foi isso que aconteceu com meu pai. A mudança em seus arranjos fez com que as obras de Henry Ranchert popularizassem ainda mais, e a fama não demorou a bater em sua porta.

Com o aumento de concertos e as constantes viagens, meu pai decidiu que era melhor que eu estudasse em casa com um tutor. Tentei me adaptar as mudanças corriqueiras, as correrias habituais, a privação de amigos. Eu juro que tentei, mas quando fiz 11 anos o inevitável aconteceu. Eu desabei, desabafei e meu pai entendeu minhas necessidades, prometendo que aquele concerto, na fria Salem do Oregon, em 25 fevereiro de 2012 seria seu último. Infelizmente, o destino decidiu ajudar com seus planos e tornou aquele seu último concerto, sua última noite, seu último suspiro. Sem lugar para ir, fui obrigado a me mudar para o Colorado, estado natal de minha mãe, e fui morar com minha tia. Fui matriculado em uma escola normal. Comecei a ter colegas. Tive a chance de participar de eventos escolares. Mas nada daquilo tinha importância. Os corredores solitários da escola não eram o suficiente para mim. Eu aguentaria mais uma vida sendo tutoreado ou viajando por diversos estados, desde que eles estivessem aqui. Mas eles tinham partido, eles partiram para sempre.

Na escola, meus dias consistiam em aulas chatas que apresentavam conteúdos que eu já sabia, nos intervalos colegas malvados cuspiam apelidos ferozes contra mim. A solidão era minha melhor companhia. Nessas horas eu desejava não ter sido tão egoísta com meus desejos, afinal se não os tivesse desejado, talvez minha família ainda estivesse aqui.

Não ao certo como tudo aconteceu, mas um dia, mais especificamente uma sexta-feira, eu estava sentado num dos bancos de fora da escola, sentindo o ar gelado de Fort Collins penetrar em minhas narinas, causando uma leve ardência, mas de alguma forma, aquele sentimento não era tão ruim. Bebi um gole do meu chocolate quente enquanto folheava um livro de ciências. Pude ver pelo canto dos óculos vultos em minha frente. Abaixei o livro para poder enxergar o grupo de cinco baderneiros que se agrupavam a minha dianteira.

— Oi nerd. – falou um deles. Sem receber uma resposta, ele continuou, soberano. – Olha vou te dar uma chance de entrar pro grupo! – continuou, empinando o nariz. – É só você nos passar as respostas do teste de matemática da segunda.

— E as do de ciências. – um garoto que estava mais atrás completou a frase do amigo. Observei-os atentamente. Eles eram o tipo de pessoas que batiam nos fracos e tomavam o dinheiro dos seus lanches. Não queria ser parte disto.

— Não tenho interesse. – disse, abaixando o olhar para o livro.

— Como é que é, baixinho? – um dos que estavam mais atrás perguntou, dava para ver a raiva em seus olhos.

— Não tenho interesse. – falei, encarando-o. Vi a raiva em seus olhos aumentar. – Você entende o que não significa? Ou é muito burro para isso? – neste momento pude perceber que algumas pessoas se aproximavam de nós.

— Seu... – o garoto que havia falado inicialmente o impediu de avançar, porém ele chegou mais perto de mim, olhando-me nos olhos.

— Não tem medo da morte, nerd? – perguntou, sua voz era quase um sussurro.

— Só os idiotas temem a morte. – provoquei. Sem hesitar o garoto me puxou para o chão e senti meus óculos estalarem em minha face. Fechei os olhos. Ouvia gritos, xingamentos e não conseguia distinguir de onde vinham. Senti um pontapé na boca do estomago e gemi de dor. Os chutes e socos continuavam se misturando com as vozes da multidão, me deixando tonto. Não sei por quanto tempo fiquei ali, porém os segundos pareciam horas enquanto a dor se espalhava pelo meu corpo. Por alguns segundos, me perdi na escuridão e consegui enxergar os olhos verdes de minha mãe. Porém, uma voz me tirou de lá. Uma voz feminina, uma voz que gritava desesperada.

— A diretora está vindo! – ela gritou. – Ela está aqui! – seu alerta fez com que os grandalhões fugissem, assustados, assim como a maioria dos alunos que assistia a briga. – Ufa. – disse num suspiro, me ajudando a levantar. – Você quase foi esmagado. Você está bem? Está machucado? É obvio que está machucado, afinal eles estavam te batendo... – aquela garota de cabelos castanhos desgrenhados e expressão de preocupação prendeu meu olhar. Aquela estranha que falava tantas palavras ao mesmo tempo, que eu mal conseguia entender e que tinha olhos verdes como minha mãe. Aquela estranha que me tirou da escuridão e da dor, que me trouxe luz em tão poucos segundos. Sem reação, comecei a gargalhar, o que a fez me olhar de forma estranha. – Meu Deus! Acho que você bateu a cabeça muito forte. Qual é mesmo o número da emergência?

— Eu estou bem. – falei, tentando segurar o riso.

— Está? – ela soltou um longo suspiro e logo o sinal que alertava o fim do intervalo soou. – Senhor! Você está bem, mesmo? – apenas assenti, sorrindo. – Eu preciso ir, tenho um teste de história agora. – falou, levando do banco em que estávamos. – Ah! Meu nome é Elizabeth Olsen, mas pode me chamar de Lizzie. Prazer! – bradou enquanto corria para dentro da escola. A acompanhei com o olhar.

— Cara! – um garoto que assistiu a confusão, se aproximou. – Você acabou de provocar o pior grupo do colégio. Você vai estar morto amanhã. A propósito, meu nome é Jake. Sou seu fã! Qual é o seu nome?

— Lizzie. – sussurrei, ainda perdido nos pensamentos causados pela estranha.

— Seu nome é Lizzie? Que nome estranho para um garoto... – o menino continuou a conversa, porém minha mente só conseguia pensar na garota de olhos verdes e palavras afobadas.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?? Me digam, please!!
Obrigada por lerem! Beijos doces seus lindos e suas lindas!
♥ ♥ ♥



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