Inequações do Amor escrita por May Winsleston


Capítulo 6
Capitulo 6 - Fugir


Notas iniciais do capítulo

Oiie minna!! Como estão? Capitulo novo para animar a segunda! Personagens novos estão aparecendo e relações estão definindo-se cada vez mais. Espero que curtam esse capitulo. Boa leitura! kissus!



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— Já pensou em cortar o cabelo? – perguntei, abrindo a porta da minha casa e saindo ao encontro de Zachary. O vento frio tomou todo meu corpo e por um minuto pensei em voltar para casa e pegar meu casaco de neve.

— Oi para você também. – ele sorriu por cima do cachecol. – Não está com frio? – indagou, ao perceber que eu me encolhia no meu moletom.

— Um pouco. – respondi, honesta. – Mas você disse que era a três casas daqui, então acabei deixando o casaco em casa. – falei o acompanhando pelas ruas desertas do bairro. – Então... Já pensou em cortar?

Ele apenas me olhou com um olhar cansado e enfiou as mãos nos bolsos na tentativa de aquecê-las um pouco.

— Só quando a Annie me obriga. – ele deu uma leve risada.

— Annie? Não sabia que tinha uma namorada. – falei, como se não quisesse nada.

— Namorada? – ele parou de caminhar e me encarou, era como se eu tivesse falado uma grande besteira. Corei. Fiquei tão envergonhada que mal percebi que já estávamos em frente à casa do garoto. – Vem! – ele chamou com um sorriso bobo. – Vou te apresentar à Annie. – concluiu, abrindo a porta de madeira da casa.

Era uma casa aconchegante. Senti o cheiro de biscoitos assim que entrei na residência. O chão de carpete e o aquecedor me aqueceram em poucos minutos. Sorri. Era um lugar muito arrumado para um garoto de 17 anos. Na sala podia-se ver um sofá e duas poltronas bem acolchoadas, fazendo um formato de U. Uma lareira aquecia ainda mais o local, e as chamas dançantes davam uma sensação de conforto. A cozinha repartia espaço com a sala, sendo separada apenas por metade de uma parede, uma bancada e alguns bancos altos que faziam a divisão principal entre os espaços, além do piso de madeira que substituía o carpete ali. Haviam algumas outras portas ao longo do corredor, e a ausência de uma escada me fez julgar que aqueles eram os quartos e banheiros.

— É uma casa linda. – elogiei, ainda encarando os cômodos.

— Você tem que dizer isto a Annie. – ele riu e logo depois chamou o nome que eu tanto ouvira. Sem muita espera, uma senhora de mais ou menos uns 60 anos saiu de uma porta, próxima a cozinha, com algumas roupas na mão.

— Zachary! Menino, você precisa parar com essa mania de... Ah! – ela parou de falar quando percebeu minha presença. Ela lançou um olhar quase que de ódio para o garoto, o que o fez rir. – Menino, porque não avisa quando teremos visita? – ela falou colocando as roupas na bancada e vindo em minha direção. – Me perdoe meu bem. Meu Zachary normalmente é desligado e esquece de avisar que trará visitas. – disse, lançando um olhar de reprovação para ele, e depois retornou seu olhar a mim. – Ora, vamos entrando! Não precisa ficar aí parada. – ela me puxou até a sala e pediu para que eu sentasse no sofá. Zack apenas nos acompanhou com um sorriso bobo no rosto. – Ainda bem que preparei alguns biscoitos. Você gosta de chá? – perguntou. Apenas assenti com a cabeça. – Otimo! Vou trazer um lanchinho. Sinta-se em casa, meu bem. – concluiu, pegando as roupas da bancada e adentrando a mesma porta pela qual havia saído uns minutos atrás.

— Então, o que achou da minha namorada? – Zachary perguntou em tom de deboche.

— Bobo. – falei numa careta. – A Annie é sua avó? – ele negou com a cabeça.

— A Annie é quase como uma avó. Ela sempre esteve presente em minha vida. Acho que tudo começou com minha mãe... – ele parou por uns instantes, como se estivesse pensando – Minha mãe tinha um organismo muito fraco, e todos acreditavam que ela não poderia engravidar. Porém, ela não se importou com o que falaram ou pensaram. E eu sei que ela tentou várias vezes e acabou perdendo diversos fetos, mas de alguma forma eu sobrevivi. Mas ela acabou ficando muito fraca, e apesar do meu pai pensar em desistir da sua carreira, ou pausá-la, minha mãe não permitiu que ele o fizesse. Então ele acabou contratando a Annie. Uma governanta e cuidadora, que ajudaria e apoiaria minha mãe até o momento do parto, mas, segundo a Annie, eles gostaram tanto dela que ela acabou ficando para sempre. – ele sorriu. Seu olhar estava longe. Talvez em alguns anos atrás, revisitando memorias antigas e calorosas, de pessoas que não voltarão mais.

— Como... – comecei, tentando achar as palavras, porém não foi necessário.

— Eles morreram? – completou minha pergunta. Apenas assenti, um pouco envergonhada. Não sei se deveria perguntar algo desse tipo.

— Bem, minha mãe tinha uma saúde frágil, e depois de mim... – ele deu um fraco suspiro, parecia tentar reprimir uma lágrima – ela ficou mais fraca, e pegou uma gripe, que se desenvolveu para uma pneumonia e no fim, ela virou uma estrela. – ele riu levemente, uma doce mentira contada pelo seu pai. – E meu pai morreu num acidente de carro. Ele queria voltar mais cedo para casa depois de um concerto, mas... ele nunca chegou.

— Eu sinto muito. – falei segurando suas mãos. Seu olhar veio em direção ao meu, e pude sentir que ele agradecia. De algum modo nossos olhares se atraiam, e parecia impossível desviar meus olhos daqueles, cuja serenidade e beleza me cativavam, me encantavam, me enfeitiçavam. Senti meu coração acelerar ao perceber que nossos olhares, assim como nossos corpos, se aproximavam. Um arrepio me subiu a espinha quando Zachary desvencilhou suas mãos das minhas e foi subindo-as delicadamente pelos meus braços. Ele me tocava como se tocasse numa escultura de um museu, algo frágil, sensível, de valor inestimável. Engoli em seco quando uma de suas mãos saiu de meu braço e pousou na minha nuca, e acariciou meus cabelos castanhos, e me puxou para perto. Perto demais...

— O chá está pronto! – Annie bradou da cozinha fazendo com que eu e Zack pulássemos do sofá. Nossos olhares se encontraram novamente, mas agora eram diferentes. Eram olhares assustados. Virei o rosto, quebrando o contato que tivemos.

— É... – Zack foi o primeiro a falar. – Eu... Eu vou ajudá-la. – disse, apontando para a cozinha. Apenas assenti com a cabeça enquanto ele saía e eu arrumava meu cabelo num coque e sentava numa das poltronas da sala. Levei minhas mãos aos meus olhos, tentando entender como tudo aquilo aconteceu. Me repreendi mentalmente. Eu tinha um namorado, eu o amava e a Joane estava apaixonada pelo Zack. Balancei a cabeça numa tentativa de expulsar aqueles pensamentos da minha mente. Eles precisavam sair de lá.

— Tudo bem, querida? – Annie perguntou, preocupada.

— Tudo sim. – forcei um sorriso. – O cheiro está ótimo. – falei, olhando os biscoitos circulares.

— Obrigada! – agradeceu, colocando o prato com dezenas de biscoitos em cima da mesinha de centro. – Foi uma surpresa o Zack trazer uma garota para casa. Normalmente só o Jake vem aqui. – falou, oferecendo biscoitos para mim. Peguei um. – Então... Vocês estão namorando há quanto tempo? – engasguei. Minha crise de tosse fez com que a gentil senhora levantasse e desse batidinhas de leve em minhas costas. – Está bem, menina?

— Nós... – comecei, ainda tentando recuperar o fôlego.

— Não namoramos. – Zachary apareceu, completando minha frase. Ele ofereceu uma xicara de chá, que eu aceitei agradecida. Annie nos olhou com estranheza. Dava para perceber a frustração no seu olhar.

— Que pena. Formam um lindo casal. – articulou, pegando uma das xicaras de chá que Zack colocou na mesinha. Senti o sangue subir para minhas bochechas. Levantei o olhar para espiar Zack, percebi que o garoto também minha olhava, desviamos os olhos, envergonhados. – Meu Pai do céu! – Annie exclamou, quebrando o silencio. – Mal percebi o horário. Preciso ir, meu pequeno. – falou, levantando e dando um beijo na testa de Zack. – Foi um prazer te conhecer... Ora, esquecemos de nos apresentar! – ela riu. – Sou Annelise Rose Reynolds. E a senhorita é a?

— Elizabeth. Elizabeth Olsen. – Sorri, estendendo a mão. Ao invés de apertá-la, a senhora Rose me puxou para um abraço. Seu cheiro emanava baunilha.

— Ele é um garoto de ouro. Não o deixe fugir da sua vida. – sussurrou em meu ouvido. Apenas assenti com a cabeça.

— Obrigado, Annie. – Zack levantou e foi ao encontro da doce senhora. Ela lhe deu um longo abraço e saiu pela porta que eu e Zack havíamos adentrado mais cedo.

Após a saída de Annie, voltei a poltrona e comecei a bebericar meu chá. Zack fez o mesmo. O silêncio reinou entre nós, e a única coisa que o desobedecia eram as chamas quentes da lareira, que queimavam ferozmente a lenha ali consumida. Olhei ao redor da sala. Fixei meus olhos nas imagens que pousavam sobre o rack, abaixo da TV. Fotos de desconhecidos, da Annie e do Zack. Meu olhar parou, porém na foto de um casal. Na imagem eles pareciam estar num campo. Eles sorriam. A mulher era loira. Ela ria de algo, seu rosto emitia uma felicidade que mal podia ser descrita com meras palavras. Já o homem possuía olhos claros como os do Zachary e cabelos escuros, seu olhar para a moça que abraçava, ainda sentado, refletia amor. Um amor puro, genuíno. Era invejável.

— São os meus pais. – falou, quebrando o silencio. Pude perceber que ele, agora, também olhava para a foto do casal. – Eles se amavam muito. Eu sempre quis conhecer alguém assim. – seus olhos agora pairavam nos meus. – Me desculpa sobre mais cedo... É que... – seus olhos fitavam agora suas mãos, era como se procurasse as palavras, mas não as encontrava. – Elizabeth... Eu...

— Está tudo bem. – interrompi. – Mal-entendidos acontecem. – sorri, tentando disfarçar meu nervosismo. Não sei o que o Zachary pensava, mas senti medo de descobrir. – Eu... preciso ir. – falei, levantando.

— Mas...

— Estou com cólica. – menti. – Podemos estudar sexta. – meu tom fez parecer um decreto, ao invés de uma sugestão. Ele apenas assentiu, taciturno. Apressei-me em sair da tão acolhedora casa, abandonando o garoto que me fora tão cortês, aquele que eu não deveria deixar fugir, mas quem estava fugindo? Corri em direção a minha casa, sentindo o frio invadir meu corpo. Ao fundo ouvia uma voz gritar meu nome. Balancei a cabeça expulsando pensamentos aleatórios e reprimindo de uma vez por todas a vontade de olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam??
Obrigada por lerem!! Fico muito, muito feliz com as visualizações :)
Segurem o coração, pois aí vem mais capítulos com o fofo do Zack ♥



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