Inequações do Amor escrita por May Winsleston


Capítulo 4
Capitulo 4 - Azul


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora para postar! A volta as aulas está me deixando doidinha kkk. Obrigada para aqueles que estão dando uma oportunidade a minha história, recebi minha primeira favoritada ♥, Muito obrigada mesmo!!! Esse capítulo traz um pouco mais do Zack ♥. Espero que gostem! Boa leitura!!



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— Não dá para deixar a aula para amanhã não? – perguntei pela terceira vez, enfiando a cara no livro de matemática.

— Não, pela terceira vez! – falou quase irritado. Ele estava contando. O olhei com uma expressão cansada. Seus olhos azuis me encaravam.

— Mas é sábado! – protestei.

Sim, sábado. Depois da loucura da festa eu adormeci. Quando acordei percebi que meus pais já estavam em casa. O voo deles tinha adiantado e eles decidiram fazer uma surpresa. Mas quem recebeu a surpresa foram eles. Vasos quebrados pelo chão, cadeiras jogadas, camas bagunçadas, banheiros... bem acho que não preciso dizer o que havia no banheiro. Para resumir, a casa estava uma grande bagunça. Eu iria ligar para um serviço de limpeza, mas como castigo, meus adorados pais, decidiram que eu deveria limpar a casa. Eles disseram “Você tem que aceitar as consequências de suas ações”, “Achei que fui clara quando disse que você não poderia dar uma festa” e “Aqui se faz, aqui se limpa”, ou algo do gênero. Passei minha manhã de sábado limpando sozinha, tudo bem a Joane me ajudou, e recebendo o olhar de “Eu te avisei” da Nona. Para completar, o meu tutor, inocente e esquecido, deixou o maldito telefone na minha casa. E ele veio buscar? É claro que sim. E adivinha o que mais. Ele decidiu se apresentar como meu tutor e explicar minha situação escolar aos meus pais e, com aquela cara de bom moço, ele teve a audácia de se oferecer para ficar e começar minhas aulas imediatamente.

— Tudo bem. – cedeu – Eu vou te liberar, mas antes quero que você resolva esta equação. – Ele empurrou o livro me mostrando um montante de números e letras. Como se resolvia aquilo?

— Eu não entendo. – bufei – Pra que misturar x com y mais números? Isso nem ao menos faz sentido. Se ele já sabe o valor de x, porque quer uma equação que prove isso? Quem inventou essa droga? – ele riu do meu desespero.

— Bem, Pitágoras é considerado o pai da matemática. – falou respondendo minha pergunta retórica. Nerds não entendem perguntas retóricas. – Qual é sua dúvida? – perguntou, por fim.

— Tudo. – revirei os olhos. Eu iria ser designer de moda, pra que matemática?

Zack puxou sua cadeira para mais perto da minha. Pude sentir seu perfume, era suave, diferente do perfume amadeirado do Kay. Suspirei. Não tinha tido notícias do Kay desde a noite passada. Enviei uma mensagem logo cedo para ele, porém ele ainda não havia a visualizado. Espero que esteja tudo bem. Segui os procedimentos que Zack instruía e pude resolver a equação sem maiores problemas. Até que tinha sido fácil, na verdade. 

— Não foi tão complicado. – assumi.

— Sou um bom professor. – ele sorriu se gabando.

Antes que eu pudesse falar algo, minha mãe gritou da sala, ela nos convidava para o jantar.

— Vamos? – convidei.

Zack deu uma desculpa qualquer para fugir do jantar com a minha família, é uma pena ele não saber o quão determinados meus pais podem ser quando querem.

— Não aceito um não. – minha mãe foi logo dizendo sem mal ouvir a desculpa do Zachary.

Sem ter para onde fugir, ele aceitou a convocação, quer dizer convite, da minha mãe e sentou-se à mesa conosco.

— Então. Zachary? – meu pai perguntou.

— Sim, senhor. – disse um pouco nervoso. Era engraçado vê-lo ali, todo acanhado. – Zachary Louis Ranchert. – ele completou, formal.

— Ranchert? – seu nome fez com que minha mãe parasse de comer sua salada e passasse a encarar meu colega. – Você, por acaso, teria alguma relação com Henry Ranchert? – perguntou se endireitando na cadeira.

— Sim, senhora. – respondeu dando um leve suspiro. – Ele era meu pai.

A informação fez meu pai engasgar com seu chá. Minha mãe, por outro lado, quase pulou da cadeira ao ouvir a resposta do garoto.

— Eu e o August éramos grandes fãs do seu pai! – mamãe disse com brilho nos olhos, arrancando um tímido “Muito obrigado” do Zack. Meu pai também bombeava o garoto com elogios e histórias sobre o romance dos dois e as composições do seu pai. Enquanto isso acontecia, eu apenas escutava e ria das narrações dos meus pais. Até mesmo o Zack parecia ter ficado um pouco mais à vontade com eles. Descobri que seu pai era um famoso compositor e pianista. Meus pais haviam se conhecido em um dos seus concertos. O jantar ocorreu de forma calma e divertida.

— Eu tenho uma surpresa para vocês! – minha mãe anunciou se levantando da mesa e indo para a cozinha.

— Lá vem. – meu pai resmungou baixinho.

Antes que eu pudesse falar algo para o Zack, minha mãe apareceu com uma bandeja que continha 4 pequenas taças de porcelana.

— Eu preparei crema catalana! – comunicou orgulhosamente, colocando uma taça da curiosa sobremesa na frente de cada um de nós. Olhei para o doce. Parecia levemente queimado. – É espanhola. Aprendi a cozinha-la com um chef de Barcelona. – ela sorria enquanto sentava na cadeira e nos encarava com olhos brilhantes. Eis um fato sobre a minha mãe: ela ama cozinhar. Gosta tanto da cozinha que sempre diz que se não fosse modelo, entraria para a carreira da culinária. E eu acredito que ela seria uma ótima chef de cozinha, afinal ela é organizada, carismática e trabalha bem sob pressão, porém existia um pequeno empecilho para seu sonho se tornar realidade: ela era uma péssima cozinheira. – Então o que estão esperando? Podem atacar! – incentivou.

Zack, desavisado, foi o primeiro a colocar uma colher daquele doce na boca. Sua expressão depois disso não foi das melhores. Um misto de arrependimento e enjoo atravessaram sua face e antes que Zack pudesse falar qualquer coisa, eu meti um bom bocado daquela estranha criação na boca. Seu olhar assustado veio em direção a mim, era como se dissesse “Se tem amor à sua vida não coma isso.”, e seu olhar foi amplificado quando eu apenas sorri e declarei “Está delicioso, mãe!”.

— Verdade? Que alegria que você gostou, filha! – comemorou alegre. – E você Zachary? O que achou?

Olhei para ele. Dessa vez fui eu quem fiz uma expressão assustadora e suplicante. Para meu alivio ele entendeu minha careta, ou só a achou muito estranha, pois ele sorriu e respondeu depois de tomar um longo gole do seu suco e retirar o amargo da boca.

— Está ótimo, senhora Nicole. – falou educado.

— E você, querido? – perguntou ao meu pai, esperançosa. O Sr. August ainda não tinha provado daquele “manjar” e pela sua expressão não iria.

— Bem. – começou. Ele olhou para mim, depois para Zachary, para Nona e por último seu olhar caiu sobre minha mãe, talvez procurasse palavras para tentar fugir daquilo, mas ele sabia que não conseguiria esse feito. Por fim, olhou para Nona suplicante. – Nona, você poderia nos trazer aquele vinho? – Nona revirou os olhos e entrou na cozinha. Saiu de lá com duas taças na mão, ambas contendo um liquido de cor avermelhada. – Um brinde?

— Eu e Zack vamos subir. – interrompi. Meus pais acenaram com a cabeça e pude ouvir a voz da minha mãe gritar “Bom estudo!”.

— Desculpe por ter que engolir aquela coisa intragável. – falei enquanto adentrava meu quarto. Zack me respondeu com um “Não tem problema.”. Percebi que ele me olhava confuso, perguntando-se porque mentiríamos para ela. Tentando clarear suas ideias, eu continuei, explicando. – Mamãe é fascinada pela cozinha, afinal é francesa. Porém, como pôde ver, ela não se destaca positivamente nesta área. – forcei um sorriso – Talvez devêssemos falar a verdade, porém meu pai acha mais fácil mentir e deixa-la acreditar que é uma cozinheira nata.

— Ela não prova a própria comida? – soltou, porém logo percebi seu arrependimento nas duras palavras. – Quer dizer – começou tentando consertar a frase anterior – Bem...

— Ela come sim – falei dando de ombros – Na verdade, meu pai a embebeda. E depois eles provam aquilo. É a rota de fuga do meu pai. Minha mãe é fraca com álcool, então ele preparou um drink com vodca, suco de uva e vinho tinto, que é utilizado nessas ocasiões. Portanto ambos estarão bêbados antes de comerem aquele treco.

— Sua família é bem...

— Estranha? – completei e ele riu dando de ombros – Talvez. Quer dizer, a quem estou querendo enganar? Eles são completamente doidos. Mas eu amo isso neles. – sorri pensando nos meus pais, que apesar de serem um pouco ausentes, são bons pais. – Mas e quanto a você? Seu pai é um grande pianista, não?

— Sim. – falou. Dava para perceber o orgulho no seu olhar. – Ele era um grande compositor e músico. Era inspirador.

— Era? – perguntei rapidamente. – Ele parou de tocar?

— Não – sua cabeça acompanhou a negativa e seu olhar se dirigiu ao chão. – Ele morreu. – falou simplesmente. Suas palavras foram um baque para mim. Morreu? Como assim morreu? Eu tinha praticamente certeza que minha cara não estava lá muito boa. E meu silencio o fez continuar. – Mas foi há 4 anos. Já faz um tempo. – disse, tentando, inutilmente, me consolar.

— Meus sentimentos. – disse, nervosa. – Mas, sua mãe. É sua mãe! – tentei, apressadamente, fugir daquele assunto fatídico. – Você mora com ela?

— Ela também morreu. – suspirou. – Mas foi quando eu tinha sete anos, então já estou acostumado. – ele me olhou. Eu ainda tentava processar todas essas informações. A primeira palavra que veio em minha mente foi “coitado”. Senti o olhar de Zachary sobre mim. Ele tentava me analisar. Deve ter conseguido. – Eu morei com minha tinha durante um tempo, porém um pouco antes do final do ano passado ela decidiu se mudar para a Califórnia. Mas tudo que eu sou está aqui. – ele sentou no puff que ficava perto da televisão.

— Mora sozinho? – perguntei sentando na almofada próximo a ele. Ele apenas assentiu com a cabeça, respondendo minha pergunta. – Não é solitário? – meu tom rumava para um tom de pena.

— Não. – ele deu de ombros. – Você acaba se acostumando.

Eu ia fazer mais perguntas, porém um celular apitou. Era o meu. Olhei para a tela frontal. O nome que era mostrado no visor me causou um leve arrepio. Kay. Deslizei o dedo na tela me preparando para o pior. A mensagem dizia “Desculpa por ontem, fui um idiota. Ainda estou com um pouco de ressaca. Eu estou disposto a esperar por você o tempo que for necessário. Eu te amo, gatinha. Estou ansioso para te ver na segunda”. Quase gritei de alegria. Senti meus músculos da face se contraírem e formarem um dos maiores sorrisos que eu já sorri. Ele não estava bravo. Ele me amava. Quão raro era ouvir estas três palavrinhas. Respondi a mensagem com um “Eu te amo, príncipe. Te amo para sempre!”. Quando tirei os olhos da tela do celular luminoso, dei de cara com um Zack quase triste. Talvez tenha lembrado dos pais. Pobre Zachary. Quando eu ia abrir a boca para animá-lo, ele driblou minha ação e falou primeiro.

— Já está tarde. É melhor eu ir. – ele se levantou da cadeira e seguiu até a porta. Fui atrás dele me sentindo culpada pelas lembranças tristes que provocara no meu tutor.

— Vai ficar bem? – perguntei já descendo as escadas e indo em direção a saída.

— Vou sim. – o sorriso que ele mostrou me dizia o contrário. – Até segunda. – anunciou e saiu, envolvendo-se no frio do Colorado. “Se cuida.” Sussurrei, quase que inaudível.

Corri para dentro e cheguei rapidamente em meu quarto. Desabei na cama e comecei a pensar no Kay. Ele me amava. Apesar de eu tê-lo decepcionado, ele não desistiu de mim. Senti meu coração bater levemente mais rápido, e tudo que eu desejava era que a segunda chegasse logo. Fechei os olhos tentando visualizar meu namorado, mas ao invés disso eu adormeci pensando em olhos azuis, um azul claro e puro, uma cor convidativa e serena, como o céu.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Sintam-se a vontade para comentar se estão gostando ou não. O que está bom e o que precisa mudar. Feedback é muito bem aceito :) Obrigada por lerem! Beijos!! ♥ ♥ ♥



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