Inequações do Amor escrita por May Winsleston


Capítulo 3
Capitulo 3 - A noite


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Espero que estejam gostando. Esse capitulo ficou beeem grandinho, espero que não se importem. Ele explica um pouco sobre a Kiara. Vocês também vão conhecer um pouco mais do Zack neste capitulo. Espero que gostem! E comentem, por favor. Me digam o que estão achando, se estão gostando ou não :) Boa leitura ^.^



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Me olhei novamente no espelho do quarto. O cropped de renda branco que eu usava era delicado e estava acompanhado da saia rosa claro. Suspirei. Esperava não estar tão infantil. Por baixo da roupa usava uma lingerie preta. Era a cor preferida do Kay. Quando a Joane e a Kiara souberam do pedido do Kay, elas correram para uma loja de lingerie e me ajudaram a escolher. Estava nervosa, então a companhia delas me ajudou. Quando eu contei que ainda era virgem a Kiara tomou um susto, “Sabe se continuar nesse voto de castidade o Kay vai te largar.” Foi o que ela disse. E isso me abalou. O Kay foi o meu primeiro namorado. Talvez ele tenha sido o que se declarou, e eu confesso que não estava apaixonada por ele quando isso aconteceu, mas aos poucos eu comecei a amá-lo. E hoje eu o amo tanto que estou disposta a me entregar por completo para ele. Não tinha um relógio por perto, mas dava para ver que o sol emanava seus últimos raios de luz naquele céu gelado. Era hora da festa.  Chequei o meu cabelo, os cachos estavam no lugar. Tudo estava certo, tudo estava perfeito. Desci as escadas. Joane e Kiara arrumavam os petiscos na mesa e as pizzas. Decidimos não colocar todas de vez, então colocamos 5 pizzas em cima da mesa e as outras seriam esquentadas e colocadas depois.

— Ufa. Tudo pronto! – Kiara desabou no sofá.

— Obrigada meninas! Tenho muita sorte por ter vocês. – falei sentando ao lado da Kiara e convidando a Joane para sentar ao nosso lado. Dei um abraço nas duas.

— Então está ansiosa? – a Joane perguntou.

— Estou com medo. – admiti. Talvez eu não precisasse temer. O Kay era um bom garoto e eu o amava.

— Quando começar não vai querer parar mais. – a Kiara quebrou o silêncio. – Na verdade eu nem sei porque continua virgem. Que eu saiba o Kay não é mais. E vocês tem o quê? Um ano? – assenti positivamente – Caramba. Você maltratou o coitado bastante, hein! – ela riu.

— Eu sei. – falei corando – Ki, como foi sua primeira vez? – perguntei.

— Eu nunca te contei? – ela estranhou.

— Na verdade, eu acho que eu nunca perguntei. Sempre tive vergonha de falar sobre isso.

— Faz sentido. Bem – ela mordeu o lábio inferior e coçou a cabeça, ela estava pensando, ela sempre fazia isso quando tentava se lembrar de algo – Foi quando nós entramos para as cheerleaders. Não sei se você se lembra, mas depois que foram definidas as garotas que fariam parte das líderes de torcida houve uma festa. Eu bebi muito. Então lembro de poucas cenas do que aconteceu naquela noite. Estávamos na casa do Kyle, e o irmão dele, o Terrence, era um ex jogador dos buffalos, para ser mais exata ele era o capitão. Naquele tempo ele tinha acabado de se formar; então passou seu título para o Kay. Todos estávamos nos divertindo e o Terrence me elogiava a cada segundo. Mas eu estava de olho em outro. – ela riu. – Infelizmente, nem tudo são flores. Como eu disse, eu não lembro direito o que aconteceu, mas eu me recordo que no dia seguinte eu acordei pelada, com o Terrence do meu lado e uma baita ressaca.

— Nossa! – exclamei. Talvez eu esteja tendo um pensamento errado, mas toda essa história faz parecer que a Kiara foi...

— Isso não é considerado estupro? – a Joane falou preocupada.

Olhamos para a Kiara. Não consegui distinguir sua expressão. Talvez um misto de raiva, surpresa e talvez tristeza.

— Calma, gente. – disse tentando suavizar a tensão que era notável – Eu não lembro de tudo, mas isso não quer dizer que foi contra a minha vontade. Talvez eu quisesse. – ela deu de ombros.

— Mas... – cutuquei a Joane. Era um sinal para que ela parasse de falar. A Kiara não se sentia confortável falando disso. Eu não deixava de pensar. Onde eu estava quando tudo isso aconteceu? Será que estava tudo bem mesmo?

— E você Gonzalez? Como foi sua primeira vez? – perguntou tentando tirar a atenção dela.

— Eu, bem. É que – ela parou por alguns minutos como se estivesse procurando as palavras certas a falar – Eu nunca fiz. – assumiu.

— O QUÊ!? – Eu e Kiara exclamamos juntas.

Não que a Joane fosse o tipo de garota que dormia com todos os garotos da escola, mas ela com certeza era uma das mais desejadas. O termo sexy era o que a maioria dos garotos utilizavam para descrever a Joane. Pele morena, cabelos cacheados, corpo curvilíneo e escultural. Todo o cara desejava uma noite com ela, e toda garota a invejava. Lembro de que quando ela chegou no colégio foi excluída pela maioria das meninas da escola, mas incrivelmente nos demos bem de cara. Resolvi estudar espanhol no meu primeiro ano de high school, era obrigatório pegar um idioma em algum dos semestres escolares, como já sabia o francês (por causa da minha mãe), decidi estudar espanhol, mas nunca pensei que seria tão difícil. Joane também estava tendo problemas com o inglês. Estudávamos literatura juntas, a maioria das aulas de literatura eram feitas em duplas. Como a Joane não tinha uma, decidi ser a dupla dela. Conversamos e quando ela descobriu que eu era péssima em espanhol se ofereceu para me ajudar. A achei um doce por isso, e também me voluntariei para ajudá-la no inglês.

— É só que ainda não conheci o cara certo. – ela disse envergonhada.

Conversamos um pouco mais e ouvimos o som da campainha.

— Mas já? – Kiara falou checando as horas no celular – Imaginei que eles chegariam mais tarde, mas aparentemente o pessoal decidiu ser pontual. São só 18:03h.

— Talvez seja o Kay. – respondi levantando e indo em direção a porta. – Ele disse que iria tentar sair do treino mais cedo.

Passei a mão no meu cabelo novamente e abri a porta. O garoto de cabelos negros compridos que esperava do lado de fora me surpreendeu. Ele usava uma calça jeans e um moletom creme.

— Então vai me convidar para entrar ou eu vou virar um cubo de gelo? – ele falou rindo.

Abri a passagem e ele entrou.

— Então, o que faz aqui? – perguntei tentando não parecer mal educada.

— Vamos estudar. Você concordou hoje de tarde, antes da aula de inglês. Vai sair com suas amigas? – ele perguntou me olhando de cima a baixo. – Ou você costuma se vestir assim normalmente?

— Estudar? – perguntei incrédula. – Droga! Desculpa, foi um mal-entendido. Eu não posso estudar hoje. Vou dar uma festa hoje!

— Ah! – ele corou. – Tudo bem, acho que podemos marcar outro dia.

Talvez eu tenha demorado muito tempo conversando ali com o Zack e tentando entender a burrada que eu tinha feito, já que a Kiara e a Joane vieram ver o que estava acontecendo.

— Porque está demorando tan... – a Kiara parou de falar quando notou que o Zachary estava ali. – Oi! Algum problema? – perguntou. Ela também não devia se lembrar do Zachary.

— É que eu esqueci que tinha combinado de estudar hoje com o Zack. – falei constrangida.

— Ah! Então você é o Zack! – Kiara estendeu a mão para cumprimentá-lo.

— E você deve ser a Kiara. – ele deu um sorriso curto. Dava para perceber que ele não estava muito à vontade ali. – Eu já vou indo. – ele olhou para mim novamente – Depois você me diz os dias que está disponível. Tente lembrar, okay! – eu ri com a piada.

— Porquê não fica? – a Joane soltou. Seus olhos pidões encaravam a mim e ao Zachary. Ela como se ela estivesse dizendo “Por favor! É a minha chance!” Suspirei, bem acho que não tinha problema ele ficar para a festa.

— Eh, por que não fica? – convidei.

— Não sou muito bom com festas. Mas obriga... – Joane não deu tempo para que ele terminasse a frase. Ela apenas o puxou e falou “Bobagem! Vai ser divertido.” Ele me deu uma última olhada. Estava implícito nos seus olhos que ele estava um pouco assustado com aquilo. Sorri para tranquiliza-lo. Ele sorriu de volta e se voltou para a Joane. Talvez eu não fosse a única a perder a virgindade naquela noite.

Não demorou muito para que Kay e os seus amigos do time chegassem, eles espalharam as bebidas e os copos pela mesa. Fizeram um ponche com frutas e vodca e o deixaram no centro dali. A campainha tocava e eu, o Kay e a Kiara revezávamos indo abrir a porta. Comecei a ficar nervosa quando percebi a quantidade de pessoas que estavam em minha casa. Consegui contar 61 espalhadas pela sala e pela piscina, tinha certeza que algumas ainda estavam espalhadas pelos quartos, banheiros e pela cozinha. E para minha infelicidade as batidas na porta alertavam que mais pessoas estavam chegando. Corri para falar com a Kiara. A encontrei numa das cadeiras da piscina dando amassos no Steven. Fiz um sinal com a mão quando ela finalmente olhou para mim.

— Oi gostosa! – ela falou bêbada – O que faria uma melhor amiga chamar a outra enquanto ela está agarrando o cara mais gato da escola?

— Ki, não sei se você percebeu mas tem umas 100 pessoas aqui ou mais! – disse nervosa.

— Relaxa amiga! Estamos aqui para curtir! Vamos nos divertir! – ela levantou o copo com ponche e voltou para o colo do Steven.

— Cuidado para não fazer nada que não queira! – gritei preocupada.

O Kay estava na piscina com os amigos. Eles tentavam empurrar uns aos outros na água gelada. Não conseguiria ajuda dele agora. Procurei a Joane. Ela deveria estar com o Zachary em algum lugar. Olhei ao redor da piscina e do jardim. Nada. Voltei para a cozinha. Também não os encontrei. Minha última tentativa seria a sala, se eles não estivessem lá, estariam em algum quarto ou em algum banheiro provavelmente fazendo algo que eu não iria querer ver. Balancei a cabeça expulsando os pensamentos lascivos de minha mente e fui em direção a sala. Suspirei aliviada quando percebi que minha amiga estava no sofá encostada ao Zack e provavelmente bêbada.

— Aproveitando a festa? – perguntei rindo da posição em que se encontravam. A Joane estava praticamente desmaiada nos braços do Zack e falava coisas em espanhol.

— Muito! – ele riu sarcasticamente – Talvez eu não deva deixá-la beber mais. Sabe, acho que ela está falando que eu sou lindo. – ele riu baixinho. – Obrigado por me convidar para entrar, foi divertido.

— Aposto que a Jo também se divertiu. Aliás posso te contar um segredo? – falei baixinho. E ele fez que sim com a cabeça. – A Joane tem uma queda por nerds. – ele corou. Ri.

Era quase impossível não perceber os sentimentos do Zack. Ele era transparente. Se suas atitudes não diziam o que ele sentia seu rosto com certeza o faria.

— Estava te procurando gatinha. – o Kay sussurrou no meu ouvido me fazendo pular.

— Que susto! – disse com a mão no peito. Percebi que o Zack nos olhava curioso. – Ah! Esse aqui é o Zachary! Estudamos jun... – o Kay me calou com um beijo. Senti o gosto forte de álcool em sua boca. Ele estava bêbado.

— Vamos subir gatinha. – corei.

— Kay, calma. O Zack...

— Vamos lá gatinha! – ele disse agarrando meu braço.

— Tudo bem. – o Zack falou como se pudesse ler meus pensamentos. – Eu preciso ir ao sanitário, logo depois devo ir para casa. – continuou – Eu posso deixá-la em algum quarto? Acho que ela está muito vulnerável aqui na sala. – perguntou apontando para a Joane. Sorri. Ele mal a conhecia, mas estava cuidando dela. Eu deveria ter feito isto pela Kiara também.

— Pode deixá-la no primeiro quarto à esquerda no andar de cima. Tem uma chave na porta, então se puder tranque-a. – ele me olhou assustado. Talvez pensasse que eu iria manter minha amiga cativa como forma de punição. E que os jogos comecem. Pensei o que me fez rir. Talvez agora eu realmente parecesse uma psicopata. – Não se preocupe eu tenho uma cópia da chave, então vai ficar tudo bem. Só não quero que ninguém entre no quarto com ela lá. – falei tentando tranquiliza-lo.

— Okay! – ele sorriu e foi em direção ao banheiro.

Kay me puxou e me deu um longo beijo. Subimos e fomos para meu quarto. Tranquei a porta enquanto Kay ia para a cama tirando sua camisa.

— Hoje eu to afim de f****. – xingou.

Eu não queria isso. Não queria perder minha virgindade desse jeito. Kay percebeu que eu tinha ficado muito tempo parada e ordenou:

— Vem aqui gatinha! – obedeci.

Dei passos curtos em direção a minha cama tentando atrasar o momento. Uma pena que não adiantou muito. Logo estava nos braços do meu namorado. O fedor da bebida fazia meus olhos arderem, me fazendo lacrimejar. Eu queria chorar. Será que era somente pelo cheiro da bebida?

Kay puxou meu cropped rudemente  e revelou minha lingerie bordada. Esperava um elogio. Mas não recebi nada além de uns beijos no pescoço. Sua mão descia do meu rosto, passando pelo meu pescoço e chegando no feixe do meu sutiã.

— Kay. – sussurrei – por favor, vamos com calma. – pedi.

Ele não me escutou. Ao invés disso ele puxou o feixe com força. Gemi de dor. Kay xingava e tentava tirar meu sutiã. Me forcei a acreditar que tudo aquilo era efeito do álcool. Aquele não era o Kay. Senti o feixe abrir.

— Agora sim! – Kay segurou um dos meus seios e abocanhou o outro fortemente. Aquilo não era bom. Senti minhas bochechas molhadas. Não podia estar suando, podia? Levei minha mão ao meu rosto, não era suor. Percebi que eram lágrimas. Estava chorando. Me lembrei da promessa que o Kay me fez na parte de fora do refeitório. Esta deveria ser a melhor noite da minha vida, então o que era esse sentimento infeliz que brotava do meu coração? Fechei os olhos rendida. A segunda vez será melhor. Pensei. Mas não é a primeira a mais especial?

Kay beijava a minha barriga e ia em direção a minha saia. Quando ele estava prestes a puxar o zíper, ouvi um barulho que parecia vir do andar de baixo.

— Kay, está ouvindo isso? – disse, o afastando.

— Não. – falou curto e grosso. Ele me puxava querendo terminar o que começamos. Me soltei do seu abraço e coloquei meu sutiã e meu cropped. – Aonde vai? – ele perguntou. Saí do quarto rapidamente o deixando sem resposta. Pude ouvir alguns xingamentos. Logo voltaria para ele de qualquer forma, mas antes precisava garantir minha sobrevivência, afinal não podia dar uma festa. Se algo amanhecesse fora do lugar, ou pior, quebrado, a minha cabeça rolaria. Assim que me aproximei das escadas ouvi um barulho, eram muitas vozes juntas, não consegui entender, porém não levou muito para que eu decifrasse aquele som. “BRIGA! BRIGA!” Gritavam pedindo por mais. Quase desmaiei ao ver a situação da sala. Alguns copos e pratos espelhados pelo chão de madeira, acompanhados por uns vasos quebrados no chão. No carpete próximo à lareira haviam pingos cor de vinho, achei que era ponche, mas ao ver um garoto de moletom creme caído no chão percebi que era sangue. Corri para ele.

— Que merda está havendo aqui?! – gritei me metendo entre o garoto caído e um dos brutamontes do time.

— Alguém tinha que ensinar este garoto a não se meter no assunto dos outros. – cuspiu.  

— E é assim que você decidiu ensina-lo? Se eu não tivesse chegado era capaz de você tê-lo matado! – bufei – Quer saber, fora! Saia da minha casa agora!

— Calma gracinha. Não precisa me expulsar. Ainda tenho assuntos com a senhorita mexicana ali. – falou lambendo a boca e caminhando em direção a Joane. Minha amiga estava inconsciente no sofá. Não deixaria aquele animal encostar nela. Puxei se braço musculoso o fazendo parar.

— Na Joane você não encosta. – ameacei.

— E quem vai me impedir? – falou aproximando o rosto do meu. Seu hálito cheirava a álcool e a fumo. Senti suas mãos se aproximarem da minha cintura. Ele estava decidido a ter o que queria aquela noite, se não fosse com a Joane seria comigo.

— Não toque nela! – uma voz fraca disse. Pude perceber que o Zack tinha se levantado. Seu rosto estava inchado e molhado de sangue. Onde está aquele garoto sorridente de agora há pouco? Pensei, arrependida. Quando o brutamontes me soltou e foi em direção ao Zack pensei que iria o matar. Mas para nossa felicidade um garoto alto de cabelos loiros se meteu entre eles.

— Dean, calma cara. Você está perdendo a razão. – disse.

— Po*** Kyle, me larga!

— Temos que ir. Falou puxando o amigo. – ele passou pelo meu lado e pude ouvir um pedido de desculpas. – Deveria ter aparecido antes, desculpa Liz.

Assenti e corri para o lado do Zachary. A multidão que antes estava ali se dispersava e, para minha felicidade, saíam da casa.

— Tudo bem? – perguntei, o levantando e o ajudando a sentar no sofa.

— Claro. Acho que só quebrei alguns ossos e dentes. Fora isso, está tudo perfeito! – falou tentando uma risada. – Ai! Nunca pensei que sorrir doeria tanto! – gozou.

— Espera um pouco vou pegar uns algodões. – corri até o banheiro pegando um kit de primeiros-socorros. Nele continha band-aids, iodo, gazes, algodões, colírio e alguns remédios. Levei a caixinha comigo. Quando cheguei no sofá e tirei o iodo e alguns algodoes pude perceber que o Zack fez uma careta.

— Não sabia que me odiava tanto assim. – brincou – Você não teria mertiolate?

— Sinto muito. – disse negando com a cabeça. – Isso vai doer um pouco. – falei aproximando o algodão da sua mão machucada.

— Sabe, não se diz este tipo de coisa para alguém ferido. – ele segurou minha mão, tentando adiar o momento.

— Zachary! – reclamei segurando o riso e soltando minha mão da dele. – Deixa de ser medroso!

— Não é medo. – resmungou fechando os olhos – É caute... Ai! Esse treco deveria ser proibido! Vai demorar muito? – perguntou semicerrando os olhos.

— Não! – disse limpando seus ferimentos do pescoço. – espera um pouco. – fui até o banheiro e procurei pelo soro fisiológico no armário. Quando voltei vi que ele havia retirado o moletom, revelando sua camiseta azul, a estampa era de um garoto com uma touca branca. Era engraçada. Pude notar que ele possuía alguns hematomas nos seus braços. Pobre Zack. Pensei.

— Que a tortura retorne! – anunciou em alta voz ao me ver. Ri do seu drama.

— Vou limpar seu rosto agora, mas não se preocupe. É só soro. – ele me olhou com uma careta.

— Colocar sal na ferida. – ele balançou a cabeça cabisbaixo – seus métodos estão cada vez piores – suspirou – Okay. Estou pronto. – concluiu fechando os olhos.

— Você deveria participar das aulas de teatro com a Joane. – recomendei rindo e colocando um pouco do soro num algodão.

Comecei a limpar sua bochecha, passando o algodão pela linha da mandíbula e chegando ao queixo. Estremeci ao ver a quantidade de sangue no objeto antes branco em minha mão. Repeti a ação algumas vezes mais, limpando cuidadosamente todo seu rosto. Sua pele era bem branca, quase pálida e apresentava pequenas sardas. Quando eu estava terminando de limpar sua bochecha esquerda ele abriu os olhos. Foi só aí que eu percebi o quão próximos estávamos. Deveria ter virado o rosto, mas ao invés disso meu olhar paralisou em seus olhos. Joane estava certa. Aqueles olhos eram diferentes. Eles me lembravam o azul do céu ao amanhecer. Uma cor clara e pura, era como se a alma do Zack estivesse ali, era como se eu pudesse enxergar a minha própria alma ali. Notei que ele também me olhava curioso. Aquilo não estava certo. Fechei os olhos quebrando aquela conexão, engoli em seco procurando as palavras. O que eu estava fazendo mesmo?

— Acho melhor eu ir. – ele quebrou o silencio levantando da cadeira. – Tudo bem ela dormir aqui? – perguntou olhando para a Joane – Se quiser posso leva-la para o quarto. – ofereceu preocupado.

— Não, tudo bem. Acho que todos já foram embora, então não tem mais perigo. Se quiser pode dormir aqui também.

— Não precisa. Eu moro a três casas daqui. – disse dirigindo-se a porta.

— É meu vizinho? – questionei incrédula. – Como eu nunca notei isso?

Ele deu de ombros pegando o moletom e o vestindo.

— Talvez você só não quisesse perceber. – falou num meio sorriso. – Precisa de ajuda para limpar essa bagunça? – perguntou educado.

— Naah. – neguei – Vou ligar para um serviço de limpeza amanhã bem cedo.

O levei até a porta e senti o vento frio entrar na casa. Nos despedimos mais uma vez. Subi as escadas e fui até meu quarto. O Kay já não estava mais lá. Passei pelos outros cômodos a procura de pessoas bêbadas ou desacordadas. Suspirei de alivio ao perceber que só eu e a Joane estávamos ali. Desejei que a Kiara estivesse bem, assim como o Kay. Desci novamente a escadaria da casa e deitei num sofá próximo ao que a Joane estava.

— Finalmente acabou. – pensei alto sentindo meu corpo pesado. Por fim, fechei os olhos tentando esquecer da loucura daquela festa. – Talvez não seja tão ruim ter um tutor. – sussurrei, adormecendo.


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Notas finais do capítulo

Eu ia deixar para postar a foto do Zack depois, mas estou ansiosa para mostrá-lo então aí está:

Zachary: http://www.boysbygirls.co.uk/images/resized/images/uploads/BBGIssue1064Asa_900_1286_s.jpg

E aí? O que acharam do Zack?

Kyle: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/f5/ba/e6/f5bae6dccc1647ab30bb8035926052b0.jpg
Steven: http://br.web.img3.acsta.net/r_640_600/b_1_d6d6d6/medias/nmedia/18/72/15/05/19154587.jpg

Camiseta do Zack: http://img.elo7.com.br/product/zoom/E39413/camiseta-finn-hora-da-aventura-camisa.jpg



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