Inequações do Amor escrita por May Winsleston


Capítulo 10
Capítulo 10 - Encontros


Notas iniciais do capítulo

Gente, mil perdões pelo atraso!! Mas eu tenho uma justificativa, estou em período de provas, e mesmo assim a doida aqui decidiu começar um novo projeto. Sim, novo projeto. No próximo capítulo devo postar o link, por favor leiam. É diferente de Inequações, mas eu espero que gostem. Enfim, obrigada por continuarem a ler. Aaah, desculpa desde já, porque este capítulo está meio grandinho, mas é porque várias coisas acontecem neste capítulo. Aahh! Obrigada a Dani mais uma vez, sua maravilhosa!! Por comentar na minha fic e me dar motivação para continuar escrevendo! Enfim, deixarei vocês lerem. Boa leitura, pessoal!



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O livro ‘Emma’ conta a história de Emma Woodhouse, uma garota bondosa, elegante, rica, atrapalhada e um pouco esnobe. Emma vivia apenas com seu pai e sua governanta, que era sua melhor amiga. Quando a Sra. Taylor, a tal governanta, se casa com o Sr. Weston, Emma se sente sozinha e decide ajudar as pessoas, para que sua solidão acabe. Como ela faz isso? Ela começa a dar conselhos amorosos e a formar casais, e acaba se encontrando como cupido.
Sua tarefa mais complicada foi achar um par romântico para sua mais recente cobaia, Harriet, uma garota bastarda. Porém seus problemas parecem acabar quando ela vê em seu melhor amigo, o Sr. Knightley, o candidato perfeito para a moça. Suspirei, segurando o livro entreaberto, enquanto tentava não me encontrar tanto em Emma, mas era quase impossível. A teimosia da protagonista e suas ações se assemelhavam demais com meus pensamentos. Mas a Emma com certeza era burra, afinal era meio óbvio os sentimentos do Sr. Knightley por ela, mas ainda assim ela teimava em tentar juntá-lo com a Harriet... Ah.
Fechei o livro, procurando retirar o pensamento que pairava pela minha mente. Mas ele sugeriu esse livro para mim. Será que ele conhecia a história? É óbvio que conhecia, Elizabeth! Balancei a cabeça e levantei da poltrona próxima à televisão. Saí do quarto e desci as escadas em direção à cozinha. Procurei no freezer, onde meu pai escondia seus potes de sorvete, e peguei um de Cookies and Cream, da geladeira peguei uma fatia da torta de chocolate da Nona, que meu pai pedira que assasse. Joguei uma grande bola do sorvete em cima da torta e comecei a comer a mistura doce e gelada.
— Meu Deus! O que está acontecendo com você, menina? – Nona me observava atônita. Dei de ombros.
— Minha mente está cheia de pensamentos estranhos e confusos, e nos filmes eles sempre fazem isso. Agora eu entendo o porquê. – ri, enfiando mais um pedaço de bolo e sorvete na boca. – Isso é maravilhoso! – Nona riu, e sentou no banco ao meu lado.
— Problemas? – assenti. A cozinheira levantou e vasculhou o armário em busca de algo. Radiante, voltou de lá com um pote que continha um líquido escuro.
— O que é is... – antes que eu terminasse de falar, Nona jogou um bom bocado daquele conteúdo por cima do meu bolo e sorvete. – Nona! – ri, percebendo que era chocolate derretido – Se eu não morrer com as veias entupidas, meu pai me mata.
— Bobagem! Mais tarde eu faço mais para ele. E nada como um bom chocolate para acalmar. – sorri, enquanto provava a calda. Era deliciosa. – Então, menina. Problemas com as amigas ou com o namorado?
— Porque não perguntou se haviam problemas com as notas? – perguntei, risonha. Nona me lançou um olhar cansado.
— Se todas as vezes que tivesse problemas com notas você descontasse na comida, já estaria obesa. – gargalhei. Voltei a comer o doce, tentando entender meus sentimentos, enquanto Nona me observava pacientemente.
— Problemas com todos, Nona. Com amigas, com meu namorado e com um garoto.
— O jovenzinho que está te ensinando?
— Sim. Como sabia?
— Ora, menina. Eu não sou tão experiente com assuntos amorosos, mas até o mais tolo conseguiria perceber o jeito que aquele garoto te olha. – senti a respiração pesar com sua fala.
— Nona, você já fez alguma coisa e se arrependeu depois?
— Claro, menina,é normal nos arrependermos . O que você fez? – perguntou, atenciosa.
— Sabe a Joane? – ela assentiu. – Ela gosta do Zachary, o meu tutor, mas ele não gosta dela. Porém eu meio que o convenci a dar uma chance a ela, e agora eles vão sair num encontro...
— E...? – Nona perguntou, fixei meus olhos nos seus, buscando um complemento que fizesse sentido para aquela frase, mas nada vinha.
— Eu... – o barulho do meu telefone interrompeu minha fala. Olhei no visor, indicava uma nova mensagem. Era da Joane. Desbloqueei a tela com movimentos rápidos e abri o aplicativo de conversas.
“Quer ser eleita a melhor amiga do mundo?” – ela perguntou.
“Achei que já era a melhor. ” – enviei.
“Quer ser melhor do que a melhor? Por favorzinho! ” – replicou.
“Desembucha, interesseira! :p” – escrevi.
“ Você pode, por favor, ir ao encontro comigo? Digo, você e o Kay. Como num encontro de casais? Achei que nunca diria isso, mas estou nervosa...” – bloqueei a tela do celular, e virei para Nona, que ainda me observava, mais dessa vez parecia um pouco mais apreensiva.
— Ela quer que eu saia com eles. – falei, simplesmente.
— Han? – Nona franziu as sobrancelhas, indicando que não havia entendido minha fala.
— A Joane quer que eu vá no encontro dela. Quer dizer, eu e Kay. Ela quer fazer um encontro duplo.
— Porque? – indagou.
— Ela disse que está nervosa... – o aparelho vibrou novamente, indicando uma nova mensagem. – O que acha que eu devo fazer?
— Sendo sincera, acho que você não deve ir, pode ser que você machuque o seu coraçãozinho ou pior, machuque o de alguém. – disse, levantando do banco. – Mas a escolha é sua, Lizzie. Deixa eu ir fazer o jantar. – ela deu um beijo em minha testa e foi em direção à geladeira.
Deslizei o dedo pelo visor e li suas mensagens.
“E então?” – havia mais uma mensagem abaixo – “Liz, estou começando a achar que você passou mal. Se não me responder em 5 minutos, juro que vou andando pra aí!”
“Estou bem, boba. Foi a Nona, que apareceu e começou a falar comigo.” – enviei.
“Ufa! Que bom, ainda não me acostumei com esse frio. Sair daqui de casa seria uma tortura.” – poucos segundos depois, outro balão apareceu, sinalizando outro recado de minha amiga – “Mas e aí. O que decidiu? Vocês vão? Será sábado, às 19:00. Vamos no AMC e depois comemos algo. O que acha?”
“Acho – péssimo – incrível!” – menti. – “Nós vamos.” – apertei em enviar, pedindo a Deus que a Nona estivesse errada.

A noite de sexta-feira passou voando. Pensei diversas vezes em voltar a ler Emma, mas por algum motivo, eu tinha medo do final. Tinha medo do Sr. Knightley desistir da Emma e se casar finalmente com a Harriet. Tinha medo da Emma ficar sozinha, apesar dela querer isso no início do livro. E tinha medo da Emma nunca descobrir o que era o amor verdadeiro.
A manhã de sábado amanheceu nublada. Mandei uma mensagem para o Kay, comentando sobre a proposta da Joane, e desejando que ele rejeitasse a ideia, para poder ter uma desculpa para faltar a esse compromisso, porém o Kay, como um péssimo ator, decidiu errar o script e concordou com o encontro de casais. Conformada, passei a tarde de sábado tomando sorvete e assistindo a um filme antigo na televisão da sala, ao lado do meu pai. Incrivelmente, ele não ficou bravo em dividir suas guloseimas comigo. Ao invés disso, seu comentário me fez rir.
— O Kay deve ter feito uma besteira muito grande para você sair da dieta. – comentou, enquanto pegava uma colher do meu sorvete de morango.
— Nem tanto. – dei de ombros. – Para falar a verdade, nem eu mesma sei o porque de estar assim.
— Quer conversar? – franzi o cenho, suprimindo uma risada.
— Não! – neguei.
— Que bom! – disse, relaxando no sofá. – Mas, se um dia ele te machucar, é só me falar. Que eu arranjo um papel para ele em algum filme no Triângulo das Bermudas ou no Círculo de Fogo no Japão. Temos poucos atores que queiram atuar nesses locais, e eu nem sei o porque. – ri, encostando a cabeça em seu ombro.
— Pai, como você descobriu que a mamãe era a garota certa? – minha pergunta o fez pausar o filme e me olhar, atento. Ele parou por um tempo, olhando para um ponto qualquer acima de mim, como se pensasse.
— Eu não sei. – riu – Eu apenas senti, Lizzie. Eu dirijo romances há quase 20 anos, mas nenhum deles me parece tão real quanto o amor que eu sinto por você e pela sua mãe. Nos romances é tudo ou nada, sem meio termos, mas na vida real é um pouco diferente. – ele olhou para seus pés e continuou - Sua mãe, por exemplo, tem muitas qualidades, porém ela também carrega diversos defeitos. Acho que você descobre que ama alguém, realmente, quando você consegue enxergar, ambos seus defeitos e qualidades, e aceita-los. Sem querer mudar a pessoa, mas ajudá-la e apoia-la. Você a aceita e se sente aceito, sem sacrifícios maiores. É uma troca. O meu coração pelo seu. – suspirei, sorrindo.
— Obrigada, pai. – falei. O alarme do meu telefone tocou, sinalizando que já era hora de me arrumar. Me despedi do August e subi as escadas para o meu quarto. Tomei banho e fiz minha higiene, me dirigindo depois ao guarda-roupa, onde escolhi um macacão branco, que cobria parte de minha coxa, e uma jaqueta jeans. Calcei a sapatilha bege, que ganhara de Kay no meu aniversário e desci as escadas da casa, deparando-me com um Kay, de jeans e jaqueta de couro, sentado no sofá branco.
— Kay, oi. Porquê não avisou que havia chegado? – perguntei, o abraçando.
— Cheguei! – disse, num tom brincalhão. – Vamos? – ele se levantou do sofá e me puxou para ele. – Não queremos nos atrasar, não é, minha rainha? – arqueei a sobrancelha com o adjetivo. Ele nunca tinha me chamado assim.
— Não, meu rei! – brinquei, enquanto segurava sua mão e era guiada até seu Subaru antigo. A viagem até o cinema foi rápida. No carro conversamos sobre os nossos dias, os campeonatos, sobre minha amigas e os colegas do time, e sobre o Zack. Kay simplesmente puxou assunto sobre o meu tutor. Tentei desviar da conversa algumas vezes, porém ele insistia em querer saber sobre o meu professor particular. Agradeci a Deus, quando chegamos no AMC e uma Joane sorridente nos esperava dentro da construção.
— Oi. Você está linda! – elogiei minha amiga, que vestia um vestido preto e branco colado ao corpo. Ela estava radiando beleza. – Cadê o Zack? – quis saber.
— Ele foi ao banheiro. – respondeu. – Estou tentando convencê-lo a assistir “Como eu era antes de você.”. Imagina só, um filme romântico, um casal juntinho no cinema, 2 horas em puro silêncio e romance. Isso com certeza vai acabar bem! – sorriu.
— Legal. – sim, legal. Foi tudo que eu consegue dizer. Enquanto dava poucos passos para trás e me encostava no meu namorado.
— Oi, que bom que chegaram! – um Zachary sem óculos e de cabelo cortado, apareceu em nossa frente.
— Você... Você cortou!
— Sim, cortei. – disse, rindo.
— Mas e os óculos? – continuei, tentando entender como ele tinha ficado tão mais bonito em tão pouco tempo.
— Lentes de contato existem, Lizzie. – brincou.
— E ai? Viemos conversar ou assistir um filme? – o Kay perguntou, me puxando para mais perto dele.
— Estamos decidindo o filme ainda. O Zack quer ver Caça fantasmas e eu queria assistir aquele filme romântico com a atriz de Game of Thrones.
— A Liz também queria assistir a...
— Caça fantasmas! – interrompi. – Eu estava doidinha para assistir esse filme. – Zack arqueou a sobrancelha, escondendo o riso, enquanto Kay e Joane me olhavam descrentes, eles sabiam o quanto eu temia filmes de terror. – E ai? Vamos comprar? – andei na frente de todos até o caixa. Kay passou por mim e comprou nossos ingressos. Logo depois foi a vez do Zachary.
— Porque não disse que queria assistir ao filme romântico? – Joane sussurrou no meu ouvido. Sua voz parecia feroz.
— Eu já assisti esse filme – dei de ombros – Não quero chorar hoje. – falei, apontando para a maquiagem em meu rosto. Joane fez uma careta e foi atender o telefone que tocara.
— Zack, você pode por favor comprar mais dois? – pediu. Meu tutor apenas assentiu com a cabeça, e falou algo para a atendente.
— Mais dois? – dessa vez foi o Kay quem perguntou.
— Sim. – respondeu, enquanto guardava seu telefone na bolso de oncinha. – Um para a Kiara e o outro para seu acompanhante. – ela lançou um sorriso travesso para mim. Finalmente iríamos conhecer o cara que a Kiara tanto falava. – Ela disse que já está perto daqui.
— A Kiara namora? – Kay perguntou, descrente. Como se fosse planejado, eu e a Joane apenas assentimos juntas.
Depois de algum tempo esperando e discutindo sobre musicas e bandas, a Kiara finalmente apareceu, acompanhada de um garoto loiro de olhos verdes. O primeiro a comentar foi o Kay.
— Não sabia que vocês dois estavam namorando. – seu dedo ia da Kiara para o Kyle.
— Não namoramos. – a resposta da Kiara, fez com que o sorriso do Kyle perdesse um pouco do seu brilho. – Só estamos saindo num encontro, como todos vocês. – sorriu, forçadamente. – E então? Vamos assistir ao filme ou não? – inquiriu, enquanto andava em direção a sala de cinema, seguida por nós cinco.

O filme não era assustador. Pelo contrário, era engraçado e divertido. Sentamos separados de modo que a Kiara e o Kyle sentaram em bancos que estavam localizados no meio, e eu, o Kay, a Joane e o Zachary sentamos na ponta esquerda da sala, um casal atrás do outro. Infelizmente, eu fiquei com o Kay atrás, ou seja, dividi minha atenção entre o filme, o meu namorado e os flertes da Joane. O modo com o qual minha amiga fingia se assustar com cenas bobas, estava começando a me irritar. E o pior era que o Zack parecia estar acreditando em toda aquela encenação.
Revirei os olhos, levantando do meu assento com a desculpa de que ia ao banheiro. Saindo da sala, entrei no sanitário mais próximo. Elizabeth, você precisa parar com isso. Me repreendi, tentando controlar o ritmo do meu coração. Abri a torneira e enfiei minhas mãos na água gelada. Respirando fundo, até acalmar meus batimentos. Saí do banheiro, surpreendida pelo garoto alto e de olhos azuis que me esperava.
— Curtindo o filme? – perguntou.
— Até que não é ruim. Mas gostei mais de ‘Orgulho e Preconceito’. Sou uma garota clássica. – zombei, fazendo biquinho, o que o fez rir.
— E então garota clássica, já terminou de ler o livro que eu te indiquei?
— Comecei... Mas não tive coragem de terminar. – disse, mordendo o lábio. – Eu fiquei com medo da Emma não perceber seus sentimentos pelo Sr. Knightley, e dele se casar com a Harriet. – Expliquei. Ao invés de compartilhar de minha tristeza, ele apenas riu. – Nunca te ensinaram a não rir da tristeza alheia? – reclamei, lhe dando um tapinha de leve.
— Desculpa, Lizzie. – falou, recuperando o ar. – É que foi engraçado. Principalmente, pelo fato de que a Emma se apaixona sim. E precisa, de certa forma, escolher entre dois amores.
— Dois? Então ela pode casar com o Sr. Knightley?
— Talvez sim, talvez não. – deu de ombros – só vai saber se terminar de ler. – Mas agora que tal voltar...
— Liz! Achei que tinha se perdido. – Kay anunciou, enquanto me puxava para perto e me beijava, na frente do Zachary. Me desvencilhei do seu abraço e abaixei o rosto envergonhada. – Ah! A Joane também queria saber de você. É melhor voltar para ela. – sugeriu.
— Vou voltar... – um silêncio predominou entre nós, até que o Zack decidiu falar – Continue o livro, Lizzie. Vale a pena. – recomendou, antes de cruzar o corredor em direção à sala escura.
— Nós também devíamos voltar, minha rainha. – não sei porque, aquele apelido estava começando a me estressar.
— Só me dê um minuto. Preciso verificar algo. – pedi, enquanto pegava meu celular e procurava resenhas do livro Emma. Não demorou muito para que eu achasse uma. Deslizei o dedo para o fim do texto, procurando a resposta que tanto ansiava. A Emma terminaria o livro ao lado do Sr. Knightley, seu verdadeiro amor. Senti vontade de pular de alegria, mas me contive com apenas um sorriso. – Vamos! – ordenei, caminhando pelo corredor, procurando a sala de cinema que havia saído mais cedo. Mas parei ao perceber que havia um casal em frente a porta que levava a tal sala. Meu sorriso se desfez e senti meus olhos lacrimejarem. Todo meu corpo estremeceu com a cena que ocorreu a seguir. A garota de cabelos cacheados enlaçou os braços ao redor do pescoço do garoto de olhos azuis. Ela se pôs na ponta do pés e colou seus lábios nos deles.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Estão pirando que nem eu?!? Beijos seus lindos!!