Teias do Destino escrita por Selene Black


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Por ser uma história LOTR/Skyrim, não sei se algumas pessoas vão conhecer feitiços do jogo. Então, vou deixar um adendo nas notas, até porque achei concebível traduzir alguns.

Daedra¹: poderosíssimos seres do plano de Oblivion, não possuem motivação certa – é mais fácil compará-los entre si, do que dizer qual é bom ou mau.
Calm Spell: Feitiço Tranquilizante.
Dismay Shout: Grito de Receio
Vampire’s Seduction: Encantamento ou Atração ou Sedução do Vampiro. Sempre que for mencionado, estará relacionado a este feitiço. Só é possível utiliza-lo uma vez por dia.
Dawnguard: Guarda do Amanhecer. É um grupo de caça-vampiros liderado por Isran. Residem no Forte Dawnguard, a leste do domínio de Riften.
Thu'um: modo genérico de se referir a um "shout", o grito dracônico.



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Sora e Serana analisavam o objeto que tinham em mãos atenciosamente.

As duas estavam fora de casa, atrás do paiol. Acreditavam que, o que quer que estivesse dentro do baú, deveria ser aberto fora da mansão. Aquela era uma medida de segurança que haviam adotado.  Haviam usado muitos objetos obscuros através dos anos e reconheciam sinais da atuação de um Daedra¹ - uma leve suspeita que já havia se confirmado em outras situações.

Por experiência própria, Sora aprendeu que era mais fácil não contradizê-los. A única vez que ela não o fez, acabou mal e precisou da intervenção de outros Daedras a quem serviu, tortuosamente. Ela não se orgulhava disso. A memória trouxe-a de volta ao presente, olhando novamente para suas mãos. Nunca em toda a sua vida havia recebido algo assim.

Tratava-se de um tecido velho rasgado, do tamanho aproximado ao de um livro, com uma das bordas suja de lama e várias manchas negras dispersas. Todavia não era isso que chamava a atenção.

Apesar de tratar-se de uma breve carta (que não especificava ao certo seus destinatários), um vermelho enferrujado inconfundível  serviu como tinta – sangue. E mesmo que possuísse um aspecto mórbido, não emanava nenhum tipo de magia.

Numa letra cursiva apressada, por vezes borrada em alguns lugares, lia-se:

 

Caríssimos,

acredito que não vou comparecer a tempo para a reunião do Conselho. Compromissos urgentes me levaram a verificar a movimentação na antiga Fortaleza. E, infelizmente, situações emergentes me impedem de sair. Sei que concordamos em não examina-la por ora, entretanto a situação nos arredores se agravou.

Resta dizer que, caso estejam nas proximidades, careço de ajuda.

Tomem cuidado. Há olhos por toda a parte.

Seu amigo,

~ Gandalf

 

— Conhece? – a nórdica questionou, o cenho franzido.

— Nunca ouvi falar – Serana respondeu, após um breve momento de hesitação.

Ainda observando a carta, Sora caminhou pelo espaço aberto.

— Temos tantas fortalezas, a maioria em ruínas - Sora considerou - Não consigo imaginar qual seja mais velha que a outra...

Serana virou-se para ela, esfregando a ponte do nariz – seu gesto de impaciência característico.

— Você não está pensando em ir atrás do autor disso, está?

Desviou os olhos do tecido puído por um momento, olhando para a vampira.

— Quinze soldados suicidaram-se e um Capitão Stormcloak está batendo a cabeça nas grades da prisão, Serana – frisou – Preciso lembrar que a Jarl mandou que eu averiguasse isso?

— Olha, essa carta não vai te dar pista alguma – cruzou os braços, impaciente – Tente interrogar o Capitão.

Sora voltou com a carta para dentro do baú.

— Alguma sugestão de como fazer isso? - lançou um feitiço de Reconhecimento para que só pessoas de confiança pudessem abrir - Só consigo pensar em um Feitiço Tranquilizante, mas seria impossível interroga-lo durante seu efeito.

Serena pensou a respeito.

— Você não tem um Thu’um que faça isso?

Maethorel riu.

— Ele ficará mais propenso ao medo – respondeu, lembrando-se especificamente do Grito de Receio – E o Capitão ainda está sofrendo os efeitos de um feitiço. O Thu’um é agressivo e pode acabar potencializando algo que desconhecemos

— Eu tenho uma sugestão – a vampira acompanhava os passos de Sora – Posso lançar meu encantamento típico. Irá acalma-lo por curto tempo e ainda poderá responder nossas perguntas.

Serana referia-se a um feitiço conhecido entre os mortais como “Sedução do Vampiro”, que era utilizado pelos mesmos em suas vítimas pouco antes de alimentarem-se para que as mesmas não reagissem.

— Mas ele só responderá suas perguntas – Sora apontou.

— Espero que não haja problemas – a vampira ergueu uma sobrancelha.

A nórdica negou.

As duas desceram a passos lentos a pequena colina arborizada onde Windstad Manor localizava-se, às margens do delta dos rios Karth e Hjaal. A região era úmida e pantanosa, coberta por uma densa névoa mesmo à luz do dia, mas riquíssima em ingredientes para poções. Não era raro encontrar por ali necromantes e alquimistas procurando um item específico para suas misturas.

— E é possível prologar esse estado com o feitiço próprio? – questionou a humana.

A vampira ajeitou seu capuz, abrigando-se propriamente da luz do sol – que àquela hora batia diretamente em seu rosto. Estava pensativa.

— Eu... não sei – foi sincera – Nunca tentei fazer algo assim. Podemos tentar durante os momentos finais e ver o que acontece.

Sora acenou e continuou caminhando. Em três horas estavam em Morthal.

O clima estava estranho e mórbido. Desde que haviam passado pela serraria e cruzado a ponte, as duas ouviam os soldados cochichar a respeito dos estranhos acontecimentos. Os suicídios, o Capitão que se autoflagelava em sua cela, o Misterioso ser sobre quem os soldados falaram antes de morrer – e a quem o Capitão denominava de O Desconhecido em sua cela.

Maethorel nunca parava de caminhar, mas respondia a tudo com um aceno e um breve “já estamos tratando disso”.

Serana nada dizia. Os aldeões de Morthal tinham um medo maior que o normal de vampiros. Eles não se importavam se viram a Volkihar anos atrás lutando lado a lado com os Dawnguard, a Guarda do Amanhecer de Skyrim. Para os habitantes do vilarejo vampiros são, antes de tudo “sugadores de sangue” e, mesmo com as desavenças herdadas da Guerra Civil, todos ali concordavam que deviam ser tratados como inimigos.

Assim que chegavam à Highmoon Hall, Jarl Sorli em pessoa apareeceu à porta.

— Verthandi. Vejo que minha mensagem encontrou-a a tempo – cumprimentou.

As militantes fizeram uma ligeira mesura.

— Meus cumprimentos, Jarl Sorli – Sora começou – Sim, recebemos sua mensagem, bem como a encomenda que a acompanhava.

Sorli olhou diretamente para o baú que a paladina carregava.

— Acredito que tenha vindo buscar mais informações sobre o caso.

— Quase isso – Sora percebeu que alguns civis começaram a agrupar-se perto do local – Queremos interrogar o Capitão.

Os soldados que faziam a segurança pessoal da Jarl entreolharam-se. Algumas pessoas começaram a cochichar entre si. Aquilo não passou despercebido a Maethorel, que não deixou-se incomodar pelos sussurros dos aldeões.

“Talvez já seja tarde”, uma voz feminina disse atrás dela.

Sorli desceu as escadas.

— Eu poderia negar sua solicitação ou simplesmente questionar esse pedido. Mas sei muito bem que você já estaria longe, caso possuísse alguma pista válida – as três mulheres atravessaram a avenida principal, caminhando em direção às docas.

Serana abordou a soberana:

— Ele é o único sobrevivente da tropa em questão – começou – Precisa ser interrogado sobre o que aconteceu.

Alcançaram o Posto da Guarda da cidade, uma construção semelhante às outras. Nada ali indicava que se tratava de um quartel militar, exceto pelas bandeiras Stormcloak penduradas nas laterais da porta.

Sorli entrou no local, sendo cumprimentado pelos sentinelas.

— Já tentamos, senhora – resumiu – As palavras do Capitão não têm muita credibilidade neste momento; ele está ensandecido. Chamou a atenção de nossos curandeiros o fato dele ser o único a ter resistido tanto.

— Resistido a quê? – Sora perguntou.

Assim que ouviu a pergunta, a Jarl parou, virando-a para trás. O movimento fez com que as outras duas interrompessem sua marcha, observando Sorli com atenção. Elas já se aproximavam da ala prisional.

— Ele chamou de Estranha Criatura Desconhecida – quando ia retomar o passo, voltou novamente para as outras e deu um último aviso – Não diga isso a ele. O Capitão perde completamente o controle quando ouve esse nome. É como um código ou uma chave para que as crises piorem.

Sorli abriu uma porta, dando passagem para Sora e Serana. A Jarl não entrou.

Dragonborn e vampira entreolharam-se, indecisas, estranhando o comportamento da mulher. Caminharam para o interior da prisão, observando as celas atentamente.


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Notas finais do capítulo

Olá,
Me desculpe pelo atraso na postagem. Ele já estava pronto há eras, mas eu estava em semana de provas na faculdade e preferi não posta-lo antes de revisar.
Até o momento, não, não tem ninguém de LOTR. :(
Acho que eles só vão aparecer lá pelo capítulo 4 ou 5, para não ficar forçado.
Peço paciência. Prometo que vai valer a pena.
Enjoy!



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