Era você escrita por JhullyChan


Capítulo 8
Choices.


Notas iniciais do capítulo

Let's get physical! (8)



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LEGENDA:

Itálico - pensamento

Negrito - sonho/lembrança

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Estalei minhas costas e pescoço. Havia passado a tarde toda escrevendo no caderno, lendo mais um pouco do livro e avisando a todos onde eu estava. Nessas horas ninguém espalha a notícia. Bufei. Impressionante como amnésia faz com que Kami e o mundo se preocupem com cada passo que você dá! Sabia que estava sendo injusta com a preocupação de minha família e amigos, mas ser vigiada feito criança era demais!

Olhei, novamente, para as chaves. Descobri que uma era do apartamento e deduzi que outra deveria ser da portaria. Mas e as outras?

O celular apitou e eu fui ver o que era.

"Você vai ao aeroporto se despedir de Kikyou?" Era uma mensagem de Rin. Putz! Dei um tapa em minha testa. Esqueci que ela viajava hoje!

...

Para muitos, levar os amigos até o aeroporto mesmo que para viagens curtas ou para locais por perto, era insignificante ou até mesmo desnecessário. Mas não para nós quatro. Desde sempre fazíamos isso. Começou comigo e Sango, depois acrescentando Rin e Kikyou. Sempre que uma viajava, as outras três iam ao aeroporto tanto na partida quanto na chegada. E foi atrasada que cheguei à despedida de Kikyou.

— Desculpe! – tentei controlar minha respiração ofegante. Rin e Sango, juntamente com as gêmeas, estavam lá – Onde está Kikyou?

— Despachando as malas. – Sango respondeu enquanto me entregava Aiko. Mordi minha sobrinha postiça, lhe dei um beijo estalado no rosto e por fim olhei para o guichê, conseguindo ver InuYasha, Kikyou e a mãe dela.

— Que vergonha Ka! Só porque Bankotsu chegou você está esquecendo os compromissos. – Rin me beliscou na costela. Resmunguei e tentei alisar o local, mesmo com um bebê no colo.

— Ai! Desculpem! Estou com muita informação na cabeça. – percebi que elas queriam saber o tipo de informação, mas fomos interrompidos por Kikyou que tomou Aiko de meus braços.

— Deixe-me aproveitar mais um pouco dessas coisas gostosas da tia Kikyou. – ela falou de forma doce e infantil, fazendo com que Aiko soltasse uma gostosa gargalhada.

— Estava matando a saudade de Bankotsu, Kagome? – InuYasha perguntou carrancudo.

— Não necessariamente, - senti minhas bochechas esquentarem – mas estava com ele.

— Isso aí garota! – Kaede, mãe de Kikyou piscou pra mim, fazendo com que eu corasse mais ainda.

— Bom, temos que ir mamãe. – Kikyou devolveu Aiko para Sango, que colocou a gêmea junto com a irmã dorminhoca no carrinho – Tchau meninas, - ela abraçou Sango – não se matem enquanto eu estiver fora, por favor. – depois abraçou Rin – Quero participar da matança e talvez ir pra cadeia com quem sobrar. – ela me abraçou por fim.

— Vamos tentar. – disse.

— Fale por si mesma. – Rin resmungou com um sorriso assassino. Essa garota me dá medo às vezes.

— Rin só ameaça. – Sango fez pouco caso.

— Hey! – Rin protestou, mas todos já estavam rindo.

— Até daqui a duas semanas. – InuYasha disse antes de beijá-la e acompanhar as duas até a entrada da sala de embarque.

— Quem diria que o tapado do meu irmão conseguiria alguém como Kikyou. – cruzei os braços e fiquei observando a cena.

— Ele teve sorte, isso sim. – Sango ajeitou as gêmeas novamente – Ele sempre foi um retardado esquentadinho.

— Eles combinam por incrível que pareça. – Rin pôs um ponto final nos comentários.

Assim que o avião das duas decolou, seguimos para o estacionamento. Rin havia dado carona para Sango e as crianças, e elas voltariam juntas. Já eu, que havia ido de metrô, peguei carona com InuYasha.

— O que seus pais acham de você ficar sozinha naquele apartamento com Bankotsu? – InuYasha me perguntou e eu percebi o ciúme escancarado que ele sentia.

— Mamãe ama Bankotsu, papai é super tranquilo quanto a isso, só vovô que fica falando que na época dele as coisas não eram assim. – ri do áudio que Souta havia me mandado, onde pude ouvir vovô reclamando.

— Ainda não concordo com isso. Vocês tem pouco tempo juntos e já transam!

— Você não pode falar nada! – o encarei – Demorou dois meses pra pedir Kikyou em namoro, sendo que vocês já dormiam juntos! – o encurralei – Não se faça de santo pra mim.

Vi o rosto dele perder a cor.

— Acha mesmo que não conversamos sobre essas coisas? – ri da forma como ele reagiu.

...

— Cheguei! – falei assim que cheguei em casa. Estranhei ninguém ter respondido. Fui até a cozinha, bebi um pouco de água e peguei uma maçã. Vasculhei o andar de baixo e nada. Subi as escadas e nada.

Saí de casa e encontrei vovô no templo.

— Vovô! – ele parou de varrer e olhou para mim.

— Graças a Kami que você chegou. – estranhei o comentário.

— Como assim?

— Seus pais estão na delegacia e Souta está lá trás no depósito.

— Por que eles foram lá?

— Sua mãe achou uns caras estranhos na casa do poço, colocou todo mundo pra fora e agora eles foram pedir mais policiais aqui nas redondezas do templo. – ele falou como se fosse uma coisa normal. Pra ser sincera essa não é a primeira vez que isso acontece. Lembrei-me de Suikotsu e o outro cara com a máscara estranha – Sabemos que o templo é público, mas nós precisamos ter mais segurança.

Fiquei quieta por um tempo. Percebi que vovô voltou a fazer suas coisas e por fim Souta apareceu.

— Ei mana! Quando Bankotsu vai dar um pulo aqui em casa? Queria mostrar uns jogos novos pra ele. – sorri.

— Posso ver se ele pode vir hoje à noite. Pode ser? – ele concordou. Resolvi ajuda-los e antes do anoitecer já havíamos terminado e voltado para casa.

...

Por que eu perguntei? Tentei arrumar a maldita franja pela milésima vez. Era mais fácil eu ter dito que ele não podia, inventado uma desculpa. Mas não! Eu tinha que comentar sobre os novos jogos de Souta com ele... Rolei os olhos. Homens serão sempre garotos quando o assunto for jogos. Desisti de lutar contra o meu cabelo e deixei-o solto. Por que estou tão nervosa? Bufei. Porque tem pessoas estranhas vigiando a nossa casa? Não, imagina! Estou mais preocupada que o cara, que se diz meu namorado, vai vir aqui em casa. PARABÉNS PRA MIM!

...

— Obrigada por ter vindo. – falei após ter ficado muda por dois segundos. Desembucha mulher! Bankotsu sorriu, me deu um beijo e passou a me seguir.

— Boa noite senhor Higurashi, Souta, vovô Higurashi. – ele cumprimentou cada um e continuou me seguindo até a cozinha – Senhora Higurashi. – fiquei paralisada ao ver a interação entre os dois.

— Que bom que você veio! – ela lhe deu um rápido abraço – Hoje é dia de comida mexicana.

— Minha favorita! – ele piscou pra ela e eu fiquei impressionada da forma como eles interagiam. Mamãe realmente gosta dele.

O jantar, que na verdade foi todo mundo junto na cozinha comendo e conversando, foi tranquilo e animado. Meus pais quiseram saber como foi o período que Bankotsu esteve em Londres, como estava o trabalho e o restante da conversa foi sobre coisas do cotidiano.

— Souta, - Bankotsu o chamou – Kagome me falou que você queria me mostrar suas novas aquisições. – meu irmão caçula sorriu e, literalmente, o arrastou até o quarto.

— Ixi, acabou de perder seu namorado pro seu irmão. – meu pai comentou e eu comecei a rir. Só quando ele entendeu o duplo sentido da frase foi que me acompanhou. Vovô ficou me perguntando qual era a graça e mamãe se limitou a sorrir enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro.

...

— Você vai para o apartamento comigo? – ouvi a voz de Bankotsu e levei um susto. Ele deu a volta no sofá e se sentou ao meu lado. Vovô já havia ido dormir, mamãe e papai estavam na cozinha e meu irmão não havia descido.

— Acho que não. Voltei de lá hoje, lembra? - tentei voltar minha atenção para o televisor.

— Você sabe que ele é seu, não?

— Sim, sei. Vou voltar pra lá, só preciso – parei e olhei em direção a porta que levava à cozinha – me certificar que eles estão bem.

— Suikotsu voltou? – sua expressão mudou e ele ficou sério.

— Não tenho certeza. Mamãe não me especificou como eram as pessoas que ela encontrou na casa do poço, mas eu já havia os visto saindo de lá. – prestei atenção nele novamente.

— Preciso ir. – ele se levantou e eu acompanhei.

— Já? – só após falar foi que percebi. Vi aquele sorriso malicioso surgir no rosto dele.

— Boa noite senhor e senhora Higurashi. – meus pais apareceram na porta da cozinha e se despediram. Bankotsu segurou minha mão e me levou até onde havia estacionado o carro.

— Vou resolver isso Kagome. – ele parou e olhou diretamente pra mim. Confesso senti uma sensação estranha na base da minha barriga. Desviei o olhar e não me aproximei. Sabia que ele esperava que eu fizesse alguma coisa, mas eu não me sentia tão confiante assim.

— Como?

— Deixe isso comigo. – ele me deu um selinho e foi embora.

...

— Você não pode estar falando sério! - levei um susto e olhei para a porta. Vi um rapaz andando apressado até uma mulher, que por fim descobri que era eu.

— Olá Diplomata! Tudo certo com você? - vi que eu havia digitado um código e a janela aberta na tela do computador que estava mexendo se fechou. Tivemos a mesma reação, levantando a cabeça no mesmo momento e olhando para o rapaz.

— Não me venha com essa cara de trouxa para cima de mim, Dama. - ele subiu a pequena escada e parou quando ficou de frente para mim — Me diga que vocês não fizeram essa idiotice!?

— Bom, se você me disser do que se trata, eu te falo se você está certo ou não. – aquela eu sorriu, cruzou as pernas e os braços.

— Pediram para deixar a Youkai. – ele cuspiu as palavras. Me vi suspirando e balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Às vezes você parece uma criança.

— E você age como uma. – tentei entender o que acontecia.

Estávamos em uma sala grande. Várias colunas, uma mesa grande com apenas uma cadeira e a mesa com o desktop que eu estava usando agora a pouco. Não consegui ver nada além disso por conta da falta de luminosidade. Vi que havia respirado ruidosamente.

— Não é segredo que uma hora nós sairíamos daqui, não sei o porquê do espanto. Além do mais, Kanna está pronta.

...

— Vocês já sentiram aquela sensação que tem alguém observando vocês? – Rin comentou. Estávamos todos juntos. Sesshoumaru, InuYasha, Miroku, Bankotsu, Rin, Kikyou, Sango e eu. Resolvemos nos encontrar na casa de Sesshoumaru e Rin.

— Como assim? Como se alguém tivesse seguindo você? – Sango perguntou. Olhei para Bankotsu e ele fingia que não estava prestando atenção.

— Exato! – Rin mordeu o sanduíche dela.

— Estranho que às vezes eu tenho essa mesma sensação. – Kikyou comentou enquanto se sentava entre as pernas de InuYasha. Estávamos todos sentados no chão, no tapete da sala de estar – Sei que pode não ter nada a ver, mas quando voltei de viagem, havia um pacote pra mim na portaria. Era um Daruma, até bonitinho, mas não sei quem enviou.

— Não tinha remetente? - perguntei. Em resposta, Kikyou balançou a cabeça em negativa.

— Deve ser mania de perseguição de vocês. E o Daruma, deve ser um engano. – Miroku resolveu brincar com elas, mas eu sabia que era coisa séria.

Até as garotas estão sendo vigiadas. Comecei a ficar com raiva. Como se sentisse o que estava acontecendo comigo, Bankotsu apertou meu joelho.

— Bom, sendo mania ou não, a sensação não é legal. – Sango comentou depois de dar uma cotovelada em Miroku – Mas vamos mudar de assunto?

— Sim! – Rin como sempre era a mais animada – Vamos falar de coisas boas! Como a volta de Bankotsu e de Kikyou.

— Como foram as férias, Kikyou? – Sesshoumaru perguntou.

— Bem tranquilas e relaxantes. – ela sorriu – Foi ótimo poder rever a minha família. Lá é bem calmo e deu pra descansar bastante! Estou preparada para o próximo ano letivo.

— Queria ter sua animação. – resmunguei e todos riram do meu desânimo. Todos menos Sesshoumaru e Bankotsu. Os dois haviam se estranhado alguns dias atrás e o clima entre eles ainda não era dos melhores.

— Você é sinônimo de desânimo, Ka! – Sango riu do próprio comentário.

— Estou tentando mudar isso, mas está difícil. – Bankotsu passou o braço pelos meus ombros e me puxou pra perto dele.

— E vocês dois. – Rin piscou, enquanto dava o seu melhor sorriso malicioso – Já se entenderam?

— Ainda estou tendo que conquista-la novamente. – Bankotsu respondeu. Corei por ser o centro das atenções.

— De novo, Ka? – Sango reclamou.

— Eu ainda estou sem parte das minhas memórias, ok? A culpa não é minha! – cruzei os braços e as garotas riram da minha reação.

— Não tem problema, sou bastante paciente. – Bankotsu me puxou pra mais perto dele e me deu um beijo no rosto.

— Pode me ajudar a pegar o restante das coisas, Kagome? – estranhei o pedido de Sesshoumaru, mas o segui até a cozinha. O restante continuou conversando normalmente – Se você não está tão à vontade com ele, por que o trouxe? - estranhei o comentário dele.

— Não estou acostumada, mas é tudo questão de tempo. – cheguei perto dele e apoiei minha mão em seu ombro – Sei que está desconfiado desde que te contei que ele havia voltado, e eu não tenho como lhe convencer do contrário, mas estou tentando me acostumar com a ideia de que tenho um namorado que não me lembro. Só isso.

— Um namorado que escondia seu paradeiro, fazendo com que achássemos que estava em Londres e que fala sobre a estadia lá como se fosse verdade. – ele não expressou nenhum sentimento, o que me deixava preocupada. Quando Sesshoumaru não demonstrava emoção sobre alguém, é porque havia motivos para isso.

— Tem algo que precisa me dizer?

— Não confio nele. De alguma forma sei que o seu acidente tem a ver com ele. – gelei.

— Foi apenas um acidente, Sesshy. – fiz pouco caso – Tente esquecer isso. – fui em direção à geladeira e comecei a caçar coisas gostosas que pudéssemos levar pra lá.

— Boa noite senhor Taisho, senhorita Higurashi. – ouvi Keiko-sam. Levantei a cabeça e lá estava a governanta da casa, perguntando silenciosamente no que poderia nos ajudar.

— Boa noite Keiko-sam! Onde você esconde as guloseimas? – tentei agir da forma mais natural.

...

— Não estou gostando disso. – comentei no meio do caminho para o apartamento – Estão vigiando eles também. – não ouvi resposta de Bankotsu. Aproveitei a reta e olhei para ele – Bankotsu?

— Eu te ouvi, só não tenho o que comentar a respeito.

— Não tem? Sério mesmo? Temos que resolver isso, seja lá o que seja, o quanto antes. E se os nossos amigos e familiares estiverem correndo perigo? – apertei o volante mais do que o necessário – Não sei do que os Youkais são capazes.

— Você sabe, só não lembra. É por isso que está tão inquieta. – senti minha barriga gelar – Já falei que vou dar um jeito nisso, confie em mim Kagome. – estacionei na minha vaga.

— Como?

— Você não precisa saber disso. – ele tirou o cinto que começou a sair do carro.

— Claro que preciso! – o imitei, tranquei o carro e corri para alcança-lo – Estou diretamente ligada a isso! É claro que preciso saber o que você vai fazer. – ele permaneceu em silêncio até entrarmos no apartamento.

— Apenas confie em mim, Kagome. – não deixei que ele desse o assunto como encerrado. Corri e parei na frente dele, o obrigando a parar.

— O que você está me escondendo? – olhei diretamente em seus olhos, e mesmo não sabendo explicar, sabia que havia coisas que ele se recusava a me dizer. Coisas que talvez me ajudasse a preencher algumas brechas em minha mente.

— Quando eu perceber que você está preparada para saber, vou te contar. Mas não agora. – ele tentou se afastar de mim, mas eu bloqueie sua passagem. Ele tentou novamente e eu continuei não saindo do caminho.

Percebendo que nenhum dos dois desistiria tão facilmente, Bankotsu segurou meu braço e eu rapidamente tirei sua mão dali. O que aconteceu depois disso, foi uma série de tentativas dele de passar por mim. Eu estava surpresa de como o meu corpo agia rapidamente, fazendo com que eu conseguisse me livrar de qualquer tentativa dele de me segurar. Era como se eu soubesse me defender, lutar ou coisa parecida.

E se eu realmente souber? E se o fato de eu ter me tornado uma Youkai tivesse haver com habilidades que eu não tinha conhecimento até então? Vários pensamentos tomaram conta de minha mente, fazendo com que meus movimentos ficassem lentos, até que por fim Bankotsu conseguiu me imobilizar. Ele havia me virado e apoiado minhas costas em seu peito, segurado meus braços sobre o meu peito, cruzando-os e me mantendo em um abraço forte.

— Você pensa demais, Dama. – ele sussurrou em meu ouvido.

— Isso nunca foi um defeito. – me limitei a dizer enquanto tentava me soltar.

— Em uma luta, você deve estar totalmente focado nela, caso o contrário sua vida estará em risco.

— Não sabia que isso era uma luta de sobrevivência. – sabia que só havia duas formas de sair dali. Uma bem dolorida e outra nem tanto.

— Sempre foi. Todos os dias. – senti que a pressão que ele fazia estava diminuindo – E é por isso que repito, você não está preparada. – estreitei os olhos e decidi. Dor.

Aproveitei sua distração, joguei minha cabeça com toda a força pra trás, acertando-o em cheio. Aproveitei os milésimos de segundos que tive, pisei com força em seu pé, dei-lhe uma cotovelada. Ele me soltou. Virei, ficando de frente a ele, segurei seus ombros e lhe dei uma joelhada certeira na boca do estômago.

Sabia que não havia necessidade de ser tão violenta. Endireitei a postura e segui para a cozinha, enquanto ele se recuperava, caído ao chão. Mas às vezes, demonstrações de violência são necessárias para manter as pessoas em seu devido lugar. Paralisei ao ouvir meu próprio pensamento, mas com a voz de outra pessoa. Eu já tinha ouvido essa frase antes. Senti meu sangue gelar ao reconhecer de quem era. Naraku.

Eu estava me tornando igual a ele. Corri para o quarto e me tranquei lá.

...

Eu não fazia ideia de quanto tempo estava ali. Havia esquecido minha bolsa na sala.

Já havia um tempo que não ouvia movimentação no apartamento, mas não tive coragem de sair. O que deu em mim? Sentei na cama novamente. Não havia necessidade daquilo tudo! Idiota! Aquela era a milésima vez que me martirizava pelo que havia feito e eu não tinha coragem de encara-lo sem ter uma resposta para os meus atos.

Bufei, me jogando pra trás e ficando deitada por mais tempo, tentando clarear minha mente. Preciso de um banho. Se havia dois lugares que me faziam pensar era com a geladeira aberta e durante o banho.

Me levantei, indo até a porta e a abri lentamente. Como imaginava, o apartamento estava calmo demais para Bankotsu ainda estar lá.

...

Depois de quase uma hora na banheira, as únicas coisas que consegui concluir foi que: 1) eu sou louca; 2) ele me provocou; 3) ele me chamou de 'dama' dando a entender que eu era incapaz de me defender e; 4) que eu lhe devia desculpas.

Havia cinco mensagens no meu celular, todas querendo saber onde estava, com quem estava e por que eu demorava tanto a responder uma simples mensagem. Essa em especial era de Souta. Respondi e informei que passaria a noite no apartamento. Já estava cansada de ter que dar satisfações, mas sabia que todos ainda estavam em estado de alerta comigo, principalmente depois do desmaio daquele fatídico sábado.

Voltei para o quarto e comecei a olhar as roupas que estavam lá, quais precisaria trazer de casa ou levar. Qualquer coisa que pudesse ocupar minha mente. Abri uma das portas e me deparei com as roupas dele. Desde quando ele trouxe essas roupas pra cá? O cheiro dele ali era inconfundível. Balancei a cabeça e tratei de fechar aquela parte antes que eu pegasse alguma camisa.

Continuei mexendo em todas as coisas do quarto. Revirei os livros, todas as decorações e as gavetas. Alguma coisa tem me ajudar a entender algo no meu passado, qualquer coisa. Bufei e sentei no chão, olhando a pequena desorganização que havia feito e percebi que nada havia sentido algum. Contudo, as coisas mais sem sentido que havia encontrado, foram um celular antigo, um pendrive no formato da máscara do Darth Vader, um caderno com várias anotações, números na verdade, e uma chave que possuía um formato que jamais havia visto.

Fechei os olhos, deitei no chão e respirei fundo. Se eu tivesse que esconder algo muito bem escondido, onde esconderia? Forcei minha mente, fazendo com que coisas mirabolantes surgissem - dignas de cinema, diga-se de passagem.

Não adianta ficar aqui. Claramente eu não deixava nada tão à vista. Abri os olhos, e olhando pro teto, fiquei imaginando onde seria aquela sala que aquele cara e eu estávamos. Pode ser em qualquer lugar! Pode ser até fora do país... Revivi a lembrança, pensando nos detalhes. Fui para a sala com o que havia encontrado e o caderno de anotações, sentei confortavelmente e escrevi. Escrevi a lembrança, todos os detalhes que me recordava, minhas próprias observações e os objetos que achei em minha busca pelo quarto.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas!

Mais um capítulo ON! #Uhuuu
Alguém nervosa por ter um jantar em família, coisas aleatórias achadas no quarto e um novo personagem surgindo... Alguma dica de quem seja?

*Momento Jhully Youtuber*

Sei que sempre repito isso, mas... Caso tenham alguma dúvida, sugestões, críticas (peguem leve #Please) ou comentários, podem mandar pra mim que responderei o melhor que conseguir :D
P.s.1: E se tiver algum erro, por favor, me avisem ^^'

Até a próxima ;*

#Beijos



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