Era você escrita por JhullyChan


Capítulo 9
Empty Scars.


Notas iniciais do capítulo

E vamos nós para novas revelações! o/



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LEGENDA:

Itálico - pensamento

Negrito - sonho/lembrança

...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...x...

Barulho irritante! Rolei para o outro lado da cama e tampei meus ouvidos com o travesseiro. Pare de tocar! Não estou a fim de atender ninguém. Saco! Destampei a cabeça, olhei com raiva para o aparelho e bufei. Peguei meu celular, mas não era ele que estava tocando. Mas que merda é essa? Joguei o edredom longe e fui seguindo o som.

— São 3 da manhã! Me deixem dormir! Eu só quero dormir! - reclamei enquanto me arrastava em direção à sala de estar. Parei no portal da entrada, tentando descobrir a origem da minha irritação e logo vi o aparelho analógico, que havia achado há alguns dias atrás, vibrando e tocando insistentemente.

Um leve tremor subiu pela minha espinha dorsal e eu me arrepiei. Fui chegando perto. Quem quer que seja que estava ligando, era bem insistente. Sentei no sofá, respirei fundo e atendi, mas não falei nada.

— Dama? – ouvi uma voz masculina. Não reconheci sendo de Suikotsu, muito menos de Naraku – Vamos lá garota, não tenho o dia todo. – a voz ralhou comigo.

— Sim. – não conseguia falar ou pensar em muita coisa. O homem no outro lado esperou que eu dissesse mais alguma coisa e bufou quando não o fiz.

— Depois de todos esses meses, é só isso que você tem a me dizer? Sinceramente Dama, não é assim que se fala com um dos seus Órfãos favoritos. – parei lembrando o diálogo que tive com Bankotsu, mas eu não conseguia reconhecer aquela voz.

— Eu... – respirei fundo. Não tinha certeza se era a coisa certa a ser feita, mas meus instintos não entraram em pânico ou em alerta como sempre fazem quando encontro com Suikotsu ou outro Youkai – ...não sei quem está falando.

— Hun... Verdade. Você perdeu a memória. Havia me esquecido desse detalhe. – estranhei aquele cara falar consigo mesmo e se esquecer de mim – Enfim, que bom que você achou esse aparelho, já estava na hora! – continuei em silêncio – Vamos fazer o seguinte, pergunte à Banryu quem são os Órfãos e talvez você se lembre de mim.

— Como assim?

— Até depois, Dama. – e a pessoa desligou. Afastei o aparelho e fiquei encarando-o como se ele pudesse me dar respostas.

...

— Sua vez! – Sango me passou o microfone. Noite das garotas mais uma vez, mas dessa vez deixei avisado que não seria a motorista da rodada e que eu deveria ser entregue no apartamento, não em casa. Peguei o microfone, terminei minha cerveja e arrotei.

— PORCA! – Rin gritou ao meu lado.

— PARE DE GRITAR NO MEU OUVIDO! – respondi. Peguei o catálogo de músicas e cacei a música mais romântica que conseguia. Estou de tpm, me julgue.

...

— Você é tão boazinha. – cutuquei a bochecha de Kikyou – Sério! – apoiei minha cabeça em seu ombro – Te amo cunhada!

— Parem de melação vocês duas! – Rin reclamou enquanto tentava nos separar.

— Por que vocês estão brigando? – Sango coçou o olho, igual a uma criança com sono.

— Eu só falei que amava a MINHA cunhada e essa chata ciumenta está reclamando! – mostrei a língua para Rin. Resultado, ela ficou vermelha de raiva.

— Ciumenta é a sua mãe! – ela cruzou os braços.

— Pior que ela é mesmo. – comentei. Kikyou riu do comentário, simplesmente mexi os ombros e apoiei minha cabeça no ombro dela novamente.

— Não. Temos que ir embora, nosso tempo acabou. – a única sóbria daquele grupo começou a caçar os nossos pertences perdidos pelo aposento, para depois começar a jornada de entregas domiciliares.

...

— CHEGUEI MÃE! – gritei assim que a porta abriu – Hun... Acho que ela não está em casa.

— Você está no seu apartamento, Kagome. – Kikyou me colocou no sofá.

— Ah, verdade... – sentei e olhei em volta. Tãããão grande!

— Tem certeza que você vai ficar bem sozinha? – sorri debilmente, pedi para que ela chegasse mais perto e sussurrei em seu ouvido.

— Bankotsu também mora aqui. – e deitei no sofá de tanto rir. Eu não fico muito estável quando bebo, mas fico extremamente carinhosa. Se é que me entende.

— Entendi. – ela sorriu, me deu um beijo na testa, se despediu e deixou o apartamento.

Fiquei um tempo deitada, olhando para o teto.

— Ichiro e Yumi. – sussurrei.

— Quem são? – ouvir a voz de Bankotsu me deu um belo susto. Resultado, acabei caindo no chão.

— Há quanto tempo você está aqui? – não tentei me levantar, apenas movi a cabeça na direção em que eu achava que ele estava.

— O tempo todo.

— E por que não falou nada com a Kikyou?

— Ela me viu aqui.

— Hun... – fechei os olhos. Tapete macio – O que?! – senti quando ele começou a me levantar – O que você está fazendo? – ele não me respondeu.

...

— Eu te odeio. – falei entredentes.

— Não, você não me odeia. – ele me entregou uma xícara, que pelo cheiro eu sabia que era café.

Ele havia me jogado debaixo do chuveiro, de roupa e tudo. Tudo bem que nós estamos no verão e a água não estava tão gelada assim, mas mesmo assim! E o idiota ainda ficou com aquele sorriso de canto de boca. Desgraçado!

— Vamos Kagome, pare de me xingar e beba o café. – fechei os olhos com força, prendi a respiração e tomei um gole. O líquido quente desceu rasgando garganta a baixo, tossi tanto, que Bankotsu foi obrigado a tirar a xícara das minhas mãos – Vá com calma, por Kami-Sama!

— Não briga comigo! – falei enquanto tentava parar de tossir.

— Então você pode e eu não? – tossi mais um pouco e o encarei.

— Olha só... – levantei meu dedo indicador direito e tentei soar o mais brava possível, mas sabia que estava errada. Merda! Fechei os olhos com força e fechei minhas mãos em punho – Me perdoe. – falei baixo, mas sabia que ele me ouviria – Não deveria ter dado aquele ataque de maluquice. – abri os olhos e o encarei. Ele não me olhava com raiva ou pena, para ser sincera eu não consegui identificar o que ele sentia. Ele mexeu os ombros.

— Para ser sincero, essa não é a primeira vez e não será a última. Só tenho que ficar mais esperto com você. Às vezes eu me esqueço de que você consegue ser bem forte para o seu tamanho. – ignorei aquela parte, mas sorri. Confesso que eu não estava normal ainda, eu já fui normal algum dia?, senti que eu ainda estava levemente bêbada e não me importei quando fiquei com uma vontade imensa de beijá-lo. E o fiz.

Eu ignorei o barulho da xícara caindo no carpete, o fato de que ficaria uma mancha terrível de tirar e que provavelmente eu não ia querer limpar depois. Eu só pensava em uma coisa: nele.

...

— Bom dia. – senti alguém me balançando. Abri os olhos lentamente e dei de cara com Sesshoumaru.

— Bom dia. – respondi confusa – Que horas são? – tentei me sentar, mas percebi que estava sem roupa por baixo do edredom.

— Quase meio dia. – ele se sentou na beirada da cama – Te liguei mais cedo, ninguém atendeu, então deduzi que estivesse aqui.

— Como você entrou? – me mexi desconfortavelmente e tentei disfarçar ao máximo meu constrangimento. Como se tivesse alguma coisa que ele não tivesse visto. A diferença agora é que ele é um homem casado.

— Encontrei Banryu na portaria. Ele me deixou entrar e saiu. – ele levantou a sobrancelha quando me mexi mais uma vez – Pare de enrolar e vamos trabalhar.

Respirei aliviada quando ele saiu do quarto. Por que eu estou só de calcinha?! Ressaca maldita! Vesti o quimono que usava como roupão, prendi os cabelos e tomei um belo susto quando vi Sesshoumaru parado na porta.

— Taisho Sesshoumaru! – o repreendi e apertei as bordas do quimono fechando-o mais ainda.

— Não há nada aí que eu já não tenha visto antes, menos essa cicatriz nas suas costas. – ele respondeu. Cicatriz nas minhas costas?

— Foi do acidente. – tentei disfarçar, mas ele sabia que eu estava mentindo.

— Está cicatrizada demais para ser tão recente. – ele começou a andar em minha direção e eu sabia que ele ia querer ver a marca novamente.

— Posso só tomar um banho e tomar um analgésico, por favor? Ainda estou de ressaca. – ele parou e me deixou passar. Respirei aliviada quando fechei a porta do banheiro.

Que raios de cicatriz é essa? Observei melhor a forma que ela havia ficado. A marca, relativamente pequena próximo à omoplata esquerda, parecia quase uma tatuagem de tão perfeita que era o formato de aranha. Passei as pontas dos dedos sobre ela, esperando que, assim como nos filmes, alguma lembrança aparecesse, mas nada aconteceu.

...

— Por que eu tenho que trabalhar sábado pela manhã? E de ressaca ainda por cima? – reclamei.

— Estamos na parte da tarde, o problema não é meu se você está de ressaca e porque dessa vez eu precisava analisar junto com você, sendo que esse é o único horário que posso.

— Grosso! - cruzei os braços - Não sei como Rin te liberou. Que eu saiba, ela te proibiu de trabalhar nos finais de semana. – não consegui evitar um sorriso. O poderoso Taisho Sesshoumaru fora adestrado, finalmente.

— Ela me expulsou do quarto porque também estava de ressaca e me mandou fazer algo de útil. – ele continuou abrindo todas as notas e documentos que precisaríamos, enquanto eu terminava o meu café da manhã improvisado. Ele havia me arrastado para o escritório dele e comprado comida para mim no caminho até lá.

— Você está mais falante do que o normal. – minha voz saiu suave – O que está acontecendo? – eu sabia que ele só agia assim quando algo estava errado. Ele demorou para me responder.

— Rin está me deixando louco. – ele respirou fundo e eu esperei – Ano passado nós conversamos e decidimos que estava na hora de termos filhos. – ele parou novamente – Mas não conseguimos. Ela procurou por especialistas e descobriu que não pode tê-los. – arregalei os olhos. Caramba! Nem sei o que faria se isso acontecesse comigo — Agora ela oscila entre as possibilidades de barriga de aluguel, adoção e separação.

— Ela quer se separar de você por causa disso? – eu não consegui esconder a surpresa.

— Você sabe como a Rin funciona. Se ela se sente culpada por algo, ela pede desculpas e sai de cena.

— E você vai deixa-la sair? – sorri enquanto tentava provoca-lo.

— Nunca. – ele me encarou e eu reconheci aquela teimosia característica dos Taisho.

— Isso aí, Sesshy! – lhe dei um beijo no rosto e um meio abraço. Meio abraço porque ele não me abraçou de volta. Idiota!

...

— Então, resumo da ópera: fornecedores atrasados, valores alterados no livro diário e razão...  – tentei soar o mais leve possível, mas não dava para identificar o quão irritado Sesshoumaru estava. Em todos os relatórios havia alterações insignificantes, questão de alguns poucos ienes, mas isso ocorreu em todas as contas e livros que conferimos. Então, no montante final, não eram apenas alguns ienes, mas sim vários deles.

Percebi que ele não falou nada enquanto guardava todos os documentos que havíamos mexido.

— Sesshy, você tem como provar o desvio e cobrar isso deles. – ele continuou calado – Processá-los? – tentei novamente aliviar a tensão, mas estava difícil. Sabia que o assunto era sério, e muito, mas eu não aguentava vê-lo com aquela expressão assassina.

— Obrigada Kagome, mas eu resolvo o que farei com eles. – prendi novamente o cabelo e peguei minha bolsa. 3 chamadas perdidas e 5 mensagens não lidas. Droga. Fiquei a tarde toda obcecada com os relatórios, coisa que sempre faço quando pego algo que preciso e gosto de fazer, que não me preocupei em avisar a ninguém onde estava.

— Você pode me deixar em casa? – ele não disse nada, então eu simplesmente o segui até o carro.

Durante o percurso, respondi todas as mensagens e retornei para quem tinha me ligado, mas havia um número que eu não conhecia.

— Estranho. Ninguém atende. – Sesshoumaru não comentou nada, mas eu quis continuar assim mesmo – Um número desconhecido me ligou e agora que eu retornei, nada.

— Não deveria estar ligando para números desconhecidos. – ele me recriminou. Rolei os olhos.

— Como se a Yakuza fosse ligar antes de matar. – falei com o máximo de ironia que consegui.

— Se depender de Banryu, não haverá ligações.

— Como assim?

— Sei que esse cara está envolvido com alguma máfia, e vou descobrir. Enquanto isso, quero que se afaste dele.

— Não mesmo. – paramos em um semáforo fechado e senti que ele me encarou – Não vou fazer isso até que tenha provas reais sobre. – o encarei de volta – Ou você realmente acha que eu vou te obedecer sem nenhuma teimosia? – senti quando um implicante sorriso brotou em meus lábios – Além do mais, quem me apresentou ele foi você, então... Se culpe.

Sabia que estava brincando com fogo, que Sesshoumaru iria vasculhar até o inferno se fosse necessário e juntar todas as informações que conseguisse. Mas se eu não estava sendo bem sucedida na minha busca por respostas, e Bankotsu não colaborava muito, então uma ajudazinha seria muito bem-vinda.

...

— Cheguei! – falei assim que entrei no apartamento. Vi o par de calçado de Bankotsu logo na entrada, fui direto pra cozinha e lá estava ele. Sem camisa, calça moletom cinza e descalço.

— Bem-vinda de volta. – ele olhou rapidamente para mim e voltou a prestar atenção nas panelas – Como foi o passeio com Sesshoumaru? – confesso que demorei uns 2 segundos para lembrar que foi Bankotsu quem deixou Sesshoumaru entrar. E eu achando que ele tinha me seguido.

— Quem me dera que tivesse sido um passeio. – peguei água na geladeira e tomei um gole – Fomos para a Corporação analisar alguns balanços.

— Está tudo certo?

— Nem tanto, mas Sesshoumaru vai tomar as providências necessárias. – terminei com a água e me aproximei dele – O que está fazendo?

— Cozinhando. – bufei e dei-lhe uma cotovelada.

— Idiota.

— Pergunta idiota, resposta cretina. – revirei os olhos.

— E então?

— O quê?

— Não vai me dizer o que está cozinhando? – enfatizei a última palavra.

— Nosso jantar. – bufei mais uma vez e comecei a sair da cozinha pisando duro. Senti quando ele me puxou pelo braço e me prendeu em um abraço. Automaticamente passei meus braços por sua cintura e escondi meu rosto na curva de seu pescoço.

— Pare de ficar me tirando do sério. – reclamei.

— Você fica linda nervosa. – ele moveu a cabeça, fazendo com que eu levantasse a minha.

— Por que eu acordei seminua hoje?

— Você não se lembra? – respirei fundo. A expressão que dele demonstrava claramente que ele continuava de implicância.

— Pare! – estreitei os olhos e o adverti. Ele riu, me apertou mais ainda no abraço e me deu um beijo.

— Gosto de te provocar porque você fica linda corada. – eu continuei de olhos fechados.

— É sério. O que aconteceu ontem?

— Você me beijou, ficou com calor, tirou a roupa e acabou dormindo. – arregalei os olhos – Para não mentir e dizer que não toquei em você, tive que tirar o restante da sua calça porque você só abaixou e apagou. – corei e fechei os olhos com força. Ouvi sua risada e logo ele me beijou novamente.

— Que vergonha. – sussurrei. Ele me soltou para voltar a dar atenção à comida e riu de mim.

— Foi engraçado e sexy. Só não fiquei excitado porque não gosto quando você bebe, seu cheiro fica horrível.

— Muito obrigada pelo elogio. – disse com sarcasmo – Vou tomar um banho.

...

— Quem são os Órfãos? – perguntei repentinamente enquanto jantávamos. Ele parou com os hashis na metade do caminho e me encarou.

— Onde você ouviu isso?

— Você me disse para chama-lo assim quanto te conheci no terraço. – eu não estou mentindo. Tentei me convencer. Mesmo que essa não seja a real razão para a minha curiosidade.

— São adolescentes e crianças que Naraku adota para treina-los. Ele procura saber dos piores casos de abandono, comportamento ou personalidade e os ‘resgata’, como ele chama.

— Como ele te encontrou?

— Jakotsu e eu morávamos em um reformatório em Hamamatsu. Estávamos lá porque brigávamos muito no antigo orfanato e foi lá que Naraku nos achou. Eu tinha 15 anos e Jakotsu 13, ele queria apenas a mim, mas fiz de tudo para não me separar de meu irmão. Hoje me arrependo, pois se ele tivesse ficado estaria em uma situação muito melhor e não teria sofrido tanto.

Eu sinceramente não sabia o que falar.

— Fomos treinados para determinadas funções dentro da Youkai, - ele continuou - vimos coisas que ninguém da nossa idade precisava ter visto, fizemos outras que não me orgulho e faz quase um ano que não vejo meu irmão.

— Vocês foram treinados para quê?

— Eu fui escolhido para ser um dos Realizadores, ou Executores como éramos chamados anteriormente, e Jakotsu como Diplomata. Ele sempre foi melhor com as palavras do que eu. – ele soltou um sorriso triste e uma risada seca.

— E o que vocês faziam? – ele sorriu cinicamente.

— Pense bem Dama, os nomes são sugestivos e tenho certeza que você se lembrará, caso se esforce. – fiquei zangada.

— Por que me chama de Dama? Caramba! Não sou tão frágil assim! – ele balançou a cabeça de um lado para o outro.

— Não te chamo de Dama com esse contexto, mas sim porque essa era a sua função lá.

— Dama? – minha função? — E o que eu fazia?

— Você auxiliava Naraku em tudo, era o braço direito dele. No início, te chamavam de Herdeira, mas depois mudaram para Dama.

— Mas por que Dama?

— De Primeira Dama. – mas ‘primeira dama’ é a esposa da autoridade.

— Eu era companheira dele? – um arrepio subiu por minha coluna.

— Não posso garantir. Quando os boatos começaram, você não os desmentiu e passou a atender pelo novo nome. – franzi a testa.

— Mas então, como nós estávamos juntos há cinco anos? Digo, você e eu.

— Nunca quis saber com quem você já havia dormido ou deixava de dormir, não era da minha conta. E quando eu paquerei você, você me correspondeu e estamos juntos desde então. – soltei uma risada espontânea e curta.

— Paquerou. – ri mais um pouco – Acho essa palavra engraçada.

— Você queria que eu usasse qual? – ele levantou uma das sobrancelhas.

— Só acho que ela não define o que você fez. Você não tem cara de quem paquera, mas sim que investe no que quer e não descansa até conseguir. – sorri de forma convencida e ele me imitou – Como foi?

— Como foi o que? – ele voltou a comer.

— Que nós começamos a ficar juntos, que aconteceu nosso primeiro beijo, enfim a nossa história. – ele se manteve quieto – Bankotsu!

— Calma! Minha comida está esfriando, deixe-me comê-la. Além do mais, já te contei coisa demais hoje.

— Eu não acredito que você não vai me contar isso. – ele continuou comendo e ignorou minhas perguntas o resto da noite.

...

— Também não foi escolha minha trabalhar com você. – ouvi a voz dele e senti meu corpo tremer de raiva. Aquele Realizador parecia ter como esporte me incomodar e aquilo realmente me tirava do sério. Tentava o meu melhor para ignora-lo, mas parecia que Naraku fazia questão do nosso trabalho em conjunto.

Por alguns dias, principalmente no início, eu cheguei a achar que ele seria uma boa companhia, mas me enganei. Ele era irritante, convencido e cínico, além de gostar de implicar comigo. Troquei o peso do corpo para a outra perna.

— Apenas termine logo com o serviço e vamos embora. Já fiz a minha parte, faça a sua. – continuei com os braços cruzados e respirei fundo.

Ele ajeitou novamente sua postura, acompanhando o alvo e atirou. Odiava participar desse tipo de coisa, mas era parte do meu trabalho.

— Pronto. – ele se levantou e passou a guardar todas as coisas – Vamos. – o segui assim que ele colocou a mochila com o equipamento nas costas.

O trajeto até a Sede foi feito em silêncio. Vou exigir trabalhar com Byakuya da próxima vez. Isso se houver próxima vez, porque eu não quero repetir isso. Pensei. Assim que chegamos fui surpreendida quando Banryu segurou meu braço, me puxando para perto dele, perto o suficiente para eu sentir o perfume dele.

— Não sei o que está tramando, mas não pense em me prejudicar. Estou aqui a mais tempo do que você, conheço todas as funções e não é uma novata, que acha que dormir com o Mestre vai fazê-la ser respeitada, que vai tirar meu posto. – endureci ainda mais minha expressão.

— Não vou considerar o tom que está usando, - puxei meu braço de volta – ou a amaça explícita. O que faço não lhe diz respeito. E espero, sinceramente, que você se enforque em suas próprias conclusões. – dei-lhe as costas e saí.

Meu corpo tremia de raiva. Era isso o que todos falavam então, que eu dormia com Naraku. Esse era o motivo pelo qual eles achavam que eu havia conseguido tal cargo. Sorri de pura raiva. Eles mal sabiam que eu nasci pra ocupar esse cargo, só estava esperando o momento certo para isso.

Acordei assustada e encarei o teto. Eles mal sabiam que eu nasci pra ocupar esse cargo, só estava esperando o momento certo para isso. Repeti as palavras que ouvi em minhas lembranças.

Dessa vez foi diferente. Eu tive a lembrança em primeira pessoa, mas não conseguia controlar-me. Era como se as duas Kagomes, eu e a da lembrança, estivessem no mesmo corpo, porém com ela comandando tudo e eu apenas observando.

Olhei para o lado e me deparei com Bankotsu dormindo tranquilamente. Peguei o caderno e fui para a sala. Amanhã o perguntaria sobre essa lembrança em especial.


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas!

Perai, vamos lá... Pessoas estranhas ligando, noite das garotas, Kagome bêbada, cicatrizes, Sesshoumaru fazendo Kagome trabalhar no sábado - e de ressaca, diga-se de passagem -, algumas descobertas a mais sobre a Youkai e como eles funcionam... Ufa! Muita coisa, mas ao mesmo tempo, dá vontade de descobrir mais! #omg

*Momento Jhully Youtuber*

And here we go again (8), but... Caso tenham alguma dúvida, sugestões, críticas (peguem leve #Please) ou comentários, podem mandar pra mim que responderei o melhor que conseguir :D

P.s.1: E se tiver algum erro, por favor, me avisem ^^'

Até a próxima ;*

#Beijos



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