Era você escrita por JhullyChan


Capítulo 6
You and I.


Notas iniciais do capítulo

Ok... Quem é o Mestre?



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LEGENDA:

Itálico - pensamento

Negrito - sonho/lembrança

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Desci os lances da escada pisando duro. Te encontro no seu carro. Te encontro no seu carro. Arg! Ordens! Parem de me dar ordens! Cheguei ao térreo e segui para onde havia deixado o carro. Ele já estava lá. Mesmo vestido todo de preto e propositalmente escondido na parte mais escura do local, eu sabia que era ele.

— Não deu 10 minutos. – cruzei os braços enquanto o alcançava.

— Precisava de mais tempo?

— Precisava arrancar algumas informações de Miroku, mas como sempre, parece que vocês gostam de me privar delas. – parei na frente dele, o encarando.

— Pra quê vocês precisam se arrumar tanto pra ir ao karaokê? – fiquei mais furiosa ainda.

— Pare de me seguir! – destranquei o carro e entrei, me sentando no banco do motorista. Ele entrou também – O que você pensa que está fazendo?

— Você quer respostas ou não? – percebi, pelo seu tom, que ele também não estava com tanta paciência quanto eu. Balancei a cabeça confirmando – Então vamos logo para o apartamento. Quanto antes chegarmos lá, mais rápido você se verá livre de mim.

Fizemos o caminho em silêncio.

— Você lembra o caminho. – ele comentou.

— Não sei o porquê do espanto. Achei que você me conhecesse a tempo suficiente pra saber que pra mim é mais fácil gravar caminhos e rotas do que nomes ou rostos.

— Te conheço a mais tempo do que imagina Kagome, me surpreende você não se lembrar disso. – voltei minha atenção à estrada e logo chegamos ao local.

— Você tem a chave? – ele confirmou e entrou na frente, seguindo para a cozinha. Senti minha vista se embaçando e apoiei na parede. Uma sensação estranha veio e foi como uma onda, me obrigando a fechar os olhos com força.

— Não aguento mais isso!

Olhei ao redor e me vi, toda de preto, andando de um lado para o outro em uma sala tradicionalmente japonesa e bem iluminada.

— Quanto mais nervosa você ficar, mais burrada fará. – um homem, aparentando ter 50 anos, estava sentado sobre uma almofada com os olhos fechados.

— E com essa bela frase de autoajuda que nós fechamos o dia com chave de ouro. – pesei na ironia e respirei fundo – Ela me desafia! Como ousa? – continuava andando de um lado para o outro. O barulho do solado da bota no piso de madeira era irritante e ritmado.

— Ela sabe que você tem pavio curto, por isso que implica tanto com você.

— Achei que fosse por sua causa. – um sorriso irônico e sarcástico foi estampado por mim, sendo imitado pelo homem.

— Talvez possa ter parte da culpa, mas não sou eu quem lhe dá atenção.

— Ela ignorou uma ordem minha e foi até a Fonte. E agora nós estamos sem contato porque o Negociador se recusa a nos atender. – uma das portas corrediças se abriu e Bankotsu entrou.

— A Fonte está segura, porém o Negociador exige tratar somente com o senhor, Mestre. – ele parou na frente do homem e eu me afastei deles – Dama.

— Realizador. – vi, que aquela eu não demonstrava respeito àquele Bankotsu. Ao invés disso o olhava com indiferença. Só então reparei o quão diferente estava. Estou com quantos anos? 20? Me aproximei e vi, um pequeno par de brincos negros que usava no segundo furo. Desde quando eu tenho segundo furo? Levei a mão à orelha e me assustei ao sentir a cavidade quase imperceptível. Mas que merda é essa?

— Não pensem vocês que por eu estar de olhos fechados, não sei o que está acontecendo. – aquele homem abriu os olhos. Sua íris castanho-avermelhada trouxe o mal-estar de volta – Resolvam suas diferenças logo. Preciso de vocês trabalhando juntos, não um contra o outro.

...

Abri os olhos, encarando o teto, enquanto tentava regularizar minha respiração.

— Você sempre tem pesadelos? – me assustei e olhei em direção à voz de Bankotsu. Estávamos no quarto, eu deitada na cama e ele sentado nela de frente pra mim. Balancei a cabeça confirmando – Quer me contar sobre eles? – me sentei na cama, passei a mão pela testa limpando o suor.

— Não são pesadelos, são lembranças. – reparei que estava sem os óculos, a jaqueta e os calçados.

— Com que frequência você as tem? – percebi, mesmo com a pouca luminosidade vinda de um pequeno abajur ao lado da cama, que ele estava esperançoso.

— Elas não tem um padrão. Às vezes vem quando durmo, às vezes eu estou acordada ou falo coisas que não reparo.

— Do que você já se lembrou? – respirei fundo.

— De poucas coisas.

— Que coisas?

— Que horas são? – olhei para os lados, procurando por algum relógio ou coisa parecida.

— Um pouco mais de três da manhã. – fechei os olhos. Merda.

— Cadê meu celular? – ele se levantou e saiu do quarto. Voltou segundos depois com o aparelho em mãos.

— Não sei como você não derreteu nessa jaqueta. – ele murmurou.

— Obrigada. – fingi que não ouvi, peguei e como já esperava, havia várias mensagens de InuYasha – Maravilha. – resmunguei.

— O quê?

— Quando eu deixei Kikyou, InuYasha pediu que eu mandasse uma mensagem assim que chegasse em casa.

— E você desmaiou.

— E ele deixou 15 mensagens e 4 chamadas perdidas. – mostrei a tela pra ele.

— InuYasha sempre foi insistente. É melhor ligar pra ele.

— E falar que eu estou com você? – parei e olhei fixamente para os seus olhos.

— Fale que está em seu apartamento, mas não é a hora dele saber sobre mim. – ele se levantou e saiu do quarto.

Respirei fundo, me preparando psicologicamente para as reclamações que ouviria de InuYasha. Disquei o número, mas chamou e ninguém atendeu.

"Estou no meu apartamento, acabei pegando no sono. Desculpe."

Enviei a mensagem, deixei o celular na cabeceira da cama e saí do quarto. Como eu não tinha reparado nisso antes? Havia alguns porta-retratos pendurados na parede do pequeno corredor. Pude reconhecer todas as pessoas importantes pra mim ali capturadas em memórias registradas. Festas, bares, passeios, mas uma em especial me chamou a atenção. Bankotsu estava com o braço sobre os ombros de outro rapaz...

— Jakotsu. – levei um susto ao ouvir a voz de Bankotsu atrás de mim - Meu irmão.

— Aquele que está na África do Sul?

— Sim e não.

— Como assim? – me virei pra ele.

— É o que ele quer que as pessoas achem. – ele mexeu os ombros e reparei que o corredor era estreito demais, fazendo com que ficássemos a menos de 30cm de distância um do outro.

Olhei em seus olhos e o azul escuro me paralisou por alguns segundos. Volta pro porta-retrato! VOLTA PRO PORTA-RETRATO! Se pelo menos o meu corpo obedecesse meus comandos, eu estaria tranquila, mas em situações como essa, ele simplesmente me ignorava.

Acho que o meu recente lapso de locomoção foi percebido pelo ser a minha frente, pois este soltou um pequeno sorriso enquanto se inclinava em minha direção.

Eu não sei em que momento que o meu corpo e minha mente passaram a focar somente em sentir o toque dele, mas quando tomei consciência dos meus atos, já estávamos nos beijando. Graças a Kami, ou não, o beijo foi suave, quase nostálgico.

— Kami, como eu senti falta disso. – Bankotsu disse enquanto apoiava a testa na minha, ainda segurando meu rosto e com os olhos fechados. Sorri.

— Sei que sou inesquecível. – ele abriu os olhos imediatamente.

— E humilde, é claro!

— Sempre! – ele se afastou de mim.

— Preparei café, você quer? – o perdi de vista assim que ele virou para a cozinha. Olhei mais uma vez para as fotos e o segui.

— Você está tomando café a essa hora da madrugada? – ele me entregou uma xícara com o líquido ainda fumegando.

— Não tinha muita coisa pra fazer e estava preocupado demais para dormir. – ele se sentou e eu imitei o gesto – O que normalmente desencadeia as lembranças?

— Déjà vus. – ele levantou uma das sobrancelhas e empurrou um pacote de biscoitos em minha direção. Mexi os ombros – Não sei o porquê, mas quando você entrou no apartamento na minha frente e sumiu eu tive essa lembrança, mas ela não teve nada a ver com a lembrança que tive, se eu for levar em conta o padrão das outras. – abaixei os olhos.

— Me conte sobre suas lembranças.

— Você vai completa-las?

— O que achar necessário, sim. – respirei fundo e forcei um pouco a minha memória.

— A primeira coisa diferente que eu me lembro é de um terraço. – franzi a testa pelo sorriso dele – Eu estava lá e você, que na época eu não fazia ideia de quem você era, apareceu. – o sorriso dele aumentou mais ainda – Pode parar de sorrir! – eu o cutuquei – Não te reconheci e saí correndo enquanto você gritava por mim. – sua alegria desapareceu e nós ficamos em silêncio.

— Isso não é uma lembrança. – ele suspirou – Nós costumávamos a nos encontrar nesse terraço, foi lá que eu te vi pela primeira vez. Desde então era o nosso lugar.

— Achei que o nosso lugar fosse a clareira atrás da casa do poço. – sorri de forma cínica. Ele rolou os olhos.

— Esse é recente. Enfim, continue.

— Hãm... Tem a sala. – apontei para a direção dela – Estava dormindo lá no sofá, você me acordava em pânico, insistindo que deveríamos sair daqui, mas eu voltava a dormir. – dessa vez ele não sorriu.

— Novamente, não é uma lembrança. – ele ficou sério.

— Próxima! – me endireitei na cadeira, tentando parecer animada – Não foi bem uma lembrança, foi mais eu passeando pela minha casa deserta. – foi a minha vez de franzir a testa – Ok, isso também não foi uma lembrança...

— Quando você teve isso?

— Eu não lembro. – estava distraída tentando lembrar – Eu lembro delas, mas não me lembro de quando me lembrei delas. – balancei a cabeça de um lado para o outro – Confuso, eu sei. Imagina aqui dentro como está!? – apoiei a testa na palma da mão. Senti quando ele esfregou a mão em meu braço.

— Quando as coisas começaram a fazer sentido? – ri sem humor por conta das palavras dele.

— Ainda não fazem. – levantei a cabeça e ele continuou da mesma forma. Respirei fundo mais uma vez – Depois eu nos vi em um quarto com um mapa-múndi gigante. – ele abriu um sorriso enorme.

— No dia que você furou o meu dedo? – ele perguntou com expectativa. Eu acompanhei o seu sorriso e confirmei. Ouvi sua gargalhada pela lembrança.

— Nós já fomos lá?

— Austrália não, mas Índia já. – levantei os braços de forma vencedora.

— Sou demais! Fomos ao que escolhi primeiro! – ele cutucou minhas costelas, abaixei rapidamente os braços e fiz língua pra ele.

— Não fomos a lazer, mas você aproveitou da mesma forma. – ele balançou a cabeça enquanto sorria. Eu apoiei meus pés na cadeira e aproveitei o lanche improvisado – O que mais você lembrou? – corei ao lembrar da cena do frango xadrez – Kagome?

— Hãm... Tive uma quando vim aqui com Sesshoumaru, Rin e InuYasha. – enchi a boca de biscoito pra demorar mais tempo pra responder. Ele esperou pacientemente e eu me vi obrigada a responder – Frango xadrez. – vi um sorriso nada brincalhão surgir e me mexi na cadeira novamente.

— Se lembrou da cena toda? – neguei – Que pena. Perdeu a melhor parte. – me impressionei pela forma como ele me olhou – Você sabe o nível do nosso relacionamento, não sabe? – meu coração deu um salto em meu peito.

— Fui informada. – falei em um fio de voz. Ele estranhou minha mudança repentina e franziu a testa.

— Não sou um pervertido Kagome, em achar que você é a mesma garota com quem já estou junto há tanto tempo. Essa perda de memória mudou muita coisa, mas o respeito que sempre tive por você continua. – ele se levantou e começou a sair da cozinha.

— Aonde você vai? – perguntei assim que ele chegou ao corredor.

— Descansar. – ele não se virou para me responder e seguiu em direção ao quarto.

...

Não consegui dormir. Talvez pelo café, ou pela sequência de alimentos que ingeri depois, mas sei que me sentia culpada pela minha reação. Havia estado com ele algumas vezes e nada havia acontecido, então por que eu agi daquela forma? Passei boa parte da madrugada passando de canal em canal, permitindo que minha mente fosse tão longe quanto pudesse.

Fui ao quarto e o encontrei deitado de bruços na cama. O cobri melhor, peguei roupas mais confortáveis e um dos vários cadernos que havia visto na mesa desde a primeira vez que pisei ali. Voltei para a sala e passei a escrever tudo o que lembrei, as coisas que estavam relacionadas à Bakotsu e as que não estavam. Não deixei passar nada. Cada detalhe me ajudaria a montar meu próprio quebra-cabeça. Não sabia se estavam em ordem cronológica, mas estavam na ordem em que haviam surgido pra mim.

Fui ao banheiro algumas horas depois, lavei o rosto e quanto voltei à sala o encontrei com o caderno em mãos.

— Você me escondeu bastante coisa. – ele disse sem olhar pra mim. Tentei me concentrar na conversa. Merda! Vá trocar de roupa, caramba!

— Te contei o que te envolvia, não era isso que queria saber? – continuei encarando o teto.

— Queria saber todas as coisas que você recordou, não só as que estava presente. – ele se levantou e passou por mim com o caderno ainda em mãos.

— Hey! Ainda não terminei! – ele parou no corredor e se virou pra mim.

— Tem mais? – confirmei. Ele fechou os olhos, enquanto me entregava o caderno – Sempre achei estranha essa sua mania de preferir escrever a falar. – mexi os ombros.

— Vou passar a deixar esse caderno comigo, o que lembrar vou escrever aqui e quando n... - ele me interrompeu.

— Pego com você sempre que nos encontrarmos. – ele voltou a seguir para o banheiro.

— Ban. – o chamei e ele parou – Sinto muito pela forma como agi mais cedo, eu... – fui interrompida novamente, porém dessa vez de uma forma bem mais interessante. Foi apenas um selinho, mas me deixou sem palavras, como sabia que era o intuito dele.

— Sua boba! Achou que eu estava bravo com você? – ele disse ainda segurando minha cintura e logo soltou uma curta risada – Acordo mal humorado, mais do que você! Com o tempo você se acostuma novamente. – ele distribuiu vários beijos pelo meu rosto enquanto me fazia cócegas.

...

— Até que enfim a senhorita chegou! – gelei assim que ouvi a voz da minha mãe. Pelo amor de Kami! Ela me faz sentir como se eu tivesse sete anos! Medo! Mamãe podia ser tranquila quando queria, mas devido a minha vasta experiência, eu prefira enfrentar o Mike Tyson a ela.

— Cheguei! – falei no tom mais doce que consegui.

— Posso saber onde estava? – fui recepcionada dessa forma quando entrei na sala de estar. A parte mais estranhamente divertida foi ver InuYasha, Sesshoumaru e Souta assistindo futebol na televisão.

— Reunião hoje? – perguntei.

— Você chegou! – Rin desceu correndo as escadas e se jogou sobre mim, mesmo ela sendo relativamente do meu tamanho, apenas 3 centímetros mais baixa, não aguentei o seu peso e caímos no chão. Kikyou apenas riu da cena.

— Rin, eu te amo, mas saia de cima de mim!

— Mal humorada! – ela fez muxoxo. Kikyou nos ajudou a levantar.

— Não respondeu a minha pergunta. – minha mãe insistiu.

— Olá mãe! Bom dia pra senhora também. – sorri e lhe dei um beijo estalado, junto com um abraço apertado – Posso cumprimentar meus amigos primeiro? – segui para o sofá e me joguei sobre os meninos.

— Oh folgada! – Souta foi o primeiro a reclamar.

— Se não sair em 3 segundos, te mato de cócegas. – InuYasha nem olhou pra mim enquanto me ameaçava. E Sesshoumaru simplesmente me ignorou.

— Também amo vocês! – joguei uma almofada em Sesshoumaru enquanto me levantava, a única coisa que ele fez foi me olhar, por 2 segundos, com expressão de tédio.

— Tchau Ka! – InuYasha terminou de me empurrar e eu saí da frente deles.

— Já se recuperaram? – perguntei depois de abraçar as garotas.

— Nada como a lendária batida antirressaca de Keiko pra levantar qualquer defunto. – Rin torceu o nariz.

— InuYasha cuidou direitinho de mim, - Kikyou mexeu os ombros – acordei super bem.

— Ele tem vasta experiência no quesito ressacas. – comentei.

— Hey! – InuYasha resmungou.

— Cale a boca e volte a assistir seu maldito jogo! – tirei minha jaqueta e joguei sobre sua cabeça.

— Não sei como aguentou ficar com esse troço pesado nesse calor! – mamãe começou a comentar. Por que estão implicando com isso?! Meu Kami! Quem vai passar calor sou eu, não eles! - Você trocou de roupa. – mamãe finalmente voltou ao assunto.

— Eu acabei dormindo no meu apartamento depois que deixei as três em casa. Aproveitei pra tomar um banho e trocar de roupa.

— Como você entrou? – gelei. Merda! Como eu vou explicar sem mencionar Bankotsu? MERDA!

— Eu fiz uma cópia pra ela, já que ela perdeu a original. – Sesshoumaru falou olhando diretamente pra mim. Eu conhecia aquela expressão, era a tradicional 'conversamos mais tarde'. Engoli seco.

— Ah sim. – a expressão de mamãe suavizou. TE AMO SESSHY! MEU KAMI! VOCÊ É UM GÊNIO! Mas sabia que uma hora ou outra teria que explicar as coisas pra ele – Venha Kagome, Ryo e Izayoi já perguntaram por você.

— A garotinha do tio chegou! – tio Ryo, pai de Sesshoumaru e InuYasha, veio até mim, assim que entrei na cozinha e me deu um abraço de urso.

— Isso é que eu chamo de recepção. – tia Izayoi comentou enquanto ria das minhas expressões de dor – Inu no Taisho Ryo! Está torturando-a! – ele me soltou e eu finalmente pude respirar – Coitada de você, minha filha. – ela passou os braços pelos meus ombros – Veja, está branca feito papel!

— Eu já sou albina, tia! – fiz piada de mim mesma. A abracei carinhosamente, depois cumprimentei meu pai e meu avô.

— Vamos ver como está o jogo! – papai arrastou tio Ryo e vovô para a sala de estar ao mesmo tempo em que Rin e Kikyou entravam na cozinha.

— Da próxima nós trocamos. Vamos assistir doramas e eles vem pra cozinha!

— Super apoio, tia Izayoi! – balancei a cabeça enquanto começava a lavar algumas verduras e legumes.

...

— O almoço já está pronto! – vi mamãe entrar na frente da televisão – Todos para a mesa! Já! – ela alcançou o controle e mesmo sobre objeção masculina, ela desligou o aparelho e mandou todos para a sala de jantar.

O almoço, ao contrário do que se esperava da cultura local, foi agitado, com pessoas falando alto, conversas sobrepostas, mãos, pratos e vasilhas sendo compartilhados, e muita conversa. Sesshoumaru estava sentado à minha esquerda e Kikyou a minha direita.

— A verdade. Agora. – Sesshoumaru falou normalmente, o que comparado à altura da conversa ao redor, era um sussurro.

— Sério mesmo? – abocanhei um punhado de arroz – Aqui? – ele me encarou e voltou a comer – Assim que terminarmos, vamos para o quintal e conversamos por lá. – ele continuou comendo.

— Notícias de Banryu? – ouvi Kikyou perguntar.

— Ele não me respondeu ainda. – coloquei mais comida na boca – Mas Miroku, que descobri recentemente que tem contato com ele, me falou que ele está bem.

— É verdade! – ela sorriu – Esqueci que eles trabalharam juntos antes de Banryu mudar de emprego. – ela também comeu um pouco – Por que ele não te passou o contato dele? – e agora?!

— O contato deles é profissional, por email. – mexi os ombros – Bom, foi isso o que Miroku me falou. Aí não pedi nada. Vou esperar ele responder a carta que mandei, quem sabe ele toma vergonha na cara e me manda algum telefone ou algo assim. – tentei ser o mais convincente possível. Odeio ter que mentir, mas é melhor assim por enquanto.

— Ah, - ela voltou a falar – nem te contei. Vou visitar minha família materna.

— Eu sei que você já me falou, - comecei sem graça – mas eu sempre esqueço. Qual é o nome da cidade mesmo?

— Khasan, no distrito de Primorsky Krai, na Rússia. – eu não aguentei e apertei a bochecha dela.

— Acho tão fofo o seu sotaque. – ela riu do meu ato infantil – Vai aproveitar as férias, não é?

— Sim. Mas vou ficar apenas duas semanas por lá. Faz tempo que não vamos.

— Vamos?

— Minha mãe vai comigo.

— Ah sim!

— Descansar é sempre bem-vindo. Além do mais, a casa da minha avó fica próxima a uma lagoa, que era um dos braços do rio Tumen. – ela comeu um pouco mais e eu imitei o gesto – Agora no verão, as crianças passam o dia todo lá. É uma festa!

— Você fica o ano todo rodeada de criança aqui, pra ir para o interior da Rússia e ser rodeada lá também? – perguntei pasma. JAMAIS! Ela riu, à maneira dela, da minha expressão.

— Elas são minha alegria. Não me importo nem um pouco.

— Como eu queria ter a sua calma e paciência, Kikyou. – tomei um gole de saquê – Como chamavam você na faculdade mesmo? Santa?

— Sacerdotisa.

— Ah é! – estralei os dedos – Sacerdotisa Kikyou. A paciência e sabedoria em pessoa.

— Totalmente desnecessário lembrar isso. – ri de sua expressão emburrada e voltamos a participar das conversas alheias à mesa.

...

O legal dos encontros entre as famílias Higurashi e Taisho é que eles duravam o dia todo. Consegui fugir das perguntas de Sesshoumaru durante boa parte do dia, mas sabia que uma hora ou outra a paciência dele acabaria.

Todos tinham arranjado algo útil para fazer. Por exemplo: mamãe pegou todas as fotos que tinha de Sesshy e de Inu e passou a mostrar para Rin e Kikyou, contando cada detalhe constrangedor com a ajuda totalmente voluntária e disponível da tia Izayoi. InuYasha e Souta estavam se matando no vídeo game no andar de cima, e o restante dos homens estavam em algum lugar da casa, fazendo alguma coisa que eu não fazia ideia.

Estava sentada ou deitada, não tinha muita certeza, no sofá da sala. Já havia perdido as contas de quanto saquê eu já havia tomado. Mas quem está contando? Troquei de canal novamente. Hoje sábado, dia de reunião de família, amanhã posso ficar com a ressaca que quiser e... Olha o Buyo sonhando! Que gracinha! Me levantei, e tentei ir até o gato, batendo a canela na mesa de centro pelo caminho.

— Merda de mesa! Quem te colocou aqui? – resmunguei enquanto me jogava no chão ao lado do felino, que se assustou com o barulho. Tentei pega-lo, mas ele escapou por entre as pernas de uma pessoa muito alta. Fui acompanhando, até que quando deveria ver o rosto dela, vi um sol – Rá?

— Está tão bêbada assim que não consegue me reconhecer?

— Chatomaru. – murmurei e cruzei os braços feito criança.

— Me dê essa garrafa, Kagome. – ele se sentou ao meu lado. Eu lhe entreguei sem pensar duas vezes.

— Sua cabeça continua brilhando. – eu cheguei mais perto enquanto me ajoelhava, apoiei minhas mãos em seus ombros e levantei meu corpo para olhar o topo da cabeça dele – Maldito cabelo brilhante! Por acaso você faz propaganda pra shampoo e eu não sei? – continuei mexendo em seu cabelo como se estivesse catando piolho – MAS QUE MERDA É ESSA?! – gritei em plenos pulmões quando a luz foi apagada e eu caí no chão.

Um pequeno pandemônio começou na pequena casa. Vozes alteradas, muitos nomes sendo chamados ao mesmo tempo, minha cabeça latejando, a casa completamente escura e pra completar, em todas as minhas tentativas de me levantar eu acabava tropeçando em algo ou alguém e caia. Perdi meus óculos e por fim desisti de tentar qualquer coisa. Fiquei deitada no que depois identifiquei ser a base da escada.

Escutava passos e vozes indo e vindo, mas o sono e a enxaqueca já começavam a me deixar entorpecida. Senti alguém se sentar ao meu lado, mas não consegui identificar quem era. Voltei a fechar os olhos e a apoiar a cabeça na parede.

— Shikon no Tama. – ouvi a pessoa ao meu lado sussurrar. Algo dentro de mim pulsou, eu arregalei meus olhos ao mesmo tempo em que uma dor de cabeça alucinante me atingiu, me obrigando a agarrar minha cabeça, segundos antes de soltar um grito e tudo a minha volta realmente desaparecer.

 


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Notas finais do capítulo

Olá pessoas! ^^

*-* Alguém mais está com estrelinhas no lugar dos olhos? kkkk o

Encontros de família podem ser lindos e/ou horrorosos kkkk Sesshoumaru todo chateado kkkk Bankotsu mal humorado pela manhã... Geeeeente kkkk Vou deixar as conclusões com vocês ;)

*Momento Jhully Youtuber*

Caso tenham alguma dúvida, sugestões, críticas (peguem leve #Please) ou comentários, podem mandar pra mim que responderei o melhor que conseguir :D

P.s.1: E se tiver algum erro, por favor, me avisem ^^'

Até a próxima ;*

#Beijos



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