A filha de Esme e Charles - versão 1 escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 6
Capítulo 6




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Outubro de 1919

Esme vai visitar a filha no hospital todos os dias para lhe amamentar e deixar um pouco de seu leite para alimentar a menina, até que ela recebe alta e pode voltar para casa. Quando vê a esposa chegar com a filha nos braços Charles fica ainda mais possesso e bate em Esme que solta a criança e cai no chão. A menina chora:

— Buááááááááá 

— Angeline! – exclama Esme se abaixando para pegar a filha no colo novamente. - Não chore filha, mamãe está aqui! Desculpe por ter te soltado.

Esme segura ela em pé colocando a mão na cabecinha e ninando a bebê. Ela tem menos de um mês de vida e já é a segunda vez que apanha de seu pai.

— Charles, não faça isso com a nossa filha. Você quer matá-la? - pergunta Esme ainda não acreditando no que Charles foi capaz de fazer.

— Por mim era melhor mesmo que ela nem tivesse nascido. Ela não morreu com toda aquela surra que eu lhe dei? - Agora Esme tem certeza absoluta das intenções do marido e não vai deixar ele fazer mal a sua filha. Ele pode não querer ela, mas ela sim. Naturalmente, pois quem teve todo o trabalho para trazê-la ao mundo foi Esme, o vínculo entre as duas, o laço entre mãe e filha não se desfez no momento do parto, pois é muito anterior ao corte do cordão umbilical.

É evidente. Tanto que ela sobreviveu quanto o desejo de Charles matar a filha.

— Por um milagre não. Ela nasceu apenas antes do tempo por sua causa.

Charles estapeia Esme. Ela só acompanha o golpe com seu rosto com cuidado para não deixar Angeline cair de novo e segura ela mais firme.

— Pois agora eu vou terminar o que comecei. Me dê ela aqui – Charles pede a filha para a esposa.

— Não! – Esme sai correndo de casa com a bebê nos braços.

Agiu sem pensar, Charles que bata nela depois, ela aguenta, mas a bebê não resistiria.

...XXX...

 

‘Não posso deixar Charles machucá-la, o que eu vou fazer? Já sei. Mamãe. Mamãe vai cuidar da minha filha. Espero que ela aceite.’

Esme corre em direção à casa da mãe. Segura a filha em um dos braços e bate na porta:

Toc toc toc

— Quem será uma hora dessas? – pergunta a velha mãe de Esme, descendo as escadas de sua casa.

Toc toc toc

As batidas se repetem. Esme está ansiosa para entrar. Não quer nem imaginar se Charles a seguiu o que ele pode fazer... Ele mataria as três talvez. Ela se sentiria culpada por ter trazido a morte para sua mãe que lhe deu a vida... Possivelmente ele seria preso por triplo homicídio, mas o que ela temia não aconteceu, graças a Deus. Só pode ter sido intervenção divina para segurar aquele monstro.

— Já estou indo – a senhora caminha devagar devido a idade.

Toc toc toc

A senhora abre a porta, Esme entra correndo sem dizer nada. Suspira aliviada por perceber que ele não a seguiu.

— Esme! – exclama a viúva.

— Mamãe, por favor, cuide da minha filha. Charles quer matá-la.

— Oh! Eu não sabia que ela já tinha nascido. Não era para semana que vem?

— Sim, era. Mas Charles me bateu e fez com que ela nascesse antes do tempo. Dia 23 de setembro de 1919. Ela ficou internada na incubadora até hoje de manhã. Quando a levei para casa Charles a jogou no chão. Ele vai matá-la, mamãe – diz Esme chorando - E eu não posso deixar ele fazer isso. Eu não quero perder minha filha. Sofri muito para tê-la. E ela está bem graças a Deus, não vou deixar Charles fazer mal a nossa filha.

— Oh! – a velha senhora abraça a filha e a neta. – Ele fez isso com a própria filha?

— Sim, ele a rejeita. Preferia que fosse um menino. Quer que eu engravide logo de um menino. A culpa é minha que não lhe dei um homem...

— Oh Esme, eu sabia que ele era assim. Eu disse para seu pai que não gostava dele, não seria um bom casamento para você. Me desculpe, minha filha.

— Sim, mamãe eu a perdoo. Foi ele escolheu ser assim, foi bom ano passado, mas mudou depois que perdeu o pai. Você não é responsável pelas atitudes de meu marido.  Você pode cuidar dela por mim?

Esme estende a filha para a mãe pegar no colo.

— Claro que vou cuidar dela, Esme. Fique tranquila.

— Obrigada mamãe. Eu virei todos os dias ver como ela está, dar meu peito e trazer meu leite para ela. 

— Claro Esme, eu sei – acena a mulher idosa.

— Tomara que Charles permita.

— Deus vai fazer com que ele consinta.

— Queria ter tanta fé quanto você.

— Como ela se chama?

— Angeline - Esme deu um nome parecido com o do rapaz que a salvou para sua filha. De certa forma é uma homenagem, foi também por causa dele Angeline nasceu. Esme deve muito ao jovem, mas já o retribuiu sem saber.

— Lindo nome!

— É mesmo um milagre que ela tenha sobrevivido, mãe. 

Esme dá de mamar para a filha e depois levanta para voltar para a casa. Mesmo que ela tenha que suportar as agressões do marido ela sabe que pode suportar, mas um bebê não poderia passar por uma coisa dessas. É muito frágil, uma criatura indefesa. Ela mal pode suportar, mas serve de alento para suportar tudo sabendo que a filha está em segurança com a sua mãe.

— Tchau, mãe – Esme levanta quando Angeline dormiu e passa a filha para o colo da mãe.

É uma sensação tão boa ter um bebê novamente no colo que a senhora parece ter rejuvenescido.

— Tchau, querida. Eu vou cuidar muito bem da minha neta fique tranquila.

— Eu sei, mamãe. E mais uma vez, obrigada. Você vai salvar a vida dela.

— Por nada, minha filha. Obrigada por me fazer sentir de novo um bebê nos braços - Parece que voltou no tempo e tem a filha no colo novamente.

Esme pisca e sorri para a mãe.

— Até amanhã, mãe.

— Até, filha. Vai com Deus.

— Amém! - Esme sabe que precisa mesmo de muita ajuda para suportar o que lhe aguarda.

Ela sai da casa da mãe e volta para a casa do marido.

...XXX...

 

— Onde você estava sua cadela? – Charles berra antes que Esme coloque os pés em casa. – Cadê a menina? - Ele olha ao redor e não vê a filha em parte nenhuma. - Você se livrou dela... muito boa garota. Vem pro papai.

Esme decide não contar o paradeiro da menina para não expor a frágil mãe que não poderia se defender de um homem bruto como seu genro. Esme também percebe que Charles está bêbado - só isso mesmo para distraí-lo e impedir que fosse atrás dela; para alguma coisa pelo menos serviu o vício do marido. Ela sente o bafo de cerveja e abana o nariz:

— Puff. Charles você foi ao bar de novo?

Ele a agarra pelos cabelos.

— Sim. Eu faço o que quero afinal essa é minha casa. Não preciso ouvir nada de minha mulher.

Ela cai de joelhos e ele joga seu corpo por cima do dela.

— Charles você está me sufocando...

Ele tira suas roupas e rasga a calcinha de Esme. Ela estava com um vestido então apenas o levanta e coloca para dentro dela. Ela grita:

— Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Charles lhe dá um tapa:

— Cale a boca, vai chamar quem passa na rua!

Esme fica calada não porque ele mandou, mas porque não quer levar outro soco. Ela pensa ‘Ao menos Angeline está a salvo’. Ela suporta estoicamente a violência do marido. Pode suportar sabendo que a filha está segura. Não importa o que Charles faça com ela desde que não machuque Angeline.

 ...XXX...


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