Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 75
Capítulo Setenta e Cinco


Notas iniciais do capítulo

MIL PERDÕES, babies! Sabe como é, Natal, festas, problemas técnicos... Demorou, mas saiu! Aceitem esse capítulo gigante e cheio de fotos como um presente de Natal, que tal?

E a leitora Manu vai ficar mais do que feliz, já que o shipp Hunlie é citadooooo! HAHAHAHAHAHHA Esse capítulo tem um mega resumão e umas coisitas mais, espero que gostem! É cômico e trágico HAHAHAHA ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696872/chapter/75

Tudo aconteceu rápido demais. Tão logo comemoraram o Ano Novo e Grace retornou à Inglaterra, o álbum Defenceless foi lançado. E o sucesso foi certo, estrondoso. Mais da metade do álbum entrou para as 50 mais ouvidas da Billboard e de todos os serviços de música streaming. Mal haviam lançado o disco e foram indicados para o AMA (American Music Awards), o Brit Award e o Billboard Music Award. Resultado: foram premiados como Artistas do Ano, melhor Single Britânico e Melhor Artista Top 200 do Ano, respectivamente. Por isso, não demorou muito para que diversas marcas entrassem em contato com Stave para patrocinar uma turnê que seguisse por todas as Américas: a Defenceless Tour. (N/A: Clique nos links acima para ver as fotinhos deles ♥)

Natalie não pôde acreditar quando Steve a chamou para uma reunião junto de Judith e os garotos para confirmar a participação dela. Gostaram muito do resultado do projeto com o diário de bordo e o trabalho que desenvolvido para o processo de transformação da Elite Four. Bem como a criação do novo conceito e nome do álbum.

— Seríamos estúpidos se não a contratássemos. É oficial, Natalie. Você agora é uma de nós - essas foram as palavras de Steve.

Não houve discussões. A resposta já era certa, e dessa vez Natalie não precisou nem pensar duas vezes. Mesmo quando Steve lhe disse que a duração da turnê seria de seis meses. Ela trancou a faculdade nesse período, juntou as suas coisas e foi. Simplesmente foi. Anna a acompanhou, é claro.

Passaram por 8 países entre América do Norte, Central e do Sul. Foram 16 cidades e 60 shows, sendo que seis deles aconteceram no país de origem de Natalie: Brasil. E é claro que ela não perdeu a oportunidade de rever a família e os amigos em sua passagem por São Paulo. Aliás, Hunter fez questão de conhecer os pais dela, o que foi um acontecimento um tanto cômico, já que Natalie teve de servir de tradutora simultânea para que houvesse comunicação entre ambas as partes. Mas não teve como negar que ela amou o fato de que Hunter quis deixar claro o quão sério era o relacionamento deles. O acontecimento virou notícia em vários tablóides, obviamente. Principalmente quando Hunter decidiu fazer duas tatuagens no Tattoo You, um dos estúdios mais conhecidos e famosos de São Paulo. As duas artes compreendiam na escrita do nome de dois lugares: Brasil (na lateral superior da coxa esquerda) e NY (no braço esquerdo, quase na altura do ombro). (FOTO 1 | FOTO 2)

As fãs comentavam (e posteriormente a imprensa) que a tatuagem do Brasil representava uma homenagem à Natalie, ao país de onde ela veio, enquanto NY era a cidade na qual eles se conheceram. Hunter nunca negou nenhuma das especulações, pois era exatamente aquilo que elas simbolizavam. Natalie não conseguiu acreditar quando ele revelou o que faria já dentro do estúdio.

— Hunter, isso é uma loucura.

— Exatamente. Eu sou louco, e você sabe.

As tatuagens fizeram com que as fãs ficassem ainda mais obcecadas pelo relacionamento. Obcecadas a ponto de criarem um “shipp” que unia o nome dos dois e que passou a ser utilizado constantemente nas redes sociais: Hunlie (Hunter e Natalie). Aquilo fez com que Natalie e Hunter virassem piada entre os meninos da Elite Four, que constantemente os chamavam daquela maneira, mesmo quando não estavam juntos. 

E falando nos garotos, os shows foram uma completa sensação. A energia e a sintonia do grupo nunca foi tão forte. Eles pareciam finalmente ter se encontrado como artistas, e tudo isso era muito evidente nas fotos que Natalie tirou ao longo da turnê. (FOTO 1 | FOTO 2 | FOTO 3 | FOTO 4 | FOTO 5 | FOTO 6 | FOTO 7)

A Elite Four e as garotas voltaram para New York no dia 2 de julho, o que significava férias - não só para Natalie e Anna, que já haviam refeito a matrícula para o próximo semestre na NYU, como para os garotos -. Eram férias bem merecidas, já que havia sido uma longa jornada na estrada nos últimos seis meses.

Quando retornaram, Natalie e Hunter estavam cada vez mais envolvidos, se é que era possível. Eram constantemente abordados com perguntas sobre um casório à vista - o que era respondido com risadas de ambos, pois era um completo absurdo.

Aliás, Natalie mal havia se acostumado com os paparazzi ao longo da turnê e teve de lidar com um nível três vezes pior em New York. Enquanto estava trabalhando com a Elite Four era até aceitável ser foco da imprensa. Mas estando de volta à sua rotina era insuportável para ela. Já estava cansada de encontrar fotos suas na internet apenas segurando um café na mão no meio da rua. Ou saindo para correr. Ou saindo para jantar com Hunter. Não importava a situação. (FOTO 1 | FOTO 2 | FOTO 3)

O problema maior não era nem a divulgação das fotografias em si, mas os títulos e matérias totalmente sensacionalistas e colocadas fora de contexto. E parecia que a imprensa estava pegando cada vez mais pesado nas especulações insensatas, o que a estava deixando fora do sério.

E foi justamente por isso que a garota de sardas bateu a porta do apartamento com uma força que até mesmo ela desconhecia ser sua. O ato assustou Hans e Hunter, que estavam jogando cartas no chão da sala.

— Que stress é esse? - Hans a olhou de canto, um tanto desconfiado.

— Já deram uma olhada nas últimas notícias?

Hunter jogou uma de suas cartas no monte sem olhá-la.

— Não, e nem pretendo. Já disse pra parar de ler as coisas que dizem à nosso respeito nos tabloides, Natalie. É só lixo. Por que não se contenta com as fãs? Os comentários são muito mais amigáveis.

Natalie depositou sua mochila no sofá e se aproximou dos dois com o celular empunhado. Ignorou a resposta de Hunter e começou a ler o conteúdo do artigo que havia aberto em voz alta:

“Natalie Kalkmann, fotógrafa da Elite Four, conhecida por ser a mais nova dona do coração de Hunter Saxton, foi clicada ontem, saindo da Whole Foods Market, da Columbus Circus Street, e não parecia nada contente enquanto fazia uma ligação. Será que o Saxton já aprontou alguma coisa? Problemas no paraíso!”

 

Ela virou o celular na direção de Hunter e Hans, mostrando a imagem dela mesma na tela. A foto tinha uma qualidade baixíssima por ter sido tirada a uma longa distância e mostrava Natalie atravessando a rua enquanto segurava o celular no ouvido com uma expressão séria. 

— O que eu havia feito para você estar com essa cara? - brincou Hunter, fazendo-a fuzilá-lo com os olhos cor de mel. Hans conteve o riso na garganta.

— Really, Hunter? Cara, será que eu não posso ao menos tentar resolver o problema do meu cartão de crédito que já acham que o Hunter está me traindo?

— Já falei pra você parar de se importar com essas coisas, não disse? - Hunter respondeu tranquilamente, olhando-a de volta.

— E deixar eles falarem o que bem entenderem de mim? Hell, no - a garota começou a pesquisar alguma coisa em seu iPhone.

Hans a olhou de canto, receoso.

— O que está fazendo, Nats?

— Estou pesquisando o número do telefone desse tablóide de merda. Eles vão ver só.

Natalie mal terminou a frase e Hans correu até ela, arrancando-lhe o celular com uma certa brutalidade que a espantou.

— Nem pensar. Se você ligar pra reclamar vai dar ainda mais ibope pra história, e mais criatividade para as mentes brilhantes deles.

Natalie olhou por cima do ombro de Hunter para ver a reação dele. Este assentiu, concordando com o amigo.

— Quer dizer que eles podem dizer o quiserem de mim e eu não posso nem me defender e dar a minha versão da história?

Yep. Se você se importar é pior - Hunter se levantou e foi até a namorada para abraçá-la. - Não vale à pena. Ignore e essa história sumirá logo logo.

— E se não sumir? - o abraço de Hunter era como um remédio para a revolta que lhe consumia, e seu tom de voz logo ganhou leveza enquanto ela retribuía o abraço.

Then fuck them. OK? - Hunter fez uma concha com as duas mãos, segurando o rosto de Natalie entre elas com carinho. Ele a olhou nos olhos como se quisesse lhe encorajar. Depois beijou a testa da garota e falou mais baixo para que só ela escutasse. - Eu te amo, e é isso o que importa.

— Eu também te amo. - ela sussurrou.

— Parem com a melação, sim? - os dois riram quando sentiram uma almofada atirada por Hans os acertar.

 

**

— Hey, Freckles, o jantar está pronto! - Hunter gritou enquanto terminava de colocar a travessa de franks and beans no balcão com duas luvas térmicas. - Juro que dessa vez eu não derrubei nenhum saleiro na receita como você me acusou da última vez!

 

Quando ele terminou de ajeitar os talheres e não obteve resposta nenhuma de Natalie, estava no andar de cima, se aproximou dos pés da escada.

— Natalie?

Sentiu um pequeno incômodo na boca do estômago quando novamente não ouviu a voz da namorada lhe responder. Subiu as escadas um pouco mais rápido do que costumava, pulando um degrau.

Ao entrar no quarto, viu Natalie destrancar a porta do banheiro e sair de dentro dele. Ela estava pálida, ainda mais branca do que já era naturalmente. Seus lábios estavam igualmente esbranquiçados, e ele se preocupou com a aparência dela.

— Tá tudo bem? - Hunter se aproximou da garota de sardas que se apoiara no batente da porta do banheiro enquanto o observava se aproximar.

— Estou enjoada. Acho que comi algo que não me fez bem.

— Você parece péssima - ele passou as costas das mãos pelas bochechas levemente manchadas de Natalie, medindo a temperatura dela. - Não tem febre.

— Sinto que vou colocar até o meu estômago para fora - ela comentou, fazendo-o soltar um riso anasalado. Natalie era sempre exagerada e nada delicada. A adorava por isso.

Foi até seu closet e voltou com uma de suas blusas de moletom com touca para entregá-la.

— Veste isso, está chovendo. Ligarei para pedir que preparem meu carro no estacionamento. Vou te levar ao hospital.

— Não precisa, Hunter. - Natalie comentou com a voz mais baixa do que o normal. - Eu só preciso descansar.

— Vou te levar ao hospital, ponto - o rapaz de cabelos compridos comentou enquanto colocava os sapatos, o que a fez rolar os olhos, mas sorriu ao mesmo tempo. Hunter era sempre muito cuidadoso com Natalie. E no fundo ela gostava.

Depois de duas horas entre triagem e medicamento com soro, Natalie e Hunter já estavam prontos para abandonar o Columbia Presbyterian Hospital. No fim das contas Natalie estava apenas com uma intoxicação alimentar, nada sério - o que ela fez questão de ficar esfregando na cara de Hunter o caminho todo de volta para casa, provocando-o. Para ele, aquilo indicava que ela já estava bem melhor.

E aparentemente ela estava bem melhor, mesmo. A cor já havia voltado ao seu rosto, apesar de ser uma diferença mínima, já que a pele dela era tão alva. Porém, os lábios já estavam rosados novamente. A constatação o deixou mais tranquilo enquanto a estudava no intervalo dos faróis vermelhos.

Natalie estava verificando sua conta no Instagram no iPhone quando uma série de comentários em sua última foto a deixaram intrigada o suficiente para lhe desfazer o sorriso.

— Mas o quê…? - seus dedos se mexiam frenéticos enquanto ela lia os comentários, o que chamou a atenção de Hunter no mesmo instante.

— O que foi? - ele tentava olhar para ela enquanto dirigia.

Natalie saiu do Instagram e foi direto para a aba do navegador. Digitou algo rapidamente em busca de uma resposta que nem mesmo ela sabia se queria ter.

Seus olhos correram rapidamente pelo artigo que acabara de encontrar. Começou a apertar o celular em suas mãos com tanta força que achou que o fosse partir no meio.

— Eu não consigo acreditar em uma merda dessas!

— Que foi, o que aconteceu? - Hunter se apressou em encostar o carro no primeiro lugar vago que encontrou na rua.

Ela riu sarcasticamente, e ele sabia que ela estava com uma raiva descomunal dentro de si. Natalie respirou fundo, tentando conter o ódio quando começou a ler:

— “Parece que a família Saxton está para aumentar!" - Hunter arregalou os olhos, ouvindo-a.— "Hunter e Natalie foram vistos saindo do Columbia Presbiteryan Hospital há menos de uma hora. Natalie deu entrada sob os sintomas de enjôo, de acordo com o que uma fonte anônima nos informou. E o que é esse moletom dois números maior? Será que ela já está escondendo a barriguinha? Seria essa uma maneira de segurar Hunter? Melhor e mais importante: Menino ou menina? Façam suas apostas!"

 

Natalie jogou o celular sobre o colo de Hunter e ele pôde ver a foto deles mesmos, de mãos dadas, no corredor do hospital, esperando pela vez de Natalie para ser atendida. Ela vestia o moletom que ele havia a emprestado mais cedo por causa do capuz que a protegeria da chuva quando saíssem do carro.

Hunter ficou minimamente incomodado com a reportagem, mas mais pela exposição que estavam causando à Natalie do que pelo assunto em si.

— Natalie… - teve vontade de rir. Segurou-se ao máximo, encarando-a.

— Don’t Natalie me. Estou de saco cheio. Até de gorda me chamaram! - ela bateu no painel do carro, na sua frente.

— Ninguém te chamou de gorda, eles falaram isso por causa da blusa… Fuck - ele respirou fundo. Quis rir mais ainda por causa da ironia das coincidências que pareciam se conectar de uma maneira tão errônea. Os tablóides eram realmente bons em aproveitar as oportunidades para uma história convincente de vez em quando.

— Acha isso engraçado, não é? Eu não estou grávida. - Natalie respirava nervosamente, o peito subindo e descendo com rapidez.

— Acha que não sei disso? - uma pequena risada escapou da garganta de Hunter. - Estou rindo porque isso tudo é uma merda.

— Claramente pra você não é. Porque a única imagem deturpada parece ser a minha de uns tempos pra cá. Se você não percebeu, fui acusada de engravidar pra poder te segurar! Damn! - Natalie bateu um dos pés com força no chão.

Hunter passou a mão pelos cabelos enquanto tentava segurar a risada que agora surgia por nervosismo. Ele queria poder ter uma resposta para contra argumentar, mas aquilo era ridículo. Toda aquela história era ridícula.

— Natalie, não estou entendendo porque isso tá te incomodando tanto. Outras histórias piores saíram depois que tivemos aquela conversa e você pareceu não se importar. Por que está se importando agora? É uma mentira, e isso logo vai aparecer.

— É mesmo? Será que a próxima matéria não vai ser sobre eu supostamente ter ABORTADO? - Natalie acabou se descontrolando e gritando ao final da frase, o que fez Hunter franzir o cenho, se irritando com o comportamento dela. - Sério, estou cansada dessa merda.

— O que quer que eu faça?!

— O que eu quero que você faça?! - ela perguntou ironicamente enquanto colocava o capuz da blusa, escondendo os cabelos. - Nada, que é o que você sempre faz.

Natalie destravou a porta do carro. Hunter a olhou incrédulo.

— Onde vai?

— Dar uma volta.

Natalie sequer esperou Hunter respondê-la. Saiu do carro e bateu a porta com uma força que o fez querer gritar que aquela não era a geladeira dela, mas conteve-se. Fechou os punhos e bateu no volante com força.

 

**

 

Save Myself - Ed Sheeran

 

Natalie entrou na primeira cafeteria que viu, empurrando a porta com certa violência. Arrependeu-se no mesmo instante, pois a sua rispidez acabou por chamar a atenção da grande maioria dos clientes presentes. Respirou fundo e foi na direção da fila.

Pediu um café com chocolate belga, leite e chantilly. Estava nervosa, e sabia que chocolate seria a melhor opção para acalmá-la. Sentou-se na mesa que ficava posicionada bem na vitrine.

Havia muito tempo ela e Hunter não discutiam, e por esse motivo sentiu um desconhecido desconforto em seu peito. Era quase como se um buraco houvesse sido cavado clandestinamente em seu coração.

Sentiu-se colocada contra a parede enquanto era obrigada e encarar o seu passado, que mais uma vez lhe encontrava para lembrá-la que ainda estava ali, mais vivo do que nunca. Era engraçado como a sua mente associava determinadas situações por mero acaso.

Deu um pequeno gole da sua bebida e segurou a xícara com as duas mãos, como se tivesse necessidade que elas se mantivessem aquecidas.

Enquanto observava a superfície do café, fez uma busca mental em suas memórias e percebeu o quanto o seu passado lhe afetava com uma única palavra que sempre lhe servia de gatilho para que o caos se iniciasse: grávida.

Soltou um riso fraco e balançou a cabeça em negativa para si mesma. Se sentia uma piada pronta e óbvia.

 

“- Você fez de propósito, não foi?!” — a voz de Izaac ainda era tão fresca em sua memória..! O sotaque… O que diabos ela tinha com britânicos, afinal?

 

Olhou para o lado de fora da cafeteria, através da vitrine de vidro. Havia um banco encostado do outro lado, sem encosto. Um rapaz estava sentado ali, as costas apoiadas no vidro.

Olhou por cima do ombro dele, focando nos carros em movimento, as pessoas andando nas calçadas. Quando estava chateada com algo, gostava de observar as pessoas e criar uma vida, uma história para elas. No entanto, sua criatividade parecia ter sumido naquele momento.

Os pensamentos foram interrompidos pela vibração de seu celular sobre a mesa.

Havia considerado não atender, mas mudou de ideia tão logo vira de que quem se tratava no identificador de chamadas que dizia “Mommy”.

— Mãe? Tudo bem? - ela atendeu prontamente.

Eu quem pergunto, Natalie! — o tom de Laura não parecia nada amigável.

— Nossa, mas o que foi que eu fiz dessa vez?

Que história é essa de filho? Seu pai está a ponto de ter um treco aqui. A notícia está em todos os lugares.

 

Era só o que faltava. Natalie depositou a mão espalmada na testa. Em seguida jogou seus cabelos para trás com os dedos nervosamente. Não queria acreditar que a conversa se tratava daquilo.

— Mãe… É mentira, não tem filho nenhum.

— Não está mentindo pra mim, está? — a voz de Laura parecia estar mais calma no mesmo instante. Conhecia a filha o suficiente para saber se estava mentindo ou não, mas precisava de uma declaração que confirmasse.

— Meu Deus, mãe. Claro que não estou mentindo. Você sabe como são esses jornalistas de revistas de fofoca. Inventam o que podem pra vender matéria.

— Eu não falei, Pedro? É fofoca! — Laura falava com o pai de Natalie do outro lado da linha. Se não estivesse tão nervosa com toda aquela história, teria dado risada. - O telefone não para de tocar aqui em casa.

— Troca o número, arranca o fio - Natalie respirou fundo, tentando manter o controle e vontade de jogar sua xícara de café no chão. - Mãe, preciso desligar, ok? Depois nos falamos com calma. Eu amo vocês e não estou grávida.

— Tudo bem, meu amor. Se cuida! Também amamos você. Mande um beijo enorme ao Hunter.

— Claro…

Natalie finalizou a chamada e jogou o celular na mesa. Tampou o rosto com as duas mãos por alguns segundos. A fofoca já havia atravessado o oceano e chegado aos ouvidos de seus pais. Respirou fundo mais uma vez. Não iria chorar.

Ao destampar o rosto, olhou instintivamente para fora. Ficou surpresa quando o rapaz que ela havia notado antes agora a encarava. Os olhos eram de um azul misterioso que mais pareciam estudá-la. A mandíbula era assustadoramente marcada e o cabelo, loiro escuro.

Ele voltou a sua atenção para o próprio celular para digitar algo, o que a intrigou e a fez continuar a observá-lo. Surpreendeu-se quando o viu levantar o aparelho na sua direção com o aplicativo do bloco de notas aberto.

 

“Dia ruim?”

 

Natalie soltou um riso fraco e anasalado. Assentiu em resposta. Ele sorriu tão minimamente com os lábios que ela chegou a desconfiar que aquilo sequer fosse um sorriso enquanto voltou a digitar algo antes de mostrar o celular novamente.

 

“Te entendo. Você sempre pode dizer ‘foda-se’, seja pra quem for.”

 

Natalie riu de maneira mais sincera, o que o fez sorrir de canto e escrever mais alguma coisa.

 

“Brincadeira.Vai ficar tudo bem. Mesmo parecendo que não.”

 

Natalie respirou fundo, agradecida. Não o conhecia, mas aquilo foi a melhor coisa que lhe disseram nos últimos dias, e era tudo o que ela realmente precisava. Mesmo que fosse de um estranho aleatório do lado de fora de uma cafeteria, via mensagens do bloco de notas.

Ela moveu os lábios dizendo um “thanks”, e o rapaz assentiu em resposta.

O momento foi interrompido pela chegada dos amigos dele, que o cumprimentaram com tapas nas costas e o puxaram para sair dali. Em meio ao ato de ser arrastado, o rapaz se despediu com os dedos indicador e médio tocando a têmpora rapidamente. Ela acenou de volta antes de vê-lo sumir no cruzamento das ruas.

 

**

 

Like I’m gonna lose you (cover) - Jasmine Thompson

 

Quando Natalie entrou no apartamento de Hunter, encontrou-o em completo silêncio. As luzes do andar térreo estavam todas apagadas, e o escuro seria absoluto, não fosse as luzes da cidade lá fora.

Subiu as escadas e foi logo na direção do quarto. Encontrou um Hunter deitado de bruços na cama, adormecido. Ele estava sem camisa, coberto até a cintura pelo lençol e deixando todas as tatuagens de seus braços à mostra.

Ela rapidamente tirou os sapatos com os próprios pés e se esgueirou para debaixo do lençol. Deitou o mais próximo que pôde de Hunter, encolhendo-se. Os rostos quase colados. Observou o lado esquerdo da face dele iluminado pela luz da lua que advinha da gigantesca janela atrás dela. Prestou atenção na respiração profunda e tranquila do namorado. Parecia dormir tão serenamente…! Como um anjo carrancudo. Um anjo carrancudo com quem ela já não aguentava ficar tanto tempo brigada, pois a abstinência vinha antes mesmo dela se dar conta.

Sentiu-se mal por novamente ter discutido com Hunter por algo que ele mesmo desconhecia. Era injusto, e ela sabia disso.

Natalie passou as pontas dos dedos na bochecha de Hunter, afastando uma mecha de cabelo que a estava atrapalhando na missão de observá-lo dormir. O gesto o fez despertar lentamente, respirando pesadamente. As esmeraldas abriram-se minimamente, receosas mesmo com a pouca claridade do quarto.

— Estava preocupado, achei que não fosse voltar - ele sussurrou, ainda sonolento.

— Eu sempre volto - a garota sussurrou de volta.

Hunter deu um pequeno sorriso de canto, voltou a fechar os olhos e passou o braço esquerdo por cima do corpo de Natalie, puxando-a para mais perto dele.

— Me desculpe por mais cedo - o rapaz continuou.

— Não foi culpa sua. É só que… Ainda é difícil lidar com todas essas mentiras e perseguições.

— Eu sei. Não queria que tivesse de passar por isso… - Hunter parecia estar morto de sono, mas continuava a falar.

— Shh… Esquece isso - Natalie também o abraçou.

— Hey, Freckles?

— Hm?

— O que acha de Noah? - Hunter franziu o cenho. Parecia estar fazendo muito esforço para sussurrar.

Natalie o olhou confusa.

— Ahn?

— Pode ser o nome do nosso filho quando ele existir de verdade…

Natalie riu tão baixinho que sua voz saiu rouca.

— Boa noite, Hunter.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

GENTE, tem como não rir? Tem como não suspirar com essa fofurice do Hunter no final? GRRRRRRRRRR, VOU MORDER hahahahahah ♥ ♥ ♥ mano, esses paparazzi já estão me deixando louca de raiva, Jesus. Não dão descanso! Depois os famoso surta tudo, e ninguém entende HAHAHAHHAHA

Estou muito chorosa, gente! Porque assim como o fim do ano chegou, Defenceless também está chegando ao fim :'( Temos mais dois capítulossss! CRYCRYCRY, alguém me abraça, não tô sabendo lidarrrrr



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Defenceless" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.