Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 76
Capítulo Setenta e Seis


Notas iniciais do capítulo

AI. MEU. DEUS.

Esse é o maior capítulo de Defenceless. E também o PENÚLTIMO capítulooo! Vou chorar, socorro. Depois de DOIS LONGOS ANOS ESCREVENDO, esse é o início do fim :'( MAS, nas notas finais deste capítulo eu terei um lindo e maravilhoso presente pra vocês ♥ ♥ espero que gostem! NÃO ESQUEÇAM DE LER AS NOTAS FINAIS

E ah, queria dedicar esse capítulo à minha querida e amada leitora Manu, que sempre se mostrou presente, fosse através dos longos e lindos comentários, fosse por mensagens. Por algum motivo ela teve de deletar a conta dela aqui no Nyah, mas antes me deixou uma mensagem dizendo que ia continuar a acompanhar Defenceless. Só queria que soubesse que seu contato vai me fazer MUITA falta, e que espero realmente que esteja aqui com a gente, acompanhando a nossa história linda ♥

AGORA CHEGA DE CHORUMELAS. Vamos ao capítulo que promete MUITO ♥



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Natalie e Anna estavam fazendo uma faxina no apartamento. Era comum que elas a fizessem a cada duas semanas.

Enquanto Anna limpava o interior dos gabinetes e armários da cozinha, Natalie havia ficado com a missão de limpar e organizar a geladeira. As duas odiavam aquela tarefa, por isso sempre alternavam a vez.

Algumas semanas já haviam se passado depois do episódio da “suposta” gravidez de Natalie por toda a mídia, e ela e Hunter haviam combinado de não aparecerem juntos publicamente ou postar qualquer coisa nas redes sociais por alguns dias para que a poeira abaixasse e as pessoas esquecessem um pouco sobre aquilo.

— Sabe, você deveria fazer igual ao Daniel Radcliffe - Anna comentou do nada, enquanto retirava alguns alimentos do gabinete superior. Estava usando a escadinha para aquela atividade.

— Do que tá falando?

— Estava aqui pensando sobre uma maneira efetiva da imprensa parar de te perseguir.

— Estou ouvindo - Natalie tirou as prateleiras de dentro da geladeira, mas estava atenta às palavras da amiga.

— Você podia usar a tática do Daniel Radcliffe e ficar usando a mesma roupa na rua, assim as fotos nunca pareceriam atuais e a matéria perderia ainda mais a veracidade. Se é que alguém acredita naquelas merdas - Anna usou um tom que fazia parecer que o que ela falava era muito sábio.

Natalie parou o que estava fazendo para olhá-la com uma careta, rindo em seguida.

— Tentador. Mas não.

— Ou você podia dar uma de Britney 2007 e bater neles com o guarda-chuva.

Anna se virou para ver a reação da melhor amiga. As duas se entreolharam antes de cair na risada.

— Seria memorável… - Natalie falou entre risos enquanto passava o pano dentro da geladeira totalmente vazia.

— Não entendo o porquê da imprensa te encher tanto assim. De mim eles só tiram fotos e pronto. Um título sobre onde fui aqui e ali, bem tranquilinho… - era impossível não rir das coisas que Anna falava.

— Eu e o Hunter temos uma teoria perfeita pra isso, se quer saber - a voz da garota de sardas ficou um pouco abafada porque ela estava com o corpo inclinado e sua cabeça estava dentro da geladeira. - É muito simples, na verdade. O Luke faz o tipo príncipe, não tem sujeira em seu passado. Isso faz de você uma princesa. Já o Hunter faz o tipo popstar comedor e cheio de podres. Logo…

Anna meneou a cabeça como se fizesse um cálculo matemático com as informações da amiga enquanto limpava o fundo do gabinete.

— É. Tosco mas faz sentido. Esses jornalistas são um fiasco.

— Nem fala. Tanta história pra inventar e tinham de especular justo sobre isso - Natalie agora voltara sua atenção à porta da geladeira.

Anna passou as costas da mão na testa para afastar alguns fios de cabelo que caíram de seu rabo de cavalo mal feito e se sentou na escadinha por alguns instantes.

— Nats, acho que talvez esteja na hora de você conversar sobre isso com o Hunter, sei lá.

— Isso o quê? - Natalie preferiu se focar totalmente no seu serviço sem olhar para a amiga, o que fez Anna rolar os olhos.

— Sobre você. E o Izaac. E toda aquela merda.

Natalie quase derrubou um acessório da porta. Pensar na possibilidade de mencionar o nome de Izaac para Hunter já era o suficiente para que sentisse a garganta fechar. Aquilo era algo que decididamente não estaria em seus planos nem nos próximos três séculos.

Odiava ter de lembrar que aquela história havia se passado com ela, que pertencia a ela. Preferia pensar que fazia parte de algum livro que havia lido há muito tempo atrás.

— Não vejo porquê comentar algo que já faz tempo, ficar revirando o passado.

— Porque toda vez que o assunto “gravidez” aparece você surta e causa uma treta desnecessária entre vocês. Simples assim - a morena continuou a observar a amiga. - Vocês já passaram por bastante coisa, acho que ele pode aguentar o tranco.

— Assim como o Jason? - Natalie finalmente lhe lançou um olhar desconfiado e certeiro.

— Aquilo foi… - Anna tentou argumentar, mas falhou. - É, aquilo foi uma droga. Mas mesmo assim. Você está há muito mais tempo com o Hunter, e passaram por um milhão de anos-luz de coisas. Tem até o lance da Grace que, abre parênteses, você não me conta e eu te odeio por isso, fecha parênteses - Natalie riu da observação de Anna.

— Mas ele não sabe que eu sei.

— Então talvez seja hora dele saber disso também, não?

— Anna…

A garota de sardas respirou profundamente, munindo-se de todos os argumentos que julgava necessário para respondê-la. No entanto, seu ar foi poupado quando o celular de Anna começou a tocar.

— Salva pelo gongo - Anna a olhou sugestivamente enquanto corria na direção do celular. - Não pense que essa conversa acabou - ela avisou, apontando o dedo para amiga antes de atender à chamada. - Hey, babe. Tudo bem, estou pagando de Gata Borralheira no momento. E você? - Natalie riu do comentário de Anna, que conversava com Luke ao celular. - WHAT A WHAT? Mas é claro que eu quero ir na festa da Mila Cahill! - Anna começou a pular animadamente enquanto Natalie arregalava os olhos ao ouvir o nome “Mila Cahill”. - É AMANHÃ? Fuck, Luke! Você precisa me avisar com mais antecedência! Vou ter de sair pra comprar algo. Sim, mas tenho de estar MARAVILHOSA. Awww, você também é maravilhoso. Nos falamos depois. Love you— Anna desligou e começou a pular e correr pela sala - Caralho, viado! A gente vai na festa da Mila Cahill!

— Natalie riu ao tentar acompanhar a amiga com o olhar, mas era quase impossível.

— Que demais, amigaaa! Você vai arrasar, temos que escolher um look perfeito pra você! - Natalie começou a guardar os mantimentos de volta na geladeira.

— Temos que arranjar um look perfeito pra NÓS. Você também vai, tá maluca? - Natalie parou o que estava fazendo para olhar Anna, que continuou a falar. - O Hunter também vai, todos eles vão.

Natalie jogou o pedaço de queijo no chão e saltitou para perto da amiga.

FUCK, vamos conhecer a Mila, viadooo!

 

As duas gritaram e pularam juntas, feito adolescentes. Esqueceram-se completamente do assunto sobre o qual conversavam momentos antes, o que Natalie com certeza agradeceria quando se lembrasse.

 

**

 

Natalie havia prometido passar a tarde com Anna com o intuito de comprarem os looks perfeitos. No entanto, Natalie se arrependeu amargamente quando já havia feito a sua compra e passou a manhã inteira pulando de loja em loja com Anna, que não ficava satisfeita com peça alguma.

Aquilo a enfezou de tal maneira que não viu outra alternativa que não fosse abandonar o navio - que no caso, era Anna -. Luke acabou tendo que substitui-la na missão.

Enquanto isso, Natalie marcou de encontrar Hunter em uma nova cafeteria que havia aberto na 2nd Street e estava doida para conhecer.

Quando chegou lá, Hunter já a esperava em uma mesa que ficava na área externa do rooftop do estabelecimento. Ele já tinha tomado a liberdade de pedir dois cafés especiais da casa, que já estavam sobre a mesa, à espera de Natalie.

— Hey, love— o rapaz de cabelos compridos se levantou para cumprimentá-la com um selinho demorado. - Desistiu da Anna?

— Hell yeah. A Anna é um ser muito metódico quando quer. Meu Deus, é só a Mila - Hunter levantou as sobrancelhas e deu um sorriso debochado em resposta, pois Natalie havia feito um escândalo de excitação mais cedo, ao telefone. A garota de sardas rolou os olhos. - Ok, não é só a Mila, mas… Ah, dane-se. God helps Luke.

 

Os dois riram enquanto ele esticou a mão esquerda para lhe dar o copo de café. Em seguida alcançou a mão dela para acariciá-la. Natalie sorriu e retribuiu o gesto.

— E você, está segura com o seu look? - Hunter enfatizou a última parte de sua sentença com uma voz mais afeminada, o que quase fez Natalie cuspir o café que estava experimentando.

— Hm, gostoso - ela comentou para si mesma, saboreando o café. - Sim, mais do que segura. Tive votos da Anna e da Gracie para isso. Quando comentei sobre a festa, ela me fez mandar todas as fotos das roupas que experimentava no provador.

Hunter riu fracamente. Não comentou com a garota de sardas à sua frente, mas era muito confortante saber que ela e Grace continuavam a conversar mesmo depois da irmã ter voltado para Londres. Parecia que as coisas estavam, enfim, se encaixando em sua vida.

— Grace é maluca quando o assunto é roupas - ele finalmente tomou um gole de seu café. - Hmm, isso é bom mesmo.

— Ela é realmente ótima, se quer saber!

— Sim, eu sei. Conversei com ela sobre a faculdade e ela me contou que havia se aplicado para o curso de Moda na University of Arts London.

— Ah, isso é ótimo!

Natalie observou Hunter discretamente e notou um pequeno sorriso nos finos lábios enquanto ele falava sobre Grace. Imaginava o quão tranquilizante era para ele ver que a irmã havia mesmo deixado aquele passado horrível para trás. A voz de Anna invadiu sua mente e ela se lembrou da conversa que tiveram mais cedo sobre passados. Sabia que no fundo, a melhor amiga tinha razão. Ninguém além de Anna sabia da história, e algumas vezes isso a fazia se sentir muito solitária, prisioneira de si mesma. Mas a verdade é que não tinha medo apenas de rememorar aquelas lembranças assustadoras. Tinha medo, principalmente, da reação de Hunter

Alguns meses após o acontecido, Natalie havia se envolvido com Jason, um estudante de economia da Columbia University. Além de ser uma graça, Jason a tratava bem, era engraçado e sensível. Costumavam se divertir bastante com pouco. E toda aquela sensação de segurança que ele lhe passava a fez querer compartilhar o que havia lhe acontecido, já que estavam a trocar sérias confidências.

E bem… O plano não saiu muito como o esperado. Achou que contar para Jason não só a ajudaria a dividir um pouco daquela dor, como também a ajudaria a deixar aquela história para trás de uma vez por todas. Em vez disso, Jason acabou se abalando em um nível que Natalie jamais imaginara. Ele sentiu que ela estava depositando responsabilidades e expectativas demais no relacionamento. No dia seguinte deixou de retornar às mensagens ou ligações dela. E foi assim que Natalie aprendeu que contar algo significava ser abandonada. De novo e de novo. E não poderia correr o risco de perder Hunter. Não o Hunter.

No entanto, ele parecia ser tão diferente de tudo e de todos…! Diferente de tudo o que até mesmo ela havia pré-concebido quando o conhecera há quase um ano atrás. Eles conversavam sobre todos os assuntos sem nenhum pudor e ele nunca parecia pensar tanto no que falava. Parecia ser naturalmente sem filtro com ela. E quantas vezes aquela sensação não a fazia ansiar para ser recíproca…! A ser transparente e sincera ao seu máximo! Natalie sentia que o relacionamento com Hunter merecia a sua totalidade. Ele a merecia por inteiro.

— Hunter - ela o chamou.

Viu-o dar um grande gole de seu café para então olhá-la com atenção. As esmeraldas lhe encaravam tão profundamente que era quase como se a descascasse e a lesse, centímetro por centímetro. Natalie chegava a pensar na possibilidade de que Hunter conseguia ler sua mente apenas olhando-a. Mas sabia que se esse fosse o caso, não estaria se matando para se abrir com ele.

— Sim? - Hunter respondeu quando Natalie continuou em silêncio. Era como se fosse um sinal para mostrar que estava atento e ela podia continuar a falar.

Natalie foi subitamente tomada por um medo inexplicável. E não era aquele medo que assombra na calada da noite e nos faz tremer dos pés a cabeça, mas aquele do tipo que nos faz congelar e nos deixar sem qualquer saída. Sentiu a sua coluna enrijecer por completo e sua postura ficar totalmente ereta enquanto apoiava os cotovelos sobre o tampo da mesa e envolvia o copo de café com ambas as mãos. O mínimo de coragem que reuniu se esvaiu em milésimos de segundos.

Abriu a boca repetidas vezes, fazendo menção de pronunciar uma palavra. Qualquer palavra. Mas nada saía! Era como se a sua língua e garganta houvessem se esquecido dos movimentos necessários para emitir qualquer que fosse o ruído. Seu coração estava tão acelerado que ela podia senti-lo se debater contra a sua caixa torácica e ecoar por todo o seu corpo. Tinha quase certeza de que Hunter era capaz de ouvi-lo.

— Natalie? - Hunter tentava decifrar o que os olhos cor de mel queriam dizer, tão arregalados.

— Oh, meu Deus! São eles!

Toda aquela tensão parecia ter sido quebrada junto com o tremor dos assoalhos provocados pelos pulos das três garotas que se aproximaram da mesa deles.

Natalie piscou repetidamente como se despertasse daquele estado de congelamento.

Hunter sorriu forçadamente para as garotas. Era como se um balde de água fria o tivesse acertado, pois seus ombros estavam tensos e encolhidos. O famoso vinco que se formava entre as sobrancelhas dele apareceu rapidamente.

Enquanto as garotas se juntavam a eles para tirar fotos, Natalie sentiu como se todo o seu corpo entrasse em estado de dormência. Os braços estavam moles, quase a ponto de se descolarem dos ombros. Ela sorriu mecanicamente para as fotos e agradeceu a todos os elogios como se já estivesse programada para tal. Respirou fundo e tentou se recompor enquanto Hunter autografava a camiseta de uma delas.

Tão logo as fãs se afastaram, Hunter voltou o seu foco para Natalie. Tensionou a mandíbula esperando a namorada dizer alguma coisa. Estava nervoso. Ainda sentia a nuvem pesada que havia se formado no ambiente e denunciava um momento de revelação. Não sabia do que se tratava, mas Natalie estava prestes a lhe confessar algo que parecia esmagador. Algo pesou em seu peito.

— Fala - apesar de seco, aquilo havia saído mais como um pedido do que uma ordem.

— Hm! - Natalie deu um novo gole de seu café. Esperava que aquele fosse o tempo necessário para bolar uma boa desculpa. - Estava pensando… Quando você vai me apresentar pra sua família?

— Ahn?

Hunter a encarou. Seu rosto trazia um misto de confusão e incredulidade. Natalie estava mentindo, e ele captou aquilo no mesmo instante.

— Não se faça de desentendido - Natalie fingiu uma leve irritação. “Ela é realmente boa em disfarçar”, ele pensou. Talvez o tivesse convencido se ele não a conhecesse tão bem. - Você já conheceu quase a toda a minha família enquanto eu só conheço a Grace. Acha isso justo?

Hunter riu fracamente sem interromper o contato visual com ela. Esperava por uma oportunidade em que ela vacilasse.

— Se é o que quer, podemos pegar um avião para Londres agora mesmo - Hunter estreitou os olhos para a namorada em sinal de desafio.

— Hm… - Natalie fechou um dos olhos como se estivesse considerando a possibilidade, o que o fez rir. Era impossível resistir à doçura dela. - O que acha de irmos depois da festa da Mila?

— Tá falando sério? - o rapaz levantou as sobrancelhas e a olhou por baixo.

Natalie já havia conseguido tirar o foco da conversa e ele sabia que era tarde demais para tentar arrancar o que quer que fosse dela. Deu-se por vencido, mas não haveria de desistir. Encontraria a oportunidade certa novamente.

— Seríssimo - ela mordeu o lábio inferior, esbanjando expectativa.

— Depois da festa da Mila, então - Hunter assentiu enquanto um pequeno sorriso tomava seus lábios.  O vinco entre as sobrancelhas continuava ali. - Você consegue tudo o que quer de mim, não é?

Natalie deu um sorriso sapeca e furtivo antes de voltar a beber seu café sem tirar os olhos dele. Por dentro, sentiu seu estômago se desintegrar de nervosismo. Sabia que Hunter não havia acreditado em um pingo do que ela havia falado, mas se contentou em comprar aquela história. Pelo menos por enquanto.

 

**

 

I Love It - Icona Pop

 

Quando as portas do elevador da cobertura de Mila Cahill se abriram, Natalie precisou encostar-se em Hunter, que estava logo atrás dela.

— Holy shit - não conseguiu conter o palavrão de surpresa, o que fez Hunter soltar um riso baixo.

— Qual é, meu apartamento também é maneiro. É que a Mila é mais… Extravagante.

— É a Mila Cahill, ela pode ser o que quiser.

Natalie moveu a sua cabeça da esquerda para a direita para poder ter uma visão panorâmica do gigantesco apartamento.

As paredes eram todas brancas e o piso era de madeira clara, o que deixavam os móveis escuros em destaque. O primeiro ambiente era quase como um loft, sem divisão de paredes, o que a permitia ver a cozinha ao fundo. Haviam duas grandes janelas redondas como escotilhas: uma à sua esquerda e a outra mais para trás. À direita havia a escada para o segundo andar e portas de vidro que separavam o ambiente interno do externo. Ambos os espaços estavam movimentados com convidados, famosos e não-famosos. O clima era embalado por um setlist de músicas que ela tinha certeza que conheceria todas as faixas. (FOTO)

Teria continuado a apreciar o cômodo, se Hunter não a houvesse puxado pela mão para que continuassem o trajeto. Teve certeza de que no meio do caminho pôde ver Jack Becker. E Aria Grant. E Claire Dickson. Todos em meio à multidão de convidados, conversando, bebendo ou fumando em alguma roda de pessoas.

Natalie e Hunter atravessaram as portas de vidro que levavam à parte de fora da cobertura.

A garota de sardas achava que já havia se surpreendido o suficiente com a magnitude do que fora visto lá dentro, mas estava equivocada.

O ambiente parcialmente coberto se parecia com um deck, e do outro lado havia uma extensa piscina retangular. Acima da escada que dava acesso a ela, havia uma série de pequenos lustres cúbicos. Mas naquele momento, o lugar era iluminado apenas por alguns spots e jogos de luzes alugados para a festa.

A parte descoberta acima da piscina, na verdade, era um teto de vidro que poderia ser aberto automaticamente - o que era o caso daquela noite quente que somente o mês de julho poderia trazer à New York. (FOTO)

Na parte sem qualquer cobertura, a proteção da sacada tinha mais de 1,50m de altura e era toda de vidro. O espaço era decorado com pufes, cadeiras e mesas ocupadas por mais convidados que apreciavam a vista de New York City, que era dividida com a grandiosidade do rio Hudson. A paisagem estava ligeiramente embaçada devido à fumaça de baseados e cigarros dos que ali estavam presentes. (FOTO)

 

Don’t Let Me Down - The Chainsmokers

 

— Ora, ora, ora. Se não é o Saxton!?

Natalie e Hunter foram surpreendidos por uma voz feminina rouca às costas deles. Quando se virararam, deram de cara com uma figura esguia, de cabelos curtos e loiros quase platinados, contrastando com as sobrancelhas escuras. Os lábios estavam preenchidos com um batom vermelho sangue que se destacavam junto com os olhos azul-claros.

Era ela.  Mila Cahill.

A anfitriã os recebeu com um grande sorriso nos lábios enquanto segurava dois copos de bebida.

— Se não é a Cahill?! Estava me perguntando se a dona da casa estava mesmo na festa - Hunter brincou, abraçando Mila. - Vem cá, não corre o risco de você ser expulsa do prédio?

— Aproveitei que a maioria dos vizinhos foi curtir o verão em viagem pra dar uma festa de arromba com drogas e tudo o que tem direito! - ela levantou os dois copos para o alto e riu iconicamente. Em seguida, aproximou-se de Natalie para também cumprimentá-la com um abraço. - Então essa é a famosa Natalie?

— A famosa aqui é você! - Natalie respondeu, correspondendo ao abraço da forma mais simpática que pôde.

— Mas conquistar o garanhão aqui não é pra qualquer uma - ela deu uma piscadela antes de oferecer um dos copos à Natalie. - Sinta-se em casa. Namorada de amigo meu é minha amiga também. A única regra é se divertir as fuck.

O trio - que logo virou quinteto com a chegada de Anna e Luke -, desenvolveu uma animada e descontraída conversa. Apesar de sentir-se acostumada a estar na presença de celebridades como os garotos da Elite Four, era a primeira vez que Natalie participava de uma festa com tantos famosos, e percebeu como todos ali se sentiam à vontade sem a presença constante e irritante dos paparazzi. Em público, as celebridades costumavam assumir uma postura mais imponente e politicamente correta para não correr o risco de estampar a capa de alguma revista de fofocas. Mas ali, em uma festa na cobertura do apartamento de Mila, livre de câmeras e olhares curiosos, ninguém precisava se preocupar. Era quase como se todos ali fossem comuns. E eram, afinal.

Hunter e Luke se divertiram assistindo Mila puxar Anna e Natalie para a pista de dança  improvisada na parte descoberta da sacada com o intuito de se juntar a um outro grupo de pessoas. Observavam as namoradas conversarem e rirem timidamente em meio a famosos que elas nunca imaginaram um dia se aproximar. Aquela era definitivamente a junção de dois mundos que elas nunca acharam que existisse.

Quando perceberam que as garotas pareciam entrosadas e confortáveis o suficiente, Luke e Hunter foram ao encontro de alguns amigos que estavam na área interna da cobertura.

Natalie e Anna compartilhavam risos e olhares incrédulos enquanto dançavam animadamente entre Mila e os amigos.

Jesus Christ, ela é ainda mais linda pessoalmente. Que rainha! - Natalie comentou no ouvido da melhor amiga sem parar de dançar.

— Mais do que rainha, ela é uma divindade, uma deusa! - Anna concordou. - Ela é super simpática, guria. Tô chocada com a maravilhosidade dessa mulher. Isso sem falar desse apartamento lacrador.

— Parece que a Mila roubou o coração de todos por aqui - as duas ouviram uma voz masculina atrás delas.

Ao se virarem, os queixos caíram indiscretamente enquanto Logan Hallman, ator e noivo de Mila, riu sem pudor da reação. Mila apareceu de súbito e pulou nas costas dele, arrancando risadas de todos no embalo da música que tocava de fundo.

 

**

 

Hunter e Luke conversavam aos risos com Jack Becker e Claire Dickson enquanto bebiam seus drinks dentro do apartamento. Havia tempo eles não se encontravam. As agendas cheias os impossibilitavam de sair com frequência, limitando-os a mensagens e ligações vez ou outra.

 

Straight Shooter - Skylar Grey

 

— Ei, Saxton - Becker o chamou. - Cadê a sua garota?

— Vivendo o sonho de princesa dela com a Mila e a Roxanne - Hunter comentou, rindo com o grupo.

— Já nem sei mais o que é sair com uma anônima… - Jack suspirou debochadamente, puxando risos dos amigos.

— Como tem sido isso, afinal? - Claire perguntou antes de dar um gole da sua bebida. Hunter não havia entendido muito bem a pergunta, então ela completou. - Ela tá sabendo lidar com os paparazzi stalkers?

— Acho que a minha reputação não ajuda muito, mas estamos nos ajustando aos poucos - Hunter passou os dedos pelos cabelos, jogando-os para trás, lançando um olhar sugestivo em seguida. Todos ali compreendiam bem o que ele queria dizer.

— Tudo se ajeita, vai ver - Claire deu um soquinho de leve no ombro do rapaz. - Ei, acha que ela toparia me fotografar?

Luke e Hunter trocaram olhares divertidos.

— Depois de ela dar uma leve surtada ao ouvir uma coisa dessas, com certeza - Luke deu um longo gole de sua bebida. Claire riu gostosamente, jogando a cabeça para trás.

Hunter virou sua bebida de uma vez antes de depositar o conhecido copo de plástico vermelho sobre uma mesinha.

— Falando nisso, vou dar uma checada nela.

— Que grudentoooo! - Claire brincou, vendo o amigo sair.

Hunter lhe mostrou o dedo do meio divertidamente.

 

**

 

Havia tempos Natalie e Anna não se divertiam tanto em uma festa como estavam se divertindo naquela, em especial. Dançavam e conversavam animadamente com pessoas aleatórias, famosos ou não. Naquela altura, Mila já havia tirado várias selfies com elas e o resto do grupo para postar nas redes sociais.

— E ensaio nu, você faz? - brincou Mila. A loira deu um trago de seu baseado. Natalie logo reconheceu o cheiro de maconha.

— E por que não? Fotógrafo é fotógrafo - Natalie respondeu balançando os ombros comicamente. A resposta dela fez Mila lançar um olhar sugestivo ao noivo, que arregalou os olhos, fazendo todos rirem.

Quando a roda se fechou um pouco, Mila se aproximou de Anna e Natalie. Ela deu mais um trago de seu baseado antes de oferecê-lo às garotas.

— Vocês fumam?

— Não… - Natalie respondeu um pouco sem graça. Não queria que sua recusa ofendesse Mila.

Oh my God, foi mal - Mila logo tirou o cigarro do rosto delas.

— Não se preocupe! - Anna deu uma piscadela. - Não tem nada a ver, você pode fumar. Não somos fiscais de rolê.

Mila riu do comentário de Anna.

— Mila, junta pra foto! - uma amiga da cantora a chamou.

A loira já estava se preparando pra se juntar à garota que havia lhe chamado, mas deu meia-volta na direção de Natalie e Anna. Esticou o baseado para Natalie:

— Se importa em segurar só enquanto eu poso pra foto? Se for pro Instagram e a mídia ver, já sabe… - Mila rolou os olhos divertidamente.

— Hm, claro que não - Natalie pegou o cigarro desajeitadamente enquanto Mila lhe mandava um beijo e corria para a foto. Anna riu da amiga.

— Vai dar uns traguinhos?

— Shut the fuck up, Anna - as duas se entreolharam e gargalharam em seguida.

 

Natalie viu o sorriso de Anna ir se desmanchando lentamente e ficou confusa. O olhar da morena parecia estar para além do seu ombro. Quando se prontificou em virar-se para compartilhar da mesma visão, deu de cara com Hunter. Apenas um palmo de distância os separava.

— What a fuck, Natalie?!

Os olhos verdes de Hunter traziam um misto de sentimentos que Natalie pensou que nunca mais encontraria naquele mar novamente. Raiva, indignação, frustração, desgosto. E ela sequer entendia o porquê de tudo aquilo. A garota de sardas lhe retribuiu um olhar assustado e confuso. Então ela finalmente acompanhou o foco de visão dele, que se dividia entre seu rosto e o baseado. O baseado.

Natalie arregalou os olhos quando se deu conta e estufou o peito no mesmo instante para explicar que aquele era um mal-entendido, mas não teve tempo de pronunciar qualquer palavra. Hunter se virou e marchou pesadamente para a saída, em meio à multidão de cabeças.

— Hunter!

Natalie entregou o cigarro na mão de Anna de qualquer jeito e tentou segui-lo, mas era impossível com as pessoas dançando freneticamente ao seu redor.

 

**

 

Hunter sequer olhou para trás. Passou por seus amigos como um trovão e nem se despediu. Eles o observaram bater a porta sem entender nada.

O ódio estava tão espalhado em seu sistema que ele era capaz de sentir o sangue borbulhar em suas artérias. Tinha vontade de bater em tudo o que via pela frente enquanto sua respiração se descompassava cada vez mais dentro do elevador, onde ele andava de um lado para o outro tentando conter a ânsia de quebrar o espelho com um único soco.

Pegou o carro e dirigiu o mais rápido que pôde pelas ruas que estavam abarrotadas de nova-iorquinos aproveitando o verão e a vida noturna. Por vezes socou a mão na buzina.

Só de lembrar da imagem de Natalie segurando o baseado teve vontade de falar todos os palavrões possíveis.

Fora pego de surpresa. Jamais imaginaria que encontraria a sua Natalie fumando maconha. E odiava admitir, mas ele havia sido o culpado. Afinal de contas, quem a havia trazido à festa? Exatamente como havia feito com sua irmã mais nova. Sentia-se um ser sujo e corruptivo. Mas não sentia raiva apenas de si mesmo. Natalie o havia decepcionado.

Não seria capaz de suportar ter de assumir uma responsabilidade como aquela novamente. Não era justo.

É verdade que era maconha. Só que foi assim que começou com Grace. Exatamente assim.

Não soube como chegou em casa, mas chegou. Foi embora da festa para conter a vontade que teve de gritar com Natalie na frente de todo mundo, e de alguma forma o bom senso lhe deu a opção de sair dali.

Arrancou a camisa e arremessou-a para longe. Pegou a garrafa de whisky da bandeja que deixava sobre a bancada da cozinha com alguns copos dispostos e serviu uma porção a si mesmo, colocando metade para dentro de seu sistema. Sentiu a garganta queimar quando o líquido desceu rasgando. Talvez a bebida o acalmasse um pouco. Pensou em servir mais um pouco, mas desistiu. Agarrou a garrafa de uma vez e subiu para o quarto.

Hunter ficou observando a vista de seu quarto enquanto bebia o whisky da garrafa lentamente, pois seu objetivo não era se embebedar. Fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, tentando respirar fundo. Não demorou muito para que ele escutasse passos no andar de baixo, e sabia de quem se tratava.

Ouviu-a subir as escadas correndo e escancarar a porta do quarto de uma vez só.

— Não acredito que você me largou lá. Tive de pegar um taxi até aqui, sabia?

Hunter não respondeu. Continuou de costas, os olhos focados na selva de pedra que os prédios de New York formavam aos seus pés. A garota da pele de neve se aproximou, ficando atrás dele.

— Você podia ao menos ter me avisado. Ou atendido as minhas ligações - ele a ouviu dizer, mas continuou imóvel, a garrafa pendendo em sua mão direita.

Natalie se irritou por ser ignorada e puxou o objeto de vidro da mão dele, fazendo-o se virar. Ele lhe lançou um olhar sério, um tanto rubro.

— Vai ficar fingindo que não estou aqui?! Para de agir feito criança - Natalie fechou a cara. Sentia-se injustiçada.

— Criança? - Hunter finalmente riu de forma anasalada e debochada, finalmente se pronunciando. Havia ficado tanto tempo calado que sua voz saiu um pouco engasgada. - Você não entende.

— Não, é você quem não entende. Sequer deixou eu me explicar, Hunter! A gente tem que conversar. A maconha nem era minha! Era da...

— Não há nada para ser conversado.

Hunter passou por ela, e Natalie precisou desviar minimamente, do contrário ele teria trombado em seu ombro. A garota de sardas se virou para acompanhar o movimento do namorado.

Enquanto pudesse evitar aquela conversa, Hunter evitaria. Afinal, se tivesse que esclarecer o seu surto repentino por causa de um baseado, teria de contar sobre o seu passado com Alina e Grace.

— Há sim, e muito. A gente tem que conversar sobre o que aconteceu.

— Não, não temos.

Natalie respirou fundo, como se o ar que entrasse em seu corpo estivesse contagiado de raiva, pois ela perdeu a paciência rapidamente, se aproximando dele mais uma vez.

— Eu tô cansada de você sempre fugindo das coisas sobre as quais não quer falar. Nós brigamos e você prefere me fazer de idiota e fingir que não há algo entre nós.

— HA, essa é boa. Olha só quem fala! - Hunter abriu os braços, indignado.

— Só que é diferente! - Natalie se alterou, aumentando um pouco o tom da voz. - Você sabe que eu tenho uma história e não estou preparada pra contar. Mas e você…?

Hunter passou as duas mãos pelos cabelos com certa violência enquanto sua mandíbula ficava ainda mais evidência, já que ele a pressionava cada vez mais.

— Não tem resposta pra isso, não é? Anda, Hunter. Ou você vai mentir na minha cara e…

— CHEGA! - ele gritou tão alto que sua voz ecoou pelo quarto como quando um cômodo está totalmente vazio e qualquer som reverbera com facilidade no ambiente. Ele se aproximou abruptamente de Natalie, assustando-a e fazendo-a recuar alguns passos. - Você não tem o direito de me apontar o dedo e me obrigar a falar sobre algo que não lhe diz respeito! Não quero trazer algo do passado do qual eu me envergonho e me culpo todos os dias da porra da minha vida!

— Você não precisa guardar isso e sofrer sozinho! - Natalie rebateu, sua voz agora mais baixa. Ela o olhou com compaixão. - A culpa não foi sua.

Hunter sentiu seu corpo gelar. Encarou-a um tanto perplexo e confuso, enquanto ela retribuía o olhar tentando transmitir amparo e determinação. Ele voltou a se aproximar da namorada, dessa vez mais cauteloso.

— O que você disse? - a linha de expressão entre as sobrancelhas de Hunter renasceu.

Natalie respirou fundo, um tanto receosa, mas ao mesmo tempo, resoluta. Ela fechou os olhos por alguns instantes, como se aquela atitude fosse capaz de ajudá-la a organizar as frases com as palavras certas em sua mente.

— Eu sei sobre a Grace - Hunter assumiu uma expressão mortificada. - E sobre a Stacey.

Ele abriu a boca, fazendo menção de dizer algo, mas seus lábios mexiam-se perdidos, como se não estivessem mais ligados ao resto do corpo. Seus olhos se movimentavam rapidamente, encarando Natalie com nervosismo e estarrecimento.

— C-como…?

Natalie finalmente parecera soltar o ar que estava contido em seus pulmões. Ela mirou as tatuagens do tórax de Hunter.

— A Grace.

— Minha irmã te contou? - o rapaz de cabelos compridos parecia ter engasgado com as próprias palavras. - Como ela ousa?!

— Hunter…

Hunter começou a andar de um lado para o outro com certa animosidade. Soltou um riso baixo e anasalado para si mesmo enquanto movia a cabeça em negativa.

— I can’t believe this shit…

— Ela não fez por mal.

— AH, ela não fez por mal! - Hunter sorriu sarcasticamente. - Ela não tinha esse direito.

— Ela tinha sim - Natalie rebateu firmemente, e aquilo fez Hunter flamejar de frustração. - Ela é sua irmã. E a história é tão dela quanto sua, goste você ou não.

 

True Colors - Cyndi Lauper

 

— Isso não é JUSTO - Natalie deu graças a Deus que momentos antes ela havia tirado a garrafa de whisky das mãos de Hunter. Do contrário, esse seria o momento em que ele a espatifaria no chão, sem sombra de dúvidas.

Ela permaneceu em silêncio. Preferiu não interferir enquanto Hunter lidava consigo. Observou-o esconder o rosto com as duas mãos.

— Quando você soube?

— No Natal. Após eu presenteá-la - Hunter continuou com o rosto coberto, e Natalie se aproximou ainda mais, repousando sua mão em um dos pulsos dele. - Ela estava contente por estarmos juntos, por te ver sorrindo novamente, vivendo… Amando. - Hunter deixou um soluço escapar da garganta e Natalie sentiu como se milhares de facas atravessassem seu coração.

— Eu me odeio tanto pelo que fiz à minha irmã… - a voz de Hunter estava embargada, mas era abafada pelas suas mãos.

— Você não fez nada, Hunter.

Ele finalmente descobriu o rosto, revelando suas lágrimas, e Natalie se assustou com aquela imagem. Nunca o havia visto chorar tão dolorosamente.

— Eu fiz sim. Eu permiti que Stacey a machucasse e não me dei conta porque estava CEGO, completamente apaixonado por aquela…! - ele mordeu os lábios para conter o xingamento enquanto algumas lágrimas ainda corriam pelo seu rosto tão bem desenhado. - A minha irmã quase morreu e eu fui praticamente o mandante.

— Cala a boca, não fala isso! - Natalie o empurrou de leve, também desabando em lágrimas. Depois, num ato contraditório, puxou-o fortemente para um abraço. - Nunca mais fala isso.

Ele a abraçou com intensidade, levantando-a minimamente do chão e afundando o rosto entre os cabelos dela. Ficaram assim por algum tempo, um perdido nos braços do outro.

— Eu não queria que soubesse o quão medíocre e irresponsável eu fui. Não queria que tivesse essa imagem de mim...

Natalie interrompeu o abraço apertado, afastando-se o mínimo possível apenas para encará-lo. Porém, não se desfez dos braços que estavam ao redor dela.

— Escuta aqui… - ela molhou os lábios, sentindo-os salgados por conta das próprias lágrimas. Ela encarou os olhos de Hunter, que pareciam mais claros do que nunca. Reparou o nariz tão bem desenhado levemente vermelho. - A única imagem que eu tenho é a de um cara que sempre cuidou e protegeu a irmã com o maior amor do mundo. A imagem de um cara com o coração enorme e que amou tanto que acabou se machucando - o peito de Hunter subia e descia rapidamente enquanto ele a encarava de volta, emocionado. - E que teve medo durante todo esse tempo, e se defendeu de todos os jeitos que pôde para não sofrer.

— E aí veio você… - ele sorriu fracamente, fechando os olhos por alguns instantes e voltando a abri-los, a voz rouca quase por um fio.

— Aí eu vim - Natalie riu baixinho, entre lágrimas.

— Você me devolveu a vontade de amar… Eu não tenho mais porque me defender— Hunter acariciou a bochecha dela com as costas dos dedos. - E eu te amo ainda mais por isso, Natalie… - ele estreitou os olhos, observando-a de perto.

O coração de Natalie estava batendo em um ritmo tão acelerado que era quase como se ele tivesse parado. Ela o sentia ecoar desesperadamente por todo o seu corpo. De alguma forma, ela sabia que o temido momento havia chegado.

— Eu também te amo, Hunter. Demais - ela pressionou os lábios trêmulos sem quebrar o contato visual com ele. Respirou fundo mais uma vez, soltando o ar lentamente para tentar manter a calma. - E eu também não quero mais ter de me defender de você. Acho que chegou a minha vez de te contar como tudo era antes de você.


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Notas finais do capítulo

EITA, será que é agora que a gente FINALMENTE vai descobrir sobre o diacho do passado da Natalie?! "Também, último capítulo, né Lia...!"
É mesmo. Mas lembra que falei nas notas iniciais que tinha um presente pra vocês? Pois bem.......................................................


Defenceless terá uma Segunda Parte ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ teremos uma nova temporada pela frente! *-* SÓ DEUS SABE O QUANTO ME SEGUREI COM ESSE SEGREDO, GENTIS. Vamos continuar com Defenceles: sim ou sim? ♥



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