Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 59
Capítulo Cinquenta e Nove


Notas iniciais do capítulo

Quase matei todo mundo de curiosidade, mas aqui está o novo capítulo cheio de coisas baphônicas. Essa entrevista na rádio não tá me cheirando boa coisa não, e vocês?



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Na van, Hunter sentou-se ao fundo, o mais longe que pôde de Natalie. Aquilo já estava realmente a incomodando. Na última vez em que haviam se encontrado em New York, tudo eram só flores. E de repente, na viagem com a qual ela estava sonhando em dar mais um passo no “pré-relacionamento” que ainda estavam construindo, Hunter voltou a se transformar no babaca que ela havia criado em sua mente quando se conheceram.

Queria lhe perguntar o que diabos estava acontecendo. Encarou-o por longos minutos, esperando que ele a olhasse de volta. E nada. Teria que esperar um momento propício para encurralá-lo longe da equipe e do resto da banda. Já que não havia nada que pudesse fazer naquele momento, decidiu começar a fazer o seu trabalho, que aliás, era o que a havia trazido até ali.

Tirou a sua câmera de dentro da case, que já estava com a lente apropriada para ambientes internos e começou a regular as configurações conforme verificava a imagem no visor da câmera.

Fez alguns cliques de Thomas e Hans conversando e rindo animadamente na sua frente junto de Luke, que trocava uma palavra ou outra com eles. Focou Hunter, ao fundo, com seu headphone. Um incômodo lhe atingiu o estômago, mas mesmo assim ela bateu a foto. Deu zoom no rosto dele encarando a janela, a cabeça encostada no vidro. Seus lábios estavam levemente pressionados em uma linha que quase sumia. Mais um clique.

Já estava pronta para tirar mais uma foto quando sentiu a mão de Steve, que estava sentado ao seu lado, lhe tocar o ombro.

— Natalie, tenho mais alguns detalhes pra acertar com você.

— Claro, Steve. O que seria? – Natalie abaixou a câmera e virou o seu corpo na direção do empresário, atentando-se.

— Lá no estúdio encontraremos com Judith Drake, a assessora dos garotos. Ela acabou sugerindo uma ideia para o seu trabalho que eu acredito que vá te animar bastante. – Steve lhe sorriu brevemente, o que a fez ficar aliviada. Ainda se sentia insegura em ter de lidar com o empresário da Elite Four toda vez que lembrava dele no programa X Factor.

— Certo... sabe que não pode fazer isso com uma jornalista. – ela brincou. Steve a olhou confuso, e ela se sentiu na obrigação de ter de explicar a piada. – Deixar na curiosidade assim.

O homem riu enquanto voltava a sua atenção ao próprio celular.

— Prometo que a espera vai valer a pena.

 

**

 

Assim que chegaram ao pequeno prédio do estúdio no centro da cidade, Natalie viu pela janela uma legião de fãs atrás das grades móveis que foram instaladas pela própria segurança do lugar. Sentiu uma certa tensão no estômago ao se dar conta de que ela agora fazia parte da equipe oficial da banda Elite Four, e aquela seria a sua primeira aparição como fotógrafa. A partir daquele momento, ela seria tratada como uma subcelebridade, uma amiga da banda, o que a tornaria uma pessoa pública. As fãs iriam querer saber sobre ela e o que a trouxe até ali - algo que nem a própria Natalie saberia responder.

Engoliu em seco quando o segurança abriu a porta da van e Steve desceu. Ela respirou fundo e o seguiu. Hans veio logo atrás.

Quando menos esperou, paparazzi de tudo que era direção cercaram a equipe que se direcionava à entrada do prédio enquanto as fãs gritavam ensandecidas com a aparição dos garotos. Natalie sentiu alguém lhe empurrar devido à multidão de pessoas que brigavam por um espaço. Um segurança esticou o braço para barrar a passagem dos paparazzi e permitir que ela passasse.

— Olá, Luke! Luke! – ela ouvia vários fotógrafos os chamando e lhes cobrindo de perguntas. Algumas delas bem indecentes.

— Quem é você? – um gravador colou em seu rosto e Natalie sequer conseguiu decifrar de onde vinha o braço que o segurava enquanto andava junto da equipe. O caminho nunca pareceu tão longo com tanta gente os cercando, impedindo-os de andar rapidamente. De repente percebeu que Thomas e Hans já haviam passado por ela.

— Qual é o seu nome? - quando pensou em apressar o passo, viu-se cercada, e as vozes da imprensa se misturavam de forma que ela nem sabia mais quem estava perguntando o quê.

Viu vários flashes sendo disparados contra o seu rosto e abaixou-o o máximo que pôde, pois teve a impressão de que ficaria cega. Decidiu que olharia apenas para os próprios pés para tentar seguir o caminho. Onde diabos estava aquele segurança que a estava ajudando, mesmo?

— Você é garota da foto? É a namorada do Hans?

Natalie olhou para a paparazzi que havia acabado de fazer aquela pergunta sem entender nada. De que foto ela estava falando?

— O que você disse? – ela encarou a fotógrafa.

Sentiu alguém lhe segurar pela mão. Tentou puxá-la de volta para si, na esperança de soltá-la, mas não teve êxito. Quando conseguiu olhá-la, deu de cara com a conhecida tatuagem em forma de crucifixo. Levantou seu rosto e viu Hunter puxá-la por entre o mar de paparazzi com maestria.

— Ela é sua nova namorada, Hunter?

O castanho virou a cabeça para trás para olhá-la, e Natalie deu de encontro com aquela imensidão verde que sempre dominavam os seus sonhos. Os olhos dele emanavam um misto de raiva e preocupação enquanto cruzavam as portas do prédio e o segurança as fechava atrás de si. Os fotógrafos esbararam nas portas de vidro como zumbis em uma cena qualquer da série "The Walking Dead".

— Você tá bem? – Hunter parecia analisá-la mais de perto, tirando a mecha de cabelo que estava no rosto dela.

— Aham. Acho que subestimei um pouco aqueles paparazzi... – Natalie deu um sorriso breve, encarando-o atentamente. Era a primeira aproximação deles desde o início da viagem.

Hunter soltou um riso mudo e anasalado enquanto virava-se para seguir caminho até o elevador, onde Steve e os garotos os esperavam. Natalie ficou parada ali por alguns milésimos de segundos, incrédula por ele tê-la ignorado daquela maneira, logo após ajudá-la a enfrentar uma horda de paparazzi.

Respirou fundo para conter a vontade de puxá-lo pelo braço e blasfemar tudo o que estava segurando em seu peito e o seguiu.

Não prestou atenção no que Steve conversava com Luke ou sobre o que Hunter e Thomas começaram a discutir no elevador. Era como se as vozes deles houvessem sido abafadas pela sua mente ainda inconformada com Hunter. Simplesmente não conseguia entender o que havia de errado com ele. Depois sua mente voltou à pergunta sem sentido da paparazzi. Por que ela achou que Natalie era namorada de Hans? De que foto ela estava falando, afinal?

Assim que pisaram fora do elevador, viram uma mulher alta e negra que usava um batom vermelho vivo nos lábios. Seu rosto era emoldurado pelo castanho cabelo que estava cuidadosamente escovado. Ela usava um macacão azul-marinho sem alças no estilo pantalona. Natalie desejou um dia ser tão imponente como aquela mulher à sua frente.

— Natalie, esta é Judith Drake. – Steve a encaminhou até a mulher com a mão em seu ombro. – Judith, esta é Natalie Kalkmann, o pequeno gênio por trás daquelas fotos.

— Oh, finalmente uma menina nesta equipe! – Natalie foi surpreendida por um abraço caloroso da mulher, que precisou se inclinar um pouco para fazê-lo. – Muito prazer, Natalie.

— O prazer é todo meu. – Natalie sorriu timidamente enquanto Judith a soltava.

— O seu trabalho como fotógrafa é realmente louvável, querida. Você tem um grande talento nas mãos.

— Acho que eu mereço um aumento de cachê por esse achado, não, J? – Hans abraçou Judith por trás, apertando-a. O ato fez Natalie e a própria Judith rirem.

— Não dê asinhas ao Hans... porque é isso o que acontece, vê? – dessa vez foi Hans quem riu do comentário da assessora enquanto todos seguiam juntos para dentro do estúdio.

— Acho melhor você conversar com a Natalie sobre a sua ideia, Judith. Acho que ela já deve estar querendo me matar. – Steve brincou.

— Oh, claro! – Judith puxou Natalie para que as duas andassem lado a lado e mais à frente dos garotos, que continuavam atrás delas, tão ou mais curiosos que a castanha. – Depois que Steve me passou seu nome, tive a liberdade de pesquisar sobre você e vi que está cursando jornalismo. – Natalie assentiu, escutando-a com atenção. – Encontrei algumas de suas matérias e artigos e os achei ótimos. Então me veio a ideia de você fomentar o blog da banda não só com fotos, mas contando um pouco do rotina e da agenda deles. Assim, não só as fãs, mas a imprensa sempre terá conteúdo para divulgar.

—S-sério? – Natalie quase engasgou com a própria saliva.

— Sim, seria ótimo! Seria uma maneira de aproximar as fãs do dia-a-dia deles em meio aos shows, iam ver o “behind the scenes” através dos seus olhos, da sua pele. Poderíamos tentar, o que acha?

— E-eu...

— E não se preocupe, o Steve concordou em pagar a mais por isso. – Judith deu uma piscadela, completando a frase como se aquela informação pudesse influenciar na resposta de Natalie.

A garota de sardas ficou atônita. Piscou algumas vezes rapidamente, porque nos últimos segundos seu corpo havia se esquecido de fazê-lo. Ela agora teria a oportunidade de documentar toda aquela experiência não só com fotos, mas com escrita. Tinha como aquilo melhorar?

— Não gostou da ideia? Não queremos te sobrecarregar, querida, é óbvio que... – Judith parecia falar com Natalie e consigo mesma ao mesmo tempo, ligeiramente constrangida.

Natalie apressou-se em segurar o pulso de Judith com delicadeza.

— Tá brincando? Eu adorei, Judith! Vai ser uma experiência incrível pra mim e para o meu currículo, sem sombra de dúvidas. – a castanha viu um sorriso ascender no rosto da assessora. – Obrigada pela oportunidade, sério. Isso vai contar muito pra mim!

— Que bom ouvir isso, querida. – Judith lhe sorriu maternalmente. Natalie quis rir, pois aquela era pelo menos a terceira vez que era chamada de “querida” em menos de dois minutos. – Eu quem agradeço, sei que fará um ótimo trabalho. Mais tarde eu envio as informações de acesso do blog, ok? E aí a única coisa que precisamos trabalhar é na escolha das fotos nas postagens para vermos o que vai para divulgação e o que pode ir somente para o blog.

— Claro, sem problemas.

— Certo. Vou revisar o cronograma de perguntas com o apresentador do programa enquanto os meninos se aprontam. – Judith acariciou o ombro de Natalie antes de sair dali.

Quando a castanha se virou para acompanhar Judith com os olhos, viu os quatro rapazes encarando-a. Todos tinham sorrisos estampados nos rostos.

— Será que sua sorte ainda tem pra onde crescer, Kalkmann? – Thomas deu-lhe uma piscadela enquanto apoiava o cotovelo no ombro de Hunter.

— Vocês são uns enxeridos!

 

**

 

Quando Natalie consultou a hora em seu iPhone, percebeu que a entrevista já estava quase no fim. Ficou impressionada em como o tempo passava rápido quando se está aproveitando cada minuto.

Já havia estado em uma estação de rádio antes, mas era a primeira vez que via um programa real, com todo um cronograma para seguir em tão pouco tempo. Aquela era apenas mais uma das coisas incríveis que a oportunidade como fotógrafa da Elite Four estava proporcionando a ela.

Durante toda a transmissão, ela teve passe mais do que livre para fotografar os bastidores, os meninos sentados nas bancadas junto com os apresentadores, e filmar alguns trechinhos para a ideia que ela estava maquinando desde a notícia de Judith sobre ela ser a blogger da banda.

Os condutores do programa, Allison Parker e Fred Bronson, eram realmente bons para segurar um programa ao vivo e ainda conseguirem extrair boas respostas. Mas precisava admitir que a Elite Four era ainda melhor. Ela finalmente havia entendido, ali, nos bastidores o que os faziam tão especiais e cheios de fãs. É claro que a música era boa e atingia em cheio o público-alvo, que eram adolescentes do mundo todo. Mas aqueles rapazes tinham um carisma único, inexplicável e que se complementavam de forma indescritível. E era tudo real.

Sempre que assistia à entrevistas, não só deles, mas de qualquer artista – com exceção de Ellijah Scott, seu eterno amor –, achava todas aquelas situações armações puras. Achava que eram forçados e criavam uma imagem para parecerem seres humanos incríveis perto e longe dos holofotes. Mas a realidade é que Thomas, Hunter, Hans e Luke eram exatamente aquilo que eles mostravam na mídia. E só agora, convivendo 24 horas com eles, ela pôde enxergar aquilo.

— Certo, meninos. – começou Allison, enquanto olhava algumas de suas anotações na mesa de som. – Agora precisamos dar um alento para as fãs que estão lá embaixo e ficaram ensandecidas com a chegada de vocês aqui na rádio... elas viram uma nova carinha sair de dentro da van. – não só Allison, mas Fred, Steve, Judith e agora toda a Elite Four voltaram seus olhos para Natalie, que no mesmo instante parou de fotografar para olhá-los meio espantada. – E essa carinha por acaso é aquela que tá se escondendo atrás da câmera fotográfica aqui no estúdio?

— Oh... sim, essa é a Natalie, pessoal. – Thomas falou mais próximo do próprio microfone.

— E aí, Natalie... não quer dar um oi pro pessoal? Tá todo mundo curioso querendo saber quem é você! – Fred instigou, olhando-a quase que sugestivamente.

Natalie sorriu timidamente e movimentou o dedo indicador em sinal de negativa. Não ousaria falar um “A”, pois os microfones captariam a sua voz, e seu coração já estava em disparada em saber que estava sendo mencionada na transmissão de uma entrevista difundida para o país inteiro.

— Awww, ela é tímida! – Allison brincou, e todos deram risada.

— Ela SÓ PARECE tímida, Alli. – Hans provocou, fazendo Natalie querer lhe mostrar o dedo do meio, mas só o que ela fez foi rolar os olhos.

Hunter arrumou o headphone em sua cabeça, ligeiramente incomodado com o comentário de Hans, mas apenas a castanha reparou.

— Você parece conhecê-la bem, Hans. Conta pra gente... ela é sua garota?

Natalie quase derrubou a câmera quando ouviu Fred perguntar aquele absurdo.

— O quê? Não, não! Ela é apenas uma grande amiga, não passa disso.

Hunter se mexeu desconfortavelmente em sua cadeira, apoiando o cotovelo sobre a mesa para sustentar o queixo com a mão. Ele respirou pesadamente, mostrando irritação, o que não passou despercebido pelo resto das pessoas no estúdio, incluindo os apresentadores.

— O que foi, Hunter? Parece estar com ciúmes... – Fred riu. – Acho que confundimos, Alli. Ela é a garota do Saxton aqui, certo? Quer dizer que alguém finalmente conquistou seu coração, garanhão? Acabou a diversão com a mulherada agora?

Não estava nos planos de Hunter que as pessoas captassem sua insatisfação, e ele ficou tão surpreso por ter sido pego que não conseguiu sequer responder às indagações equivocadas de Fred. Tudo o que ele conseguia fazer era continuar a encarar Natalie, que respirava tão descompassadamente de nervoso, que parecia que ela havia acabado de correr uma maratona. A garota de sardas estava estática, segurando a câmera com as duas mãos na altura do estômago. Hunter pôde jurar que ela estava um pouco trêmula.

Judith e Steve se entreolharam ligeiramente exasperados com a ousadia dos apresentadores. Pela expressão irada de Judith, estava mais do que claro que aquilo com certeza não estava no script de perguntas e estava ultrapassando todos os limites.

— Natalie conquistou o coração de todos nós, Fred. – Thomas se apressou em segurar no microfone da mesa, se intrometendo. – Ela é nossa nova fotógrafa. O trabalho dela é incrível e vocês logo vão ter a chance de vê-lo.

— Ela é mesmo SÓ fotógrafa da Elite Four? Porque temos aqui uma foto que... – Allison foi surpreendida por Judith, que a segurou pelo braço, lançando-lhe um olhar de censura e reprovação. A assessora cresceu os olhos escuros para a mesa de Allison e puxou a foto da qual ela estava falando para si. Voltou os olhos para apresentadora e fez um gesto de tesoura com a outra mão que sugeria que ela parasse de falar sobre aquilo.

— Não, ela não é só fotógrafa. – Thomas respondeu de prontidão. – Ela faz jornalismo e escreve maravilhosamente bem!

— E é aí que entra mais uma novidade. – Luke finalmente se manifestou, fazendo Tom lhe lançar um olhar de agradecimento por se compadecer e ajudá-lo a contornar aquela situação. – Natalie também será a nossa blogger oficial. Vocês vão poder acompanhar a gente através de uma nova perspectiva, ver os bastidores dos nossos shows, nossa preparação e tudo mais que tiver direito.

— Uau, então a Natalie veio mesmo pra ficar? É isso mesmo, produção? – Fred falou em tom de brincadeira, embora seu olhar transmitia certo receio enquanto via Judith parecer querer soltar fogo pelas ventas na direção dele e de Allison.

Hell, yeah. – Foi a única palavra que saiu da boca de Hunter. Ele lançava um olhar um tanto quanto desprezível a Natalie antes de virar o rosto e deixar suas covinhas da bochecha à mostra. 

 


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Notas finais do capítulo

EITA, que agora o negócio vai o quê? PEGAR FOGO

Quer me xingar quando não posto capítulo ou dar chilique quando o Hunter quebra seu coração? Vem fazer parte da família, juro que é só amor ♥

https://www.facebook.com/groups/1789592861331239/



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