Defenceless escrita por Lia Sky


Capítulo 5
Capítulo Cinco




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— Vai ficar aí parada? – Natalie perguntou segurando o riso quando notou o estado da garota. Parecia que ela estava a ponto de enfartar a qualquer instante. As mãos estavam juntas ao corpo, na altura do estômago, e a castanha percebeu que a menina tremia de nervoso. – Você tá bem? – Georgia apenas assentiu com a cabeça. – Vai querer entrar ou não?

— Eu quero, mas não sei se consigo. – ela disse com a voz trêmula de excitação.

Natalie respirou fundo, levemente impaciente.

— Quer que eu entre primeiro? – a menina assentiu como se fosse ainda mais jovem do que aparentava. – Tudo bem, mas é pra você entrar logo atrás. Se me fizer passar vexame, vamos embora no primeiro instante. Nada de chorar, passar mal nem ser histérica, tá me ouvindo? Tenho vergonha desse tipo de coisa, vou querer SUMIR. – Georgia mordeu o lábio e assentiu mais uma vez. – Certo. Vamos fazer essa merda.

Natalie respirou fundo e levou a mão até a maçaneta. Contou até três mentalmente e a girou. Depois se arrependeu imensamente. Deveria ter batido na porta antes, mas já era tarde.

Puxou Georgia pelo pulso, pois tinha certeza de que se não o fizesse, a garota continuaria com os pés colados no chão. Quando adentrou, encontrou Luke e Hans jogados no mesmo sofá, enquanto Thomas estava sentado na mesa logo na frente deles. Os três pareciam estar em uma conversa animada.

Passou os olhos pelo camarim rapidamente, traçando um raio-x do lugar. Viu uma mesa servida com diversos tipos de comida, doces e salgados, além de refrigerantes, águas e bebidas alcoólicas. Do outro lado viu uma montanha de ursinhos e presentes acumulados que os staffs recolheram do palco. Provavelmente haviam sido jogados pelas fãs durante o show.

Contou três integrantes e percebeu de cara que estava faltando Hunter. Porém, seu pensamento foi cortado quando os outros notaram a presença delas e vieram de encontro.

— Eiii! – Thomas as cumprimentou com um sorriso pronto no rosto. Ele tocou o ombro de Georgia, e a menina parecia ter perdido os sentidos, apenas encarando os olhos claros do rapaz. Foi então que ele começou a se preocupar com a reação da menina, e a chacoalhou de leve. Hans e Luke também se inclinaram na direção dela. Os três finalmente direcionaram os olhares a Natalie, que estava bem atrás de Georgia.

— Ei, Georgia... O Thomas falou com você... – ela disse mais baixo, perto da loirinha. Mesmo assim, os garotos ainda conseguiam escutá-la. – Olha só... Lembra do que eu falei sobre você me fazer passar vergonha? Ainda tá valendo... - Hans segurou o riso, tampando a boca com as costas da mão disfarçadamente. – Eu não vim até o camarim pra você fazer isso, hein...

Georgia finalmente se moveu, virando o corpo lentamente para a “babá”. Respirou fundo.

— Natalie... Me perdoa.

Natalie arregalou os olhos quando percebeu o que estava prestes a acontecer.

— Você não v...

— AI MEU DEEEEEUS, EU NÃO ACREDITO!

Tarde demais. Georgia se virou novamente para os garotos, que na altura do campeonato quase tiveram um enfarto coletivo com ela pulando na direção deles.

Começou a abraçar cada um demoradamente, enchendo-os de perguntas e arrancando risadas de todos.

Natalie colocou a mão na testa inconformada. Riu baixo da situação.

— E aí... Curtiu o show?

Deu um pulo quando ouviu o conhecido sotaque britânico do único integrante que estava faltando até aquele momento.

Virou-se para encontrar os olhos mais verdes que já havia visto na vida. Eram de um tom diferente, quase azul, mas que ao mesmo tempo, não se atreviam a sê-lo. Respirou fundo e agiu naturalmente – embora toda aquela situação não fosse nem um pouco normal.

Hunter finalmente a estava encarando de perto. Estudou-a sem nenhuma cerimônia, olhando-a de cima abaixo. Pressionou a própria mandíbula, deixando-a em evidência. Voltou a esfregar a toalha nos cabelos molhados. Pelo cheiro que emanava no ambiente, Natalie julgou que ele havia acabado de sair de um banho rápido. Aliás, mais uma prova de que sua conclusão estava correta era que ele estava usando roupas diferentes das que estava usando no show.

A castanha sentiu suas narinas ficarem levemente dormentes e seu corpo extasiado com o perfume amadeirado do rapaz.

— Aham, nada mal. – ela soltou de uma vez, agradecendo imensamente pelo fato de seu corpo ter lhe obedecido e não deixado nenhuma impressão sobressaltada transparecer em sua voz.

Hunter deixou um riso fraco escapar de sua garganta.

— Você parecia estar gostando... Quer dizer... Até vi você cantar algumas vezes... – ele se apoiou na mesa de comida.

— Hm, quer dizer que eu estava sendo vigiada? – Natalie levantou a sobrancelha. Estava curiosa para saber o rumo daquela conversa sem sentido com nada mais nada menos que Hunter Saxton, como se fosse um flerte habitual. Ela realmente queria gargalhar daquilo.

— Conseguimos ver cada coisa do palco que você nem imagina. – ele começou em um tom debochado e um tanto quanto provocativo.

— Ah, é? Tipo...? – a castanha cruzou os braços desafiadoramente, contendo o sorriso. O jogo era claro e eles estavam gostando, mesmo que não soubessem onde aquilo ia dar.

— Tipo... Você me olhando? – ele respondeu retoricamente enquanto arrancava uma uva verde do cacho da mesa na qual se apoiava. Parecia estar bem relaxado com a situação que ele mesmo criava.

Natalie soltou uma gargalhada que acabou chamando a atenção dos outros garotos por alguns segundos, mas estes se voltaram para Georgia rapidamente.

— Eu e todas as suas fãs, né...

— Mas foi diferente.

— O que foi diferente? – ela franziu o cenho imponentemente, e aquilo chamou a atenção de Hunter. Qualquer outra garota já teria caído nos encantos dele a partir do momento em que ele deixou claro que estava olhando-a do palco.

— O jeito que você me olhou.

Natalie logo percebeu o tipo de Hunter Saxton. O típico famoso que acha que tem todos aos seus pés. Podia até ser verdade que todos lambiam o chão pelo qual ele passava. Também podia ser verdade o fato de que ela quase se desmontou quando trocaram aquele olhar... Mas também era verdade que aquele olhar de descobrimento que ele havia lhe lançado havia se perdido em algum lugar, e só o que ela via agora era o famoso cafajeste do qual ela tanto ouvia Georgia comentar. O cafajeste pelo qual todas, inclusive Georgia, eram apaixonadas. E sinceramente, não deixaria que o fato de uma celebridade estar flertando com ela mexesse com a sua cabeça. Mesmo que essa celebridade fosse Hunter Saxton.

— Eu olho pra muitas pessoas. – ela respondeu de prontidão enquanto cruzava as pernas, ainda de pé.

— Uh... – Hunter fez uma careta divertida de dor. Soltou um riso fraco e se desencostou da mesa, andando na direção da castanha. Ele estudou o rosto tão delicado da garota, os olhos amendoados vidrados em cada ação do corpo dele. – Quer dizer que você é do tipo marrenta, então? – ele passou a ponta dos dedos na bochecha dela levemente, e Natalie pôde jurar que sentiu o rosto ficar quente no lugar onde a pele dele entrou em contato com a dela. Ela fechou os olhos, sentindo o toque delicado e suave dele. Hunter baixou o tom de voz para que só ela pudesse lhe escutar. – Que tal me mostrar essa marra toda no meu apartamento, huh?

Hunter só precisou concluir a frase para que Natalie empurrasse a mão dele para longe de seu rosto. O rapaz se assustou com a atitude arisca que ela teve. Quando Natalie abriu os olhos, sentiu a raiva se apossar de seu corpo.

— Escuta aqui, imbecil. – era como se Natalie cuspisse as palavras enquanto estreitava seus olhos cor-de-mel, encarando-o. – Tá achando que eu faço parte do seu fã-clube de tietes ou o quê?

Hunter se recompôs do susto que ela lhe dera e soltou uma risada debochada.

— Então por que aceitou meu convite pra vir até o camarim? – ele perguntou em um tom provocativo, esperando que ela não tivesse resposta para aquela pergunta.

— Porque o seu segurança disse que vocês sempre recebiam fãs depois do show. Só que eu não achei que era esse “tipo” de fã. – Natalie o olhou com repulsa. – Caso você não tenha notado, eu vim com uma criança. Ela, infelizmente, é sua fã. – ela respirou fundo, tentando manter a calma. Passou as mãos pelo rosto com força. - Cara... Que nojo de você, que nojo! – ela não conseguiu se conter, e elevou a voz.

Aquilo chamou a atenção de Georgia dessa vez. Quando a garota percebeu a presença de Hunter, correu até os dois. Ela estava tão extasiada de estar na presença dos ídolos que sequer se deu conta da conversa que estava acontecendo entre Natalie e Hunter antes de ela se aproximar.

Os garotos se aproximaram de onde Natalie e Georgia estavam e ela os olhou com repulsa, balançando a cabeça negativamente, incrédula. Olhou para Hunter e a cena a chocou ainda mais.

— Eii, tudo bem, princesinha? – ele começou a conversar com Georgia da maneira mais doce e... Sincera? Como ele poderia ser pessoas tão completamente diferentes em menos de cinco segundos? Sempre ouvira de Georgia que o tal do Hunter Saxton era conhecido por tratar suas fãs muito bem. Mas ela não se sentiu nem um pouco bem tratada, mesmo não se considerando uma fã. E agora, com a menina a dois passos deles, ele simplesmente se refez, abandonando a voz rouca e provocativa para algo mais doce e aveludado. E o pior é que não parecia encenação. Quem era Hunter Saxton? Ou melhor: “O que era Hunter Saxton?”

Ela soltou o fôlego dos pulmões com raiva e passou por entre os outros integrantes da banda.

— Ei, onde você vai? – Hunter se afastou de Georgia para encontrar o olhar de Natalie.

— Te espero lá fora, Georgia. Esse camarim tá cheio demais, tô até passando mal. – Ela deu uma indireta enquanto já se aproximava da porta.

— Natalie! – Georgia chamou, mas era tarde. A castanha já havia batido a porta contra as próprias costas ao sair.

“Natalie... Então esse é o nome dela...­”, Hunter deixou que um sorriso vitorioso, mas discreto lhe escapasse dos lábios.


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