(Eu tentei me segurar, eu juro)

— Depois que entrarmos, não podemos sair até que estejamos todos juntos! Se não os outros também ficaram presos. – instruiu Nico olhando fixamente para a porta a nossa frente.

A casa estava exatamente como eu lembrava, oque a fazia mais aterrorizante ainda, masjá na fachada se viaos resquícios de abandono. A família de Jason e Thalia tinham se mudado uma semana depois do Halloween para uma casa no final da rua, pelo que Zeus disse a Jason a casa estava com vazamento de gás no encanamento, por isso era perigoso morar ali.

Olhei para a casa de Nico, do outro lado da rua, imaginei como seria morar ali, tão perto, devia ser um pesadelo; Mesmo eu tendo vindo a casa de Nico depois daquele dia, sempre tentava não olhar diretamente para essa casa.

— E agora? – perguntou Percy cortando o silêncio que se instalava ali.

— Temos que entrar – disse Nico. Após alguns segundos, todos se moveram desconfortáveis, esperando que alguém desse o primeiro passo, Nico estendeu a mão devagar, hesitando um segundo antes de abri-la, com esse ato percebi que mesmo Nico tendo feito tudo aquilo para que voltássemos para ali, ele estava com medo.

Um a um eles foram entrando na casa, antes de entrar segurei a mão de Percy e entramos.

O cômodo dos quadros estava mal iluminados, apenas a luz do sol permitiu que víssemos alguma coisa dentro do mesmo, todos os móveis haviam sido retirados com a mudança.

— Vocês voltaram! – disse a voz, me fazendo congelar, era a voz de Amy, a procurei com os olhos, mas não a encontrei , sua voz estavamuito perto como se estivesse ao meu lado – Quero brincar com vocês...

Com um estrondo a porta para a rua se fechou, todas as janelas se fecharam junto com os trincos.

Estávamos presos.

Pisquei os olhos enquanto minha visão se acostumava com a escuridão agora presente na casa.

— Amy?- falei com a voz fraca – apareça, nos precisamos conversar com você.

— Conversar? – perguntou soltando uma risada – Não quero conversar... tenho amigos e agora vocês,quero brincar.

— Não vamos brincar com você, queremos eles de volta – disse Jason.

— Eles são MEUS! – gritou – Meus amigos! Só meus!

—Você não pode mante-los aqui, Amy!- falei.

— Posso sim! Vocês não podem tira-los daqui!

— Por favor, Amy – implorou Calipso–deixe que os levemos daqui!

— Eu já disse que NÃO! – Então lá estava ela parada bem a nossa frente, com seu vestido de noiva longo de mais, seu rosto coberto pelo véu, mas de alguma forma ela estava diferente, estava mais nítida, seus contornos mais reais. – Porque vocês querem que eu fique sozinha? Faz tanto tempo que eu não tenho alguém, os outros não duraram muito.

— Amy eles tem família e amigos que sentem a falta deles.

— Mentira - gritou raivosa - eles nunca existiriam! Só vocês não aceitam que NUNCA mais vão vê-los. - então sumiu, como se nunca tivesse estado lá.

—AMY? - perguntei sem receber resposta.

Então um grito cortou o ar, vindo de algum lugar da casa, tão rápido quanto veio ele sumiu, mas o suficiente para que reconhecesse a voz.

—Piper! - arfei, depois corri para cada vez mais dentro da casa.

Piper estava encolhida no canto do quarto, suas mão pressionavam os ouvidos, não parecia que sabia que estávamos lá.

— Piper! - Jason foi até ela, assim que ele a tocou ela voltou a gritar, se encolhendo mais, como seotoque de Jason causasse dor física nela - Piper, por favor, sou eu, Jason! - pediu.

— ME DEIXEM EM PAZ!

— Calma Piper, lembra de mim? Annabeth, sua amiga. - Falei me aproximando, pareceusurgir algum efeito, ela parou de gritar, tirando as mãos dos ouvidos e levantando um pouco sua cabeça, não conseguia ver sua face totalmente já que seus cabelos cobriam a maior parte, mas conseguia ver seus olhos, antes eles eram translúcidos, nunca tinha conseguido definir a cor dos seus olhos, vezes azuis, vezes verdes, mas agora ele estava totalmente diferente, estavam brancos, como olhos de cegos.

— Anna...beth? Amy... pare... por favor pare... eu sei que ele nãoestão aqui de verdade... não acredito mais nisso... eu sei que não. - disse voltando a fechar os olhos.

— Piper somos nós mesmo, Amy não está aqui, não somos ilusão! - Jason tentou convencê-la, mas parecia que as suas palavras eram as que menos faziam efeito em Piper.

— Amy não vai me enganar de novo, não pela quarta vez - sussurrou para si mesma.

— Piper você lembra... se lembra  das aulas de álgebra? - perguntei, todos olhavam para mim, fazendo perguntas não verbais - O professor tinha aquele sotaque estranho, ele sempre pegava no meu pé - sorri, quando seus olhos se fixaram em mim - teve um dia que Calipso jogou uma bolinha de papel no professor, mas ele não sabia que tinha sido ela e achou que eu tinha jogado, ele ia me expulsar da sala, mas você me defendeu, mesmo sendo a novata, você me defendeu, foi ai que ficamos amigas, se lembra? - Nos fitamos por alguns segundos, até que seus olhos brancos se voltaram para Jason, ela se levantou rapidamente, o abraçando fortemente.

Soltei um suspiro de contentamento, ilusões eram pura enganação da mente conseqüentemente não tinham memórias, já nós tínhamos milhões delas para provar que éramos reais.

— Você voltou mesmo! Jason! Me ajude! Temos que sair daqui antes que ela volte! - Falou desesperada, ela pegou a mão de Jason e começou a puxá-lo para fora do quarto, seu olhar desesperado passou para nós, implorando para que fizéssemos o que pedia.

— Calma, nós vamos sair daqui, mas temos que achar os outros. - disse tentando acalmá-la.

— O-outros? - a vi enrijeser - Que outros?

— Thalia, Leo, Frank e Hazel. Você não sabe onde eles estão? - perguntou Calipso.

— Eles... estão aqui?

— Você nunca os viu aqui? – perguntei, Piper apenas mexeu a cabeça, discordando - o que aconteceu com você nesses três meses?

— Três meses....se passaram três meses? - assenti, pedindo para que ela continuasse - Amy cria ilusões o tempo todo, ela me faz ver coisas horríveis, ela... Jason, ela faz ilusões de Jason, me faz crer que vou sair daqui, mas são armadilhas, eu... não quero brincar com ela... nunca quis, mas ela fez isso com os meus olhos, como punição, por ser uma má amiga. – disse apontando para os próprios olhos - eu vejo coisas, coisas abomináveis o tempo todo, como sombras sem formato, se mexendo... sempre se mexendo...

Jason abraçou Piper quando ela começou a chorar novamente, desviei o olhar para as portas, teria que achar um jeito de ajudar Piper depois, primeiro encontrar os outros e sair dali, o mais rápidopossível.

Havia duas portas— percebi com horror, exatamente iguais uma do lado da outra e eu não tinha a mínima idéia de qual era a saída certa.

Andei até elas colocando uma mão em cada porta, a mesma textura, como aquilo podia ser ilusão se era tão real?

— Meu deus! A porta! – exclamou Calipso.

Portas.

Instantaneamente um trecho da musica de Amy veio em minha mente

I tried to holdon, I swear.

But, thedoorwasthere.

Ready to watchwalkthrought it.

And I did.

— Como vamos sair daqui? – perguntou Percy, tirando-me dos meus pensamentos.

— E-eu acho que é essa – falei apontando para a porta da direta, ele veio até mim, antes que pudesse impedir, tentou abrir a porta, mas para minha surpresa ela não se abriu, nem tremeu, nada – Não! – tentei impedir que ele tentasse a outra porta, mas ela teve a mesma reação que a da direta, nem se mexeu.

Foi então que eu entendi

Ela estava me testando. Eu que tinha que abrir a porta.

— Percy, deixe me tentar. – pedi, ele deu alguns passos para atrás dando me passagem.

Estendi a mão devagar, quando puxei a porta, ela estremeceu e se abriu com um solavanco.

Não havia nada do outro lado da porta, nada, apenas uma barreira de escuridão, tão densa que era impossível de se ver alguma coisa.

Era a porta errada.

— FECHA A PORTA! ELES ESTÃO VINDO! FECHA! - me sobsaltei com o grito de Piper, apliquei força para fechar a porta , mas a mesma não se mexeu, tentei sair de perto da porta, mas meus pés estavam travados no chão -ANNABETH FECHA A PORTA AGORA!

— Não consigo, ela não fecha!

— Ah meu Deus, Annabeth sai dai agora, ele... ele está na sua frente - falou arfando, seus olhos pregados em algo a minha frente,demonstrando puro medo.

Olhei para frente, para a escuridão, mas não conseguia ver nada ali.

— Annabeth! - sussurrou Percy, ele estava com a mão esticada para tentar me alcançar, mas estava muito longe.

— Percy, eu te amo. - falei, se aquela coisa iria me matar ou fazer sei lá o que comigo,  queria que ele soubesse o quanto eu o amava, o quanto é importante para mim.

Como se esperasse que dissesse algo, a "coisa" se moveu, suas garras negras se esticaram cravando-se em meus braços, me puxando para dentro da escuridão, antes que a porta se fechasse escutei Percy gritando por mim.

A "coisa" continuava a me puxar, me debati tentando me soltar, mas foi uma tentativa inútil, as garras se apertavam cada vez mais fortes em mim.

— ME SOLTA! – gritei, para a minha surpresa, as garras se afrouxaram, me soltando.

Mas não havia nada onde me segurar.

Eu estava caindo!

Continua...