( Você não consegue ver? Você está me destruindo)

— Antes uma coisa - ela levantou o véu mostrando sua face, ela não tinha face, nem boca, nem nariz, nada. - O mal está aqui?

3 meses depois...

Eu pensei que tinha acabado, que ela tinha ido embora... mas quando você entra não te deixam sair.

3 meses se passaram desde a noite de Halloween, tínhamos voltado a escola,mas era horrível ninguém se lembrava deles.

Até a minha memória estava difusa, os detalhes se apagando, não me permetia esquecer, mas também de lembrar.

O alívio dos meus próprios pensamentos era Percy, ele me ajudava e eu o ajudava, até por que ele, mesmo não querendo demonstrar, estava tão abalado quanto eu.

Jason e Calipso também não estavam totalmente bem, eu e Calipso nos aproximamos muito nesse tempo, ela adorava me contar sobre seus momentos com Leo, mas sempre vinha o pesar depois de rirmos sobre as historias. Percy e Jason também se aproximaram bastante, mesmo sofrendo, estávamos tentando.

Mas Nico estava pior, bem pior, não o via a semanas, não conseguíamos falar mais com ele, não atendia o telefone, já tentamos ir em sua casa, mas ninguém atendia a porta.

Os pais dele tinham viajado, então ele estava sozinho em casa, ele não divia passar por isso sozinho, principalmente hoje.

Dia trinta e um de janeiro, hoje fazia exatamente três meses, não parece grande coisa, mas todo mês era assim o dia trinta e um parecia o pior dia, como se as lembranças quisessem voltar a tona;

Não conseguia passá-los sozinha e hoje é um desses dias.

Acordei de manhã soando frio, tinha tido um pesadelo, não lembrava qual, mas sabia que tinha sido bem ruim.

Me levantei e fui em direção ao banheiro, depois do banho estava pelo menos me sentindo um pouco melhor.

Desci as escadas e encontrei um bilhete da minha mãe dizendo que tinha saído e que voltaria apenas a noite.

Fechei os olhos assustada por estar sozinha, por que ela tinha saído exatamente hoje? Mas não podia culpa-la ela não sabia o que tinha acontecido, para ela e para todos os outros, Jason tinha chamado quatro amigos que tiveram alucinações, sem motivo ou causa, isso rendeu algumas horas em psicólogos.

Liguei para Percy pedindo para que ele viesse em casa, o que ele aceitou prontamente, quando chegou me abraçou, me senti segura em seus braços, como não me sentia em nenhum outro lugar.

— Percy, obrigada por estar aqui. – falei com a voz embargada.

— Sempre, Annie – senti suas mãos em meu rosto, fazendo-me olhar em seus olhos – agora, o que quer fazer?

— vamos dar uma volta – pedi,não quero ficar em casa.

Nós fomos andando sem rumo, mas logo estávamos em uma praça, o dia estava lindo, apesar de tudo, o sol brilhava no céu e as crianças brincavam. Nós nos sentamos num banco, conversamos por algum por um bom tempo, mesmo estando tensa e olhando todo o momento por cima do ombro, me diverti, mas enquanto falávamos sobre as férias de verão, começou a esfriar drasticamente em um minuto estava tudo normal e em outro os ventos balançavam as folhas das árvores tamanho a sua intensidade, tremi por causa do frio me encolhendo mais em Percy.

— Vamos para casa, Annie, está ficando frio – disse Percy estendendo a mão para mim, exitei por segundo, não queria ir para casa, me sentia estranha, como se algo tivesse prestes a acontecer, algo ruim, muito ruim.

Assim que chegamos em casa, a sensação aumentou, meu estômago afundou de medo, mas mesmo assim entrei em casa, sendo seguida por Percy.

—Nico? – falei surpresa, o garoto estava sentado no sofá, sua face manchada por lágrimas, seus olhos enlouquecidos com olheiras profundas, como se não dormisse por dias.

— E-eu preciso falar com vocês – disse direcionando seu olhar para mim – com todos vocês.

Liguei para Jason e Calipso quase instantaneamente, mesmo Nico parecendo estar precisando de ajuda, comer algo ou até mesmo ser levado ao hospital eu não discuti, tinha algo acontecendo com ele e eu sentia que isso também incluía a gente, tentamos falar com Nico mas o mesmo não respondeu nenhuma vez, então dez minutos depois eles apareceram na porta e como previsto ficaram tão surpresos e preocupados quanto eu e Percy com a aparição repentina de Nico.

— Nico o que aconteceu com você? – perguntou Jason tentando se aproximar do moreno, mas o mesmo o parou com um olhar – o que aconteceu com você?

— Vocês têm que me ajudar! – implorou Nico quase que em um fio de voz, ignorando totalmente a pergunta de Jason – Temos que voltar para lá!

— Nico fica calmo! – Pediu Percy – A gente não consegue te entender.

— Não me peça para ficar calmo hoje! Eu os estou vendo!

— Vendo quem? – Perguntei

—Eles, todos eles, eu os vejo na casa, eles ainda estão LÁ! – disse chorando – eu achava que eram alucinações, mas hoje fui até lá, eu ouvi a voz dela. Ela estava lá, mas preciso de todos vocês, é o único jeito de ajuda-los.

— Ela quem? – Falou Calipso, sentando-se ao lado de Nico –De  quem está falando?

— Amy!

Medo... foi a única coisa que senti ao escutar novamente aquele nome, o silencio tomou conta, a tensão era palpável, fechei os olhos, minha mente virava, meus ouvidos zuniam, me apoiei em Percy para conseguir ficar de pé.

“Eu quero brincar...” -  abri os olhos imediatamente, impedindo que a lembrança voltasse a tona.

— Como pode? – esbravejou Percy – Ela virá atrás de todos nós, você tem noção do perigo em que estamos por sua culpa?

— Você que não está entendo! – agora Nico já não chorava mais, a raiva transbordava em seus olhos negros, sua voz era mordaz – você não perdeu nada naquele dia, Annabeth ainda está do seu lado, viva! Enquanto todos nós perdemos alguém naquele maldito dia!

— Nico para agora – Gritei, o cortando – não ouse dizer que não perdemos ninguém! Eles eram nossos amigos! Minha melhor amiga morreu naquele dia! Todos nós sofremos naquele dia! TODOS nós! Mas eles morreram! Sei que é difícil aceitar, mas ir atrás de Amy não vai trazê-los de volta!

— Como pode saber que eles morreram mesmo? – perguntou Nico passando repetidamente as mãos pelos cabelos.

— Como eles poderiam estar vivos? Eles sumiram a muito tempo Nico. – disse Jason.

— A algumas semanas eu comecei a vê-los nas janelas da casa, mãos, reflexos que não deviam estar lá, já vi porta da frente ser movida, mas ela nunca se abre.

“Eu achava que era alucinação, que estava enlouquecendo, todas as vezes que eu ia ate lá, nunca tinha nada, não havia ninguém na casa, mas hoje, eu a vi, Amy, ela nunca tinha aparecido antes, ela só aparece no dia trinta e um de todo mês... Mas eu não posso entrar lá sozinho, ela me disse, precisamos estar todos juntos só assim vamos poder vê-los, e tem que ser hoje, cada mês que se passa ele ficam mais presos lá!”

— Temos que fazer alguma coisa! – Exclamou Calipso.

Olhei para Percy, entrelaçando nossas mãos, fazendo-o olhar para mim, vi medo em seus olhos esmeraldas, medo de perdemos um ao outro.

— Vamos voltar para aquela casa!

Continua...