O lobo escrita por darling violetta


Capítulo 5
Os olhos do lobo


Notas iniciais do capítulo

Voltei. Não tenho muito a dizer. só digo que estou adorando escrever o lobo.



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Elizabeth segurava a mão de Solomon e o puxava para a floresta. Estava escuro, e a lua nova não ajudava o casal. Estava ela em trajes de dormir, escondida sob a capa. Solomon batera em sua janela, e a chamara para fora. Ela tinha dezessete anos, e ele, dezenove. Seria aquela a última noite do rapaz na cidade, e o casal queria um tempo a sós para se despedir.

A moça tropeçou em um ramo e caiu. Quando Solomon foi ajudá-la, Elizabeth o puxou para o chão ao lado dela. Os dois riram, embriagados pela sensação de aventura. O momento de histeria terminou e os jovens se olharam.

─Eu te amo. ─Ela disse. ─Não quero que vá...

Segurou seu rosto.

─Não há com o que se preocupar, ficaremos juntos no fim. Também amo você, Elizabeth.

Trocaram um beijo terno. Elizabeth se deitou, soltando o laço da capa. Solomon deitou sobre ela. O peso dele quase a esmagaria, se o rapaz não se apoiasse nos cotovelos.

─Eu te amo. ─Repetiu. ─Fique comigo esta noite. Torne-se minha mulher...

─Sempre pertenci a você, Solomon. Seria esta uma mera formalidade...

─Isto significa sim?

Ela assentiu, feliz.

─Sim.                                             

Voltaram a se beijar. Solomon subiu-lhe o vestido, e se livrou das calças rapidamente. Logo se perdiam um no outro. Amaram-se, tendo apenas a mata como testemunha. Ninguém mais saberia o que acabaram de fazer.

Ele a beijou, sentindo a onda de euforia escapar de seu corpo. Deitou a seu lado e tratou de abraçar a mulher de sua vida.

─Pretendo ficar fora por dois ou três anos. Quando voltar, terei me formado e nos casaremos. Promete me esperar, Elizabeth?

Ela ergueu o rosto para encará-lo.

─Prometo esperá-lo. Mas lhe peço algo, Solomon. Por favor, volte por mim...

Trocaram novamente um beijo e continuaram abraçados. Quando Solomon acordou na manhã seguinte, se encontrava sozinho. Tratou de ir embora, com o novo destino que o aguardava e a promessa de Elizabeth de um dia se reencontrarem.

Naquela noite, depois de tantos anos, Solomon também estava só. Não tinha saída. Tudo parecia perdido. Seus homens não chegariam a tempo de salvá-lo. O lobo estava quase sobre ele. Seus olhos amarelos brilhavam. Saliva escorra de seus dentes afiados. Rosnados agressivos cortavam o ar ao redor.

Solomon lembrou-se do rifle e apontou. A mão no gatilho, prestes a atirar. O lobo parou em sua trilha. O homem, ainda com a arma em punho, também encarou o animal. Por um momento, predador e presa trocavam olhares. Nenhum deles desejava desviar. O lobo rosnou, mas não conseguia se mover.

Os outros homens enfim apareceram. Como se despertassem de um transe, Solomon fitou o lobo. Sua mão tremia, mas não conseguia atirar. A criatura deu alguns passos para a frente. A ponto de atacar, o tiro ecoou pela floresta. Solomon caiu, cobrindo a cabeça. O animal caiu a seu lado, já sem vida.

Enquanto alguns corajosos se aproximaram, outros olharam para trás, para descobrir de onde partiu o tiro. Nenhum deles atirou. Um segundo errado e atirariam no jovem Wolfram. Sebastian então surgiu por entre as árvores. O tiro partiu de seu rifle. Ele se aproximou com um sorriso satisfeito. Parou ao lado de Amadeu.

─Sua pontaria foi perfeita. ─Sussurrou. ─Por pouco, não atirou em seu irmão.

Sebastian encarou o homem com um olhar enigmático.

─Não gostaríamos disso, estou certo? ─Não obteve resposta. Voltou a andar. ─Estou certo...

A essa altura, Solomon já estava de pé, graças ao apoio dos homens. Um outro, alto, corpulento, passou entre eles carregando o lobo.

─Amanhã teremos o que comemorar. Sebastian livrou a vila da criatura. Embora ele seja menor do que eu esperava...

Não deram ouvido ao homem. Sebastian encarou o irmão.

─Espero que não tenha acertado em você. ─Suas palavras não condiziam com sua expressão.

─Para sua sorte, estou bem. No entanto, eu mesmo teria atirado. A criatura estava em minha mira.

Sebastian deu-lhe um tapa nas costas. Riu, abertamente.

─Tenho certeza que sim, Solomon.

Quando saíram da floresta, encontraram o resto do grupo. Estavam todos bem. Todos olhando o lobo abatido. Os homens riam e falavam em voz alta. Combinavam de ter uma festa na noite seguinte. Seria a última lua cheia do mês e pela primeira vez nenhum morador teria medo de sair de casa a noite. Queimariam a carcaça, sinalizando o fim dos tempos de terror do lobo.

Solomon parou, ainda encarando o animal. Seus olhos estavam abertos, e pareciam fitá-lo mesmo depois de sua morte. Foi a voz de Sebastian que o trouxe de volta.

─Vá em minha casa amanhã. Temos muito o que conversar...

Sem olhar o animal, ele simplesmente deu as costas e saiu. Sem palavras de agradecimento, sem discursos. Apenas se foi. O sorriso estranho persistia em ficar em seu rosto. Solomon esperou o homem desaparecer pela rua escura, mas também não queria ficar ali. Também deu as costas ao grupo e seguiu, porém, pelo caminho oposto. Os olhos do lobo seguiram-no pelo caminho.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso... será que a família Wolfram realmente se livrou da criatura? Seria assim tão fácil?
Próximo capítulo >> Aqueles que obedecem



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