O lobo escrita por darling violetta


Capítulo 4
Na Floresta


Notas iniciais do capítulo

Recebi um comentário!!! Tuts Tuts Tuts!!! Escritora muito feliz aqui!!! Tuts tuts tuts!!!



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O grupo de homens, dez no total, aos poucos foi se embrenhando na floresta. Tão fria quanto em qualquer noite de inverno. Tão assustadora quanto em qualquer noite de lua cheia. Solomon e Sebastian caminhavam lado a lado, guiando o grupo. Estavam quietos, prestando atenção em qualquer som. Havia uma trilha por onde as carruagens costumavam passar, e onde encontraram o corpo do condutor.

Sebastian tocou de leve o ombro do irmão, e indicou a ele o caminho a seguir. Seriam divididos em dois grupos, cada um deles seguindo caminho oposto. Solomon assentiu e seguiu para a direita. A tocha em sua mão iluminando o chão. Seus passos eram firmes, dobrando qualquer folha entre o solo e seus pés. Ainda podia ouvir o som de passos atrás de si, indicando que os outros o seguiam. Confiante, embrenhou-se mais.

Um dos homens aumentou o ritmo para chegar ao lado de Sebastian. As roupas em farrapos tinham manchas de terra seca. De todos, era o menos agasalhado. Parecia bem jovem, apesar da sujeira cobrir também seu rosto. Tinha um facão enferrujado na mão esquerda, sua única arma.

─Senhor... ─Começou, mesmo que tremendo. ─Tem certeza que é uma boa idéia nos separarmos?

─Cobriremos mais terreno, Baltazar. Agora volte para seu posto. É um de meus melhores homens e preciso de você na retaguarda.

Sem palavras, Baltazar assentiu. Ele parou de andar e esperou que os outros fossem em sua frente. Esperou ter uma boa distância de Lucian, um senhor de meia idade que se ofereceu para viver a última de suas aventuras. Com um suspiro, voltou a andar. Antes de dar três passos, ouviu um barulho nas arvores atrás de si. Pensou em chamar o grupo, mas estes já iam a uma boa distância. A claridade, aos poucos ia diminuindo.

Segurando firme o cabo do facão, deu meia-volta. De todas as alternativas que tinha, a melhor era encontrar o lobo. Frente a frente com a criatura, teria a melhor chance de ser alguém na vida. As poucas moedas que ganhava trabalhando para Sebastian mal dava para comer. Esperava, se fosse o salvador do vilarejo, uma vida repleta de todos os desejos de seu coração. Comida farta, roupas caras, casa quente.

Aproximando-se da direção de onde vinha o som, Baltazar se encontrava no meio da total escuridão. A pressão no facão era tanta que os nódulos de suas mãos ficavam arroxeados. Dizer que sentia medo era pouco. Agora, e no escuro, via o quanto foi tolo por querer a glória. E por isso, encontraria a morte.

Ouviu passos ao redor. Começou a tremer com seu fim tão perto. Os sons vinham de todas direções. Seria mais de uma criatura? Algo como baixos gemidos vieram ao redor. À medida que chegava perto, o som de lamurio dava lugar à repetição de seu nome. Baltazar, a criatura lhe chamava. Baltazar...

Baltazar deu um grito e começou a chorar. Ajoelhou-se, quando sentiu os passos atrás de si. Cobriu a cabeça com as mãos. O facão, ficou jogado a seu lado. Era seu fim.

De olhos fechados, sentiu quando uma gélida mão segurou seu ombro. Então veio o gargalhar dos homens ao redor. Descobrindo os olhos, percebeu o grupo de Solomon. Quem segurava seu ombro chamava-se Amadeu. Cabeça raspada, bigode espesso cor de fogo, olhos alegres, apesar da idade. Ajudou-o a ficar de pé.

─Tome cuidado por onde anda, filho. Este lugar é perigoso.

Ele assentiu. Sentia que suas calças estavam molhadas e olhou para baixo. Amadeu riu ainda mais forte.

─Sinto muito, não pensei que fosse assustá-lo tanto...

─Tudo bem. Mas me deve uma calça nova.

─Dar-lhe-ei um de meus trapos, filho. Agüente até amanhã...

Solomon gritou. O grupo já seguia adiante.

─Apressem-se. Não queremos que ninguém mais se perca.

Amadeu deu um tapinha nas costas de Baltazar e os dois seguiram.

*****

Elizabeth abriu parte da janela de seu quarto, olhando na direção da floresta. Mantinha uma oração silenciosa pelos irmãos. Um era o homem de sua vida, o outro, alguém com quem foi obrigada a se casar. Ela amava Solomon, e vê-lo novamente, depois de tantos anos, fez aflorar sentimentos que guardara no fundo de sua alma. Teria fugido com ele anos antes, e talvez o filho que carregava em seu ventre seria do homem que amava. Mas hoje, tudo que podia desejar era que ele estivesse bem. E voltasse vivo daquela caçada.

*****

Solomon parou um momento de andar para vislumbrar o céu noturno. As arvores cobriam a lua, mas ele imaginava o quanto ela estaria bela naquela noite. Era uma sensação estranha, mas sua pele formigava em noites como essa. Sentia como se algo quisesse escapar. Os homens também pararam. Estava há horas no meio de lugar nenhum, sem encontrar qualquer vestígio da fera.

Suas ordens eram voltar depois de quatro horas na mata, caso não obtivessem resposta. Se o grupo não se encontrasse em sua totalidade, deveriam voltar, e esperar os outros na estrada. Limpando o estranho suor em seu rosto, decidiu que deveriam voltar.

Sebastian talvez estivesse à sua espera, e riria de sua demora. Chamaria o irmão mais novo de inexperiente, um líder ruim. Bateria em suas costas e voltaria para os braços da esposa. Solomon preferia não pensar na última parte, embora. Baixou a vista do céu escuro. Ele sabia onde estava a lua. Apenas sabia. E olhou para os homens, agora com um a mais no grupo.

─Acho que está na hora de voltarmos.

─Mas... ─Instigou Baltazar. ─Não encontramos nada!...

Solomon encarou o rapaz.

─Você já se urinou o bastante por uma noite. Chega de emoções por agora.

Num misto de vergonha e espanto, o garoto apenas assentiu. Seus planos de matar a fera foram arruinados. Mas ao menos estava vivo. Amadeu guiava o grupo de volta.

─Me ajudem! ─O lamento angustiado cortou o céu. ─Me ajudem! Me ajudem!

Os gritos partiram do meio da floresta. Todos se puseram a correr na direção do som. Solomon chegou primeiro. Encontrava-se no meio de uma imensa clareira. E sozinho. De um lado, ficava a floresta. Do outro, um gigantesco penhasco. De onde estava, via perfeitamente a lua cheia brilhar no céu. Ele olhou para cima, e o brilho intenso parecia hipnotizá-lo. Não conseguia se mexer, apenas observar.

Rosnados partiram de trás de si. A lua cheia deixou de surtir efeito e ele pode se virar. O enorme lobo cinzento estava parado. Seus dentes afiados ficavam à mostra. Seus olhos amarelos faiscavam com a fome. Ele rosnou para Solomon. O homem tentou dar alguns passos de costas, no entanto seus pés ficaram presos entre as pedras. Ele caiu. A figura do lobo se erguia cada vez mais diante de si.


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Notas finais do capítulo

Solomon de frente com o lobo. O que acontece a seguir? O que acontece? A família Wolfram tem uma longa ligação com esse lobo. Ele persegue a linhagem dos herdeiros, e está atrás de solomon. A questão é: por quê? Só lendo para descobrir... Próximo capítulo >> os olhos do lobo.