O lobo escrita por darling violetta


Capítulo 6
Aqueles que obedecem


Notas iniciais do capítulo

A verdade é que eu sou muito boa em escrever histórias de terror e suspense. Tenho algumas boas idéias assustadoras, e pretendo transformá-las em roteiros de filme. Algum dia talvez eu dê bons sustos nas salas de cinema. Uma pena que não consigo escrever tão rápido quanto penso numa história... P.S:Ganhei outro comentário. Tuts tuts tuts!!! E esse é o maior capítulo até agora.



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A lua cheia surgiu na noite seguinte e, pela primeira vez em séculos, ninguém tinha medo. O centro estava em festa, repleto de pessoas alegres, cantando e dançando em volta da fogueira onde ardia o corpo da criatura. Sebastian era cumprimentado por todos, sendo visto como o salvador da vila. Todos os homens que se aventuraram na noite anterior tinham seu momento de glória.

O único que não exalava felicidade era Solomon. Ele estava encostado em uma casa. Usava a mesma capa negra, cobrindo as vestimentas da mesma cor. Sem seu chapéu, mantinha os cabelos presos sob um rabo de cavalo. Tinha a cabeça baixa, pensando em sua visita à casa de seu irmão.

Quando Sebastian saiu de sua vista, Elizabeth se aproximou. Foi sentar a seu lado no enorme sofá. Tocou a barriga, pesada em suas últimas semanas de gravidez. Solomon a encarou por um segundo, antes de fixar o olhar em algum ponto no chão.

─Como se sente, Elizabeth? Digo, com a gravidez...

─Ansiosa. ─Ela respondeu. ─Perdemos uma criança tempos atrás. E tenho medo que aconteça novamente.

─Tenho certeza que será muito feliz, Beth. ─Fez uma pausa. ─Me desculpe...

Ela riu e ficou de pé.

─É tão fácil para você, não é? Vir aqui depois de tanto tempo e fingir que nada aconteceu.

Solomon também se colocou de pé. Sebastian estava prestes a voltar para a companhia de sua família, ao perceber a voz alterada de sua mulher. Decidiu ouvir um pouco mais antes de interferir.

─Não foi fácil para mim. ─Disse Solomon. ─Mas depois de treze anos, pensei que as coisas teriam mudado...

Ele se aproximou e tocou o rosto da mulher.

─Porém nada mudou. Meu sentimento continua o mesmo por você. Eu ainda a amo...

Solomon queria beijá-la, no entanto Elizabeth se afastou dele. Com o dedo em riste, ela o fitou. Sua postura, seu ser, exala puro rancor.

─Jamais. ─Ela disse. ─Jamais tente me beijar novamente. Você não tem esse direito!

─Por que sente tanta raiva de mim? Foi você quem quebrou nossa promessa. Foi você quem não me esperou!

Por um segundo, ela ficou sem palavras. Solomon continuou.

─Eu voltei meses depois, para levá-la comigo. E o que descobri? Que estava casada com meu irmão. E esperando um filho dele! Você não merece meu amor.

Elizabeth ergueu a mão para ele, mas por fim se controlou.

─Demorei anos para poder me deitar com Sebastian sem me sentir suja. Demorei ainda mais para conseguir carregar sua criança sem chorar. Você não sabe nada que eu passei esses anos. Não venha agora jogar verdades em minha casa porque você não tem esse direito!

Era hora de interferir. Sebastian abriu a porta, fingindo que nada aconteceu. Encontrou elizabeth de pé, e Solomon, caminhando em direção a porta.

─Não quer almoçar em família?

Ele olhou para trás, para Elizabeth e balançou a cabeça.

─Não tenho família.

Então ele se foi.

Sebastian sorriu para os moradores e de relance, olhou para o irmão encostado num canto. O sorriso desapareceu no mesmo instante. Eles ainda sairiam no braço por causa de Elizabeth.

Já Baltazar estava muito feliz. Como prometido, Amadeu lhe dera uma calça, embora ficasse grande demais em seu corpo magro. Também lhe arranjara uma camisa nova. E agora, durante a comemoração, uma bela moça veio lhe falar. Em dias normais, as moças de família dariam as costas a ele e sairiam de sua vista. Hoje era um dia feliz.

─Fui uma peça fundamental na caçada. Sem mim, o senhor Wolfram não teria conseguido abater a criatura. Inclusive, Diana, ganhei estas roupas.

Diana sorriu e o puxou pela mão.

─Se é realmente um herói, merece algo mais que uma festa. Venha comigo.

Ela o guiou para a floresta.

─Onde vamos, Diana? A floresta é perigosa.

─Deixe de ser bobo, Baltazar. Nos livramos da criatura, certo? ─Ele assentiu. ─Então estaremos seguros.

─Não sei não. Ainda pode existir outros.

─Então você nos salvaria. ─Diana jogou Baltazar contra uma árvore. ─Agora sua recompensa.

Foi para beijá-lo, mas ele a impediu.

─A verdade é que eu tenho medo de ficar aqui. Não fui nenhum herói. Se quiser voltar, eu entendo.

A garota riu e o abraçou.                 

─Eu sei, mas sempre gostei de você. Agora me beije.

O rapaz obedeceu. Trocaram um beijo rápido. Seu primeiro beijo. O momento logo foi se aquecendo entre eles. Baltazar apertava a garota contra a árvore, enquanto sentia a ereção entre suas pernas se formar. Ela o afastou.

─Vá com calma. Não pretendo fugir de você...

Baltazar assentiu, mas começou a abrir as calças. Diana riu ainda mais.

─Se alguém souber o que fizemos, negarei.

─Como queira. Sou seu servo esta noite...

Voltaram a se beijar. Ela ergueu a saia o suficiente para Baltazar encontrar suas coxas. Ele a agarrou com força e a prendeu contra a árvore. Diana segurou seus ombros e gemeu quando o sentiu dentro de si. Baltazar começou a se mover contra ela, segurando-a contra seu corpo. Ele acelerou o ritmo, ansioso como estava em sua primeira vez. Gozou em menos de um minuto.

Permaneceram um tempo ligados, ainda abraçados e encostados na árvore. Baltazar a mantinha no lugar. Beijaram-se novamente e ele saiu de dentro dela.

─Podemos fazer de novo? ─Indagou.

─Sem dúvida. Apenas não seja tão rápido. Posso te ensinar coisas novas.

Diana riu. De repente, ouviram passos ao redor. Baltazar vestiu as calças apressado enquanto Diana ajeitou o vestido vermelho. Olharam ao redor, mas onde estavam havia pouca claridade. O barulho aumentou, como se chegasse mais perto.

─Quem está ai? ─Diana gritou.

Mais que depressa, Baltazar cobriu-lhe a boca.

─Não grite. ─Sussurrou. ─Não sabemos quem é.

Ela assentiu.

─Vamos, por favor.

─Espere um segundo. ─Disse Baltazar. ─Talvez eu deva verificar.

Deu alguns passos para frente. Apertou os olhos, tentando enxergar na escuridão ao longe. Balançou a cabeça e se voltou para Diana.

─Não era nada...

Como num passe de mágica, um grupo de cinco pessoas os rodearam. Todos vestiam capas negras, misturando-os à escuridão. E todos, sem exceção, usavam máscaras de lobo. Dois deles seguraram a moça, e passaram a arrastá-la. Baltazar tentou correr para ajudá-la, mas foi cercado pelos homens.

Sob os gritos de protesto de Diana, sua única opção naquele momento era fugir e pedir ajuda. Antes que se pusesse a correr, o golpe certeiro de uma espada fez sua cabeça rolar pelo chão. Diana gritou ainda mais. Ela pode apenas chorar, enquanto arrastavam-na floresta adentro.

*****

Aos poucos, quando a emoção da festa foi se dissipando, deram pela falta de Baltazar e Diana. Um grupo dispôs a procurá-los. Entre eles, estavam Amadeu e alguns dos homens que atuaram na última noite. Sebastian não participou porque ainda recebia os louros da glória, enquanto Solomon havia apenas se afastado.

Ninguém se preocupava, contudo. Pensavam que os adolescentes apenas fugiram para terem um pouco de romance. As buscas logo começaram, tendo Amadeu como líder. O bom homem estava realmente receoso, embora não soubesse o porquê. Esperava que os jovens estivessem bem.

Adentraram a mata com tochas iluminando seu caminho. Amadeu se distanciou do grupo, indo procurar mais a frente. Andou entre as árvores, observando ao redor. Focado na missão, tropeçou em uma pedra e caiu.

Prestes a amaldiçoar, ergueu a tocha para guiar sua visão e seus olhos aumentaram com o que viu. Não era uma pedra. E sim o corpo do pobre Baltazar. A cabeça fora separada do corpo, estando a metros de distância. Sem sinal da menina. Colocando-se rapidamente de pé, partiu para pedir ajuda. Pelo rapaz, nada poderia fazer. Mas ainda poderiam encontrar a garota.

*****

Os homens encapuzados arrastaram Diana para o coração da floresta. Um altar de pedra se erguia, com entalhes de lobos. O grupo segurou os braços e pernas da moça e a amarraram sob o altar. Os cinco homens rodearam-na e caíram de joelhos. Um sexto mascarado surgiu. Trazia consigo um punhal de prata, e um cálice antigo, também de prata e com entalhes de lobo. Sorriu ao ver a presa debatendo-se sobre a pedra.

─Temos uma peça valiosa esta noite. ─Disse. ─Minha querida Diana, não fique triste. Esta noite se tornará parte de nossa família. Com seu sangue, brindaremos uma nova era para o deus lobo.

Os esforços de Diana para se libertar eram em vão. As amarras eram fortes demais, e, mesmo que se soltasse, não poderia escapar daqueles homens. Ela chorou, implorando pela vida. Seus soluços e gritos foram abafados pelo grupo, que entoava um cântico numa língua estranha.

O sexto mascarado ergueu a lâmina sobre o peito de Diana. Ela seria um sacrifício em prol do bem maior. No entanto, seria aquela sua noite de glória. Com um movimento rápido, a lamina prateada atravessou o peito da pobre moça. Ele abaixou a taça, colhendo o sangue enquanto sua vida se esvaía.

Quando a taça se encheu, ele ergueu o objeto em direção ao céu. O cântico ainda era entoado pelos homens mascarados. Ele se virou para o grupo ainda de joelhos e sorriu. Passou a taça para o mascarado mais perto de si. Ele levou o cálice a boca. Todos seguiram o mesmo ritual.

─Muito bem, irmãos. Está muito próxima nossa ascensão. Surgirá um período obscuro em nossas vidas, mas estamos prontos. Foram séculos vivendo à sombra, mas agora temos um motivo para comemorar. É chegada nossa hora irmãos. Ele renasceu em mim, e viveremos para sempre. Esta é a era do Lobo...


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Notas finais do capítulo

Então, não existe apenas uma criatura, e sim toda uma seita. Só posso dizer que eles são muito perigosos. Este é apenas o sexto capítulo. E sim, eu tenho um lobisomem. Tem muito ainda por vir.
Próximo capítulo >>O deus lobo



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