O lobo escrita por darling violetta
Notas iniciais do capítulo
Terceiro capítulo. é isso...
Sebastian guiou o irmão para fora do tumulto. Era inútil ficarem ali em meio ao bando de ignorantes.
─Vejo que tem andado ocupado. ─Observou Solomon. ─Como as coisas estão?
─Quer dizer entre mim e Elizabeth? ─Solomon apenas assentiu. ─Pois estamos muito bem. Teremos um filho dentro de alguns meses. Estamos em êxtase.
─Pois lhe dou meus sinceros votos de felicidade.
Ele riu.
─Não acredito em você, irmãozinho. ─Tocou-lhe o ombro. ─Mas obrigado por dizer.
Caminharam os dois em silencio por alguns instantes. Sebastian guiou o irmão mais novo até sua casa. A mansão da família Wolfram destacava-se como a única residência do lugar que se mantinha em condições habitáveis. Sebastian guiou-o diretamente para sua biblioteca.
O salão era enorme. Prateleiras repletas de livros se erguiam até o topo. Sentaram-se de frente um para o outro, nas poltronas perto da lareira.
─Não entendo. ─Começou Solomon.
─Qual o motivo, meu irmão?
─O porquê de estar aqui. Papai odiava a mim.
Sebastian pôs-se de pé. Caminhou até sua mesa. Pegou um porta retrato, onde havia ele, o pai e Solomon.
─Talvez esteja errado, Solomon. Você sempre agiu como o filho pródigo, enquanto eu, eu era o obediente. E quem ganhou com isso?
─Você? ─Ele riu. ─Ficou com a casa, com a mulher, e com o respeito.
─E também com as responsabilidades da família. Lembra-se do que fugiu de nós há tanto tempo?
Assentiu.
─Sim. ─Também se colocou de pé. ─Não me diga que...
─Ele está de volta. Não sei porque apenas agora, mas está. Começou há cerca de algumas noites...
Sebastian então contou-lhe toda a história. Como encontraram o corpo de um condutor de carruagens, abandonado e sozinho. E outros se seguiram. Homens, mulheres, até mesmo crianças.
─Aqueles deixados à própria sorte depois do anoitecer, são encontrados sem vida no dia seguinte. Não tem sido fácil pra mim.
─Quando foi a primeira vítima?
─Logo após a morte de nosso pai. É como se a criatura apenas esperasse seu fim.
Ouviram alguém bater na porta e se viraram. Uma mulher de longos cabelos negros abriu a porta. Usava vestido azul escuro, largo na cintura o suficiente para evidenciar seu ventre crescido. Os olhos de Solomon ampliaram ao reconhecer a figura de Elizabeth. Ela havia envelhecido, mas ainda era a mesma. Ele a reconheceria em qualquer lugar.
─Desculpem atrapalhar, mas vim ver como estava.
Foi para os braços de Sebastian. O homem a envolveu, mas o olhar dela também parou na figura vestido de negro a sua frente.
─Solomon. ─Ela disse. ─Nunca pensei que realmente voltaria.
─Fiquei curioso com o testamento. Vejo que estão muito bem.
Solomon fez menção de sair, mas foi impedido.
─Temos um quarto para você. ─Disse.
─Tenho certeza que sim, mas o melhor é me hospedar em alguma pensão.
A risada de Sebastian então cortou o ar.
─O lugar é decadente. Nada, além de minha casa será adequado a nosso nível.
Mas Solomon apenas continuou seu caminho em direção à porta.
─Dormiria até na rua, se isto não atraísse os lobos. Não é necessário que me mostrem a saída.
Ele se foi. Marido e mulher se entreolharam. Elizabeth saiu dos braços do homem com quem era casada.
─Bem, foi melhor do que eu esperava. Vocês ainda não se mataram, nem estão feridos. Significa algo.
─E como você está?
Tocou a barriga.
─Enorme.
─Não era a que me referia.
A mulher riu.
─E o que quer que eu diga? Você me tem, não posso mudar o fato. Com licença.
Elizabeth também saiu da sala. Pensou em seguir Solomon, mas algo a impediu. Decidiu-se por voltar ao quarto onde dormia, e se trancar por lá.
*****
A noite caiu rapidamente. A lua cheia surgiu, encoberta pelas nuvens da noite de inverno. As luzes fora das casas estavam apagadas. A população se trancava em casa antes do escurecer. Todos, menos um pequeno grupo de homens corajosos. Sebastian era o líder. E aquele grupo era os poucos que se dispusera em sua caçada.
Esta era a responsabilidade que herdara do pai. Proteger a vila da criatura que há séculos rondava sua família. Nunca souberam como, ou porque, mas a maldição do lobo rondava os homens de sua família. Aqueles que não pereciam sob suas garras, ou enlouqueciam, ou se jogavam em uma batalha contra algo aparentemente indestrutível. E ali estava ele. Depois de treze anos, a criatura voltou. A pergunta era: porque apenas agora? Seria por sua causa? Ou por Solomon?
─Senhores, agradeço sua presença. ─Começou seu discurso sob a luz das tochas acesas. Ouviu passos e se virou ao som. Era Solomon. Com um meio sorriso, continuou. ─Muitos de vocês poderão não voltar para suas famílias, mas saibam que serão heróis. Todos vocês. É uma honra morrer ao lado de homens tão corajosos.
Com um aceno e alguns gritos, começaram a andar. Solomon se aproximou.
─Belo discurso motivacional. Será uma honra morrer a seu lado?
─Não sou bom em discursos. O que faz aqui?
─Vim ajudá-lo. Temos o mesmo sangue. A maldição também é minha. Além do mais, quem tem a perder é você. Sou um homem solitário, sem família. Deixe que me voluntarie.
Sebastian encarou o irmão por um longo minuto. Por fim, estendeu-lhe a mão.
─Iremos os dois, então. Seremos mais fortes unidos que separados.
Solomon retribuiu o cumprimento.
─Protegeremos um ao outro.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Quarto capítulo >> Na Floresta. o encontro entre Solomon e o lobo.