Cosmos escrita por Sapphire


Capítulo 23
Capítulo 20 - Após a tempestade vem a bonança


Notas iniciais do capítulo

Oia quem voltou... :D

Espero que gostem... pois tenho muito preguiça de escrever e nunca acho q ta bom.



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Chegaram em casa um pouco mais de uma hora. Quando o motorista estacionou em frente a maior mansão que existia em Surrey com uma fachada exuberante e imponente, Rick já dormia profundamente no colo da mãe ressonando alto. Aquelas férias haviam acabado com toda a energia que o pequeno dispunha de uma criança saudável daquela idade. Após uma viagem onde energia são gastas e incrível o corpo sente todo impacto da diversão.

A viagem toda Paola veio velando seu sono com suas mãos acariciando o rostinho do filho enquanto ambos eram abraçados pelo marido. Aquela cena ficaria eternizada na mente e no coração do casal. A loira queria congelar aquele momento para sempre. Mas infelizmente o tempo andava para frente e não para trás e no fundo sabia que seria passageiro.

Quando Paola percebeu que o som do carro foi desligado, onde estava amando ouvir músicas clássicas dos The Beatles, soltou um suspiro sabendo que não poderia mais segurar por muito tempo ali.

Richard saiu primeiro para ajudar a Paola que estava com o menino no colo e não conseguiria mover um musculo.

— Eu o levo para o quarto. – Ele estendeu os braços oferecendo ajuda.

— Me leva também. – Disse com a voz saindo como uma gatinha manhosa. – Minhas pernas estão dormentes com ele em cima de mim.

Richard torceu os lábios dando um leve sorriso pelo pedido. Com uma enorme destreza e sutileza ele pegou a esposa no colo com o filho deles juntos de uma vez só. O menino ainda dormia sem sinal de ter percebido algo em volta. Paola não pensou que ele levasse a sério o pedido ou que conseguisse tal proeza. Soltou um gritinho pela surpresa assim que seus pés ergueram do chão.

— Que marido forte eu tenho. – Sorriu lhe dando um selinho em seguida. Os olhos brilhavam diante do homem que a carregava com puro orgulho.

— Vocês nem pesam. – Respondeu gentilmente focando a frente para não tropeçar com eles.

Um enorme chafariz com grama verdejante dava um ar vivo e alegre logo na entrada, assim como todo o hectare era ocupado por arbustos e arvores.

A fachada da mansão Listing no condado de Surrey era uma bela e imponente construção da era vitoriana. Foi uma grande raridade Richard conseguir encontrar um estilo de casa como aquela quase próximo no coração (Londres) da Inglaterra. Onde a fachada ele conseguiu modernizar trazendo um ar mais americano sem deixar se perder a história do próprio país.

O lugar tinha uma quadra de tênis, de futebol e basquete. Assim como uma grande piscina com pedras e grutas que ele fez questão de construir para aparentar algo mais natural como uma lagoa. A mansão possuía mais de dez quartos e oito suítes. Duas cozinhas, um porão que fora construído unicamente com o propósito de ser parque temático exclusivo para pai e filho se divertirem com jogos e um cinema em casa. Até mesmo uma academia própria onde personal trainer se dirigia a mansão dos Listing unicamente para atender a loira.

— Eu vou me achar assim. – Disse admirando o belo rosto quase colado ao seu. Os olhos avelã encontraram os azuis vívidos na qual possuía uma mancha castanho no olho esquerdo tornando os donos daquele olhar especial.

— Pode se achar. – Respondeu prontamente.

Antes que ele fizesse qualquer movimento, Helga abriu a porta principal da casa dando passagem para Richard entrar com os dois. Em um pique para não perder o ritmo, ele subiu as escadas em um fôlego só, direto no quarto do filho. O quarto colorido em tons azuis e vermelhos era o mais vibrante da mansão, e claro, era o que parecia que sempre havia passado um furacão.

Sabendo da volta da criança naquele dia, o lugar fora limpo e organizado para dar as boas-vindas ao dono.

Paola saiu dos braços masculinos enquanto Richard puxava a colcha de cama dando passagem aos dois para que a esposa o deitasse. Com delicadeza e cuidado ambos os pais orgulhosos o puseram para dormir. Richard tirou-lhe os tênis e Paola lhe cobriu.

— Durma bem filhote. – O moreno o beijou na testa.

 - Espera só um momento – Richard correu até a prateleira e tirou um dinossauro verde de pelúcia e colocou na cama nos braços do filho. – Ele ama dormir com esse brinquedo.

A loira ficou alguns segundos admirando a cria que fez até se aproximar dele e o beija-lo na bochecha o marcando ainda mais de batom. Uma expressão que há muito tempo não repousava naquele rosto angelical apareceu repentinamente. Um olhar cheio de amor.

Um estalar de dedos fizera acordar do seu transe. Era seu marido a sua frente e lhe tocando o braço.

— Depois deita comigo – Ela pediu suavizando sua feição ainda mais e com um sorriso espontâneo. – Quero uma massagem, fiquei toda torta no carro para não me mexer e acordar ele.

— Eu faço – Respondeu erguendo ela no colo levando eles para o quarto e apoiando as pernas da esposa em volta de sua cintura. A cena era bem erótica para quem olhasse de fora.

— Com a mão bem pesada. – Pediu mexendo o pescoço para o lado como se quisesse tirar a tensão dos ombros.

— Você está tão exausta assim? – Ele franziu o cenho. Richard não queria ouvir uma resposta positiva, pois estava planejando outras coisas.

— Não, mas massagem é sempre bem-vinda. – Respondeu vendo-o se aproximar subindo na cama prendendo ela em baixo dele. Ela podia sentir o cheiro bom do seu perfume amadeirado. -  Sabe, as vezes quando falar que eu estou com dor de cabeça, você pode tentar com uma massagem. – Sorriu. Seu coração batia rapidamente com aquela aproximação.

— Mesmo? – Perguntou com a voz rouca com os lábios próximo aos dela. – Será que não vai me expulsar?

— Te expulsar já é quase certo, tentar não piora, mas pode melhorar, talvez não te expulse. Vai depender da dor que estarei sentindo.

Richard riu com muita vontade, arrancando um sorriso da sua mulher que ficava encantada toda vez que ele sorria, aquilo deixava suas pernas bambas.

— Já volto para fazer sua massagem – Avisou lhe dando um selinho saindo da cama indo em direção do banheiro.

Paola aproveitou a deixa para ir até seu closet e tirar a roupa trocando-a por uma camisola branca curtíssima que deixava a mostra a sua calcinha de renda. Ela voltou a se deitar na cama ficando em posição de sereia o esperando. Assim que o moreno surgiu pela porta somente como uma box branca o ar ficou preso, fazendo-a esquecer de respirar.

— Olá senhor, Listing! – Cumprimentou ainda na posição sereia com a mão sobre o ventre. – Estou ansiosa para sua massagem. – Ela mordia os lábios com os olhos brilhando de luxuria.

Um sorriso travesso ao mesmo tempo sexy apareceu na face masculina assim como uma ereção ameaçava aparecer, os olhos dele percorreram os seios volumosos assim como o bumbum a mostra onde a calcinha não escondia nada.

— Pois não Senhora Listing. Deite-se e se quiser fique à vontade.

De bruços ela se deitou sobre a enorme cama fazendo a camisola levantar mais, deixando a mostra a renda da calcinha finíssima em sua totalidade e o bumbum redondo, levando Richard a loucura. Estava nítido como ele estava se sentindo, pois, o volume em sua box não mentia.

Com um pensamento maléfico a loira não pensou duas vezes em se livrar da peça de dormir ficando só com a roupa intima de baixo. Relaxando totalmente agora fechou os olhos para a massagem que recebia.

— Meu marido acredita que tenho um caso fora do casamento, quase que ele te descobre em meu, massagista bonitão. – Com a voz divertida, ela virou o rosto na direção dele e piscou o olho. Tal atitude foi devolvida com um sorriso forçado. Richard ficara claramente desconfortável pela brincadeira e ele mesmo não sabia dizer nem o porquê. – Gosto da sua massagem, Richard.

— Ah gosta? E se eu fizer assim? – Pegando o óleo corporal jogando nas costas dela passando a mão para espalhar o liquido.

O corpo de Paola arrepiou quando o liquido entrou em contato com a pele. Seus olhos se fechando com tamanho prazer ao ser tocada e com as massagens tirando a tensão de seus ombros que surgiu pelo medo da rejeição do filho no aeroporto.

— Eu amo quando faz isso.

Com um sorriso carinhoso ele inclinou mordendo o lóbulo da orelha dela levemente gostando daquele contato e momento.

— Eu gostei do que fez hoje. Foi importante para o Rick. – Ele pausou a massagem para lhe dar um beijo no ombro – E importante para mim também.

— O que? – Sorriu com o gesto do marido – Qual parte?

— Dizer que o ama. Eu nunca te ouvi falar isso para ele.

A pequena presença feminina fechou os olhos e contou até dez para criar coragem e dizer aquilo que estava entalado na garganta, mas que era totalmente sincero.

— Não gosto de ficar falando, mas não quer dizer que não sinta esse sentimento pelo meu filho. – Confessou ainda de olhos fechados, com medo de que de alguma maneira o marido os visse.

— Mas para ele é importante que você diga! Ele não vai saber se não disser ou se não demonstrar. – Ele aproximou os rostos dando um beijo doce no rosto dela.

— Já fiz isso hoje. Pode ser que as vezes eu vá fazer, mas não sempre. – Ela mordeu o lábio inferior receosa. – Achei que ele ia querer fugir hoje quando falei.

— E porque ele fugiria? – Ergueu a sobrancelha curioso.

— Eu não sei, mas ele quase fez isso. – Ela abriu os olhos olhando para o nada.

A verdade que Paola sabia muito bem porque ficou com medo. A última vez que havia se declarado para um rapaz ele lhe virou as costas, assim como seus pais. Arriscar uma terceira e não ser correspondida pela pessoa que mais amava no mundo seria doloroso demais.

— Ele não fugiu e nem ia fazer, amor. Eu disse que ele estava magoado. E quem fugiu foi você. – Richard voltou a massagem apertando-lhe os ombros.

—Eu achei que ele ia. Fui ao banheiro pensar e depois eu ia voltar de taxi, mas então escutei ele no microfone e adorei o que ouvi em seguida.  – Sorriu com a lembrança recente.

— Richard é maravilhoso. A cada dia eu descubro algo novo dele, é uma caixinha de surpresa. Ele é muito amoroso e inteligente. – Ele falava com uma voz orgulhosa de pai.

— Estava com saudade do meu pimpolho.

— Eu também, a casa fica tão vazia sem ele. – Suas mãos desceram para o meio das costas em seguida ouvindo um gemido de prazer

— Realmente. Muitíssimo. – As palavras passaram nada além de um sussurro com desejo.

— Ele gostou tanto de ir a fazenda que de natal irei dar a ele uma aqui! O que você acha?

— Eu prefiro, pois é perto. “E não tem a Esther” – Pensou.

— Mas se ele quiser ir com meus tios, também não acho isso ruim. Lá tem os meninos da idade dele.

As mãos hábeis desceram a lombar muito próximo a calcinha de renda. A excitação de Richard estava começando a ficar mais do que evidente em sua box, e a pegada mais bruta ao massagear a Paola.

— Querida, você está muito cansada hoje? – A pergunta tinha conotação sexual e não passou despercebido pela loira.

— Porque? – Questionou com um sorriso malicioso e discreto que ele mesmo não veria. Se ele não pedisse ela solicitaria com certeza.

— Porque hoje eu quero ficar com você. – A resposta fora direta. – E você sabe o que quero dizer com o ficar.

— Eu também quero. – Ela girou o corpo deitando para cima ficando de frente. Os seios rosados estavam rijos e totalmente a mostra agora.

— Vendo você assim, estou ficando excitado. – A língua passeou pelos lábios finos e bem desenhados, Richard queria abocanhar os seios perfeitos.

— Não precisa de cerimonias comigo – A mão feminina deslizou por dentro da box e com a outra puxou a mão do marido para cima do seu seio. – Pois eu já estou excitada desde que começou a massagem.

(...)

Ao meio dia, tudo estava no mais completo silencio a mansão. Paola ainda dormia profundamente. Os cabelos loiros repousando sobre os travesseiros de linho e abraçada aos lençóis brancos com o corpo nu. Entrando no quarto com uma bandeja, Richard deixou a sobre a cama ao lado da esposa e parou para admira-la um pouquinho mais antes de acorda-la. Estava tão linda e ao mesmo tempo incrivelmente sensual. Mas o que mais lhe deixou feliz foi o rosto sereno que o lhe deixou mais maravilhado. Quase sempre ela parecia preocupada e irritada e vê-la serena e despreocupada o arremetia a 1989 quando se conheceram.

O quarto estava uma bagunça. Richard olhou em volta e riu satisfeito ao ver que fizeram amor por toda extensão ali. Na cama, no chão, poltrona e até no closet quando levantou para por uma calça do pijama e no fim acabaram por decidir ficarem nus. O sexo funcionava muito bem para os dois, mas nunca entendeu porque eles viviam brigando mais do que fazendo amor.

— Boa tarde dorminhoca. – Sussurrou próximo ao rosto feminino depositando leves selinhos.

— Hummmm – Respondeu com um sorriso manhoso ronronando igual um gato.

— Dormiu bem? – Suas mãos passaram por toda extensão das costas da esposa acariciando-a.

— Sim. Muitíssimo bem. – Abriu os olhos sentando na cama com custo para proteger o corpo com o lençol vendo a bandeja.

— Você e o Rick dormem que é uma beleza. Nesse aspecto vocês são iguaizinhos. Mas hoje ele bateu seu recorde. – Disse rindo lhe dando um beijo decente de “bom dia”.

— Ainda está dormindo? – Perguntou espantada, pois Rick era uma criança matinal e sempre era um dos primeiros a acordar em casa e sempre que podia invadia o quarto deles pedindo atenção cedo. – Ele está cansando da viagem.

— Claro. Lá a minha tia disse que ele quase não dormia. – Se ajeitou ao lado dela servindo os dois com suco de laranja.

— Então deixa ele dormir porque ele precisa. Agora vem cá, me conta quem fez esse café com aparência deliciosa – Espreguiçou se ajeitando também encostando ombro a ombro.

— Adivinha só? – Ele passou o braço em torno dos ombros da esposa trazendo mais perto ainda ganhando um beijo no peito dela.

— A empregada? – Chutou fazendo uma careta engraçada imaginando.

— Acertou! – Sorriu com os olhinhos fechados com cara de menino levado e o sorriso forçado.

— Ah eu preferia a sua comida. – Ela fez um bico afastando a bandeja.

— Eu estou brincando com você. – Riu beijando o nariz empinado da esposa ganhando um tapa de leve dela.

— Como conseguiu acertar no huevos rancheiros? – Questionou dando uma mordida quase com os olhos revirando pelo sabor explodindo na sua boca. – Mi madre.... Estão perfeitos, Richard! Como? Não sabia que tinha a receita.

— Desde quando nos casamos eu aprendi. Ou seja, há anos. Desde que me disse que são seus favoritos.

— E são, tem um gostinho mexicano onde já não existe aqui.

— Por isso eu fiz.

Ele pegou um pouco no garfo aproximando da boca dela. Paola não se fez de rogada após abocanhar uma grande quantia do garfo.

— Mais um pouco? – Ofereceu a ela que tomou a mão dele junto as dela e levou o dedo indicador aos lábios chupando lentamente levando o moreno a loucura e umedecendo os lábios com a língua, uma feição clara de quem ficou hipnotizado pelo gesto. Aquilo fez sentir tesão.

— Estou começando a ficar com fome. – Confessou ficando excitado novamente pensando na boca da mulher em seu membro.

— Quer comidinha amor? Que tipo de comida? – Ela olhou para a bandeja buscando mais comida se fingindo de desentendida.

— Nada do que tem aí poderia me satisfazer no momento. – Sua voz baixa e a feição mudou para libidinoso.

— No que o senhor está pensando então? – Com a voz rouca e sensual, ela inclinou o corpo para frente fitando seus olhos azuis. Deixando o lençol cair deixando os seios a mostra.

A visão levou Richard ao seu limite máximo fazendo-o tomar uma atitude. Ele levantou deixando a bandeja no mesa da varanda do quarto e voltando  com um volume monstruoso na box.

Paola apertou os lábios como se visse uma comida deliciosa a sua frente prestes a provar. Os olhos cintilaram de desejo. A figura masculina a sua frente era o próprio pecado em pessoa e nunca conseguiria imaginar como ele podia ser tão lindo.

— Meu Anaconda-Man! Quero ver o que tem para me mostrar. – Ela o chamou com o dedo provocando.

— É só ficar quietinha para ver o show e prometo não decepcionar. – Ele se jogou por cima dela perdendo na cama tomando os lábios de forma agressiva.

Richard conseguia ser a calma e o furacão. O carinho e a paixão avassaladora ao mesmo tempo. Ele sabia dosar bem as duas personalidades que moravam dentro dele.

— Tem certeza que quer que eu fique quietinha? – Disse arrancando o lençol de cima da sua cintura deixando agora a visão toda do seu corpo curvilíneo como veio ao mundo.

Sem mais delongas os dois corpos se fundiram deixando os problemas que os afligiam morrerem mesmo que por poucas horas. Tudo estava em perfeita sincronia se fundindo em um só corpo e uma só alma. Naquele fim de semana tudo era permitido.

 (...)

No meio da tarde, com o relógio apontando três horas, Rick ressonava em sua cama em um sono pesado sem a noção de que seus pais assistiam o seu descanso tão sereno. Richard estava sentado na cama vigilante ao sono do seu pequeno abraçado ao dinossauro. Enquanto Paola aproveitava aquele pequeno momento raro em pé perto da janela para admirar a única coisa mais importante da sua vida seus olhos percorriam cada traço do seu filho das mãos até o fio de cabelos.

 - Como dorme. Nisso ele puxou a mãe. – Sentado, ele girou o corpo em direção a esposa até para encara-la com um sorriso brincalhão.

Ela retribuiu o gesto e caminhou até eles parando ao lado do marido pousando a mão sobre o ombro dele.

— Deixa ele descansar, quando quiser acordar e se sentir bem ele vai. Acredite eu sei. – Disse colando seu rosto próximo ao do menino.

— Ah é, sabe. A senhora Listing é expert em hibernar, tal mãe tal filho. Minha bela adormecida – Disse puxando ela para sentar no colo dele lhe dando um beijo.

— Richard. – Chamou com os braços em volta do pescoço dele. – Estou com fome de verdade agora. Mas acho que o nosso café que ficou na bandeja do quarto a essa altura deve estar frio.

— Então podemos pedir para Helga trazer um outro? – Sugeriu lhe enchendo de selinhos.

— Podemos. – Concordou levantando – Vem querido, deixa o Rick descansar, ele estava precisando.

Ambos saíram abraçadinhos com o moreno encoxando-a levando os dois para o quarto onde poderiam chamar a empregada por uma campainha.

— Este final de semana está sendo um dos mais gostosos que já senti – A loira declarou recebendo um beijo no pescoço fazendo-a se arrepiar.

— Você pode ter esse dia todos os dias da sua vida, é só querer. Porem hoje não ficaremos nessa preguiça, vamos ao cinema. – Avisou entrando com ela no quarto.

— Hum, cinema mais tarde, mas está tão bom essa preguiça e a cama está tão deliciosa. – Falou com a voz lenta. – Quero tomar café no seu colo.

— Meu bichinho preguiça. – Richard riu trazendo ela para seu colo sentando na poltrona do quarto. – Hoje está toda dengosa e eu tenho que tirar o máximo de proveito possível.

— Sabe que eu não me importo. Até quero que tire proveito de mim. – Ela levantou sentando em seu colo de frente com a camisola subindo deixando a mostra as coxas firmes puxando as duas mãos masculinas e colocando em seu bumbum – Aproveite-se.

Uma gargalhada preencheu o quarto e um sorriso espontâneo apareceu nos lábios carnudos femininos.

— Vou me aproveitar muitas vezes sim senhora Listing, mas antes vou te alimentar porque se não nem mesmo a senhora vai ter forças para brincar.

— Então vamos comer – Respondeu entre risos apertando a campainha para avisar aos empregados.

 

 (...)

Já era fim de tarde, e o sol estava se preparando para se pôr. A casa estava silenciosa e o único quarto infantil da casa dormia a única criança dali. Era um ambiente aconchegante e alegre.

Rick abriu os olhos muito lentamente e os esfregou com as mãos, sentou na cama devagar e espreguiçou-se bocejando. Paola que passava em frente avistou seu filho acordado e abriu mais a porta entrando no quarto. Seu rosto estava natural, sem as maquiagens pesadas que usava no cotidiano. Vestia o roupão de cetim de tom vermelho pois a última camisola havia ido pelos ares após o café da manhã.

— Boa tarde, campeão. – Com um sorriso ela se dirigiu até o filho.

— Bom dia mamãe. – Com uma carinha manhosa ele voltou a deitar na cama com preguiça olhando para o teto.

— Já está de tarde, lindo. – Ela sentou-se na cama ao lado dele passando a mão sobre a barriga do filho fazendo carinho. – Dormiu bem?

Ele olhou para o lado da janela e viu a claridade por trás das cortinas e arregalou os olhos igualmente quando a mãe os fazia.

—Já? – Voltou a sentar rapidamente de supetão. – Porque não me acordaram?

— Para que você descansasse, hijo. – Ela o segurou pelos ombros para ele se acalmar – Precisava repor suas energias.

A respiração até então acelerada voltou a acalmar-se, e Paola pôde acariciar o rosto do filho entre suas mãos. Ela penteou seus cabelos com os dedos puxando para o lado. Rick aconchegou-se mais perto dela a abraçando. O silencio pendurou apenas por mais dois minutinhos até a criança ficar agitada novamente.

— Mas o cinema. – Levantou da cama correndo para o banheiro. – Eu esqueci do cinema que nós vamos.

— Calma, cariño. Nós ainda vamos, está cedo. Dá tempo para uma próxima sessão.

— Mas está tarde, mamãe.

— Vamos conseguir pegar a próxima. Você vai ver. – Paola levantou parando em frente a porta do banheiro do filho.

Rick colocou o rosto para fora surpreso. O cabelo totalmente para cima, fazendo Paola segurar o riso. Era muita inocência em uma só criança, e aquilo era adorável na visão materna.

— Você vai? – Parou diante dela olhando para cima.

Rick era uma criança alta para a idade, mas ainda assim sua mãe media 1,75 cm de altura, mesmo para ele, ela era gigante.

— Vou! – Afagou a cabeça do filho, arrumando suas madeixas.

— Você gosta de filme? – Perguntou curioso com os olhos duvidosos de que a mãe gostasse de ir ao cinema. Nunca haviam ido os três juntos ao cinema ou qualquer lugar de lazer como família.

— Gosto. – Sorriu para ele.

— Desde quando? – Ele cruzou os braços.

— Às vezes eu vou no cinema sozinha, meu príncipe. Não sou fã de filmes infantis, mas posso assistir hoje com você. Não será sempre.

— Então se você gosta de filmes, porque nunca saiu pra ir com o papai?

— Não sei, mi ángele. Nós quase não saímos muito.

— Porque você não gosta do meu pai. – os braços se desprenderam deixando caídos como e estivesse cansado inclinando as costas.

— É claro que eu gosto do seu pai, Richard! – Com um olhar surpreso ela abaixou na altura dele. – De onde tirou isso?

— Você nunca tá com ele como quando eu saio e vejo os papais e as mamães juntos com os filhos. – Ele olhou para o lado não querendo olhar para a mãe e talvez encontrar olhos insensíveis como sempre encontrava. – Meus amigos saem com os pais.

— Hoje vamos sair juntos. – Justificou, mas sabendo que seu filho estava certo.

— Mas eu quero que a gente saia sempre, não só hoje! – Fez uma carranca.

— Eu prometo fazer um esforço e sair mais vezes com vocês dois. Tudo bem? – Ela colocou as mãos nos ombros do menino lhe passando a confiança.

— Mãe, você não gosta de ficar comigo e com o papai.

As palavras sinceras chocaram Paola, Rick não questionava aquilo e sim afirmava com uma grande segurança e embora fosse apenas um menino o fato de ser uma criança sozinha por ser filho único e solitário e carente de amor por parte da mãe o deixaram mais observador. Paola segurou no queixo do menino fazendo olhava nos olhos.

— Hey, olha para mim. Eu gosto, filho. Mesmo se um dia eu falar que não eu quero que saiba que eu gosto. Do fundo do meu coração. Mas não sou uma pessoa de demonstrar meus sentimentos.

— Jura? – Ele olhou de soslaio meio duvidoso e em seguida lhe deu um abraço espontâneo que foi retribuído na mesma altura.

— Vai tomar banho e tomar café depois. Você não comeu nada desde que chegamos e duvido muito que tenha comido no avião. – Ele endireitou o corpo ficando ereta novamente.

— Chama o papai para me dar banho? – Disse já correndo em direção a banheira, mas tendo dificuldade em abri-la. – Só vou deixar pronto enquanto o papai não vem.

— Seu pai saiu para comprar nossos ingressos, amor. Mas você pode ir e eu fico te olhando.

— Você vai o que? – Arregalou os olhos igual a mãe. – Não, você é menina, não pode me ver pelado.

— O que tem, Rick? Eu já vi você pelado quando era menor como também troquei a sua fralda e não tem nada demais porque eu sou a sou mãe. – Ela cruzou os braços encostando no batente da porta.

— Não tô acostumado com você. Eu quero meu pai. Ou a minha babá. – Ele parou em frente ao box virado de frente para ela convicto de não tirar a roupa ali na sua frente.

—  A sua babá está de folga, você vai ter de esperar seu pai para ele te dar banho.

Rick se arrastou para a cama e se jogou nela olhando para o teto dando um longo suspiro. Paola o seguiu com o olhar.

— Porque tem vergonha da mamãe? – Aproximou-se lhe dando um beijo na testa – Sou sua mãe.

— Quem me dá banho é sempre o papai ou a minha babá. – Ele continuou olhando para o teto.

— Mas sou sua mãe, também posso filho.

— Só que você nunca deu e é estranho. Eu não gosto. Eu prefiro o papai. – Disse emburrado virando-se de costas para ela ainda deitado.

— Tudo bem amor. Vamos tomar café filho. Aí quando o seu pai chegar você pede para ele. – Ela deu um tapinha no bumbum dele de leve levantando e o aguardando na porta.

— Vou esperar o papai. – Ele correu até a janela sentando próximo ao puff olhando para a entrada da casa.

— Mas vem tomar café, ele não vai chegar agora meu amor.

— Faz mal comer para tomar banho e o papai vai dar banho em mim, eu quero esperar ele. - Sentadinho no puff na janela ele abraçou as pernas apoiando a cabeça no joelho olhando para a direção do portão. – Vou esperar ele para tomar comigo.

— Seu pai já tomou café, filho.

— E ELE NÃO ME ESPEROU? – Bateu forte no parapeito da janela indignado.

— Você estava dormindo tão profundo, meu príncipe. A gente não ia te acordar.

— E você mamãe? Já tomou?

— Eu já, mas posso lhe fazer companhia.

Os olhos grandes e azuis brilharam. Paola sempre chegava e m casa tarde ou dormia por horas e Rick sempre acordava muito cedo para ir à escola. Os dois nunca tomavam café juntos a mesa pois havia dissincronia com os horários pois Rick sempre levantava primeiro.

— Mamãe, sabe aquela comida que você come em todo café da manhã no fim de semana?

— Sei. O que tem?

— Eu quero provar.

— Vamos lá e eu te dou um pouco para provar.

Desceram juntos de mãos dados sentando na sala de jantar com algumas variedades somente em um lado da cadeira, um café feito somente para a única criança da mansão Listing aproveitar. Rick com as duas mãozinhas segurou o copo de leite bebericando somente enquanto olhava para sua mãe com seus olhinhos curiosos de quem está prestes a realizar uma pergunta. A mulher mais velha perceberia esse pequeno detalhe se passasse mais tempo com seu filho e notar que ele precisava sempre de estimulo para conversar e estava sempre curioso.

— Eu pensei um dia desses e você podia me ajudar no espanhol. – Olhou para a mãe esperando uma resposta, mas tudo o que recebeu foi um olhar surpreso e orgulhoso ao mesmo tempo.

— Eu... E... Eu adoraria, hijo.

— De verdade? – Um sorriso banguelo alargou diante dela com um bigode de leite.

— Si mi cariño. Me gustaria mucho ensinarte.

— Eu entendi o que você falou, papai me ensinou algumas coisas em espanhol, mas eu só compreendo de verdade alemão.

— Serio? – Levantou sentando do lado dele limpando o bigode branco. – Bom, seu pai fala cinco idiomas fluentemente, ele é muito dotado e bastante inteligente, tenho certeza que você será igual a ele nesse quesito.

Aquelas belas palavras não poderiam causar outro efeito se não de pura alegria e entusiasmo ao pequeno Rick. Ele sorriu de forma que fizeram o coração duro da loira derreter.

— Você parece seu pai sorrindo desse jeito.

— Pareço? – Os olhos azuis resplandeceram. – Eu quero ser idêntico ao papai quando eu crescer.

— Você já é filho. Nem precisa desejar. – Ela passou os braços em torno do corpo dele afagando com as mãos seus cabelos e beijando.

— E eu te acho linda e única, mamãe! Eu não queria ninguém igual a você.

— Oh meu amor. – Ela o apertou ainda mais contra o peito dela.

Alguns bons minutos uma das empregadas deixou uma bandeja de huevos rancheiros sem pimenta com Paola havia solicitado. Os olhos de Rick percorreram para o prato.

— Finalmente eu vou provar. – Enchendo a colher Rick levou a boca o prato tão diferente e tão curioso. – Que gostoso. – Falou de boca cheia. Foi você que fez mamãe?

— A mamãe não cozinha. Isso é tarefa de empregado. – Ela torceu as feições só de imaginar ir para uma cozinha.

— Porque não? Tenta mamãe. – Ele elevou mais um pouco de Huevos. – Papai cozinha bem.

— Eu não gosto e não sairia boa. Prefiro só o seu pai cozinhando. “Embora eu acho isso o fundo do poço meu marido fazer papel de empregado.” – Pensou para não dizer aquilo na frente do seu filho.

—  Você nem tentou. O papai fala que sempre devemos tentar as coisas, mesmo que não saia do jeito que gostamos, mas que um dia nós acertamos. Eu só queria que você fizesse bolo de chocolate pra mim. – Ele olhou pra baixo limpando a boca com as costas das mãos.

— Não é o dom da mamãe. – Ele segurou a mão dele entre as delas acariciando.

— Só uma vez, por mim. – Ainda de cabeça baixa mexia na toalha da mesa. – A tia Esther fazia bastante bolo para mim.

A menção daquele nome fizera o sangue da Paola subir. Odiava ser comparada a outra pessoa e a outra ser melhor do que ela. Pior ainda que fosse a tia detestável do marido que para ela mais parecia uma sogra jararaca. Porem aquelas palavras foram a faísca essencial para mudar de ideia.

— Tudo bem. Você venceu, mas se sair ruim você que insistiu e não vale reclamar.

Aquela atitude fizera Rick mudar rapidamente o semblante tristonho.

— EU prometo que não vou rir do seu bolo e nem reclamar.

— Vou cobrar essa promessa.

— Eu te amo. – Declarou abraçando ela beijando várias vezes a bochecha da mãe.

 (...)

Centro de Londres – Cinema

Noite de sábado e as ruas no coração da Inglaterra estava movimentado. Todo ano era a mesma coisa, a cidade cheia de turista e Londrinos querendo aproveitar o final de semana para descansar da rotina de trabalho em pubs, cinemas e restaurantes.

— Pai, eu vou querer pipoca com manteiga quentinha. – Rick se pronunciou olhando para cima.

Os três Listings acabavam de entrar no cinema após apresentar os ingressos na porta. Rick segurava as mãos dos pais se encontrando bem no meio deles. Era a primeira vez que eles saiam juntos para um passeio família sem brigas e sem cobranças.

— Nós vamos comprar, filho. Corre lá na frente e pede como você quer. – Disse apontando para o balcão a frente com uma pequena fila.

— Qual é o filme? – Paola ajeitou a bolsa no ombro olhando na direção que o filho correu.

— Quer ver o Batman. Achei legal, porque eu também quero.

Rick agachou na bancada onde vendiam pipoca e bebida pois algo lhe roubou a atenção.

— Papai, olha – Apontou alguns bonecos de promoção. – Quero um.

— Qual que você vai querer?

— Eu quero o Batman, o Robin – Disse pensando um pouco e apontando em seguida para uma personagem feminina. – E a Hera Venenosa para a mamãe.

— Para mim? -  Aquilo pegou Paola de surpresa.  – Mas porque, filho?

— Ela é vilã, mas é muito bonita. Tem cabelos vermelhos. Você podia ter cabelos ruivos. E aí também você pode brincar comigo.

— Gostei dessa ideia de ruiva. Interessante – Richard sorriu malicioso e dirigiu olhar com segundas intenções que não foi percebido pelo Rick. – Muito sexy – Sussurrou no ouvido dela a deixando desconcertada na frente do filho.

Ela sentiu as pernas bambearem e borboletas flutuarem na barriga. Apenas fingiu não ouvir e sorrir para o filho. Richard a abraçou pela cintura trazendo para perto de si.

— Em casa falamos sobre isso depois. – Avisou ao pé da orelha.

Os três Listing compraram as pipocas e bebidas, foram para a sala e sentaram nas poltronas vermelhas aguardando o filme começar. Rick sentou no meio dos pais comendo a pipoca que estava na mão do seu pai e tomando o refrigerante que a mãe segurava. O menor Listing estava radiante com aquele passeio em família sem brigas.

— Cuidado, filho. Sem pressa para não engasgar com o milho da pipoca. – Paola o advertiu.

— Papai, sabe o que a mamãe me prometeu? – Ele não esperou a resposta do pai e respondeu em seguida – Que vai fazer um bolo de chocolate só pra mim, hoje.

— Eu disse que vou tentar! – Relembrou séria. Não lembrava da promessa que havia feito e se arrepiava só com a possibilidade de realmente cumprir.

— Eu vou querer ver isso – Os olhos azuis encontraram os olhos avelãs que não pareciam nada felizes, ao contrario do moreno que estava diversão pura. Ele cruzou os braços acima do peito e riu baixo levando a irritação da mulher. A loira já ia retrucar quando o filho os interrompeu.

—  Mãe, o que vai me dar de natal?

— Meu Deus, Richard. – Exclamou colocando os dedos nas têmporas. – Já está pensando em natal? Você não para um minuto.

— Gosto de me planejar. – Sorriu orgulhoso imitando o pai que sempre está no escritório trabalhando. Richard animou-se orgulhoso.

— Planejar o que? Você é só um menino de sete anos.

— Planejar o que vou ganhar para poder me organizar o que devo levar na viagem de ano novo. – Explicou na maior inocência comendo mais um pouco de pipoca.

— Ele é bem sistemático igual você. – Falou Paola mirando o Richard – Tal pai tal filho.

— O papai Noel já vai trazer boa parte dos meus presentes. – O menino ignorou o comentário da mãe. – Eu quero um cachorrinho.

— Cachorro? – Paola que tomava seu suco engasgou-se – Porque um cachorro?

—Ué, porque eu gosto e na casa da tia Eve tinha um bem grandão. Como era o nome papai? – Ele girou a cabeça olhando para o mais velho.

— Acho que era um são Bernardo. – O moreno coçou o queixo pensativo

— Pode ser pelúcia? – Paola tossiu tentando se recuperar do choque.

A verdade que a loira odiava qualquer tipo de animal. Tinha nojo pela sujeira e raiva pela destruição que causavam.

— Assim não tem graça mamãe. Tem que ser de verdade. Porque você não quer?

— Eu não gosto de cães.

— Eu adorei a ideia, Rick. – Richard bagunçou os cabelos do menino.

— Ah não, Richard. Tudo menos cachorro. Quando nos casamos eu deixei isso bem claro. – Agora seu tom mudara para agressivo e a expressão estava taciturna.

— Deixa mamãe. Por favor – Rick juntou as mãozinhas engorduradas da manteiga da pipoca suplicando.

— É mãe, deixa – Richard sorriu para a esposa.

Tudo o que seu marido fazia era admirável, mas odiava quando ele levava na esportiva algo que ela não apreciava nenhum pouco o seu bom humor.

— Um pulguento? Não, obrigada.              

— Eu vou dar banho nele todo dia, ele nem vai ter pulga, mamãe. Deixaaaaaa. – Implorou com um biquinho adorável sendo imitado pelo pai. Os dois pareciam gêmeos separado por idade. Era o reflexo um do outro. A loira teve que fechar os olhos para evitar de agarra-los ali mesmo e encher de beijos porque não era do feitio dela.

Já não poderia negar aquele pedido tão inocente.

— Ele não vai poder entrar dentro de casa e nem passar perto de mim, se eu vir um pelo na minha roupa eu vou dar o cachorro.  – Olhou bem seria para os dois apontando para eles. – E caso encerrado.

Rick deu um pulo da poltrona que estava sentado e agarrou a mãe se jogando nos braços dela e por um triz não derrubou a bebida nela.

— Chega, Richard! Sossega filho, você está no cinema.

— Obrigado. Eu prometo cuidar dele. – Obedeceu a mais velha sentado comportadinho do começo ao fim do filme.

(...)

Os três Listing encontravam-se na cozinha principal da mansão. E o trio estavam com um avental de cada cor, Richard com o de cor amarela, Paola com um de cor vermelho e Rick ficou com o de azul depois de recusar a usar o avental que o pai queria lhe dar com a desculpa que a cor amarela parecia cor de vomito. Aquilo arrancou uma boa e sonora risada do pai e uma careta de repugnância da mãe por tamanha imaginação. Helga, a governanta, via tudo com um ar de divertimento por ver a patroa pisar na cozinha para preparar um bolo. A mulher mal ia naquele lugar da casa para pegar um copo de água. E agora via a senhora esnobe “estragar” o penteado por um gorro de chefe de cozinha.

— Como faz esse bolo? – Paola questionou de frente para os dois do outro lado da ilha.

Rick estava em pé em cima de um banco de madeira para poder ter uma visão melhor e poder ajudar os pais.

— Tem que seguir a receita, mamãe. – Puxou um livro que estava em cima do balcão virando de frente para ela apontando uma bela ilustração do bolo.

— Precisamos pegar as vasilhas e separar os ingredientes já nas medidas certas. Pode pegar querida? – Richard comunicou enquanto examinava a receita.

— Alerta de campo desconhecido. É sua área Richard e não minha. – Riu brincando.

— Agora mesmo apresento ela a você – Deslizou até uma porta alta do armário – Aqui ficam os refratários de vidro. E nesta outra porta ficam as tigelas de vidro só que menores. Como pode ver que aqui em cima está a batedeira a vista de todos. E as espátulas penduradas e se precisar de uma colher aqui nesta gaveta. – E foi apontando e mostrando onde cada coisa ficava. – Deve conhecer a senhora geladeira também, ou não?

Paola revirou os olhos e voltou para as mãos do filho que babava na foto do bolo de chocolate. Os olhos ficaram igual duas bolas de gude.

— Eu não sei fazer isso. – Confessou gemendo.

— Mas não tem complicação amor, é só ler e seguir. Temos opôs de medida.

— Não vou fazer isso. – Respondeu irritada olhando as unhas.

— Você prometeu, mamãe e promessa é promessa! – Avisou com uma carranca e um bico de raiva.

— Eu sei, mas não dá pra fazer isso, é complicado. -  Falou fechando o livro. – Não sei o que é banho maria.

— É pôr o chocolate em uma vasilha de vidro dentro de uma panela com água no fogo pra ele derreter com a quentura.

— Não, muito difícil.

— Mas mãe – Rick resmungou pulando do banquinho indo até ela com um enorme bico - Você disse que ia tentar.

— Mas isso vai ser um desastre, hijo.

— Mas me prometeu. Não ligo se não sair bom, mas você me disse que iria tentar fazer.

— Não, Richard, esquece isso. A cozinheira faz pra você muito melhor do que se eu fizesse

Seu olhar atravessou o coração da loira com puro desapontamento deixando a mãe em uma saia justa.

— Não me olha assim filho. – Franziu o cenho – Eu não sei fazer nem metade dessa receita eu nunca entrei em uma cozinha para cozinhar.

— Ah é? Você tinha me dito que fazia algumas coisas. Você se virava. – Richard se virou para olha-la com ar de divertimento de quem pega em uma mentira.

— Claro que me virava. – Revirou os olhos – Um miojo é só deixar cozinhando em água quente e pôr o tempero. E além do mais nos Estados Unidos eles tem muita opção de comida pronta. Isso não é cozinhar. Até o Rick faria isso.

— Ah mãe. Eu queria que você fizesse.

— Vão me ajudar? – Amarrou firme o avental e colocando as mãos na cintura olhando os dois.

— AJUDO! – Rick deu um salto do banco.

— Então pega todas as coisas para mim vocês dois porque estão mais familiarizados.

— É pra já. – Saiu igual imitando o papa-léguas pela agilidade que o desenho tinha e pegou tudo para ela.

— Quem te ensinou a cozinhar? – Paola questionou apoiando as mãos no balcão esperando o filho trazer tudo.

— A tia Esther faz muito bolo. – Richard respondeu e Paola revirou os olhos. – Porque fez essa cara?

— Mal gosto.

— Mal gosto? Tia Esther cozinha bem... Você já experimentou a culinária dela e adorou! – Richard levantou a sobrancelha não gostando nada daquele comentário maldoso da esposa.

— Sua tia me odeia, e também não morro de amores por ela. E depois do final de semana que passou eu gosto menos.

— Foi um mal-entendido, querida.

Sem esperar ou ligar para a discussão dos pais, o pequeno Listing subiu na cadeira Já com tudo organizado ali na frente dele e pronto para por a mão na massa.

— Isso Richard, seja estupido e acredite nisso... Estava era doida para fazer isso comigo. Ela mostrou as garras porque você está comigo e não com ela mais, é uma mulher desprezível que fica com ciúmes do que eu tenho.

Com um giro rápido Richard a encostou no balcão de costas ficando de frente pra ela dando um selinho – Você sabe que sou seu e não precisa ficar zangada assim – Diz olhando a sua loira brava – E minha tia nunca foi do tipo ciumenta.

Enquanto o casal ficaram distraído no seu próprio mundinho um toquinho de gente ia preparando ele mesmo o bolo lendo minuciosamente a receita quebrando os ovos deixando pedaços de cascas na vasilha.

— Ela me odeia, querido. Ela sempre quer me culpar. Queria me culpar pelo o assalto como se a culpa fosse minha. Hey... – Paola olhou para o lado – Você não vai esperar a mamãe?

—  Você fica conversando sobre nada com o papai e não se mexe. Eu já tô fazendo.

O moreno soltou uma grande e sonora gargalhada.

Após um olhar de censura para o marido ela voltou a prestar atenção no “dote culinário” do filho e percebeu que a massa de bolo parecia uma massa de pão.

— Ó, MASSINHA. – Com a mão grudenta de ovo e trigo ele fazia movimento de minhoca.

— Isso está certo, amor? -  Paola Juntou as sobrancelhas estranhando.

— Claro que não. Um bolo não se faz assim, a não ser que vocês queiram comer pão. E eu sou especialista nisso. Nós alemães temos mais de duzentos tipos de pães. – Disse com certo orgulho. – Bom eu vou fazer um bolo e vocês dois farão o outro.

— DOIS BOLOS? – Segurando a barriga de olhos esbugalhados e brilhando, Rick passou a língua pelos lábios com água na boca. A ideia lhe parecia deliciosa.

— Acho que alguém gostou – Paola sorriu.

— Amou você quis dizer – Corrigiu a esposa.

— Muitíssimo.  – Rick concordou.

A cozinha era toda funcional. Armários embutidos na parede, uma grande ilha no meio com cadeiras. Uma mesa próxima a janela com seis lugares que direcionava ao jardim dos fundos com enormes janelas o que trazia toda uma luminosidade ao ambiente. Os moveis eram todos em madeira de mogno e mármore brasileiro. Era um lugar muito bonito e confortável para cozinhar e assar um tempo com a família.

Quarenta e cinco minutos depois Rick pulava ansioso de um lado para o outro da cozinha esperando seu pai retirar a forma dentro do forno. Ele corria em volta da ilha perguntando:

— Posso ver se o bolo já tá pronto? Quero ver se meu bolo e da mamãe ficou bom.

— Devagar, tá filho? – Richard abriu o forno retirando a forma colocando em cima do fogão embutido.

Rick aproximou com um palitinho como foi ensinado pelo pai.

— Nossa, está enorme. – Disse empolgado aproximando com a mão perto do bolo e furando como o pai ensinou e no mesmo instante o bolo murchou. Ficando totalmente perplexo e boquiaberto seu olhar direcionou ao pai. – O bolo murchou.

— Foi o nosso? – Paola aproximou espiando por trás do ombro do marido chegando a cozinha após um banho.

— FOI! E a gente fez direitinho! – Bateu o pé zangado e cruzou os braços carrancudo.

— Porque aconteceu isso, Richard? – Ela o olhou.

— Ah, pode ser por várias razões. A massa muito mole e não teve consistência suficiente para se manter a temperatura do forno ou porque abrimos na hora errada. – Explicou retirando a luva de proteção da mão jogando em cima da pia.

— Ou seja, fizemos tudo errado! É isso? – Perguntou sem realmente se preocupar enquanto ajeitava a pulseira.

— Amor, é normal acontecer isso para cozinheiros de primeira viagem.  Está ótimo, o que importa que tenha ficado gostoso.

— Mas eu não gostei, papai. Eu queria meu bolo beeem grandão.

— Que graça tem comer algo murcho? – Ela sentou-se em uma cadeira alta da ilha e colocou as mãos sobre o balcão.

— A gente complementa com o outro que eu fiz e faz um recheio entre os dois bolos. – Sorriu olhando para o filho e a esposa.

— Assim eu quero, papai.

— Acabei de tomar banho. Não vou me sujar de novo. – Avisou levantando de imediato encarando os dois.

— Então para que a gente fez a cobertura, mamãe? Vamos usar.

— Para cobrir e não rechear. Não me sujarei de novo, Richard Alejandro! – Seu tom subiu autoritária.

— Você quer fazer o bolo e não faz o recheio? É um bolo completo não pela metade e você me prometeu fazer. – Ele abraçou com a cabeça na barriga da mãe olhando para ela.

— Mas acabei de tomar banho filho.

— Mas nem suja. É só por o avental de novo.

— Mesmo de avental não fez efeito há uma hora. – Disse quase choramingando. – Você e seu pai são duas crianças.

Richard ouvia a conversa dos dois de costas segurando a vontade de rir. Virando a cabeça por cima do ombro ele espiou os dois e sabia que ela iria acabar cedendo. Jogando os braços para cima revirando os olhos, Paola aceitou mais uma vez se passar por cozinheira e tentar montar o bolo junto com os dois.

A semana da família Listing parecia como dias de tempestades em que no começo os furacões assustam, mas depois a calmaria chega fazendo acreditar que momentos atrás aquele tempo nunca existiu. Mas as catástrofes são nítidas após a tormenta e o rastro de desordem que ela deixa sempre vem em grande escala.


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