Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 7
Paradoxo


Notas iniciais do capítulo

Deixei a imaginação livre durante a escrita desse capítulo. Rs' Façam o mesmo enquanto leem e divirtam-se! :)



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Com tantas ideias surgindo em sua mente genial, Tony desfrutou de um dia produtivo de trabalho. Estava tão ligado no que fazia que nem percebeu o passar das horas.

—“Jarvis, agora que já temos informações vitais para a Expo Stark 2010, por favor, organize-as para mim em um documento conciso. Me avise quando terminar.”, ordenou ele.

—“Claro, senhor.”, respondeu Jarvis.

Usando a tela holográfica, Tony finalmente começou a analisar sua próxima armadura, a Mark IV. Basicamente, era um modelo muitíssimo parecido com o anterior, porém com aparência simplificada e um novo sistema de placas de blindagem. Ela substituiria a Mark III, que fora danificada em seu último combate – quando Obadiah Stane, o Monge de ferro, enlouqueceu, forçando Tony a explodir o reator arc da sede de Los Angeles. E assim como sua antecessora, a Mark IV utilizaria o reator de fusão a frio com o núcleo de paládio, o que proporcionava maior aproveitamento dos recursos da armadura devido a estabilidade na produção de energia.

Pepper adentrou a mansão, procurando por Tony na sala de estar. Ao ver que não estava ali, desceu até a oficina. Deparou-se com ele encarando o projeto da armadura de modo tão concentrado que o mesmo nem percebeu quando ela digitou sua senha de acesso no teclado holográfico da porta de entrada, desligou o som e parou bem ao seu lado.

—“Então é isso que você quer compartilhar comigo, Tony?”, perguntou ela, o tirando de seus pensamentos.

Tony rapidamente se virou de frente para ela, com um semblante assustado.

 -“Como você entrou aqui? Quer dizer... Quando você chegou?”, disse ele, demonstrando que havia se assustado com a sua súbita aparição.

Pepper riu discretamente com aquela cena.

—“Vejo que trabalhou bastante essa tarde, não é?”

—“Digamos que sim.”, respondeu ele. “Não na armadura, mas no projeto para as indústrias.”

—“Está falando sério?”, perguntou Pepper, surpresa.

—“Sim, inclusive Jarvis está terminando de preparar o planejamento. Assim que eu o imprimir, lhe mostrarei. Enquanto isso, o que acha de irmos lá para cima?”

—“Tudo bem... Podemos ir.”, disse ela.

Os dois subiram as escadas em silêncio. Pepper sentou-se no sofá, tirando seus sapatos. Tony foi até a cozinha e de lá trouxe um balde com gelo e uma garrafa de champanhe. Pepper achou aquilo esquisito e então questionou:

—“Champanhe?”

Tony franziu o cenho.

—“Ué? Vamos falar de trabalho. Beber algo mais leve vai nos ajudar a manter o foco.”, disse ele.

Parecia bobagem, mas Pepper não acreditava muito no que estava vendo. De repente, Tony estava realmente interessado em falar da empresa. Mas ao invés de ficar duvidando de suas intenções, ela apenas balançou a cabeça, concordando com ele.

Tony lhe entregou uma taça e sentou-se com ela. Pepper ainda vestia seu cardigã, por isso o tirou para não parecer muito formal. Vestia uma simples blusa de alças finas, o que deixava seus ombros alvos a mostra. Tony a fitava desconcertado; ela, por sua vez, nem pensou que isso poderia chamar a atenção dele.

—“Bem...”, disse ele. “Como foi o dia no escritório?”

—“Normal. Apenas uma pilha de papéis para verificar e alguns compromissos para agendar.”, respondeu ela.

—“Não muito diferente do meu.”, comentou Tony.

—“Como assim?”

—“Eu estava lendo alguns projetos do meu pai. Na verdade, estava pesquisando...”

Pepper ficou curiosa.

—“Pesquisando...?”, perguntou ela, gesticulando a mão livre para o incentivar a continuar falando.

—“É, sobre a Expo Stark de 1974. Acho que é hora de realizarmos outra feira.”, revelou Tony, sem rodeios.

Pepper o olhou com uma feição confusa, talvez se perguntando se ele estava pensando direito. Seria essa a sua ideia? Fazer uma feira? Como isso ajudaria a empresa, que estava passando por um momento delicado?

—“Não me olhe assim, Pepper. Estou falando muito sério.”, disse ele.

—“Eu sei que está e isso me preocupa.”, respondeu ela, dando um gole rápido em seu champanhe.

Tony riu.

—“Você deve estar tentando entender como isso vai ajudar a reformular nossas atividades... Mas eu já fiz isso e, acredite, vai ser melhor assim.”

—“Eu quero entender: como, especificamente, a feira vai ser boa para os negócios?”, perguntou Pepper.

—“Não pense tanto em números, srta. Potts.”, disse ele. “Pense em como isso vai ajudar o mundo. Todos sabem que a humanidade necessita de novos meios de cultivar alimentos, manejar a água e outros recursos e gerar energia limpa e de baixo custo. Nós podemos fazer a diferença em tudo isso.”, explicou ele, com certa empolgação. “Pela primeira vez na minha vida, planejo fazer algo realmente útil.”

—“Então, você está dizendo que a feira vai fazer tudo isso?”

—“Sim. Não a feira em si, obviamente. Meu pai usava a Expo Stark para reunir as mentes mais brilhantes do mundo para a busca de soluções. Cada país mandava seus representantes com suas pesquisas e no fim, obtinham diversas propostas para melhorar o que era preciso.”

—“Que interessante! Podíamos conseguir muitas coisas com isso. Incluir a nova geração nessa tarefa seria muito produtivo.”, sugeriu ela.

—“Imagine quantos jovens, ainda no colégio ou nos primeiros degraus das universidades, poderiam colaborar com suas ideias. Seria maravilhoso! Compreende onde quero chegar?”, disse Tony.

—“Claro, realmente é um bom caminho a seguir.”

Os dois estavam empolgados com o assunto em questão. A cada minuto de conversa, trocavam muitas ideias sobre a feira e também de como isso mudaria a empresa como um todo. Definitivamente, deixariam para trás o passado envolvendo armas de guerra; agora se focariam em construir um mundo melhor.

No jantar, apenas pediram uma pizza e continuaram a conversar. Para quebrar o clima silencioso que os envolvia na mansão, Tony ligou o som, deixando que uma música animada repercutisse pelo ambiente. Vez por outra, ele a encarava, inconscientemente. Ela retribuía por alguns segundos, mas quando notava o que estava acontecendo, abaixava a cabeça timidamente. Uma música lenta e convidativa começara a tocar. Foi a deixa para que ele se levantasse e a cortejasse para uma dança. Pepper ficou relutante. Porém, quando viu já estava de pé, segurando uma das mãos de Tony enquanto a outra tocava em seu ombro. Ele segurou levemente em sua cintura, conduzindo a dança. Os dois hesitavam a olhar nos olhos um do outro. E falavam sobre qualquer coisa, tentando deixar o momento menos embaraçoso.

—“Lembra daquela vez em que dançamos no baile beneficente?”, perguntou ele.

—“Não consigo esquecer como me deixou plantada lá.”

—“Ainda não conseguiu superar isso, Pep?”, perguntou Tony. “O que preciso fazer para que você me perdoe?”

—“Uma extensa lista de coisas. Começando por comparecer a seus compromissos essa semana.”, respondeu ela.

—“É moleza.”, afirmou ele.

—“Promete?”

—“Promessa é dívida, srta. Potts. E você sabe mais do que ninguém que pago todas as minhas em dia.”, disse ele.

—“E eu sou muito boa em cobrar.”, disse ela, arqueando a sobrancelha, em tom de ironia.

Com um sorriso maroto nos lábios, Tony firmou sua mão, a puxando mais para perto. Pepper podia sentir o perfume inebriante que emanava dele e que por tantas vezes havia lhe invadido as narinas, trazendo um misto de desejo e calmaria. Fechando seus olhos, ela deitou sua cabeça sobre o ombro esquerdo dele. Tony também fechou os olhos, enquanto sentia o aroma adocicado proveniente dos longos cabelos ruivos dela, o que lhe trazia uma sensação de plenitude, por estar tão perto de sua amada. Ambos permaneceram em silêncio por alguns minutos.

Como que despertando de um sonho, eles rapidamente se entreolharam. Podiam ouvir seus batimentos acelerados e um arrepio percorrendo seus corpos, agora tão próximos. Fitando os lábios de Tony, Pepper sentiu seu rosto ruborescer. Ele ficou apenas a observando, como que esperando pelo próximo passo. Por infelicidade, como na vez passada, o acanhamento impediu-os de selar o tão desejado beijo. A música chegou a fim, assim como o momento dos dois.

Voltando para o sofá, Pepper sugeriu:

—“Acho que podemos beber algo mais forte.”

—“Eu concordo.”, respondeu Tony.

Ele preparou duas doses de uísque e também voltou ao sofá. A dança e todo o afeto que compartilharam minutos atrás logo viraram lembrança, pois retornaram ao assunto da feira. Nem se deram conta de que já passava de onze horas e ainda estavam falando sobre aquilo, bebericando o uísque.

Enquanto Tony falava, Pepper acabou caindo no sono, ali mesmo no sofá. Ele não quis acordá-la, julgando seu cansaço depois de um dia cheio na empresa. Assim, calmamente a colocou em seus braços e a levou até seu próprio quarto. Abriu a porta com cuidado e, entrando sorrateiramente, a colocou sobre sua cama. Pegou suas cobertas e a envolveu com elas, se certificando que estava bem agasalhada. Por um instante, parou e ficou a contemplá-la daquele modo. Seu rosto sereno e delicado. Antes de sair, beijou-lhe a testa e apagou a luz do abajur.

Tony fora para o quarto ao lado. Pelo menos para tentar dormir. Ele virava de um lado para o outro, inquieto por ela estar em seu quarto, deitada sobre sua cama. Isso lhe despertava um sinal de alerta – talvez tivesse medo de que algo pudesse feri-la. Que tentassem! Ele estava ali para guardá-la, protegê-la com todas as suas forças.

Além disso, ficou refletindo na noite que tivera com Pepper e tudo que tinha acontecido com eles nos últimos tempos. Os dois se arriscavam em se equilibrar sobre a linha tênue que existia entre eles. Sabiam, de fato, separar o lado profissional e o pessoal; só não estavam certos por quanto tempo. A cada dia se sentiam mais atraídos um pelo outro, implorando para dizerem o que sentiam. Mas algo impedia que o amor se concretizasse.

Tony olhou para o relógio e viu que mais uma vez estava numa madrugada solitária.

Isso era suficiente para lhe tirar o sono.

Na realidade, era um verdadeiro paradoxo.

Eles estavam ali, tão perto. Ao mesmo tempo, ainda tão longe.


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Notas finais do capítulo

Esses dois... Nos arrancando suspiros! Haha
Gostaram do capítulo?