Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 6
Devaneios - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Quentinho, saindo do forno! Fiquem ligados, porque alguns detalhes desse capítulo serão relevantes mais a frente. Boa leitura e obrigada por acompanharem! :D



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—“Senhor, basicamente, a edição de 1974 da Expo Stark foi baseada no projeto ‘Cidade do futuro’ e reuniu cientistas de diversas partes do mundo, que trouxeram ideias para a construção de uma vida satisfatória e sustentável. Para as Indústrias Stark, o foco principal foi a geração de energia limpa e barata. Suponho que estejamos procurando nos aprofundar nesse quesito.”, explicou Jarvis.

—“Isso mesmo, cavalheiro!”, respondeu Tony, que fazia anotações detalhadas sobre o assunto. “Obrigado pela explicação. Agora, preciso que você aliste os pavilhões da feira de 74 e verifique quais empresas daquela época ainda são nossas parceiras.”

—“Como quiser, senhor. Aliás, caso não esteja ocupado, poderia verificar o projeto da Mark IV.”

—“Ainda não, Jarvis. Enquanto você realiza a minha pesquisa, vou olhar os projetos antigos do reator arc.”, disse Tony, usando a mão para cobrir sua boca enquanto bocejava. “Pensando bem, já são quatro da manhã e eu ainda estou acordado. Acho que vou adiar minha ida ao escritório e ficar em casa, trabalhando nisso.”

—“Recomendo que durma um pouco. O descanso adequado favorece seu desempenho em qualquer tarefa.”, sugeriu Jarvis.

—“Claro. É exatamente o que irei fazer. Passei o dia com a Pepper na praia e estou cansado. Mais tarde voltarei para continuarmos nosso trabalho.”, disse Tony, que sorria discretamente quando lembrava do que vivera mais cedo, num dia incomum para ele.

—“Devo avisar a senhorita Potts que venha até a mansão?”, perguntou Jarvis.

—“Não será necessário. Quando eu terminar meu planejamento, pedirei que ela venha vê-lo. Volto depois, filhão. Boa noite, ou bom dia, sei lá.”, respondeu, despedindo-se.

Desde que voltou do passeio com Pepper, Tony apenas tomou um banho rápido e desceu até a oficina. Agora dormiria um pouco a fim de recarregar as energias para mais um dia de labuta. Voltando para seu quarto, ele ajustou seu despertador para as nove horas. Sabia que Pepper o esperaria no escritório, então se adiantou e mandou a ela uma mensagem explicando sua ausência.

—“Ela deve estar dormindo.”, pensou ele. “Mas, com certeza, vai me responder assim que acordar, daqui a umas duas horas e meia, eu acho.”

Exatamente às sete da manhã, Pepper foi acordada pelo bip do despertador. Retirando dos olhos a máscara que usava para dormir, estendeu o braço para desativar o relógio e pegar o celular em cima da mesinha de canto. Abrindo os olhos lentamente, por causa da luz do aparelho, viu que havia uma mensagem não lida na caixa de entrada.

—“Nossa! Tão cedo?”, resmungou.

“Bom dia, srta. Potts. Sim, ainda está bem cedo, mas eu precisava avisar que não irei a empresa hoje. Estou fazendo uns trabalhinhos por aqui e assim que for possível, lhe mostrarei no que estou empenhado. Sei que terá muita coisa para organizar no escritório, mas se puder, venha tomar um drink comigo a noite.

P.s.: Já escolheu o biquíni que vai usar na nossa próxima ida a praia? :p

Sonolentamente, Tony.”

—“Tinha que ser! Mas que diabos Tony fazia acordado numa hora dessas?”, se perguntou, ao observar o horário de chegada daquele SMS. “Bom, está na hora de levantar. Hoje o dia vai ser cheio.”

Mesmo sentindo certa dificuldade ao se separar do conforto de sua cama, Pepper levantou e fez um breve alongamento; ritual que seguia rigidamente todos os dias. Entrou no banheiro e olhou-se no espelho. Percebeu que sua pele estava ligeiramente queimada. Provavelmente por causa do sol que tomou na praia.

—“Meu Deus! Como vou aparecer na empresa desse jeito?”, disse ela, como se ali tivesse outra pessoa a ouvindo. “Não vai ter outro jeito. Vou ter que parar em alguma farmácia no caminho e comprar uma loção pós sol. Talvez melhore isso!”

Pepper se arrumou rapidamente e dirigiu até uma farmácia perto da empresa. Ali, comprou o que precisava e atravessou a rua, onde havia uma lanchonete. Ao sentar num dos lugares daquele local, pediu um cappuccino e viu que estava sendo observada por ninguém menos que Christine Everhart. Sim, aquela garota que ela julgava ser aproveitadora e insuportável. Quando não estava perseguindo Tony como uma louca atrás de respostas sensacionalistas às suas perguntas atrevidas, estava se insinuando para ele. Depois da vez em que Christine dormiu com Tony na mansão, Pepper rezou para nunca mais vê-la. Evidentemente, não mostrou fé suficiente em suas preces, pois Christine estava vindo em sua direção.

—“Pepper Potts!”, disse ela, fingindo estar surpresa. “O que faz aqui? Não deveria estar em outro lugar?”

—“Olá, srta. Everhart. Que surpresa encontrá-la por aqui.”, respondeu Pepper. “Acho que é justo que eu faça o desjejum antes de trabalhar.”

—“Sim, claro que é. Mas com tantas “pessoas” visitando a mansão Stark, achei que seu expediente iniciava mais cedo.”, disse ela, fazendo referência às mulheres que constantemente dormiam com Tony.

—“Desculpe, mas isso foi antes. Agora meu chefe está vivendo uma nova fase e essas ‘visitas’ não fazem mais parte da agenda dele. Agora, se me der licença, eu preciso ir.”, disse Pepper, levantando-se e pegando seu copo de cappuccino.

—“Isso quer dizer que seu chefe está num relacionamento sério? Ou chegou na meia idade?”, provocou Christine.

—“Não é da sua conta. Procure outra novidade para a sua revista, querida. Bom dia.”

Pepper raramente perdia a compostura em situações como aquela. Mas Christine era extremamente inconveniente quando se tratava dela. Talvez por achar, como tantas outras pessoas, que Pepper e Tony tinham algum envolvimento extraprofissional. Assim, Pepper pegou seu carro e seguiu para o trabalho.

Ao chegar na empresa, Pepper cumprimentou os colegas na recepção, como de costume. Chamou atenção por conta da pele queimada, por isso tratou de ir logo até a sala de Tony, onde usaria um pouco da loção pós sol. O dia estava quente, então ajustou a temperatura da sala e preparou um Martini aquoso, bebida extremamente refrescante. Após relaxar um pouco, Pepper sentou-se para verificar algumas pendências e a agenda de compromissos que Tony deveria seguir.

Cerca de uma hora se passou e Pepper finalmente terminou de repassar tarefas para outros empregados. Averiguou que Tony havia faltado a diversas reuniões nos últimos meses, ou seja, ele não estava muito ligado no que a empresa vivenciava naquele momento. Fechando a agenda eletrônica no computador da mesa, parou para respirar por um minuto. Se deparou com um porta-retratos cuja foto era de Tony, aos seis anos, sentado sobre uma moto ao lado do pai. Sorriu, imaginando como teria sido sua infância. De repente, lembrou-se do dia anterior, quando estiveram na praia, falando de coisas que nunca imaginariam compartilhar um com o outro. Para ela, foi especialmente interessante vê-lo tão relaxado, contando histórias sobre sua juventude de modo tão saudoso. Já fazia um bom tempo que trabalhava para ele, então pudera conhecer quem realmente era Tony Stark. Apesar de sua personalidade egocêntrica e narcisista, tinha um coração enorme e não hesitava diante de mudanças necessárias. A grande prova disso foi o abandono do mundo das armas e de uma vida anteriormente regada a mulheres e escândalos. E mais ainda: ele revelou ao mundo sua identidade como Homem de ferro, por mais que isso significasse abrir mão de sua privacidade. Talvez fosse sua maneira de dizer ao mundo que ele estava disposto a protegê-lo, custe o que custar.

Não demorou muito para Pepper perceber que estava perdida em pensamentos. Pensar em Tony era perigoso demais – por muitas vezes ela se distraiu por fazer isso, o que já lhe havia causado certo constrangimento pessoal em certas ocasiões. Mas isso lhe trazia uma sensação tão sublime, tão magnífica! Era difícil simplesmente fingir que não sentia nada por ele.

Uma notificação em seu celular lhe tira do transe. Era ele. Pepper abriu a mensagem, que dizia:

“Bom dia, Pepper. Com certeza você está no escritório. Alguma novidade por aí? Ou apenas aquelas reuniões enfadonhas de sempre? Pensou na minha proposta para um drink mais tarde? Tony.”

Ativando o teclado, Pepper respondeu:

“Bom dia, Tony. Não há nenhuma reunião enfadonha por hoje. Mas nos próximos dias você vai poder compensar todas que faltou. Tenho muitas tarefas pra essa tarde e não sei que horas estarei disponível. Pepper.”

Tentando provocá-la, Tony disse:

“Até onde sei, você é MINHA secretária pessoal.”

Pepper riu.

“Bom, alguém precisa tomar as rédeas da empresa, já que o presidente não aparece para fazer o trabalho dele. Haha.”

Tony adorava essas conversas acirradas.

—“Essa garota pega fogo!”, exclamou.

“Haha. Muito engraçado! Falando sério, espero que possa vir. Quero compartilhar minhas ideias com você...”

Revirando os olhos, Pepper respondeu:

“Okay! Estarei aí depois das seis. É sempre bom receber por hora extra.”

Tony encerrou a conversa, mas queria mesmo poder continuá-la sem interrupções.

“Nem todo o dinheiro do mundo pode pagar o prazer da minha companhia, srta. Potts. Agora vou voltar ao meu trabalho. Faça o mesmo. :D”

—“No que será que ele está trabalhando? Espero que não me faça ir até a mansão para ouvi-lo falar sobre aquelas armaduras.”, pensou ela.

Pepper guardou o celular e voltou sua atenção para alguns relatórios que havia recebido por e-mail. Faltava pouco para o horário de almoço; mas ela estava tão focada no que fazia que nem percebeu a passagem do tempo. Subitamente, alguém bateu em sua porta.

—“Senhorita Potts? Está aí?”

—“Sim, pode entrar.”, respondeu ela.

A porta se abriu e ela pode constatar que se tratava de uma das técnicas da empresa. Uma jovem, de pelo menos 25 anos. Chamava-se Kirsten.

—“Olá, Kirsten. Algum problema?”

—“Desculpe por incomodar no horário do almoço, mas tenho algo importante para discutir.”, respondeu ela.

—“Não se preocupe com isso. Mas o que você quer me dizer? Está tudo bem?”, questionou Pepper, um pouco preocupada.

—“Não é bem um problema. É que eu estou grávida e...”

—“Meus parabéns!”, elogiou Pepper, que se sentiu aliviada quando ouviu isso.

—“Obrigada. O que me preocupa, é que já estou no quarto mês de gestação e como é meu primeiro emprego, não entendo como funciona a questão da licença maternidade. Eu gostaria de continuar no emprego mesmo depois do nascimento do meu bebê.”, disse Kirsten.

—“Certo. Entendi sua dúvida. Aqui nas Indústrias Stark, prezamos pelo bem-estar dos nossos colaboradores, por isso eu posso garantir que você terá o cumprimento de seus direitos. E claro, enquanto estiver fora, cuidaremos que um empregado temporário assuma suas funções. No fim da licença, você terá seu emprego de volta.”, explicou Pepper, pacientemente.

—“É tão bom saber disso! Meu marido está desempregado, então eu estava bastante preocupada com isso. Mas minhas dúvidas foram sanadas. Obrigada, srta. Potts.”, agradeceu Kirsten.

—“Não tem de quê!”, respondeu Pepper. “Mais alguma coisa?”

—“Não, por enquanto isso é tudo!”

—“Okay. Vou sair para o almoço. Qualquer coisa, é só me procurar, certo?”

—“Claro. Temos sorte por ter você aqui. As coisas ficaram meio confusas desde que o sr. Stark parou de produzir armas e o sr. Stane faleceu... Aliás, eu sinto muito pelo sr. Stane.”, disse Kirsten.

Pepper mudou de feição. Toda vez que lembrava do que realmente havia acontecido com Obadiah, sentia um frio lhe percorrer a espinha.

—“Desculpe, eu disse alguma coisa errada?”, perguntou Kirsten.

—“Er... N-não...”, gaguejou Pepper. “É que ainda não caiu a ficha.”

—“Sei como é. Ninguém aqui consegue acreditar nisso... Mas precisamos seguir em frente, não é?”

Pepper assentiu.

—“Vamos almoçar, Kirsten. O tempo passa voando.”, disse Pepper, levantando-se.

As duas saíram da sala ao mesmo tempo, indo em direção ao refeitório da sede. Pepper pediu seu almoço costumeiro: salada bem colorida, um sanduíche de peito de peru grelhado e suco de maçã. Ela gostava de acompanhar seus colegas por fazer refeições ali, no refeitório. Porém, naquele dia estava a fim de ficar sozinha por um instante. Então, pegou seu almoço e voltou ao escritório. Enquanto mastigava lentamente, acabou se perdendo mais uma vez em pensamentos. Dessa vez, lembrando-se do passado.

Los Angeles, outubro de 2000.

—“Olá? É o senhor Hogan?”, disse Pepper.

—“Sim, em pessoa. Quem está falando?”, perguntou Happy, o então motorista de Tony.

—“Aqui é Virgínia Potts, secretária do senhor Stark.”, respondeu ela.

—“Virgínia? Não foi esse nome que o Tony me informou. Era um meio esquisito... Deixe-me ver...”

Pepper revirou os olhos e suspirou.

—“Pepper. É meu segundo nome.”, disse ela, num tom meio impaciente.

—“Esse mesmo!”, respondeu Happy. “Desculpe, minha memória não é das melhores...”

—“Sem problema. Eu preciso que você venha me buscar aqui na empresa e que me leve até esse endereço: Av. Rosewood, Beverly Hills. O sr. Stark me pediu para ir até a agência transportadora para verificar quando sua coleção de arte moderna será entregue na mansão.”, explicou ela.

—“Certo. Estou próximo daí. Me espere por dez minutos.”, disse ele.

—“Obrigada. Estou lhe esperando, senhor Hogan.”

—“Pode me chamar de Happy.”

—“Okay. Vou desligar.”

Pepper começara a trabalhar para Tony havia menos de dois meses, portanto, ainda estava se habituando ao seu ritmo frenético. Ora na mansão, cuidando do cumprimento da agenda do chefe, ora observando atentamente as atividades da empresa. Por ser tão focada em sua carreira profissional e de personalidade calma, encarava com estranhamento o estilo de vida dele, sempre tão voltado para o trabalho e, concomitantemente, às festas, bebidas e mulheres. Logo em sua primeira semana de trabalho, Tony a chamou para ir até a oficina, no andar de baixo da mansão, supostamente para pegar certos documentos que ele havia assinado e que teriam que ser levados ao escritório. Ficou muitíssimo constrangida quando lhe viu jogado no sofá, aparentemente de ressaca, onde apenas um livro de física nuclear cobria-lhe as partes íntimas, e estendendo-lhe a mão com os papéis. Com o rosto enrubescido, simplesmente virou-se de costas e voltou até a sala de estar, pegando sua bolsa e saindo.

—“Não vim aqui para isso!”, ela repetia em sua mente.

Mas, após uma breve olhada numa lista da agência de empregos, viu-se obrigada a permanecer – isso depois de uma conversa tensa com a diretora dos recursos humanos da empresa, que se admirou com a reação de Pepper diante da cantada do chefe. Afinal, não era a primeira vez que isso acontecia, mas certamente era a primeira vez que uma jovem contratada protestava tal ato. Tony havia se envolvido com suas anteriores secretárias, o que fazia com que a vaga estivesse sempre em fluxo. Pepper a preencheu com a mais nobres das intenções, o que não significava que Tony não tentaria paquerá-la também. Agora, cerca de seis semanas após o ocorrido, estava no emprego, cumprindo suas ordens com todo profissionalismo que tinha. Não queria que a situação se repetisse.

Dez minutos se passaram e Happy lhe esperava na entrada da sede. Pepper estava sentada na recepção quando o avistou, saindo com urgência e entrando no carro à sua frente.

—“Avenida Rosewood, Beverly Hills, senhor Hogan.”, se apressou em repetir.

—“Happy, srta. Potts!”, corrigiu ele.

—“Desculpe-me, Happy. É que ainda estou me acostumando com tudo aqui.”, justificou Pepper. “Podemos ir agora?”

Happy apenas assentiu com a cabeça e seguiu em direção a transportadora.

Já na volta, o telefone de Happy começou a tocar, chamando a atenção de Pepper, até então vidrada na paisagem a sua volta.

—“Olá, chefe!”, disse Happy. “A senhorita Potts? Está bem aqui. Vou entregar a ela o telefone.”

Com curiosidade, Pepper pegou o telefone.

—“Olá, senhor Stark. Algum problema?”, perguntou, com nervosismo evidente em sua voz.

—“Eu que pergunto. Você está com uma voz esquisita...”, respondeu ele. “Happy está te incomodando? Se estiver, é só me dizer.  Acho que a sra. Hastings dos recursos humanos vai adorar ter uma conversinha com ele também.”

—“Já estamos voltando da transportadora e me disseram que o seu pedido estará disponível amanhã de manhã.”, disse ela, de supetão, desviando o assunto.

—“Quanta eficiência, srta. Potts. Preciso que venha até a mansão. Tenho um servicinho especial para você. Peça pro Happy se apressar.”

Sem responder, Pepper apenas devolveu o telefone e, em seguida, abriu a janela do lado onde estava. Sentia uma imensa necessidade de ar – não entendia o porquê, mas de repente o simples fato de falar com o chefe, mesmo que a distância, lhe causou reações estranhas. Happy, que a observava pelo retrovisor, achou tudo muito incomum. Franzindo as sobrancelhas, perguntou:

—“Está tudo bem, Pepper?”

—“Happy, apenas dirija. Para a maldita mansão.”, respondeu ela, em seco.

—“Tudo bem...”, disse ele, virando o rosto para frente.

Pepper sentira um grande alívio ao chegar na mansão e constatar que não havia nenhuma mulher ali e que Tony apenas a pediu para redigir um e-mail com alguns dados que ele descrevia enquanto trabalhava na bancada da oficina. Diziam respeito a um novo projeto. Querendo apenas dar o fora dali o quanto antes, ela nem se ateve a perguntar do que se tratava.

O tempo passou e depois de muito trabalho e dores de cabeça, Pepper se tornou especialista no que fazia. Especialista em Tony Stark, precisamente. Apesar de tudo, ela se apaixonou por ele. Porque a convivência lhe revelou o homem prestimoso que ele era. Todos sempre tinham expectativas errôneas a respeito dele, ou seja, sempre esperavam pelo próximo noticiário com seu nome como destaque em meio a confusões envolvendo bebidas caras, atrizes e modelos. Mas ela sabia que, no fundo, por detrás de todo aquele ego existia um bom coração. E isso foi suficiente para o amor lhe arrebatar, bem como o olhar sempre tão sedutor e misterioso que Tony possuía de modo exclusivo. Sim, houve momentos em que Pepper quase cedera aos seus encantos. Todavia, com demasiado esforço, conseguira resistir a todos eles.

*****

 Presa nas lembranças, Pepper assustou-se quando ouviu o bip do celular. Mais uma mensagem de Tony.

“Já almoçou? Ou ainda está enfiada no escritório?”

Antes de respondê-lo, Pepper deu um gole no suco de maçã, a fim de engolir melhor sua refeição, que ficara entalada após sua volta brusca ao mundo real.

“Estava fazendo isso agora mesmo, chefe. E você?”, respondeu ela.

“Sim, já me alimentei mais cedo. Estou indo treinar um pouquinho. Me acompanha? Ouvi falar que você anda praticando tae bo.”

“Quando me sobra tempo... Mas, vou ter que recusar seu convite. Estou muito ocupada por aqui.”

“Que pena. Estava louco para conhecer sua ‘técnica’.:P”, provocou Tony.

Um sorriso brando se formou no rosto de Pepper.

“Minha técnica só funciona aqui no trabalho.”, disse ela.

“Se quiser, vou até aí e treinamos alguns movimentos juntos. O escritório é grande o suficiente para nós dois, srta. Potts.”

Um lapso de memória tirou-lhe da mente todas as respostas defensivas, forçando-a a tocar no assunto do drink que ele havia proposto no início da manhã.

“Pensei que fossemos tomar uns drinks mais tarde, então é melhor deixarmos a luta para outro dia.”, respondeu.

“AÊÊÊÊÊ! o/ Finalmente! Você estava demorando muito pra dizer sim. Já aprendi que, pra conseguir coisas simples com você, preciso forçar a barra de vez em quando. Nem imagino o que vou ter que fazer quando precisar de coisas ‘difíceis’. Haha.”, disse ele, vitorioso.

“... :/ ...”

“O que foi?”, perguntou ele.

“O expediente já vai começar. Até logo, Tony.”, respondeu Pepper, torcendo para que ele encerrasse por ali a sessão de flertes.

“Não me deixe plantado, srta. Potts.”

Foi complicado manter a concentração nas tarefas após tudo isso. Pepper se julgava infantil por se sentir tão balançada com as investidas de Tony. Mesmo depois de anos, a sensação ainda era de ‘primeira vez’. Ela agradeceu pela grande demanda do dia, que lhe exigiu bastante atenção e lhe tirou dos devaneios.

Quando se apercebeu, o turno estava no fim e era hora de ir. Pegando seus pertences, Pepper saiu em direção a mansão, de janelas abertas, sentindo a brisa do mar invadir o carro enquanto seguia pela rodovia, indo a Malibu. A intensidade dos dias lhe causava um cansaço bem conhecido, o que normalmente a fariam optar pelo conforto de seu apartamento. Mas não daquela vez. O único conforto que queria lhe esperava há alguns minutos dali.

 


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Notas finais do capítulo

A minha imaginação flui de uma tal maneira quando se trata de #Pepperony! ♥