MIKOTO

"Então essa é a famosa Sakura”, Mikoto pensou assim que viu a moça de cabelos rosados, shorts e tênis passando pela sua porta.
– Muito prazer, Sakura. – disse ela quando Itachi as apresentou.
– O prazer é meu, senhora Mikoto. – disse com simpatia.
– Ora, por favor, não me chame de senhora, me sinto velha assim. Me chame de Mikoto, sim?
A moça sorriu.
– Não é minha intenção, ainda mais com uma mulher assim tão bonita. – Sakura apontou para ela de alto a baixo. Mikoto não queria se gabar mas, sendo uma fisioterapeuta gerenciando um estúdio de Pilates, ela vivia em treinamento e mantinha-se sempre em forma.
– Agradeço o elogio, mas você também é bonita, mantenha-se exercitando o corpo e vai envelhecer muito bem.
– Minha mãe é fissurada em exercícios, saúde alimentar e essas coisas – Itachi a interrompeu – fique aqui mais uns instantes e ela vai te mandar fazer flexões.
Sakura riu e Mikoto simulou um puxão de orelha no mais velho.
– Seja bem-vinda a nossa casa, Sakura. Fique à vontade.
– Obrigada, senhora. Digo, Mikoto – ela se corrigiu – Eu já estive aqui antes, mas como ainda não tive a oportunidade de dizer pessoalmente, sua casa é muito bonita. - Sakura sorriu de forma simpática e sincera.
– Obrigada, minha querida. Você já esteve aqui então? - Mikoto perguntou de forma casual escondendo a curiosidade.
– Sim, na festa que Itachi deu para o time de vôlei. 
– Ah sim. - seu humor mudou completamente - aquela festa. 
Mikoto ainda estava bem brava com Itachi, que percebeu a mudança de humor da mãe e começou a mudar o peso de um pé para o outro ainda brava por conta daquela baderna. Deu a ele uma boa lição por causa disso.
Mas foi só acabar o castigo e ele já está dando outra festa.
Porém desta vez ela não teve como negar. No último jogo que os meninos venceram aquela semana, Itachi gritou que comemorariam mais aquela vitória, graças ao treinador Gai, que estava de aniversário.
Mikoto não permitiria festas tão cedo, mas Gai correu para abraçar ela e o marido, emocionado e lisonjeado pela homenagem. Que homem enérgico, diga-se de passagem.
E com isso, aqui estavam o time de vôlei e o de basquete em um churrasco na piscina de sua casa, mais uma vez. Pelo menos ela não precisava sair de suas confortáveis roupas de ginástica.
Mas, o fato é que ela estava curiosa, e este evento se tornaria uma boa oportunidade para ela entender o que estava acontecendo.
Fazia algum tempo que ela andava notando algo diferente em seus dois filhos. 
Chegou a comentar com Fugaku, mas o marido dizia que era coisa da cabeça dela. 
Mas sabia que algo estava acontecendo.
Ela não era boba.
E observando os dois filhos, notou um fator comum. O nome Sakura.
Ela não conhecia a tal moça. Só sabia que era uma garota da capital que se mudara a pouco tempo para a cidade, e se tornara capitã do time de vôlei da escola deles.
Foi a alguns jogos desse novo time e viu que além de bem atlética, a moça era bem bonita. 
Mas bonita, aquela Ino também era. E fez seu pequeno Sasuke sofrer muito no passado.
Descobriu por acaso a loja da mãe de Sakura. Que mulher agradável!
Mikoto entrou por curiosidade ao ver lindos sinos-dos-ventos do lado de fora e se viu conversando e tomando chá com Mebuki por um bom tempo.
Mas, vai saber se a filha prestava.
Itachi tinha saído com a filha da mulher da loja de doces, mas aquela tal de Izumi era uma louca perseguidora que batia em sua porta ou ficava gritando por Itachi toda noite depois que terminou com ela.
E aí, veio essa Sakura.
Que mexeu não só com um dos filhos dela, mas com os dois!
Itachi era um bom menino, que amava o basquete e tinha notas regulares, mas Mikoto sabia que ele não era nenhum santo e pedia aos céus que ele não se envolvesse com drogas ou aparecesse alguma garota grávida em sua porta qualquer dia.
Ela lhe deu um celular, mas às vezes ele não queria mais as garotas e agia de forma rude parando de atender o telefone, e isso fazia com que elas ligassem para sua casa.  Ela se lembra de gritar que não era secretária dele uma vez, quando já estava enlouquecida com o telefone.
Mas, de uns tempos para cá, as ligações pararam. 
As noitadas de Itachi também pararam.
E um dia que Fugaku lendo o jornal, disse que a casa andava silenciosa, ela notou que fazia tempo que não entrava nenhuma garota ou pela janela achando que estava escondida, muito menos alguma saindo envergonhada passando pela sala de manhã.
Alguma coisa estava acontecendo com Itachi. Parecia até... comportado.
Mikoto não se orgulharia, mas era uma mãe e precisava zelar pela integridade dos filhos, e começou a de vez em quando tentar ouvir alguma conversa.
A última de Itachi, no quarto dele com aquele amigo ruivinho filho do dentista, o Sasori falava sobre “as coisas não saírem como ele planejava”.
– Eu achei que a Sakura ia ficar mais vulnerável e mais aberta para mim. Ela não me trata mal, mas não fica muito perto, fala o mínimo possível ou sequer me dá alguma abertura. Eu não sei mais o que fazer! – Ouviu-o bufar.
Mikoto ficou espantada com aquilo.
Pensou até que ele estava de brincadeira, imitando alguém. Mas, não. Itachi parecia realmente aflito. Mas, por uma garota? Desde quando ele sofria por alguma garota?
– Acho que ela gostava mesmo dele, cara. Eu estava lá.
– Você está do lado de quem, porra! - ouviu um soco provavelmente no braço e Sasori soltar uma reclamação.
– Do seu, cara! Mas, ainda é muito para a menina processar. - uma breve pausa até ele falar de novo - quando se gosta de alguém de verdade uma coisa assim ou uma rejeição são muito difíceis de lidar. Mas você nunca passou por isso, não é?
– Ihhhh... que cara é essa?  - Itachi caçoou- alguma garota te rejeitou foi? 
– Ah... Er... nada não. - Sasori riu sem graça.
Mikoto achou curioso. Ela nem achava que este menino gostasse de garotas.
– Sasori... você - Itachi voltou a falar - Você acha que eu exagerei?
– Com a Sakura? 
– Não. Com.… com meu irmão.
– Ihhh ah lá! Está com pena agora? 
– Ah, qual é? Deixa de ser idiota!
Mais barulhos de socos. Meninos e suas brincadeiras estúpidas.
Até que Sasori falasse novamente.
– Ei! Esquece isso, agora já foi. Não tem mais volta. O negócio é fazer valer a pena.
– É. Você tem razão.
Mikoto saiu dali antes que fosse vista e ficou pensando no assunto.
Ela se lembrava de Itachi perguntar uns dias atrás se Sasuke tinha chegado triste em casa ou chorando. A princípio ela estranhou a pergunta e disse não ter visto nada.
E depois um saudosismo lhe assolou e veio um aperto em seu coração de mãe.
Ela se lembrou de como as coisas eram antes. Em como seus dois filhos eram tão unidos e sempre faziam tudo juntos.
Ela se lembrava de Sasuke fugir à noite para o quarto do irmão para contar histórias até tarde e dormirem juntos sob a cabana de cobertas. E de como ele sempre desenhava Itachi com uma capa de super-herói e dizia que queria ser como o irmão quando crescesse.
Se lembrava de Itachi levar Sasuke para passeios de bicicleta na rua debaixo, ensinar basquete ao irmãozinho ou sempre conseguir um doce escondido para ele mesmo quando Mikoto proibia. 
Itachi e Sasuke eram os irmãos mais unidos do mundo. 
Mas, à medida que foram crescendo, eles foram se afastando. Novos amigos, novas diversões, desentendimentos, até que eles passaram a apenas conviver dentro da mesma casa.
Eles fingiam estar tudo bem, ela sabia. Principalmente Itachi.
Mas, Sasuke sempre foi mais transparente. 
Ela era mãe.
Filhos pensam que os pais não enxergam as coisas.
E ela estava enxergando muito bem que algo estava acontecendo, ou melhor, alguém.
Sakura era tão influente na vida dos filhos que ela praticamente operou um milagre na vida de Sasuke.
Mikoto perguntou ao filho se ela deveria começar a acender velas para Santa Sakura, quando ele chegou em casa totalmente mudado um belo dia dizendo que uma amiga o convenceu.
Ela sempre dizia ao filho que ele era lindo, mas todos naquela casa começavam a rir e diziam que eram olhos de mãe, e que mãe não enxerga filho feio. Pois que tomem o “filho feio” na cara desses Uchiha.
Sasuke apareceu em casa e Fugaku engasgou com seu whisky, ela ainda se lembra.
O mais novo chegou todo encabulado ainda meio sem saber como agir tentando se adaptar a falta daquele moletom horroroso para correr os dedos na barra, e ela quase chorou de emoção.
Tirou milhares de fotos dele, que só permitiu se ela prometesse não publicar em nenhuma rede social.
Ela não publicou, mas nada impedia de mostrar em seu celular para as pessoas por aí.
O que foi drástico, já que as ligações para Itachi diminuíram, mas algumas mães começaram a pedir o telefone de Sasuke para suas filhas.
Ela até dava, mas sempre trocando um ou outro número.
Ela sabia que seu mais novo não era como o irmão mais velho e não sairia com várias garotas. Odiava admitir que Itachi ela já havia perdido para galinhagens, mas seu doce e puro Sasuke ela tinha ciúmes sim. Ainda mais depois daquela Ino.
Além do fato, é claro, de perceber como seu filho era caidinho por essa tal Sakura.
Quando ele falou dela, Mikoto viu os olhos dele brilharem, além de um carinho e apego tão grande na voz dele.
Mais do que a mudança exterior que tinha sido ótima, Mikoto começou a notar que a mudança também era interna. Sasuke andava mais confiante em si mesmo.
Ele que era sempre tão calado e aceitando tudo, andava agora de queixo mais erguido, mais seguro e se impondo mais.
Ela observou isso quando Sakura chegou. 
Ao que parecia, Itachi tinha aprontado com o irmão não avisando a ele desse churrasco.
Céus... até quando?
Eles não se davam bem, mas disputar a mesma garota?
Mikoto não conseguia ser parcial com os filhos. Nem queria se meter nessa história, principalmente porque ela não tinha como escolher um dos lados, já que a tal Sakura estava causando mudanças nos dois.
Ao que parecia, ela era a garota ideal para seus dois filhos. O que era um desastre!
Mas, apesar de ser imparcial nessa situação, não parecia justo que Itachi estivesse armando para cima de Sasuke. 
Ele comentou na mesa de jantar que queria fazer um churrasco no fim de semana para ele e os amigos do time. E Sasuke, que não se dá bem com alguns deles fora da quadra, disse que iria para casa do Naruto. 
Só depois Itachi disse à mãe em particular, dois dias antes, que poderia aumentar o cardápio porque poderiam vir mais alguns convidados. Só não disse que os tais “convidados” eram o time de vôlei, e quando ela diz time de vôlei, era a tal Sakura.
E quando ela questionou o filho, ele disse que o time das meninas estava ali para comemorar a sequência de jogos que haviam vencido, avançando para as semifinais. Mas soube por uma delas que já haviam sido convidadas desde o jogo de basquete.
Isso era jogar sujo.
E ela daria uma dura em Itachi depois, ela nunca ensinou isso a ele. Mas por agora, ela precisava ser justa.
Pegou seu celular como se só olhasse alguma coisa e tirou uma foto como quem não quer nada e enviou para Sasuke dizendo que era uma pena ele não estar ali para socializar. Coisa que ela sempre dizia a ele.
Claro que em um ângulo da foto ela pegou Sakura conversando com uma loira alta. Uma tal Temari que namorava o filho dos Nara.
Em vinte minutos, Sasuke apareceu com Hinata.
Pelo visto, Itachi também não havia convidado a pobre menina.
Mikoto aproveitou seus enormes óculos escuros para observar a situação.
Sakura mudou completamente a expressão quando se virou para porta e encontrou Sasuke parado olhando para ela.
Mikoto ainda ficava embasbacada em como Sasuke estava diferente. De peito erguido e com os olhos focados diretamente em Sakura.
Mas Itachi deu alguns passos mais para perto da moça e atraiu o olhar de Sasuke para si.
Geralmente, Sasuke abaixava os olhos em poucos segundos quando Itachi fazia isso com ele, mas desta vez não. Eles se encararam por algum tempo.
Se esses dois moleques começassem a brigar por causa de mulher ali, ela esqueceria as etiquetas e os “que mico mãe” e acertaria um chinelo a distância em cada um.
Mas, Hinata cochichou alguma coisa no ouvido de Sasuke e os dois desceram juntos a escada da varanda para a área de churrasco.
Algumas garotas se aproximaram cumprimentando Hinata e uma outra tentou se aproximar de Sasuke tentando chamar a atenção dele, mas sempre que podia colocava os olhos em Sakura que permanecia bem desconfortável na outra ponta.
Tão desconfortável que a garota saiu de perto de todos indo em direção a cozinha. Itachi saiu atrás dela logo em seguida. E Mikoto, bem, ela precisava mesmo ir buscar mais salada.
Quando chegou na porta da cozinha, ficou do lado de fora. Podia escutar Itachi e Sakura dali se ficasse bem quieta.
– Eu só concordei em vir, porque você disse que ele não viria! – Sakura disse em tom acusatório.
– Eu não o convidei, Sakura.
– Eu não queria ter vindo, eu sabia que não era para eu ter vindo. – a garota bufava e Mikoto começava a se sentir ofendida por toda aquela aversão a Sasuke – eu só vim por que você insistiu por ser aniversário do treinador e por que você me garantiu que Sasuke não estaria aqui. Eu realmente não deveria acreditar em vocês Uchiha.
Ok, agora Mikoto estava realmente ofendida.
– Sakura, não fui eu que mentiu para você, foi ele. – Itachi suplicou.
Mikoto estava confusa. Sasuke? Mentindo?
– Não vem com essa Itachi! Você é um cara legal, mas não é como se eu confiasse totalmente em você.
– Porra, Sakura! Eu não fiz nada para você.
Mikoto tinha que admitir que seu filho nem sempre era o mais honesto com as mulheres.
– Tudo bem. Desculpa. – ela soltou o ar – eu tenho sido injusta com você. Mas eu realmente preciso de um tempo, para...
Sakura parou de falar e a curiosidade em Mikoto era imensa. Mas quem falou foi Itachi.
– Eu soube por alto que Sasuke e Ino estão se pegando. As pessoas comentam, não é?
Não houve resposta.
Mesmo se houvesse, Mikoto nem conseguiria ter processado depois dessa bomba que caiu sobre sua cabeça.
Não era possível que Sasuke, sempre tão sensato caísse nas garras daquela Ino de novo!
Então era por isso que Sakura não queria vê-lo? Odiava admitir que a garota tinha realmente bons motivos.  
Será que a mudança exterior tinha transformado seu filho em um cafajeste? Ela esperaria isso de Itachi, não de Sasuke.
Aquilo não fazia sentido.
– Ei! – Itachi chamou a atenção de Sakura e de quebra a de Mikoto também – você tem razão em dizer que não sou muito confiável. Mas se quer saber, eu realmente gosto de você, Sakura.
– Itachi...
– Só me escuta – interrompeu – eu admito que nem sempre fui verdadeiro, que eu sou um cafajeste e que nem sempre fui o melhor com garotas, a não ser na cama – pontuou e sua mãe revirou os olhos – mas, até então eu nunca tinha conhecido uma garota como você.
– Esse papo cola com todas? – Sakura riu.
– É sério, Sakura. – a voz dele permanecia firme – eu penso em você a todo instante, não consigo sair com mais ninguém, e mesmo quando alguma garota aparece na minha frente doida para me levar para a cama eu só me vejo pensando nas covinhas do seu sorriso. Eu sinto que estou ficando louco – riu sem muita graça – a verdade é que... o que eu sinto por você, eu nunca senti por ninguém antes.
Nenhuma palavra foi dita.
E Mikoto permanecia em choque com a mão na boca.
Ela nunca pensaria que chegaria o dia em que veria seu filho se declarar para uma garota sem tom de flerte, mas de forma insegura e.… verdadeira.
– E-eu... – Sakura disse depois de um tempo – preciso de ar.
Mikoto também percebeu que precisava, depois de segurar o fôlego.
– Tudo bem – Itachi respondeu – só pensa no que eu te disse. E que você significa muito para mim.
Mikoto saiu dali contornando a casa indo em direção ao jardim.
Observou de longe Sakura saindo e indo até uma das cadeiras mais afastadas. Logo depois foi a vez de Itachi, e só então ela voltou para onde todos estavam.
Agora Mikoto observava os três.
Sakura ainda sentada na cadeira longe de todos, alternando os olhos entre a piscina e o telefone.
Itachi estava sendo um bom anfitrião, mas Mikoto via um certo nervosismo, principalmente porque desde criança, ele tinha a mania de se sentar e apoiar a ponta dos pés no chão e balançar a perna esquerda. E ele fazia isso muito agora, principalmente quando olhava para Sakura.
Será que Sasori estava certo e finalmente Itachi estava sentindo o medo da rejeição?
E do outro lado da piscina, estava Sasuke que não tirava os olhos de Sakura. Hinata permanecia ao lado dele como uma escudeira. Ora conversando com ele e mais alguma pessoa, ora defendendo ele das investidas de outras garotas.
Mikoto gostava muito dessa menina.
A festa continuava, e chegava na parte que todos começavam a se atirar na piscina. Itachi foi um dos primeiros a ser jogado e entrar na brincadeira de jogar água uns nos outros.
Essa brincadeira das crianças custou a roupa e tênis dela encharcados com a água que espirrava para fora da piscina.
Mikoto saiu para dentro de casa para se trocar antes que pegasse um resfriado. E quando descia as escadas, parou ao ver Sakura andando a passos fundos e Sasuke atrás dela segurar em seu braço.
– Sakura, por favor.
– Me solta, Sasuke.
– Não, enquanto você não me dizer o que está acontecendo! – de onde Mikoto estava era possível vê-los, mas se ela não se mexesse, eles não perceberiam que ela estava ali.
E com isso, ela pôde ver Sasuke bem próximo segurando os dois braços de Sakura.
– Não se faça de desentendido, Sasuke.
– Eu juro que eu não sei! Eu fiquei esperando você voltar, queria te ver, te abraçar, e ... e de repente você não fala mais comigo, me evita. Só me diz o que está acontecendo, Sakura? – disse em tom de súplica.
E Mikoto estava mais uma vez embasbacada por ver agora o mais novo falar com uma garota sem gaguejar.
– A sua ideia é ter todas as garotas possíveis, já que agora elas se atiram aos seus pés, ou só manter eu e a Ino na jogada até você se decidir? – Sakura disse com as narinas infladas.
– O-o-o... espera, o quê?
Agora sim, aí estava a gagueira. Alguma coisa parecia normal pelo menos, pensou Mikoto.
– Todos sabem que você e a Ino estão juntos de novo, Sasuke. – Sakura abriu os braços deixando-os cair na lateral do corpo logo em seguida.
– O quê? – continuava Sasuke em tom perplexo – eu não voltei com a Ino! Quem te disse isso?
– Eu vi! – Sakura apertou os punhos – ninguém me contou, eu vi vocês dois no vestiário.
Sasuke pensou por alguns instantes como se compreensão caísse sobre ele.
– Então foi isso. – os ombros dele caíram alguns instantes – se você quer saber, a Ino está sim tentando voltar comigo e se jogou sim para cima de mim no vestiário, mas foi só isso. Eu já disse a ela que não tem mais volta.
– Sasuke, eu vi a forma como vocês – Mikoto notou a dificuldade de Sakura em continuar a frase – se atracaram no banheiro. E pela forma como suas mãos estavam nos seios dela não me parecia que você estava deixando as coisas claras.
Mais uma vez faltou fôlego para Mikoto. E mão para tapar a boca aberta.
– E-e-e-e-eu juro, Sakura! Ela me pediu para ajudar com o chuveiro e eu fui na melhor das intenções. Mas, quando vi ela ligou o chuveiro e se jogou para cima de mim. E quando eu tentava me afastar, ela colocava minha mão nos seios dela!
– Ouça-se a si mesmo, Sasuke. E o quanto esta história parece absurda.
– Eu sei – Sasuke apertou os olhos virando-se para os lados como se buscasse alguma resposta ou alguma saída, mas realmente, mesmo ela conhecendo seu filho, era difícil engolir uma história dessas.
Ele parou alguns instantes respirando fundo e foi até ela, as mãos dele deslizaram pelas laterais do rosto de Sakura para que pudesse olhar em seus olhos.
–  Por favor, Sakura, acredita em mim. Eu não quero mais nada com a Ino. Não é por ela que meu coração acelera, nem é ela que me faz sentir mais vivo. Não é ela que tem os olhos mais lindos e verdadeiros que eu já vi na vida, e nem é o sorriso dela que faz meu dia ter sentido. Acredita em mim, Sakura.
– Sasuke, eu... – Sakura fechou os olhos e colocou as mãos sobre as mãos dele. – eu vejo verdade nos seus olhos, mas quando meu coração acredita em você, a razão joga na minha memória novamente você e a Ino – as mãos de Sasuke saíram do rosto dela enquanto Sakura tapava os olhos e respirava fundo novamente.
– Sakura, eu juro.
– Uma coisa que minha prima, que também é minha melhor amiga me ensinou é que razão e emoção são amigas e rivais – deu de ombros – e que os homens mentem.
Sakura deu dois passos para trás e então se virou indo rumo à porta, mas antes de sair, virou-se para Sasuke.
– Eu preciso pensar. O dia de hoje me deixou muito confusa. Até mais, Sasuke.
Ela abriu a porta.
– Sakura! – Sasuke chamou e Mikoto podia ver ele juntar coragem sabe-se lá de onde – Eu só quero que você saiba, que eu não vou desistir. E eu vou lutar por você!
A festa durou mais algumas horas.
As pessoas se foram depois de deixarem a maioria das coisas limpas. Era o combinado que Itachi fazia.
O jantar foi em silêncio com trocas de olhares nada amistosas entre seus filhos e ela podia ver o olhar confuso de Fugaku as vezes sobre ela.
Mas, Mikoto estava aérea demais até quase na hora de se deitar.
Um filho cafajeste agindo com insegurança e nervosismo por que pela primeira vez se apaixonou, enquanto o outro filho mais recluso e introvertido agindo com convicção e espirito de luta por que também estava apaixonado pela mesma garota.
As coisas realmente não eram mais as mesmas.
Ela se sentia ainda mais dividida agora. O que a fazia se perguntar, e Sakura? Como estaria se sentindo?
– Fugaku! – chamou o marido que lia um jornal deitado ao seu lado na cama – dias de tempestade estão vindo.
O marido olhou para ela, e depois para fora.
– Mas nem está nublado!
Mikoto revirou os olhos e se virou para o lado deitando.