Damaged Memories escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 8
Capítulo 7 - Distrust


Notas iniciais do capítulo

Perdão pela demora, eu tive um pequeno bloqueio criativo nesse capítulo...
Espero que gostem ;)
PS: Vocês viram o trailer que a fanfic ganhou? Estou babando nele! Se você ainda não viu, corre para ver! O link está nas notas da história. Agradecimentos especiais à Katie Hemmings por tê-lo feito (diva dos trailers do PD ♥).



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Lily sentia que a sua cabeça ia explodir de tanta dor, e a gritaria generalizada não ajudava, em absoluto. Desde que aquele rosto foi exposto, na entrada do Ministério da Magia, era como se todo o ar tivesse sido retirado do corpo de Lily. Ela sentia-se sufocada, desorientada, enjoada... Tantos sentimentos ao mesmo tempo.

Sirius e Marlene não demoraram a ampará-la, assim que James Potter desapareceu em uma névoa negra, como um perfeito Death Eater. Apesar de sustentarem-na, era evidente que estavam tão afetados quanto ela com a descoberta.

Como era de se esperar, eles não foram os únicos a darem de cara com o auror, fazendo com que a principal foco da reunião, mais tarde, se desviasse para o aparecimento repentino de James.

Os olhares de acusação, a palavra “traidor” sendo proferida sem qualquer repreensão ou vergonha... Era pior do que ter que enfrentar a dura e fria realidade.

A guerra fazia isso com as pessoas, não abria espaço para as dúvidas. Qualquer coisa presenciada com os olhos era o suficiente para ser dada como verdade, sem questionamentos. Exceto por um detalhe: nem ela, nem Sirius, nem Remus, nem Marlene... Qualquer pessoa que conhecia James o suficiente não acreditaria naquela sandice.

Ele sumiu sem dar notícias para, depois de semanas, aparecer em uma batalha no Ministério? Do lado dos Death Eaters? Havia um traidor na Ordem, mas James Potter jamais poderia ser essa pessoa. Alguma coisa de muito errada tinha acontecido, devia haver alguma explicação. Era típico de James que, ao ameaçarem a todos a quem amava, tentasse resolver as coisas por baixo dos panos. Talvez fosse isso. Ele não tinha saída.

Pelo olhar enigmático de um Dumbledore calado, da outra ponta da mesa, os mesmos pensamentos passavam-lhe pela cabeça. Talvez até pensamentos mais profundos, mais alternativas e soluções que jamais poderiam passar pela cabeça inexperiente e desequilibrada de Lily.

Porque essa era a verdade, ela estava desequilibrada. Odiava não ter as respostas de suas perguntas às suas mãos, no exato momento em que lhe ocorressem. Odiava não ter uma oportunidade para conseguir essas respostas. Naquele momento, o chapéu seletor tinha razão, ao considerar colocá-la na Ravenclaw. Ela não sentia nenhuma coragem, apenas a insaciedade pela falta de explicações.

— Como eu tinha previsto, — a voz de Dumbledore, embora baixa, logo sobrepujou-se às outras — o ataque ao Ministério tratava-se de uma emboscada. Voldemort queria exibir o seu troféu a nós, o que ele não conseguiria se não fossemos avisados.

— Professor Dumbledore, James jamais mudaria de lado! — disse Sirius, levado a um impulso, levantando-se da cadeira, com os punhos bem cerrados.

— Isto é uma guerra, moleque! — Alastor Moody logo deu o ar de sua desagradável presença — As pessoas tem suas diferentes motivações para seguir o lado das trevas, e elas não mandam uma carta de despedida.

— Eu também não acredito que ele tenha mudado de lado — disse Dumbledore, ignorando o que o seu velho amigo rosnou — Ao menos, não voluntariamente. Contudo, como percebe, estou de mãos atadas. Minha mente só pode imaginar as coisas que Voldemort disse ou fez para que o jogo virasse ao seu favor.

— Não virou, professor — Lily pronunciou-se, a garganta quase rasgando-se pelo esforço repentino — Ele é apenas um, nós somos mais de trinta.

— Um excelente auror, senhora Potter — disse Dumbledore, uma obscura sombra passando por seus olhos — Acredito que não será o primeiro. Voldemort sempre esteve de olho em muitos dos nossos.

Ele passou o olhar por várias pessoas, inclusive por Lily, que era uma “sangue ruim” aos olhos de Voldemort. Ela era uma auror, era suposto que, a partir dessa informação, já estivesse evidente que jamais se entregaria à arte das trevas. Assim como James. Não voluntariamente.

Percebendo o olhar de contradição de alguns integrantes, covardes demais para voltar a insinuar a traição de James, e como a outra parte estava completamente indisposta a seguir com a reunião, Dumbledore dispensou-os. Ele também parecia cansado e, Lily acreditou, iria atrás de mais informações sobre o que aconteceu naquela noite.

Antes de entrar para a academia de aurores, Lily achava que era impossível que uma simples noite, um simples acontecimento, pudesse exaurir tanto uma pessoa. Aquela não seria a primeira vez, nem a última. E o fato de envolver a James era pior do que qualquer outra coisa, mas ela não ia mais surtar. Pelo menos, não demonstraria mais fraqueza.

Ignorando o olhar atravessado de Mad-Eye, a quem, cada vez mais, sentia um sentimento de profundo desgosto, ela seguiu para fora da sala, acompanhada por Marlene. Sirius resolveu ficar para conversar com Edgar Bones e Frank Longbottom, uma expressão séria, raramente vista nele.

Olhando ao redor, ela percebeu que as pessoas que não foram para a missão do Ministério não estavam lá. Remus Lupin e Peter Pettigrew incluídos, mesmo que Lily tivesse uma grande certeza de que Peter tinha sido convocado. Talvez estava apenas ignorando-a, depois do soco que recebeu no rosto, ela nem teve chance de pedir desculpas, mas era o último item de sua lista de tarefas.

— Venha, Lily — disse Marlene — Você precisa descansar.

— Estou cansada de descansar, de ficar sem fazer nada — reclamou Lily.

— Calma, Lils! Não faça nenhuma loucura! Primeiro, precisamos saber o que aconteceu, para formar um plano — a amiga tentou acalmá-la, parecendo ansiosa.

— Mas nós não vamos saber o que aconteceu! — exclamou a ruiva — Só se tivermos uma bola de cristal! Só podemos saber o que aconteceu quando tivermos James em nossas mãos, e um frasco de Veritaserum!

— Nós vamos recuperá-lo — argumentou Marlene — Mas parece que ele é o preferido de Voldemort, está sendo muito bem vigiado.

— É claro que seria — Lily soltou uma risada de escárnio — Quase fomos mortos três vezes!

— Confie em Dumbledore, ele vai solucionar as coisas rápido... — a castanha prometeu, puxando-a levemente pelo braço — Vamos! Você não comeu quase nada hoje...

Assim que afastaram-se das proteções da casa, elas aparataram.

Para Lily, tanto aparatar quanto usar a rede de flú eram meios de transporte extremamente incômodos. Sempre foi sensível quanto à movimentação. Carros a enjoavam pelo cheiro de couro do banco, os ônibus movimentavam-se sem a menor sutileza, apenas o metrô a confortava, sendo sempre a sua escolha. Apesar disso, ainda preferia entrar em um carro do que a sensação de ser espremida, seja por uma lareira ou por um tubo imaginário.

Naquele dia, a sensação parecia mil vezes pior, como se fosse a primeira vez que ela o fizesse.

— Lily? Está tudo bem? — perguntou Marlene, preocupada, quando a amiga dobrou a parte superior do corpo, como se tivesse recebido um feitiço estuporante.

— Só um minuto... — ela fechou os olhos, inspirando com força.

— Eu vou na cozinha fazer uma comida decente para gente — a amiga afastou-se, um pouco receosa.

— Tente não queimar a casa — Lily tentou brincar, segurando-se com força no braço do sofá.

Assim que a castanha foi para o outro cômodo, Lily deu a volta, ainda com as mãos cerradas sobre o tecido do assento, sentando-se ali. Certamente, não foi uma boa ideia comer tão pouco. Mesmo nas missões da Ordem ou do Ministério, ela nunca descuidou-se tanto, não valia a pena preocupar-se, sabendo que James estava vivo. A justificativa para tal era outro assunto, que estava nas mãos de Dumbledore.

— Você percebeu que apenas Frank estava lá? — comentou Marlene, a voz vinda da cozinha, distraindo-a do seu mal estar.

— Alice e ele não desgrudam — disse Lily, inclinando a cabeça para trás — Deve ter acontecido alguma coisa. Talvez alguma missão do Ministério.

— Eu acho que não! — a amiga respondeu, dando uma risada leve.

Apesar de ter dito baixo, Lily conseguiu escutá-la. A acústica da cozinha era maravilhosa, para todos os efeitos.

— Por que não? — perguntou, curiosa.

— Alice estava com umas desconfianças... — Marlene voltou para a sala, colocando duas canecas de cerveja amanteigada em cima da mesa.

— Tipo doença? — perguntou Lily, pegando uma das canecas.

— Tipo gravidez — a castanha deu um olhar maroto para a amiga, antes de voltar para a cozinha, deixando-a sem maiores informações.

Esquecendo-se da barriga vazia e da caneca, colocada novamente em cima da mesa, ela levantou-se, indo até a cozinha.

— Ela está grávida? — Lily quase gritou.

Marlene derrubou um prato, assustada com a vinda repentina da amiga.

— Lily Mary Evans Potter! — ela colocou as mãos no quadril, parecendo-se muito com a irmã dos gêmeos Prewett — Volte para o sofá agora mesmo!

Lily fez um biquinho, antes de voltar para a sala. Escutou a amiga refazer com um feitiço o prato derrubado que, por sorte, estava vazio. Logo depois, ela voltou, com o jantar requentado.

— Então, está confirmado? Ela está grávida? — perguntou Lily, sem desfazer a cara triste, enquanto a amiga puxava um dos pratos para si.

— Pensei que a resposta fosse óbvia — Marlene retrucou, antes de colocar uma boa quantidade de comida na boca, impedindo-a de resposta qualquer outra coisa que fosse.

Bufando, Lily ajeitou-se no sofá, sentindo dores nas costas, pela péssima posição na qual sentou-se. Ao ver que não conseguiria mais informações, ela puxou o prato dela para si também, sentindo a barriga reclamar de fome; e o resto do corpo, de fadiga.

James observava-a da porta da cozinha, assustado e divertido, em medidas iguais.

Apenas ela era capaz de causar-lhe duas reações opostas em um único momento.

— O que foi? — Lily perguntou, lambendo o dedo, que estava coberto de chocolate.

— Eu amo te ver cozinhando — ele confessou, sorrindo pela visão.

Ela virou o rosto, para que o noivo não visse o seu rosto corado.

Lily fechou os olhos, sentindo vontade de chorar.

— Lily? Tudo bem? — perguntou Marlene, não deixando de notar essa reação.

— Eu preciso... — ela abriu os olhos, levantando-se do sofá.

— Lily? Aonde você vai? — a castanha perguntou novamente, esquecendo o garfo a centímetros da boca.

— Não me sinto bem. Vou lavar o rosto — disse Lily, antes de sair da sala.

Podia ter ido até o banheiro do primeiro andar, que ficava no corredor, mas ela preferiu subir as escadas, apoiando-se fortemente nos corrimões. A porta do quarto estava aberta, e ela cambaleou para o banheiro. Com a cabeça abaixada, ela posicionou-se na frente do espelho, mas evitando olhá-lo. Mantinha seu olhar fixo na pia de mármore, tentando controlar a respiração.

Pelo canto do olho, viu um vestígio cinzento e peludo no chão. Seus olhos logo dirigiram para o espelho, observando as manchas negras por baixo dos olhos. Girando a torneira, ela pegou a água com as mãos, jogando-a no rosto. Deixou a água pingar por alguns minutos, antes de resolver desligá-la, não importando-se em secar o rosto.

Um movimento brusco sobressaltou-a, mas era apenas o gato subindo em cima da cama.

— Antrax — ela sorriu, levemente, indo para perto do bichinho.

O filhote esfregava-se no edredom, deixando alguns pelos cinzentos sobre o tecido. Soltou um miado chocho, quando a dona pegou-o no colo, sentando-se onde ele antes estava. Lily respirou fundo, escondendo a cabeça no pescoço do siamês.

— Você sumiu, filho — ela sorriu, passando o dedo pela cabeça dele, fazendo com que as orelhas se encolhessem — Só você para me fazer sorrir nesses momentos...

Ficou mais alguns minutos apertando o gato, que miava, reclamando. Quando Antrax conseguiu escapar das mãos da dona, Lily sentiu o mal estar retornar. Ela franziu o cenho, colocando a mão na barriga, tentando entender o que estava acontecendo, já que mal tinha tocado no prato. Inclusive, Marlene já devia estar preocupada com sua demora, mas respeitava o seu tempo.

A garganta começou a queimar, e ela correu para o banheiro, a tempo de evitar uma catástrofe.

— Lily? — ela escutou a voz de Marlene.

Lily respirou fundo, mas logo desejou não tê-lo feito, já que só piorou o seu enjoo. Dando a descarga, ela foi até a pia, para lavar a boca.

— Está tudo bem? — Marlene entrou no quarto, quase tropeçando em Antrax, que tinha enrolado-se estrategicamente em frente à porta.

Ela não respondeu, já que corria o risco de engolir o enxaguante bucal. Depois de mais alguns segundos, ela cuspiu o líquido azul na pia, sentindo-se repentinamente melhor.

— Seja lá o que você me deu para comer, acho que sofri uma intoxicação alimentar — ela deu um sorriso fraco — Você é um desastre!

— Eu só esquentei o que já estava pronto — Marlene franziu o cenho, parecendo realmente preocupada.

— Bem, então você estraga tudo o que toca — Lily passou por ela, indo até a cama, que parecia um lugar mais confortável do que antes — Ou eu não sei mais cozinhar...

Marlene olhava-a fixamente, enquanto Antrax voltava a subir, com dificuldade, na cama. Dessa vez, Lily não fez esforços para pegá-lo, mas ele aproximou-se da dona, jogada na cama, lambendo de pouco em pouco o seu rosto.

— Penso que você esteve muito sentimental, nos últimos tempos — ela disse — Eu sei que essa situação não tem sido fácil, mas...

— Por favor, Lene — Lily interrompeu-a — Eu não quero falar sobre isso.

— Você sabe o que está acontecendo, amiga — afirmou Marlene, acariciando o cabelo da amiga — Não dizer não vai mudar as coisas.

A ruiva suspirou, antes de concordar com a cabeça.

— Eu só queria me preocupar com uma coisa por vez — ela fechou os olhos — Por favor, não conte para ninguém.

— Moody não é discreto, e você sabe que o olho mágico dele vê — disse Marlene — Me surpreende que ainda não tenha percebido.

— Não vai ser para sempre — Lily ergueu-se na cama, revirando os olhos — Eu só quero encontrar a James antes de me preocupar com o bebê.

— Ele sabia? — ela perguntou.

A cara de desânimo de Lily foi a resposta dela.

— Vai ficar tudo bem — Marlene sorriu, levemente, segurando a mão dela com força — Não se preocupe.

— Estamos no meio de uma guerra, Lene — Lily disse, sentindo os olhos encherem de lágrimas — Não me entenda mal, eu estou muito feliz, mas... Eu tenho medo.

— Parece que os pequenos Potter e Longbottom serão grandes amigos em Hogwarts — brincou Marlene, arrancando um sorriso da amiga.

— Harry — retrucou a ruiva — O nome dele vai ser Harry.


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Notas finais do capítulo

Acho que agora já está explicado o motivo pelo qual a Lily ficou tão sentimental nos últimos capítulos. Não a culpem, ela está esperando o baby Harry ♥
Acho que isso não vai facilitar as coisas, não é mesmo?
No domingo, é meu aniversário. Mereço parabéns? *carinha de filhote do Antrax*



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