Make Your Choice escrita por Elvish Song, SraFantasma


Capítulo 25
Novos horizontes


Notas iniciais do capítulo

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEuuuuuuuuuuuuuuuuuuu voooooooooooooooolteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiiii!

Sei que parece miragem, e que vocês têm todo o direito de me estrangular com um Laço do Punjab, mas voltei, gente!!! Um capítulo de ligação, na verdade, pois o próximo é o casamento de Erik e Christine, e depois teremos as consequências do que acontece nesse capítulo aqui!
Espero realmente que gostem, e farei meu melhor para compensar essa beeeeeeeem longa ausência, está bem?

Sem mais delongas, vamos ao capítulo!



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Meg desceu as escadas como um furacão:

— Christine! Christine! – entrou como um raio na sala onde a soprano lecionava para duas meninas de dez e onze anos, Alexandra e Camille. Ante o susto das três, explicou-se – desculpem a interrupção, mas há uma carta para Christine!

— Uma carta? – a soprano franziu o cenho, curiosa – meninas, com licença. Continuem treinando a respiração, está bem? – deixou a sala e foi com a irmã de criação para o corredor – o que é?

— Veja por si mesma! É da Condessa de Charbourg! – estendeu à amiga o envelope com o selo da dama, com o nome da cantora escrito em caligrafia elegante. Com expressão confusa, a garota abriu o envelope e leu a carta:

 

Prezada Srta. Daae

 

Após ter ouvido maravilhas acerca de seus prodigiosos talentos musicais, ratificados em suas atividades no Conservatório Les Oiseaux, tomei-me de admiração por sua pessoa e, assim, decidi-me por lhe fazer este humilde convite que, rezo aceite: darei uma recepção à alta sociedade em meu palácio, em Paris, no dia 13 deste mesmo mês. Seria uma honra e enorme deleite se decidisse nos agraciar com sua presença e bela voz em apresentação particular a meus convidados. Assim, rezo para que se disponha a, na data já mencionada, aceitar ser minha convidada de honra no evento, com sua protetora.

 

Meus mais sinceros cumprimentos em grande admiração

 

Condessa Amélie de Charbourg

A soprano sentiu uma vertigem intensa, precisando apoiar-se na parede e sentar no banco mais próximo, amparada por Meg.

— Chris! – segurou a amiga até esta estar firme no assento – o que foi?

— um convite para cantar em uma recepção que a Condessa dará, no dia 13 deste mês.

— Ah, meu Deus, Christine! Isso é uma oportunidade de ouro! É sua porta de retorno às apresentações! – maravilhou-se a menina mais nova, antes de ver a sombra no semblante da outra – não parece muito empolgada.

— Estou surpresa, e muito feliz! Mas... Meg... – os olhos castanhos estavam cheios de preocupação – Não tenho certeza de que consiga suportar. Eventos assim podem ter bem uma centena de pessoas, e serão todos desconhecidos. Além disso... Sabe que há uma grande chance de eu encontrar alguém da família de... – ela ainda não ousava repetir o nome de Raoul, que lhe trazia enorme mal-estar – dos De Chagny.

— Ainda assim! Não vai declinar, vai?

— É claro que não! Ou melhor... Talvez... – a mais velha enterrou o roto nas mãos – não sei. Eu quero, mais do que tudo! Sabe o quanto amo cantar! Mas...

— Tem medo de algo dar errado, se aceitar, e as pessoas falarem.

— Dane-se se as pessoas irão falar ou não. – murmurou a moça, mais para si que para a amiga – Mas entrar em pânico num evento desses faria minhas chances de voltar aos palcos terminarem.

— E recusar, provavelmente, também é um passo para longe de seu retorno. – ponderou a bailarina – olhe, a aula de mamãe termina no mesmo horário que a sua... Por que não fala com ela?

— Farei isso. – Os olhos da soprano brilharam com determinação e vida, um fogo que Meg só vira naquele olhar num tempo que parecia muito longínquo, quando sua amiga e irmã entregava a própria alma à música e deixava-se converter em um anjo, uma musa, completamente enlevada em cada apresentação. Ah, Deus, como era bom ver aquela chama outra vez desperta! – Quer saber, Meg? – a soprano se levantou, e parecia ter novo ânimo – eu vou aceitar! Sim! Não vai ser fácil, mas não vou abrir mão de quem sou, outra vez! – ela se virou, empolgada, e viu o rosto de Meg num lindo sorriso – o que foi?

— É ver você voltar a ser... Você. – Meg abraçou Christine com força, sentindo-a retribuir – eu te amo, Chris, e não há como dizer o quanto estou feliz em vê-la se recuperar a cada dia!

— Também amo você, Meg – respondeu a soprano, e se afastou levemente – E bom... Tenho um motivo mais forte do que nunca para precisar estar forte e inteira – pousou discretamente a mão sobre a barriga, sorrindo – quer ir a um café, depois da aula?

— Com certeza! E por falar em aula, tenho de voltar para minha, e você, para a sua – declarou a menina, empurrando a amiga gentilmente de volta à sala – vemo-nos mais tarde!

Foi com novo ânimo que Christine voltou à aula, um sorriso nos lábios enquanto sentia aquele familiar frio no estômago; dessa vez, contudo, não se tratava de pânico, e si de uma confusa mistura de excitação, alegria, apreensão, ansiedade... Uma mistura que a extasiava, assustava e enchia de entusiasmo. Mal podia esperar para encontrar Erik – o qual se encontrava na Ópera, supervisionando o andamento dos reparos – e lhe contar a novidade!

*

— Uma recepção? – o Fantasma leu a carta que sua futura esposa lhe mostrava – isso é magnífico! Seria sua porta de retorno ao mundo da música! – entretanto, ele a fitou com preocupação – mas não deve fazer isso, se não sentir que é o que realmente quer.

— Bem, eu estou morrendo de medo, confesso – ela se sentou na cadeira do café onde se haviam encontrado e cruzou os braços sobre o tampo da mesa – mas... Erik, isso é tudo o que eu mais amo, você sabe. Não posso deixar que o medo me aprisione para sempre. Não QUERO deixar que me impeça eternamente de fazer o que amo.

— Se é o que realmente quer, estarei ao seu lado. – assegurou ele – ajudá-la-ei a ensaiar, e irei com você, se desejar.

Ela sorriu e acariciou o lado exposto do rosto de seu marido, antes de morder o lábio inferior de modo maroto:

— Então... É uma oportunidade muito interessante, já que se trata de... – ela tirou do bolso o convite para a recepção, recebido junto com a carta – um baile de máscaras. – a menina piscou um olho para o noivo – o que acha?

Erik sorriu e apoiou a testa no punho fechado, rindo consigo mesmo: Christine voltava cada dia mais a ser ela mesma, e isso o divertia e alegrava; a ideia de ir a uma recepção dessas não era muito atraente, mas ele podia fazê-lo... Por Christine, poderia.

— Acho que você será a mais bela solista que já se apresentou e, depois de ouvi-la, nunca mais irão querer outra voz. – ele a acariciou ternamente no rosto – e eu estarei lá, para que você olhe fundo em meus olhos e se esqueça do mundo, sentindo-se segura e além do alcance de qualquer um.

— Ah, Erik! – ela se levantou e o abraçou com um lindo sorriso nos lábios – eu te amo!

— Também amo você, meu Anjo da Música – sussurrou ele. Entretanto, uma voz alegre veio interrompê-los:

— Parece haver novas boas notícias, pelo que vejo! – Renée fechou a sombrinha ao entrar na varanda do café, aproximou-se da mesa e, após cumprimentar ambos com um beijo no rosto, sentou-se em uma das cadeiras vazias – e então? O que queria me contar, futura Madame Destler?

Em resposta, Christine deslizou pelo tampo da mesa a carta e o convite, colocando-os diante de Renée, que leu rapidamente o conteúdo e a fitou com uma alegria mal contida, mesclada a incredulidade:

— Você vai?

— Vou. – ela encarou Erik – e ele também. Como meu marido, é claro.

Renée não conseguiu reprimir um gritinho de alegria,  que lhe rendeu um olhar feio da atendente, com o qual a médica pouco se importou:

— ah, meu Deus!!! Não acredito! Você vai voltar a cantar! Céus, Christine, eu nem... Nem sei o que dizer – a alegria no rosto da amiga era genuína – e Erik... vai superar sua misantropia?!

— Se Christine pode superar os próprios medos e traumas, eu também posso. Ao menos se houver um bom motivo, e... Que motivo melhor poderia haver do que estar com minha esposa, vê-la cantar outra vez?

A médica se deixou recostar frouxamente no espaldar da cadeira, e tinha os olhos marejados com lágrimas de pura emoção, que apenas aumentaram quando Christine falou:

— Eu a chamei para lhe contar, porque nenhum de nós conseguiria fazer isso, sem você. É você o motivo de estarmos conseguindo reconstruir nossas vidas... Nossas almas. Foi você o anjo bom que Deus pôs em nossas vidas, para nos ajudar, Renée. – a menina se levantou e puxou a mulher, que também se pôs em pé, surpresa ao ser abraçada de súbito e com força pela amiga – obrigada! Obrigada por tudo!

— Ah, menina... Não tem de me agradecer! – disse a médica, secando as lágrimas antes que caíssem por seu rosto – a melhor dádiva que poderia pedir é ver esta alegria em seu rosto, saber que está se recuperando e reconstruindo... – fitou Erik e, sem reservas, puxou-o para um abraço – vocês dois!

Ele ainda ficava desconfortável em ser abraçado por alguém, mas ainda assim sorriu e retribuiu:

— Devemos muito a você, baixinha. – Renée pisou em seu pé – ai!

— isso é por me chamar de baixinha. Já viu a altura de sua esposa?

— Mas sobrou para mim, mesmo eu estando quieta? – perguntou a soprano, rindo.

— Contra fatos não há argumentos, minha flor – declarou Renée – agora, Erik... Se achar que me deve algo, digo que todo débito estará saldado em dois dias, quando se casar com esta menina, de vez! – ela pareceu se lembrar de algo, e segurou delicadamente a mão de Christine – e como está se sentindo? – discretamente, tocou o próprio ventre, indicando do que estava falando.

— Melhor do que eu esperava. Sem sintomas fortes, sem grandes alterações de humor...

— Christine – interveio Erik – alterações de humor são seu estado natural. Por isso não percebeu mudanças.

— Mas já chegou ao ponto de fazer piadinhas, Erik Destler? – perguntou a moça – está andando demais com Renée! Vou proibir!

— Não! – protestou a médica – ele é um estudo completo de psiquiatria! Não pode me privar de minha cobaia! – Erik revirou os olhos:

— É isso o que eu ganho por ser “Erik” a maior parte do tempo. Lúcifer podia se manifestar mais vezes...

— Você pode ser quem quiser, amor – Christine deu um beijinho em seu rosto – gosto de você mesmo quando está mal-humorado. – ela olhou em direção à rua, e ficou feliz ao ver que Nadir se aproximava com a esposa, Celine – sempre pontuais, esses dois.

— Chamou-os, também? – perguntou Erik.

— Não. Mas você me disse que eles sempre vêm aqui, depois de sair da redação; presumi que hoje não seria exceção. -  ela desceu os três degraus para ir cumprimentar os amigos, que a receberam com entusiasmo e abraços.

— O que está fazendo aqui, Christine? – perguntou Celine – que surpresa maravilhosa!

— Queria ver vocês, é claro! – ela os acompanhou – Erik e Renée também estão aqui.

O grupo se sentou junto, e pouco depois as Giry se juntaram a eles. Conversaram sobre vários assuntos, exultaram com as novidades e, finalmente, despediram-se com a promessa de se reverem em dois dias, quando do casamento de Erik e Christine.

Renée também ia partir, mas Christine a convidou a ir até sua casa, dizendo que precisavam conversar; a médica aceitou de imediato, e assim o trio seguiu para a casa do futuro casal.

Não passou despercebido à soprano o olhar trocado entre a médica e Louise, que os recebeu com um sorriso suave; com gentileza, a garota se voltou para a amiga e o noivo e pediu:

— Louise, Erik, podem me dar licença? Gostaria de conversar a sós com Renée, se possível.

Louise anuiu e, com um “feliz em revê-la” para a médica, foi para a biblioteca, enquanto o Fantasma declarou que estaria na sala de música, se precisassem dele. Finalmente sozinhas, as duas mulheres se sentaram juntas num sofá, e a loira perguntou:

— O que houve, menina? Está com algum problema?

— bem, ainda tenho recaídas, mas não é de mim que quero falar: é sobre você, Renée. Como você está?

— Eu? Mas eu nã... – ela viu a morena indicar a biblioteca com a cabeça, e mordeu os lábios – ah, claro. – ela mordeu o lábio inferior – parece que ela e eu voltamos à estaca zero... Não queremos ir muito rápido. Louise está com muito medo, principalmente por causa da família e... Não vou pressioná-la.

— Isso ela me disse. Mas como você está, com isso?

— Como estou? – Renée deu um sorriso divertido – Apaixonada. Minhas emoções querem que tudo se resolva de vez, mas minha cabeça... Bom, não sou mais uma garotinha. Posso lidar com isso sem traumas, e esperar por uma resolução apropriada.

— Há algo que eu possa fazer? – perguntou a soprano, preocupada, o que arrancou um sorriso da amiga:

— Sim: prepare-se para seu casamento, cuide-se e desse bebê que está esperando - A médica pousou a mão no ventre da outra – e por falar nisso... Como está a gravidez?

— Normal. Tenho enjoado pela manhã, mas esperava por isso; às vezes tenho algumas crises de angústia e choro, e... pesadelos – ela preferiu não descrever os sonhos que tinha, sabia que Renée entendia a natureza dessas experiências – mas nada que eu não esperasse. Estou até bem demais – ela olhou na porta que dava para a sala, e sorriu – Embora Erik esteja fazendo o possível para me enlouquecer. É sério! – ela fingiu zanga com o riso da outra – mais um pouco, ele vai querer me carregar para todo lado, de tantos cuidados!

— Ele tem parafusos a menos, mas não quando se trata de você e do bebê. – A mais velha riu baixo. – Aproveite. Seu Fantasma é... Bom, peculiar, mas aprendeu com os próprios erros, e faria qualquer coisa para te fazer feliz. Mais ainda agora, com um filho vindo. – Renée franziu levemente o cenho, ao ver Christine morder levemente o lábio com certa preocupação. – O que foi?

— Ah, nada. Nada demais. – Não queria dar ainda mais preocupações para Renée! Chamara-a ali para ajudar a resolver os problemas entre a médica e Louise, não qualquer outro motivo!

— Christine... Fale. Você é uma péssima mentirosa, e isso é uma qualidade, então não lute contra. – A mulher loura falou com uma sobrancelha erguida, fazendo a garota de dezessete anos suspirar:

— Você é frustrante. – A morena deu de ombros, antes de ceder. – Só... Medo de não ser uma boa mãe. Sejamos honestas: eu melhorei muito, mas não estou curada. Tenho medo de um ataque de pânico causar algum mal ao bebê... – Ela evitou falar a palavra “aborto”, pois sequer queria pensar na hipótese. – E mesmo depois que ele ou ela nascer, receio não ser... Suficiente.

Madame D’Albignon sorriu ternamente e acariciou os cabelos da garota de modo quase maternal:

— Não vai passar por tudo isso sozinha, pequena. Tem Erik, Madame Giry, Meg, eu, Louise. Estivemos aqui durante o pior, e continuamos aqui. Nada de ruim acontecerá a sua criança, ou a você, eu prometo. – Ela segurou as mãos da moça e as beijou fraternalmente. – Você é fisicamente saudável, e a gravidez não é algo perigoso ou frágil assim. Ficará tudo bem e, em oito meses, terá seu lindo bebê nos braços.

Christine sorriu levemente e abraçou sua benfeitora com verdadeira afeição.

— Obrigada por tudo, Renée. Por tudo, mesmo. Espero conseguir um dia retribuir...

— Pare por aí, pequena. Eu só fiz por você o que fizeram por mim. Quer retribuir? Ame seu esposo, seja feliz, continue seu progresso e, um dia, se vir a chance de ajudar alguém... Ajude. – Um esboço de sorriso gaiato se fez presente no rosto da mulher. – Mas já está ajudando, não está?

— Queria fazer mais, mas vocês precisam de tempo. E já que está aqui... Por que não fica para o jantar?

— Com o maior prazer! – Sorriu Renée, feliz ante a perspectiva de passar mais tempo não apenas com o casal de amigos, mas com a moça pela qual seu coração se tomara de amores. Obviamente não a pressionaria a coisa alguma: sabia o quão difícil era ser uma menina jovem, naquela sociedade. Ainda assim, sentia-se feliz apenas em estar perto da outra, ouvir sua voz e conversar. – E agora, você vai me contar tudo sobre os planos para sua apresentação!

O final da tarde foi passado entre conversas mais amenas, às quais Louise se juntou ao concluir seu trabalho, também profundamente feliz com a presença da outra mulher que, mesmo declaradamente apaixonada por si, não fez qualquer movimento no sentido de lhe exigir alguma resposta ou correspondência. Para as mulheres ali reunidas, o futuro ainda não estava delineado, mas as perspectivas eram promissoras, e juntas se apoiavam na fé em relação a melhores dias por vir.


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Notas finais do capítulo

Bom, gente, é isso! O que acham que vai sair dessa decisão? Algo bom? Algo ruim? Será que Christine vai suportar a pressão e, mais importante, será que Lúcifer não vai resolver se mostrar na hora errada? Não me matem, só deixem seus palpites, rsrsrs.
Desculpem mesmo por esse sumiço prolongado, mas a quarentena me destravou, e o mesmo deve acontecer logo com Anjo das Trevas.
Beijos enormes, e que o Anjo da Música as mantenha sempre sob suas asas!