Era sábado, eu estava no meu quarto, ouvi uma batida na porta, quando eu abri, era o Téo, ele segurava na mão uma única rosa branca, ela estava meio feia, as pétalas tinha algumas manchas, e parecia ter sido tirada da praça, eu me senti mau com isso, ele queria me dar flores como o Omar, mas não tinha dinheiro pra comprar, nem pode escolher a mais bonita.

Ele me deu a rosa com um sorriso tímido, eu peguei ela com cuidado, para que as pétalas não caíssem tudo no chão, fiquei um tempo sem saber o que falar.

— oi Manu eu trouxe essa rosa pra você, foi a mais perfumada que eu achei, você gostou.

Nesse momento deixei cair algumas lagrimas, mas logo sequei e tentei falar na voz mais alegre que pudesse.

— sim, Téo, ela é linda, vou coloca-la na agua.  – deixei a rosa em cima da mesa, e voltei ate o Téo, ele estava sorrindo pra mim.

—Obrigado Téo.  – eu disse e dei um abraço bem forte nele.

— eu queria te falar uma coisa.

Ele estava nervoso, e eu comecei a ficar nervosa também.

— eu estou......eu estou apaixonado por você.

Eu juro que quase desmaiei , meu coração acelerou, eu tive vontade de me jogar nos braços dele. Mas daí.

— eu gosto tanto de você MANU.    – a alegria virou tristeza em um minuto, e essa foi a terceira vez que tive ciúmes da Manuela.

MANU.....MANU...MANU......é claro que ele amava ela, ela era perfeita, a boazinha, a que todos amavam......todos naquele maldito vilarejo faziam questão de me lembrar todos os dias de como eu estava diferente, de dizer que antes eu era meiga, amorosa, dedicada a família, e que agora eu estava rebelde, mau educada, respondona, sempre de mau humor.

— e então Manu, você sente o mesmo por mim. – ele disse, eu olhei pra ele, ele segurava a bengala com força, acho que era pra conter o nervosismo. O rosto era pura ansiedade, tive que respirar fundo varias vezes.

— não Téo......vai embora por favor....

Vi os olhos dele se encherem de lagrimas, a tristeza no rosto dele, a vergonha, e ele foi embora, eu fiquei no meu quarto, mas ouvi ele chorando antes de sair da minha casa.

Eu bati a porta com força e tranquei, chorei, o que pareceu horas, depois fui ate a mesa onde ainda estava a rosa , deu um beijo nela.

— eu amo tanto você Téo, mas você ama a Manu......eu não posso enganar você, mais do que eu já estou enganando.

Guardei a rosa dentro de um livro, pra ela secar e durar mais. Estava com meu coração em pedaços, apaixonada pelo garoto que ama a minha irmã.

Eu sabia que ele sofreria mais ainda porque a Manuela gostava do Joaquim.

Senti raiva....da Manuela por ela sempre ser a melhor....da Rebeca por ter me abandonado, quem sabe se ela tivesse ficado comigo, agora o Téo estaria apaixonado por mim e não pela Manuela.....da Regina por ter sequestrado a Manuela , foi por isso que eu fugi e vim parar aqui.

As vezes eu ficava pensando, o que sera que aconteceu, pra Rebeca ter escolhido a Manuela, eram dois bebes , não tinha diferença, será que eu chorava demais, ela poderia ter vendido a Manuela, e eu teria ficado aqui, crescido com carinho de mãe, com Téo, o Mateus e a Dóris, ter brincado por essas ruas, mas não ....fui vendida pela minha própria mãe, cresci com a Regina me maltratando, e claro que na frente do meu pai ela fazia o papel de boa mãe, mas quando ele não estava , era no porão que eu ficava, é por isso que sou assim, nunca confiei em ninguém, nunca permite que se aproximassem de mim, e agora que finalmente alguém tinha conseguido atravessar a barreira que eu criei para me proteger , eu estava aqui, sentada no chão do quarto da Manuela, com um livro no colo, que tinha aquela rosa murcha dentro, chorando , com o coração partido.

Eu já tinha tomado essa decisão, de me afastar deles, mas não tinha tomado a coragem pra fazer, mas agora eu não tinha escolha, quando a Manuela voltasse ela podia conquistar os amigos de novo, pra ela seria fácil, eu ficaria sozinha de novo.

Na segunda , eu fui pra escola, já sabia o que fazer, so tinha uma maneira de eu me distanciar dos amigos da Manuela, só existia uma pessoa que eles não suportavam, eu sabia que se me tornasse amiga dele , os outros iam ficar tão decepcionados que me deixariam de lado, essa pessoa se chamava Omar.

Quando entrei na sala , me sentei ao lado dele, ele estranhou no começo, mais depois ficou feliz, ele deve ter pensado que me conquistou com as rosas.

— oi Manu, você gostou das flores que eu te dei.

— sim...Omar obrigada.

No intervalo, eu estava sentada sozinha e ele se aproximou.

— o que ouve, brigou com os caipiras.

Eu só olhei pra ele.

— você agora aceita ser minha amiga.

— aceito.

— serio.

— sim.

— então você quer ir na minha casa hoje.

— sim.

De longe vi o Mateus me olhar decepcionado, Téo estava triste, mas era melhor assim.

A tarde fui com o Omar pra casa dele, e ate que me diverti, andamos a cavalo, jogamos videogame, a Sabrina que não gostou muito de me ver por lá, mas o Omar deu um fora nela, e ela foi embora.

—