Diário de Isabela.. escrita por Wanda Barker


Capítulo 3
O acampamento.


Notas iniciais do capítulo

Téo e Isa vão acampar.



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Já fazia três  meses que eu estava no lugar da Manu,  e todos estavam me tratando tão bem, comecei a me sentir como se fizesse parte da família, e isso estava me assustando, eu sabia que um dia isso tudo ia acabar, eu teria que voltar pra cidade, não teria mais família, nem amigos, nem o Téo. Mas pensando bem , eu estava mentindo pra todos eles, eu não tinha o direito de receber todo o carinho que ganhava, isso me deixou triste.

Qual seria a reação deles quando descobrissem a verdade, ficariam magoados ou com raiva de mim, eu sabia que a Rebeca estava triste com a minha falta de atenção com ela, mas eu não conseguia me aproximar dela, ela tinha preferido ficar com a Manuela, ela me vendeu pra Regina, e por causa disso eu cresci sem carinho de mãe, é claro que eu tinha meu pai, ai meu pai, que saudade que eu tinha dele, foi o único que me amou de verdade, ele trabalhava muito, tinha pouco tempo pra mim, mas ele me amava, e quando se foi, deixou um vazio que nunca seria preenchido, tinha também a Marina, eu gostava dela, foi o mais próximo de mãe que eu tive. Mas agora ela estava no vilarejo, como Antonela, não tinha me aproximado dela ainda, mas as vezes eu notava ela olhando pra mim,  acho que ela percebeu que eu sou a Isa.

Todos no vilarejo, já comentavam de como a Manuela estava diferente, eu tive que sair da banda do vilarejo, e isso causou um choque a todos, pois a vida da Manuela era cantar, mas eu não sabia cantar nada, não podia arriscar perder meu disfarce.

Fazia um dia quente, eu estava sentada na praça, não tinha muito o que se fazer por aqui, de longe vi o Mateus, a Dóris e o Téo conversando, mas não queria me aproximar deles, comecei a me sentir culpada por estar mentindo, e também eu estava gostando muito deles, principalmente do Téo, não queria sofrer quando eu tivesse que ir embora. Eles com certeza ficariam felizes de ter a Manuela boazinha de novo, e eu ia acabar sofrendo sozinha.

Omar se aproximou de mim de novo, ele estava junto da Sabrina, uma garota loira que corria atrás dele como um cachorrinho.

— oi Manu, nós queríamos convidar você para acampar com a gente.

— o que, dormir em barracas, no meio do mato, com insetos, eu dispenso o convite.

— mas todos vão ir, ate os seus amiguinhos caipiras, ate o cegueta  vai ir.

— não fala assim do Téo.

— então você vai.

— eu vou pensar.

Depois que eles foram embora, o Téo e o Mateus se aproximaram.

— o que o Omar queria com você Manu. – disse o Mateus.

— me convidar pra acampar.

— ah...mas  o acampamento vai ser pela escola, mas vai ser em uma fazenda próximo do haras, então ele deve estar se achando o dono do lugar.

— você vai ir Manu. – o Téo falou.

— acho que não vou ter escolha.....vocês vão.

— sim....ja estamos preparando as coisas, vai ser este fim de semana.

Voltei pra casa, a Rebeca me deixou ir, preparei uma mochila, com algumas roupas, e chegou o dia do passeio. A tal da fazenda era linda, tinha cavalos, pôneis e uma piscina enorme. A casa era enorme, mas não tinha sido liberada pra gente, então montamos nossas barracas, bem a professora montou a minha, porque eu não sabia.

Alguns acharam estranho, parece que a perfeita da Manuela sabia fazer tudo isso, a professora nos falou sobre as plantas e os animais que tinham lá, a noite fizemos uma fogueira, o Téo tinha levado o violão, e começaram a tocar e a cantar.

— canta Manu. – disse o Mateus.

Nesse instante percebi que era melhor ir dormir, me levantei , disse um boa noite, e entrei na barraca, percebi na hora que não ia conseguir dormir ali, no meio da noite, começou a esfriar e eu ainda estava acordada, foi quando senti uma coisa gelada encostar no meu pé. Liguei a lanterna, e percebi que era um sapo horroroso, que estava dentro da minha barraca.

Sai da barraca , quase correndo, e bati com força em alguém, quase caímos, quando olhei  pra pessoa, pronta pra brigar, percebi que era o Téo.

— quem tá ai, o que esta acontecendo.....- ele parou um minuto, respirou fundo, acho que ele sentiu o meu perfume. – é você Manu.

— sim, mas o que você esta fazendo aqui fora, de noite, no escuro. – ele apenas sorriu, e eu percebi a bobagem que tinha falado.

— pra mim é sempre escuro ,Manu.

— desculpa Téo, não queria te ofender.   -  eu disse, ele segurou a minha e deu um beijo nela, igual aquele dia que andamos na chuva, ele sorriu, e eu não pude deixar de admirar ele, o Téo nunca se deixava abalar pela deficiência dele, pelo ao contrario , ele sempre tentava fazer tudo sozinho, não se fazia de coitadinho, ele sempre estava feliz, não reclamava de nada, e as vezes fazia coisas que nem quem enxergava perfeitamente  conseguia.

— você nunca me ofende Manu.

— eu admiro muito você, Téo.

E mesmo somente com a luz da lua, eu pude notar que ele ficou vermelho, e foi nesse instante que eu percebi , que eu finalmente entendi o que eu estava sentindo, eu estava apaixonada, esse sentimento era tão forte que chegava a doer, eu sentia meu coração acelerado, o Téo estava na minha frente , sorrindo pra mim, e eu senti uma vontade muito forte de beija-lo, eu acho que ele sentiu, porque ele parou de sorrir, eu senti ele nervoso, acho que estava esperando uma reação minha. Eu me aproximei, quando eu já podia sentir a respiração dele, aconteceu....

— Manu...

Ai .....Manu, Manu, Manu......sempre a Manuela, ele pensava que eu era ela, ele queria ela ali com ele, não eu. Era dela que ele gostava, eu me afastei, ele percebeu e ficou confuso, eu estava com raiva, triste , magoada e foi a segunda vez que tive ciúmes da Manuela.

— desculpa Téo, eu quase derrubei você. – eu falei,

— você esta bem. – acho que ele notou o tom da minha voz.

— sim, é que tem um sapo enorme na minha barraca, e por isso que eu sai correndo.

— mas você nunca teve medo de sapo.

— mas agora eu tenho.

— mas e agora.....você quer dormir na minha barraca comigo.

— não precisa Téo, você podia tirar ele pra mim, eu digo o local que ele ta e você pega aquele bicho nojento pra mim.  – eu disse , ele ficou quieto, pensativo, e por um momento pensei que ate decepcionado , ( será que ele queria dormir comigo de novo, pensei).

O Téo tirou o sapo da minha barraca, depois eu levei ele na barraca dele, eu agradeci e dei um beijo no rosto dele, ele sorriu e entrou na barraca, e eu voltei pra minha, limpei aonde aquele bicho estava e dormi.

No domingo, a professora deixou a gente ficar na piscina, estávamos todos la nos divertindo, eu nadei de um lado pro outro na piscina.

— desde quando você sabe nadar Manu. – ouvi o Mateus perguntar.

— eu...aprendi....- fiquei sem saber o que dizer, mas fiquei feliz, tinha uma coisa que eu fazia que a senhorita perfeição não sabia.

No final do dia voltamos pra casa, ate que tinha sido divertido. Mas esse fim de semana tinha feito eu tomar um decisão, eu precisava me afastar deles, de todos eles.


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Notas finais do capítulo

espero que gostem



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