Diário de Isabela.. escrita por Wanda Barker


Capítulo 24
Sem precisar tocar...


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem....



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Demorou um pouco pro Téo se acostumar com a claridade, as vezes ele ficava tonto, com dor de cabeça, mas o medico disse que no caso dele era normal, eu fiquei preocupada com o fato de que ele não estava conseguindo identificar as coisas, só olhando, ele só consegui dizer que objeto era, quando tocava.

Mas o medico disse que era normal, pelo fato de ele ter nascido cego, era tudo novo pra ele, mas disse que com o tempo, ele iria se acostumar.

A Manu veio visita-lo, e trouxe um buque de flores do campo, de várias cores, e ele ficou encantado vendo tantas cores diferentes, e também ficou admirado, olhou de mim pra Manu, tirando as roupas e o cabelo, nós somos iguais, ele sorriu, e entendeu porque ninguém nunca desconfiou de nada, foi divertido passear pelo hospital, e mostrar os objetos pra ele, ver a reação dele, quando via uma coisa nova.

Quase perdi o namorado pro meu celular, ele adorou os joguinhos e as redes sociais, cheguei a pensar em jogar o aparelho pela janela, mas ele estava feliz, então eu deixei, não falei nada,  mas logo ele voltou a prestar a atenção somente em mim. Eu sei que parece egoísmo, mas eu gostava quando ele me olhava.

Com o passar do tempo ele foi se acostumando, e já identificava tudo sem precisar tocar. Ele precisou ficar no hospital umas duas semanas depois da operação, parece que o caso do Téo tinha sido mais complicado do que pensávamos, mas no final deu tudo certo.

Quando saímos do hospital.......... finalmente, eu já não aguentava mais ficar lá, mas eu tinha prometido, ........ antes de voltar para o vilarejo, nós passamos no zoológico, para o Téo ver os animais, eu fiquei emocionada, os olhos dele brilhavam, ele sorria o tempo todo, foi divertido, até com o algodão doce, ele ficou impressionado.

Depois nos lanchamos, e resolvemos voltar pra casa, o Téo sentou próximo a janela, ele queria ver tudo no caminho, quando chegamos, a praça estava toda enfeitada, parecia que todos os moradores do vilarejo estavam lá, esperando pela gente.

O Téo foi recebido com festa, foi uma gritaria, todos queriam abraça-lo, e ver se ele os reconhecia.

Eu vi , de longe, o Omar, ele estava afastado de todos, observando a festa, eu me aproximei.

— oi Omar.

— então, agora o cegueta pode ver.

— Omar.

— tá desculpa.

— mas.....

— Isa.... o que houve.....quem é você.  -  disse o Téo.

— esse é o Omar.

Eles se encararam, eu fiquei preocupada que eles começassem a brigar, porque eu acho que o Téo não gostou de me ver conversando com o Omar, mas o que aconteceu me surpreendeu.

—  desculpa , por tudo o que eu fiz, Téo.  -  disse o Omar.

O Téo também ficou surpreso.

— eu quero tentar mudar.

Eu sorri.

O Mateus e a Dóris se aproximaram, prontos pra defender o Téo, mas antes que eles falassem alguma coisa, o Téo estendeu a mão.

— não Mateus.

— Téo.

— eu quero pedir desculpas pra vocês também, por tudo.  -  disse o Omar.

— eu...... tudo bem.....sempre devemos perdoar.  -  disse o Mateus.

E eles se tornaram amigos, então nos reunimos na praça, o Téo, o Mateus, a Dóris, a Manu, o Joaquim, a Sabrina, o Omar e eu, foi muito legal, nos rimos muito. A festa do Téo durou horas, todo o vilarejo estava comemorando, todos queriam saber como o Téo se sentia, e eu fiquei feliz, quando ele disse que a primeira pessoa que ele viu fui eu.

Depois que a festa acabou; eu fiquei sozinha com o Téo na praça, já era noite, o céu estava lindo, era lua cheia, não tinha nuvens, então se podia ver as estrelas, ele olhou pra mim, tocou no meu rosto, fechou os olhos e passou delicadamente os dedos pelo meu rosto, depois me olhou.

— você é linda, eu nunca imaginei que seria tão feliz...........eu nunca me importei de ser cego, mas desde que eu conheci você, o meu sonho era ver seu rosto.

— você podia fazer uma coisa, pra me agradecer.

— é só falar que eu faço.

— me dá um beijo..

Ele sorriu e foi se aproximando, e nos beijamos, tenho que admitir, eu estava agindo feito boba, mas eu estava apaixonada, mas não era uma paixonite de criança, era um amor pra vida inteira, o garoto tranquilo do interior, e a garota rebelde da cidade.

Ele , calmo, tranquilo, gentil e amigo, eu, brigona, rebelde, agitada e arrogante, eu sei que mudei muito, o vilarejo me fez bem. Mas o Téo e eu somos muito diferentes, mas dizem que os opostos se atraem; então um completava o outro.

O Téo sempre disse que gosta do meu jeito, de falar tudo o que eu penso, eu sei que as vezes eu acabo ofendendo as pessoas, mas isso eu nunca vou conseguir mudar.

Quando amanheceu, fui até a praça, ainda tinha vestígios da festa, foi emocionante ver o carinho que as pessoas tratavam o Téo, eu fui até a sorveteria, a dona Fiorina, estava na porta.

— ainda bem que você chegou Isabela.

— por que, aconteceu alguma coisa.

— entra, e dá uma olhada no que o Téo está fazendo.

Eu entrei, não consegui resistir, comecei a rir.....o Téo estava em uma mesa, com vários potes de sorvete na frente, de diversas cores, ele queria ver a cor e sentir o gosto de cada um, era engraçado, mas eu entedia, pra quem sempre só sentia o sabor, ver as cores dos sorvetes, devia ser incrível.

— Téo.

— Isa....senta aqui, você quer sorvete, tá muito bom.

Eu sorri.

— não, obrigada, é muito cedo pra sorvete.

— quando eu vi todas essas cores diferentes de sorvete, eu não sabia qual sabor tinha cada um, então eu resolvi experimentar.

— entendo, eu também pensei em uma coisa, que você talvez queira.

— o que.

— aprender a ler e escrever, você sabe somente em braile.

— você tem razão.

— eu pensei em falar com a professora e pedir se ela podia te ajudar.

— obrigado Isa, eu nem tinha pensado nisso.

Nos fomos falar com a professora, e ela aceitou na hora, em dar umas aulas pro Téo, ele ficou muito feliz, é claro que por enquanto ele ainda seria avaliado na escola, do mesmo jeito, em braile, porque não seria justo, ele não conseguiria fazer as provas de outra forma, pelo menos por enquanto.

Contamos a novidade pra dona Fiorina, e ela adorou, e o que ela me disse , me emocionou, ela disse que agradecia a Deus, por ter me colocado no caminho do Téo, porque eu mudei a vida dele.

Eu cheguei no vilarejo, e com esse meu jeito, acabei mudando a vida de muitos, cheguei fazendo uma bagunça, deixei muita gente brava, mas acabei fazendo muita coisa certa, e a principal, foi ter me aproximado do Téo.


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Notas finais do capítulo

esse é o penúltimo capitulo....espero que estejam gostando...



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