Eu não estava mais sozinha, tinha uma família, o pesadelo tinha acabado, tudo estava perfeito, minha relação com a minha mãe e com a Manu estava ótima. Minha mãe me enchia de mimos, acho que era pra compensar os anos que passamos separadas, a Manu também, sempre me abraçava, eu tenho que admitir ela é legal, tá bom, ela é muito legal, gentil e talentosa.

No domingo fizemos um grande almoço, onde o Pedro pediu a Helena em casamento, foi uma confusão, a dona Fiorina começou a chorar, e quando vimos ela e minha vó estavam abraçadas chorando, pensei que acabaria em confusão, mas elas ficaram amigas, finalmente a rivalidade e intrigas das duas tinham acabado. A Helena e o Pedro decidiram que fariam um casamento na praça para todo o vilarejo, e falariam com o padre e com o pastor, para que ambos dessem sua benção, nas duas religiões, para evitar que começassem outra briga. Agora seriamos uma família, e quem sabe no futuro o Téo e eu poderíamos nos casar também.

A Manu e o Joaquim não se desgrudavam, ele passava mais tempo no vilarejo do que na cidade, mas era bem divertido, as vezes saiamos juntos, mas eu preferia ficar sozinha com o Téo, ele era tão gentil, e agora que ele podia ver, ele me enchia de carinho.

Depois de um tempo, o Pedro e a Helena se casaram, a festa foi linda, e adivinha quem pegou o buque da noiva..... eu ....., ele simplesmente caiu no meu colo, eu não tinha me juntado no grupo de mulheres que foi tentar pega-lo, mas a Manu achou fofo, o Mateus caiu na risada, e começou a perguntar quando o Téo me pediria em casamento, o Téo ficou envergonhado, e eu não sabia o que fazer com aquele buque, então eu levantei e entreguei pra minha mãe, ela sorriu pra mim, afinal eu só tinha quinze anos, eu olhei pro Otávio e fiz uma cara tipo, já não passou dá hora de vocês dois se casarem, acho que ele entendeu o recado.

Eu voltei pra mesa, o Téo ainda estava envergonhado, eu segurei a mão dele, e sorri, ele sorriu de volta, o Mateus ainda ria, mas parou rapidinho, quando eu perguntei quando ele iria pedir a Sabrina em namoro, eles ficaram amigos, e estavam bem juntinhos nos últimos dias.

Depois que acabou a festa, o Pedro e a Helena foram viajar, nos ficamos mais um pouco na festa, dançamos, foi divertido.

Voltei pra casa, estava muito cansada, meus pés estavam doendo, eu dancei muito com o Téo, a Manu já estava dormindo quando eu fui dormir.

No outro dia, eu acordei tarde, com a Manu gritando, levei um susto, mas era só porque o Joaquim estava na sala, peguei meu travesseiro e atirei nela.

— que escândalo só porque o namorado está na sala.

Deitei de novo e virei as costas pra ela.

— serio, Isa, bem....o Téo também ta na sala.

Eu levantei e a Manu estava rindo.

— você me ajuda a me arrumar Isa.

— sim, eu também vou me arrumar pra sair com o Téo.

— eu tive uma ideia, Manu.

— ai...Isa...não estou gostando do seu jeito.

— vamos fazer uma brincadeira com os garotos, vamos colocar a mesma roupa e ver se eles vão saber quem é quem.

A Manu e eu colocamos a roupa igual, o cabelo também e saímos, o Téo e o Joaquim estavam sozinhos na sala, quando eles nos viram, a expressão deles foi engraçada, eles estavam confusos, não conseguiam nos diferenciar.

— Manu....qual....... – disse o Joaquim.

Téo somente olhava de uma pra outra; mas de repente ele me encarou, e sorriu, ele percebeu que era eu, isso me emocionou, mas ele olhou pro Joaquim e disse .

— e agora Joaquim, você sabe quem é a Manu.

— eu...

— ai Joaquim, você não consegue me reconhecer.  -  eu disse, na voz mais inocente da Manu.

— desculpa Manu.

O Téo virou de costas pra gente , e falou alguma coisa com o Joaquim, depois olhou pra gente.

— então se você e a Manu, você é a Isa, minha namorada.

Ele se aproximou da Manu, me olhou de canto e sorriu, parecia que ia beija-la, a Manu me olhou apavorada, e eu já estava com ciúmes.

— ei.... pode parar Téo.

Ele começou a rir.

— Isa .... eu reconheci você, eu vi no seus olhos..

Ele saiu da frente da Manu, rindo, e veio na minha direção, eu abracei ele, a Manu voltou pro quarto pra trocar de roupa pra não sairmos iguais, e eu sai com o Téo, fomos na praça, eu fiquei feliz que ele conseguia me reconhecer.

— sabe Isa, eu sempre vou saber quem é a Manu e quem é você, quando eu era cego, e você se passava pela Manu, eu sentia que era outra pessoa, mesmo sem saber a verdade, e quando você me contou a verdade e que eu entendi o que eu sentia, quando eu estou do lado da Manu eu sinto uma coisa, quando é você que está do meu lado eu sinto outra coisa completamente diferente.

Eu sorri, e dei um beijo nele, ficamos na praça até a hora do almoço, quando a minha mãe me chamou, o Téo foi junto comigo, ele e o Joaquim iriam almoçar com a gente, o Otávio também estava lá, depois do almoço, ele pediu minha mãe em casamento, e iriam marcar a data, nós comemoramos.

Eu abracei minha mãe, ela me abraçou bem forte, e a Manu abraçou nos duas, como eu estava feliz, como eu gostava desses momentos, eu sentia muita falta do meu pai, mas eu sei que ele estaria feliz por mim, eu sei que ele desejaria que eu fosse feliz, e pra mim, ele sempre será meu pai, sempre, não importa o que dissessem, o coração fala mais forte que o sangue, ele sempre seria meu pai, e eu jamais esqueceria dele.

Mas eu estava feliz de ter uma mãe, o jeito que ela me tratava, com tanto amor, tão diferente da Regina, agora eu sabia o que era ter uma mãe, eu sabia o que era ter uma família. Eu nunca mais ficaria longe deles, e faria qualquer coisa por eles.

— eu te amo filha.

— eu te amo mãe.... eu também te amo Manu.

— ai Isa, é a primeira vez que você me disse isso.

E me abraçou.

A noite, eu sai com o Téo, fomos na praça, ele gostava de olhar as estrelas.

— eu adoro ver o céu, e é graças a você Isa, você mudou a minha vida.

— e você mudou a minha...... eu te amo Téo.

— eu te amo Isa......vou te amar pra sempre.

— sempre.

Eu me aproximei e dei um beijo nele..... eu sei que ficaríamos juntos, ele me abraçou e ficamos de mãos dadas olhando as estrelas.

Fim......