Diário de Isabela.. escrita por Wanda Barker


Capítulo 20
Uns dias no mundo de Téo....


Notas iniciais do capítulo

Isa acorda no hospital, mas tem alguma coisa errada.....ela vai entender como o Téo se sente.



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Eu sentia meu corpo dolorido, a cabeça doía, e eu estava tonta, mas estava tão fraca que não conseguia me mexer, nem abrir os olhos, ouvia vozes bem distante, mas não conseguia entender, nem saber de quem eram.

Sentia que estava deitada em uma cama, o que eu achei estranho, pois eu me lembrava de estar no carro com a Regina, lembrei do acidente, então é por isso que eu sentia tantas dores, mas apesar das dores, eu sentia que podia mexer minhas pernas, meus braços, então acho que estava tudo bem, mas estava fraca.

Minha cabeça era a parte do meu corpo que mais doía, meus olhos doíam, parecia que minha cabeça estava inchada, sentia que ela estava enfaixada, senti gosto de sangue , comecei a ficar com medo, as vozes em torno de mim foram ficando mais altas e pude entender e identifica-las.

Ouvia minha mãe, ela estava bem ao meu lado, segurava a minha mão, ouvi a voz da Manu, ela chorava, senti outra pessoa segurar minha outra mão, meu coração acelerou, eu conhecia aquele toque, era o Téo.

Ele sempre disse que estaria ao meu lado, e estava.

— acorda Isa. – disse o Téo.

Eu reuni toda a força que tinha e apertei a mão dele, ele apertou de volta.

— gente, a Isa acordo, ela segurou a minha mão.

— Isa... ouvi as vozes me chamando.

— mas ela não abre os olhos.  -  disse a minha mãe.

— ela esta fraca.  -  disse uma voz conhecida, meu padrinho Raul.

— Téo.  – eu disse, minha voz saiu fraca.

— Isa, como você esta se sentindo.

— estou com dor.

Lentamente tentei abrir meus olhos, com muita dificuldade consegui, mas tinha algo errado, porque eles estavam no escuro, será que tinha faltado luz no hospital.

— porque estão no escuro, liga a luz do quarto, mãe.

Ouve um silencio, a Manu começou a chorar de novo, Téo segurou mais forte a minha mão, eu não entendi.

— o que houve, liga a luz, mãe.

— Isa, eu achei que poderia acontecer algo assim, nos exames mostraram que a um inchaço, na parte de trás dos seus olhos, a uma pequena inflamação, também, mas é por pouco tempo, que você vai ficar assim Isa, logo a medicação vai fazer efeito, e você vai voltar a ver.  – disse o meu padrinho.

— EU ESTOU CEGA !!!!

Téo segurou mais forte a minha mão.

Eu entrei em pânico, eu não conseguia ver nada, tudo estava escuro, eu senti uma aflição, queria gritar, queria chorar, meus olhos doíam, eu fazia força para tentar ver, mas não adiantava, tudo permanecia escuro.

— você vai ficar bem filha.

Tentei levantar, mas alguém me deteve.

— você esta fraca, precisa descansar, o acidente foi grave. – disse o Raul.

Eu estava desesperada, não sabia o que fazer, eles diziam que assim que os remédios fizessem efeito eu começaria a ver alguma coisa, mas eu queria ver agora, eles não entendiam o que eu estava sentindo.

— dona Rebeca, eu posso ficar a sós com a Isa.  -  disse o Téo.

— pode, eu vou levar a Manu pra casa, ela passou a noite toda aqui, precisa descansar.

Eu senti minha mãe me dando um beijo, depois senti a Manu me abraçar.

— eu volto depois irmãzinha.

— pode ir Manu, o Téo vai ficar comigo.

Eu ouvi a batida da porta, elas haviam saído, eu queria que elas saíssem, queria ficar sozinha, eu não queria que sentissem pena, não queria que chorassem por mim.

 - eu vou ficar com você, Isa, vou ajudar.

— Téo, eu to com medo, ta tudo escuro, eu não quero ficar assim.

— Isa, eu sou a única pessoa aqui que entende você, eu sempre vivi no escuro.

Foi só nesse instante que eu percebi, o Téo sentia isso, era assim que ele via o mundo, eu finalmente entendia como o Téo vivia, eu acabei me acalmando, e admirando o Téo ainda mais, eu estava fazendo um escândalo, e o Téo que nunca viu nada, que sempre foi cego, estava tentando me acalmar.

— é desse jeito que você se sente.

— não da mesma forma, eu nunca vi nada, por isso não entro em pânico, não sinto falta de uma coisa que eu não sei como é, você sabe como é o mundo, deve estar com muito medo de ficar assim.

— eu admiro você ainda mais agora.

— você precisa ficar calma, o Raul disse que você vai ver, só vai passar uns dias no meu mundo.

O Téo passou o dia comigo, eu acabei me divertindo, ele me ajudava a fazer as coisas, mas as vezes não dava certo, percebi como era importante ter ajuda, percebi como o Téo era independente, porque eu não estava conseguindo fazer nada sozinha, era muito difícil fazer coisas simples sem ver, ele me ensinou, ou melhor tentava, me ensinar a usar os outros sentidos.

Passaram uns dias, eu já conseguia andar pelo quarto sem bater em nada, nem cair, o Téo vinha todos os dias depois da escola, e passava o restante do dia comigo, ele sempre me ajudava, a gente se divertia , ele me trouxe alguns objetos, e me mandava identifica-los usando as mãos.

O Téo é uma pessoa incrível, eu nunca imaginei, como seria ser cega, e agora que estava, eu entendi como era difícil, e tambem como era importante fazer as coisas sozinha, não queria que sentissem pena, eu imaginei que ele também deveria odiar quando os outros sentiam pena, e eu também não queria ser um peso pra minha família, finalmente entendi, porque o Téo sempre me perguntava se eu não tinha me cansado dele, porque eu fiquei com medo de ser abandonada também.

Depois de um tempo, a dor passou, o inchaço também, não estava mais tudo escuro, comecei a conseguir ver , não muito bem, mas já era um começo, depois de um mês no hospital eu consegui ver perfeitamente, senti um alivio, uma alegria que nem ser descrever.

A esqueci de contar, a Regina não resistiu aos ferimentos, e faleceu, por mais que eu a odiasse, não desejava que isso tivesse acontecido, desejava que ela fosse presa, não um final assim, mas agora eu estava livre, ninguém mais poderia me fazer mal, a Rebeca ficou com a minha guarda, o que era obvio , e minha mãe, e eu fiquei com a herança do meu pai, estava rica, poderia ajudar minha família, poderia pagar a operação do Téo, agora que eu sabia o que ele passava, o que mais eu desejava era que ele pudesse ver.

Finalmente deixaria o hospital, voltaria para casa, o Téo ficou muito feliz, a minha visão estava perfeita, e eu nunca senti tanta vontade de ver as coisas, nunca tinha dado valor a uma coisa que pra mim era normal, uma coisa que pra muita gente é normal, ver.

Arrumamos tudo e saímos do hospital, me despedi do meu padrinho, e voltamos pro vilarejo, onde fui recebida com festa.


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Notas finais do capítulo

espero que estejam gostando, porque eu adorei escrever....



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