Eu precisava contar a verdade para o Mateus e a Dóris, mas estava com medo da reação deles, não queria ser julgada, mas o Téo disse que se eles soubessem, eles me ajudariam, então combinamos nos encontrar na casa deles, quando os pais deles estivessem trabalhando.

Chegamos na casa deles, confesso que eu estava nervosa, mas o Téo segurava firme a minha mão, entramos e nos sentamos no sofá, o Mateus e a Dóris também estavam nervosos, a gente ficou um tempo se encarando.

— confia neles Isabela.  – disse o Téo.

— Isabela, quem é Isabela......Téo você tá bem....essa é a Manu.

—não, ele tá falando serio, eu não sou a Manuela, meu nome é Isabela, e eu sou a irmã gêmea da Manu.

Os dois me olharam apavorados, acho que eles pensaram que eu estava brincando.

Então eu contei tudo, falei da Regina, do sequestro, de como era a minha vida antes e depois da Manu, contei que a Manu estava bem, e que estava se passando por mim e eu por ela.

Eles estavam em silencio, mas apavorados.

— mas temos que fazer alguma coisa, temos que salvar a Manu.  -  disse o Mateus.

— já temos um plano, meu padrinho esta na cidade nos ajudando, estamos juntando provas pra incriminar a Regina.

— nos vamos ajudar no que precisar. – disse a Dóris.

Eles ate que estavam aceitando numa boa, eu sei que ficaram chateados porque eu não confiei neles antes, mas entenderam o meu lado, a Dóris ficou toda contente com essa história de gêmeas , e ate me perguntou se podíamos ser amigas, e eu respondi que eu iria adorar.

— mas espera um momento......Téo....você e a Manu, quer dizer Isa, vocês.  – disse o Mateus.

— eu estou namorando a Isa, é que já faz um tempo que eu sei a verdade.

Conversamos a tarde toda, e eu estava feliz, que eles tinham me aceitado, como era bom ter mais pessoas sabendo a verdade, e eles prometeram me ajudar a achar a mulher que fez o parto da Manu e meu.

Precisávamos do testemunho dela, para saber a verdade, era a única prova que faltava.

Depois de alguns dias.

O Téo e eu estávamos sozinhos na sala, ele parecia feliz, mas de repente ele ficou serio.

— que foi Téo.

— é que eu estive pensando, eu queria poder ver o seu rosto.

Ele passou a mão pelo meu rosto, pelo meu cabelo.

— mas eu sei que você é linda.

— você também é lindo.

— você acha.

— acho.

— eu sempre quis saber como eu sou.

Eu sabia que o Téo não sabia da operação, mas resolvi perguntar.

— Téo, se existisse uma operação que pudesse fazer você ver....o que você faria.

— eu gostaria muito de ver, eu nasci assim, então pra mim é mais uma curiosidade, queria ver as cores , as estrelas, e principalmente você.

— então você faria a operação.

— eu já fiz vários exames, e sempre a resposta foi negativa, e eu acho que se tivesse uma operação pra mim, seria muito cara, e meus pais não teriam condições.

— eu poderia pagar pra você Téo.

Ele ficou serio, pensativo.

— eu nunca iria pedir isso pra você.....e....porque você ta me perguntando isso.

— não é nada....mas quero que você saiba que eu faria tudo por você, e se surgisse uma chance de você ver, mesmo que fosse mínima, eu iria te ajudar.

Ele sorriu.

— então você gosta tanto assim de mim.

— gosto.

— mesmo eu sendo cego.

— mesmo você sendo cego....

Ele pegou minha mão e deu um beijo nela, eu fiquei olhando pra ele, como o Téo era gentil, tranquilo, educado, lindo....as vezes eu achava que não merecia alguém como ele, que ele merecia alguém melhor, alguém como ele....alguém como a Manuela.

Eu não queria ficar sempre me comparando com a Manu, mas eu não conseguia evitar, eu sei que eu tinha algumas qualidades, mas a senhorita perfeição da Manu, tinha muito mais.

Era ela que todos amavam.......eu tinha a esperança de que um dia me amassem assim também.....eu sei que eu tinha a Marina, tinha o Téo, meu padrinho, e agora as amizades do Mateus e da Dóris.....mas eu tinha curiosidade de saber qual seria a reação da Rebeca.

Sempre desejei o amor de mãe, nunca tive, o mais próximo de carinho que ganhei foi da Marina, e nessas horas que a saudade do meu pai aumentava, ai como ele me amava, e como eu o amava....mas eu sei que as pessoas que amamos nunca nos deixam, ele sempre estará vivo no meu coração.

— Isa, ta tudo bem.....você ta em silencio a um tempão, já estou preocupado.

So nesse instante, que eu percebi que eu ainda estava com o Téo do meu lado, segurando a minha mão.

— desculpa Téo.

— o que aconteceu, sinto você triste.

— estava pensando no meu pai.

— você sente muito a falta dele.

— sinto.

Ele segurou mais firme a minha mão, não disse nada, somente ficou do meu lado, e esse pequeno gesto me tranquilizou, eu sabia que o Téo sempre estaria ao meu lado.

De repente a Marina invade a casa, nos dando um susto, ela sorria..

— achamos ela....