Reboot escrita por Bruno hulliger


Capítulo 8
A necessidade de um milagre


Notas iniciais do capítulo

Fiquei um tempo sem postar nenhum capítulo pois estava um pouco ocupado, mas agora que voltei, os capítulos da fic continuarão a ser lançados de dois em dois dias!



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No hospital, a grande movimentação de pacientes e macas que lotavam o corredor pela tarde já estava mais lá. Alguns funcionários trabalhavam na limpeza do chão branco, e estes reclamavam enquanto isso: “por que o chão tinha que ser branco? Os outros pisos estavam em falta?!” e assim por diante.

  Isadora seguia caminho com a cara ameaçadora que só ela sabia fazer. Zack seguia caminho atrás dela. Logo, depois de atravessarem inúmeros corredores naquele lugar enorme, chegaram finalmente ao terceiro andar, quarto 21. Era o lugar onde Helena estava descansando.

  “O que viemos fazer aqui de novo?” pergunta o rapaz, mas em vão, pois ele não obteve resposta da garota.

  Uma enfermeira observava a menina pálida e a todo movimento da paciente, ela anotava algo em um bloco de anotações. A supervisora ordenou à profissional que saísse do quarto por um instante; esta obedeceu, mas era visível em seu olhar o repúdio dela ao pedido (que, como citei anteriormente soou igual a uma ordem).

  Isadora sentou-se ao lado da garota e começou a observá-la, exatamente como fazia a enfermeira antes de sair.

  -- O que você está fazendo? – perguntou o jovem – Veio aqui só para isso?

  O olhar da supervisora estava sem brilho. Sem esperança. Sem vida.

  -- Olhe para ela... – falou em resposta.

  -- O que tem ela?

  -- É uma criança tão triste.

  -- ... – Zack não sabia como prosseguir a conversa.

  -- Por que ficou calado? Diga alguma coisa – houve silêncio por parte do garoto. – Se vai ficar quieto eu posso falar por você. Olhe para ela – repetiu, em tom de voz melancólico. – O que você pode fazer para ajudá-la?

  Silêncio.

  -- Me diga! – continuou, em tom de voz mais alto que antes. – Hein? Isso mesmo, nada. Nada do que você fizer vai ajudá-la. Você não pode ajudá-la; você não pode evitar a doença dela.

  -- Aonde quer chegar?!

  -- Em lugar nenhum, só estou dizendo que não importa o que você faça! Não importa que você vire um médico, ou um advogado! Pessoas ainda vão morrer e os criminosos ainda vão ser soltos!!

  Essas palavras atingiram em cheio a auto-estima de Zack que, não demonstrava, mas estava abalado emocionalmente.

  Zack por sua vez, teve vontade de gritar com ela, ou pior: bater nela. Mas isso não seria digno por parte dele. Além disso, era verdade, ele não poderia fazer nada. Nunca pôde. E jamais poderá...

  -- Por favor, vá embora daqui. Volte para sua casa e durma. Amanhã será a segunda parte do seu teste, então você tem que descansar – disse Isadora.

  -- O.K... Mas eu não trouxe...

  -- Eu pago um taxi para você.

  -- Hm... Obrigado.....

  Não, ele não estava grato a ela. Pelo contrário.

  Jonas e Sabrina ainda estavam do lado de fora do hospital quando o rapaz ia embora. Jonas deu-lhe uma coxinha que havia trazido para comerem, o jovem agradeceu com um vago “obrigado” e se foi. Mais ao longe, um taxi chegou até ele e o levou de volta para casa.

  Isadora não se despediu, pois preferiu ficar no quarto junto à Fabiana que, segundo o quadro médico, tinha cerca de mais três poucos dias de vida...

  A casa que Zack alugou temporariamente ficava muito longe, por sorte, o dinheiro da supervisora foi suficiente para a viagem. O imóvel não era muito impressionante; havia um pequeno portão de ferro na entrada que era cercada por um velho e enferrujado muro do mesmo material. A casa em si era pequena, tinha apenas cinco cômodos dos quais dois eram quartos, um era o banheiro, outro era a sala e o último era usado como cozinha, sem contar que estes cômodos eram minúsculos em largura e comprimento, deixando Zack bem desconfortável na maior parte do tempo.

  A tinta que revestia as paredes era, segundo os moradores locais, amarela, mas com o tempo foi se desbotando até se tornar um marrom feio e sombrio.

  Ao longe o relógio da igreja anunciava oito horas. As famosas telenovelas desse horário já haviam começado, mas não tinha como o rapaz assisti-las, pois naquela velha casa não havia nenhuma televisão.

  O garoto tomou um banho no chuveiro que só tinha as opções: água fria; água congelante; abaixo de zero e hidrogênio líquido. Pode parecer exagero de minha parte, mas realmente, aquele chuveiro não tinha a função de esquentar a água, e se tinha esta não funcionava mais.

  A cama do rapaz também não era muito aconchegante. Era toda dura e os travesseiros tinham cheiro de mofo, sem contar os inúmeros rangidos que esta fazia, fazendo parecer que sua estrutura de madeira poderia quebrar a qualquer momento.

  “Eu odeio minha vida...” pensava Zack enquanto tentava se acomodar à cama.

                                               ***

  No dia seguinte, novamente, ele acordou atrasado, teve que pegar dois ônibus para chegar à escola e quando finalmente chegou, foi recebido pela “simpatia” de Sabrina! Que parecia ainda mais macabra naquele dia... 

  Ao entrar na sala, novamente, o professor lhe chamou a atenção pelo atraso e lhe chamou de irresponsável, mas isso não foi nada quando comparado aos elogios de Isadora no dia anterior. E, aliás...

  -- Onde está a Isadora? – perguntou Zack inconscientemente, olhando para a carteira vazia ao seu lado.

  -- Ela ainda está no hospital, cuidando de Fabiana! – respondeu Jonas que sentava-se ao fundo, soltando um berro que fez o professor expulsa-lo da sala, fazendo-o ficar de pé no corredor.

  Para o rapaz isso era bom. Ela não ter vindo significa que ele não teria que fazer o exame de admissão. Infelizmente sua alegria durou pouco. No quarto horário de aulas, foi ordenado que ele comparecesse à sala de supervisão. Óbvio: ele obedeceu; mas ao chegar lá...

  Era ela e seus cabelos brancos cintilando graças à corrente de ar que entrava pela porta. Estava de pé, com um papel imprimido nas mãos. Era Isadora... Logo, os dois comparsas dela chegaram e assim deu-se início a segunda parte do exame.

  -- Se eu fosse você, desistiria – disse a supervisora, em alto e bom tom. – Trapaceiros nunca vencem, e nem acertam 90% da prova. Nem mesmo uma oração vai te ajudar agora, até porque, eu não acredito em milagres.

  Zack olhou para a folha cheia de questões, e se surpreendeu ao ver que aquela não era a mesma prova do dia anterior. Era outro teste, com outras questões. Agora só um milagre para tirá-lo dessa situação...


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