Reboot escrita por Bruno hulliger


Capítulo 7
Eu só quero ajudar as pessoas




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  “‘Talvez amanhã seja um dia melhor!...’ mentira... Da ultima vez que ela disse isso... Ela faleceu... O amanhã não foi um dia melhor... Pelo contrário”, pensava Zack.

  Ao longe, duas pessoas vinham conversando descontraidamente. Um homem e uma mulher. Jonas e Sabrina. Eles deviam ter perdido a noção do tempo...

  Isadora por sua vez, estava impaciente, irritada, faminta... Sim, tudo ao mesmo tempo. O “casal” chegou de mãos abanando. A supervisora deu um tapa na testa do garoto e chamou a garota de irresponsável em sete línguas diferentes, dentre as quais Zack pode reconhecer: espanhol, inglês, e... Francês; as outras ele não pode decifrar.

  A fome não era tão perturbadora quanto os pensamentos do rapaz. Sei que pode parecer repentino mudar de assunto dessa forma, mas o garoto não se importava com as discussões idiotas dos amigos, do céu negro que cobria a cidade, do fato de Fabiana estar sedada no hospital, e nem mesmo com o fato de já serem... “19 h: 01 min.” verificou Zack; o tempo havia passado bem rápido.

  A bateria do celular estava em seu limite, era incrível que este ainda não havia se desligado. Ele pensava em sua casa alugada. Ela devia estar tão vazia. Ele pensava nos deveres de casa. Sua mochila foi mandada para sua casa quando ele e os outros seguiam rumo à órfã, então ela estava segura, sua vizinha deve ter guardado-a em casa; mas ele ainda não tinha feito os deveres de matemática, nem de história... Sem contar que no dia seguinte ele teria que acordar mais cedo ainda, pegar dois ônibus, suportar mais cinco horas de aulas e ainda fazer o maldito teste de admissão no fim da aula – o qual ele não chegou a terminar, pois foi interrompido por essa viagem.

  Tudo acontecia em um ritmo tão frenético...

                                                     ***

  Voltando um pouco à realidade: Isadora obrigou os dois companheiros a procurarem alguma lanchonete que estivesse aberta e comprar algum lanche qualquer, só para satisfazer a fome. Eles saíram novamente, dessa vez, a supervisora os ameaçou caso não trouxessem comida. Ela é tão meiga, não é?!

  -- Ei? Trapaceiro? Pare de sonhar e olhe para mim, por favor...

  -- Hum...? O que foi?

  -- “O que foi”? Você estava dormindo enquanto eu gritava com o Jonas e a Sabrina! Tem algo de errado com você? Está passando mal?

  -- Não. Obrigado pela preocupação, supervisora...

  -- Não estou preocupada. É que tem um hospital a poucos metros daqui, então se você estiver passando mal é só correr até ele. Pode ir se quiser, não vou te zoar por causa disso.

  O rapaz sorriu levemente. Isadora não era o tipo de pessoa educada, mas pelo menos era divertida, e isso lhe fez retornar um pouco à realidade.

  A garota mal-educada e o menino-pensador estavam novamente sozinhos no silêncio da noite, e ao ver a informalidade daquele momento, Zack perguntou, sem se conter:

  -- Você tem esse cabelo branco por ser albina?

  Ela o olhou de forma indiferente, sorriu e disse:

  -- Bom, mais ou menos... Eu não sou completamente albina.

  -- Não é? Então existem graus de albinismo?

  -- Sim... Pelo menos no meu caso sim. Veja só.

  Ela exibiu os cachos esbranquiçados e comparou com a cor da pele que era um pouco bronzeada. Depois disso, ela continuou:

  -- Por alguma razão que os médicos não entendem, apenas o meu cabelo perdeu a coloração. Minha pele é como a de qualquer outra garota. Não tenho problemas na visão, e nem aversão a luzes fortes. Eu sou uma garota comum apesar de tudo.

  -- Entendi... Então você é como se fosse um novo caso de albinismo, não é?

  -- Sim, mais ou menos isso...

  Zack começou a cochichar algumas coisas em silêncio, e frequentemente roia as unhas, indicando ansiedade.

  “Algum problema?” perguntou Isadora, um pouco preocupada.

  “Hum, não... É só que...” ele não sabia como completar essa frase.

  “Fale logo, ou eu vou te ameaçar em sete línguas diferentes!”

  Exibida, pensou o rapaz.

  “Bem... É que eu... Eu estava buscando uma lógica do por que você ser semi-albina.”

  “Para que perder tempo com isso?”

  “...Eu poderia ajudar outras pessoas...”

  Ele falou, sem querer... Isadora não entendia muito bem os motivos do garoto.

  “Desculpe-me... É que eu queria ser médico” completou.

  “Sério? Um trapaceiro querendo ser médico? Que falta de ética.”

  “Já lhe disse que não trapaceei naquela prova!!”

  “Então como...?”

  “Eu não sei!!!”

  O grito que ele soltou ecoou por toda a extensa rua.

  Ao longe, novamente, Jonas e Sabrina seguiam caminho. Dessa vez eles traziam em suas mãos, sacolas que deviam conter salgados por dentro. O garoto de óculos estava super feliz, pois finalmente estava andando com uma garota bonita ao seu lado! A menina em contradição, parecia entediada e fitava Jonas (com raiva) todas as vezes que ele tentava olhá-la de maneira mais técnica.

  A supervisora olhava Zack sem demonstrar nenhum sentimento, e o garoto por sua vez, estava envergonhado por ter gritado tão alto. Isadora não esperou a chegada dos companheiros e pediu à Zack que a acompanhasse por um instante. Jonas e Sabrina não interferiram, eles sabiam que a comandante tinha algo sério para falar com o jovem. Sentaram-se no mesmo banco em que antes estavam a sem-educação e o rapaz-pensador.

  -- Para onde você vai?! – perguntou o garoto.

  Silêncio... Mas apesar disso, era óbvio o local para onde a menina estava se dirigindo: ela ia em direção ao hospital, mas por quê? Por que ir até lá para conversar?


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