Rony estava frustrado em seu carro. Já deveria está na clínica havia horas. Mas um incidente na estrada estava interditando o trânsito. 

—Droga—exclamou o que parecia ser a milésima vez—Logo agora tinha que acontecer isso? Aquele mala do meu chefe vai me matar e dá para os pacientes comer no almoço. 

Depois de esperar pelo menos uma hora, o trânsito voltou ao normal, já o humor de Rony não tinha nada de normal. 

—É bom que você tenha uma explicação muito bem explicada, porque eu juro que vou matar você e dá para os pacientes comer no almoço se não me convencer—disse o Dr.  assim que ele pôs o pé na clínica. 

Não falei. 

—Eu sei que você não vai acreditar, mas a verdade é que fiquei preso no trânsito. 

O Dr. Olhou para ele desconfiado. 

—E o que aconteceu dessa vez? Uma espaçonave caiu no meio do tráfego?  

—Na verdade o que caiu foi um caminhão de doces—explicou impaciente. 

—Caminhão de doces? Não tem nada melhor pra inventar não? 

—Não estou inventando nada. Um caminhão de doces tombou na estrada, e eu ainda tive que aguentar as mães desesperadas correndo atrás dos filhos que estavam carregando os doces até nas calças. 

O Dr. O olhou ainda desconfiado, mas resolveu deixar pra lá. 

—Mexa-se Weasley. 

Rony suspirou e foi ao trabalho. Não tinha muitos pacientes, o que foi um alivio para ele. Quatro horas depois já estava se preparando para ir embora quando seu celular tocou. Não precisou nem olhar para saber quem era, só alguém na vida o ligaria no trabalho desrespeitando a sua autoridade de dizer para não faze-lo. 

—Fala Harry. 

—Está sentado? 

—Não! 

—Então senta. 

—Fala logo Harry. 

—Já sentou? 

Rony suspirou e sentou. 

—Sim! 

—Você se lembrar que eu tinha te falado sobre a reunião com o McLaggen? 

—Lembro. E? 

—E você não sabe o que aconteceu na reunião. 

—Se eu soubesse você não estaria ligando pra mim agora. 

—O McLaggen voltou à Londres por causa de uma pessoa. 

—Uma pessoa? 

—É. 

Uma pessoa? O mauricinho do Córmaco McLaggen voltou a Londres por causa de uma pessoa? 

Rony estava mais confuso do quê nunca. 

—Espera Harry! Onde você está? 

—Estou indo para casa. 

—Vá agora para o meu apartamento, preciso saber disso melhor. 

—Beleza! 

*** 

—Tem certeza Harry?—perguntou Rony depois que Harry contou sua conversa com Córmaco. 

—Tenho. Córmaco não veio aqui por causa do trabalho, ele me garantiu isso com todas as letras. 

—E quem é essa pessoa? 

—Eu não sei, ele não falou mais nada. 

Harry deu de ombros. 

—Quem diria hein? McLaggen gostando de alguém, sempre pensei que ele era capaz de amar mais aqueles ternos de grife que ele usa do que uma pessoa. 

—Pois é! 

Será que é um sinal? — Rony pensou. 

Será que a volta de Córmaco poderia ter algo a ver com a Lilá?  

Rony se pegou pensando nela de novo. Por mais que não quisesse, ela voltava ao seus pensamentos. Mas isso não quer dizer que ele ainda a ame ou que à perdoaria, ele nem sequer pensou como reagiria a isso. 

—Alguém quer jujubas?—a voz de Gina o tirou do transe. 

—Opa!—falou Harry arrancando a embalagem de sua mão. 

—Aproveita que tenho várias. 

Rony olhou para a bolsa de Gina e viu todos os tipos de doces possível. 

—Gina, mas o que....  

O caminhão de doces —ele pensou. 

—Por acaso você esteve no trânsito hoje?—perguntou ele divertido. 

—Sim! 

—E por acaso tudo isso ai—apontou para a bolsa cheia de guloseimas—Foi do caminhão que tombou hoje de manhã? 

—Sim! 

—Um caminhão tombou hoje de manhã?—perguntou Harry com a boca cheia de balas Butter Toffees. 

Gina assentiu. 

—E você roubou todos esses doces?—Harry gargalhou—Você é pior que criança Gininha. 

Gina deu de ombros. 

—Estavam lá jogados, no final acabei fazendo um favor para eles. Imagine só, deixar tudo isso lá para as formigas comerem. Aliás sempre foi um sonho de criança consegui doces de graça. 

Rony e Harry se entreolharam. 

—Do que estavam falando? 

—Da reunião que o Harry teve com o Córmaco McLaggen. 

—O Pinguim loiro? 

—Como é? 

—Ué, ele só vive de terno e anda tão formal que mais parece um Pinguim. E aquele cabelo dele é tão certinho que me dá naúseas só de olhar. 

—É ele mesmo—disse Rony. 

—Ele não tinha ido embora de Londres? 

—Tinha. 

—E o que ele faz aqui? 

—Está atrás de uma pessoa—Harry suspirou. 

—Que pessoa?—perguntou Gina curiosa. 

—É isso que estamos tentando descobrir. 

Agora era a vez de Gina ficar pensativa. Conhecia Córmaco muito mais do que todos ali. Havia guardado um segredo dele que não tinha contado a ninguém, não por ele é claro, mas por seu irmão. Se tinha alguém que Gina faria qualquer coisa para vê feliz era Rony, e isso incluía manter isso com ela até que chegasse a hora exata de contar. 

*** 

Era fim de tarde e Hermione e Astoria estavam deitadas no sofá assistindo ao canal da Disney na TV, com uma garrafa de Pepsi ao lado.  

—Você cantou pra ele?—perguntou Astoria boquiaberta. 

—Falando assim até parece romântico—Hermione revirou os olhos. 

—Você não está entendendo! Isso não é só romântico, isso é....é....na verdade eu não sei o que é, mas com certeza é mais que romântico. 

Hermione suspirou. 

—Mione. 

—Hum? 

—Abre o jogo comigo, você e o Rony estão tendo algum.... 

—NÃO—gritou irritada—Pelo o amor de Deus, porque todos acham que estamos tendo alguma coisa? Não podemos ser amigos? 

—Poder, pode! Mas é muito estranho. 

—O que é estranho? 

—Essa relação de vocês. Se fosse realmente "só amizade" você não estaria reagindo dessa maneira. 

—Que maneira? Estou ótima. 

—Mione—falou Astoria pacientemente—Toda a vez que eu toco no nome do Rony você fica diferente. 

—Astoria—Hermione desligou a TV e virou-se para a amiga—Agora quem não está entendendo é você. Eu e o Rony não podemos ter absolutamente nada. 

—Por quê? 

—Porque ele ainda ama a ex-mulher, e além do mais ele mesmo disse que não queria se apegar a ninguém agora. 

—Você pode mudar isso. 

—Não, não posso! Não vou obrigar o Rony a ficar comigo se ele ama outra pessoa. 

—E como você sabe que ele ainda à ama? 

—Eu percebo isso pelo jeito que ele fica quando fala dela, ele tem um brilho lindo nos olhos—suspirou—Eu fico me perguntando o que essa mulher tinha na cabeça para deixa-lo. 

—Nada! Ela simplesmente foi embora sem explicação nenhuma. Eu não vou mentir pra você e falar que o Rony à esqueceu, na verdade eu nem sei, mas você pode fazer com que ele volte a ser o que era. 

—Eu só vou fazer isso se ele me der uma chance, enquanto isso, existe uma barreira entre nós que só pode ser vencida pela amizade. 

Astoria a olhou e resolveu deixar para lá, essa conversa não iria a lugar nenhum. Conhecia Hermione o suficiente para saber que não embarcaria em um relacionamento com dúvidas. 

*** 

Era sábado de manhã quando Gina acordou com a disposição de fazer um mini cinema no apartamento. 

—Temos que nos divertir mais—Falou quando foi questionada pelo irmão. 

Ligou para Astoria e Hermione. Harry nem precisava ser chamado, já que praticamente morava com eles. 

Neville tinha viajado para visitar alguns parentes, por isso não poderia participar. 

Às 13h todos já estavam na sala. A TV ligada com baldes de pipocas e refrigerantes. 

Estavam todos muito ligados ao filme, mas nem Rony e Hermione conseguiam presta atenção, para eles aquilo estava um saco. 

—Quer dá uma fugidinha?—sussurrou Rony no ouvido de Hermione. 

—Agora! 

Rony levantou-se e pigarreou. 

—Eu e a Mione vamos...é....andar por ai, está muito abafado aqui. 

Astoria sorriu. 

—Mas...—Harry começou. 

—Acho ótimo—Gina interrompeu—Está mesmo muito calor aqui. 

Harry a olhou e por um instante não entendeu o que estava acontecendo, mas depois de alguns olhares de Gina capitou a mensagem. 

—Ah, é mesmo, está calor aqui, vão andando e usem camisinh...digo, usem o blusão, está frio lá fora. 

Rony queria acertar todos com um balde de pipoca. Antes de saírem ele pegou uma garrafa de vinho e dois copos descartáveis. 

O que tem de errados com eles? 

Eles não saíram do prédio. Ficaram sentados na escada. 

—Sobre o que o Harry disse... 

—Não precisa explicar, sei que você está acostumado a sair com as mulheres e levá-las para a cama, mas gostaria que soubesse que não vai conseguir isso de mim—Falou tomando o vinho de sua mão, e o abrindo. 

—E nem quero—falou sério—Sei que minha "fama" por aí não é muito boa, mas tenho uma boa razão para agir assim. 

Ela derramou o vinho no copo e o bebeu de uma vez. 

—Uma boa razão? Jura? Então repete ela de novo. Por que a única "razão" que você me deu, foi que sua mulher te deixou. E isso não é razão o suficiente para agir assim. 

Sua voz era calma, mas havia algo nela que lhe causava arrepios. 

Ele bebeu um pouco do vinho. 

—Se você passasse pelo que eu passei, não estaria dizendo isso. 

Ela deu um riso irônico. 

—Você passou por tudo isso porque quis, sua família e seus amigos te alertaram. Já eu...não tive escolha—A última frase foi apenas um sussurro, como se ela não quisesse que ele a escutasse. 

Encheu mais uma vez o copo e virou garganta a baixo. 

—Não teve escolha de que? 

—Hum? 

—Você acabou de dizer que não teve escolha. Do que você está falando? 

Hermione o olhou duvidosa. Não! Não era o momento de contar sobre sua "Lilá" da vida, a única diferença era que não era uma mulher (óbvio) e muito menos era seu marido. 

—Esquece! O que eu realmente queria dizer Rony, é que, o passado é que nem uma borboleta, se é tocada demais, depois não consegue voar. 

Rony meditou naquelas palavras por alguns minutos. Não queria levar Hermione para cama como fazia com as outras, muito menos sentir por ela o que sentia por Lilá. Parecia errado, é como se lutasse por algo, que nem ele sabia o que era. 

Passaram alguns minutos, e ele esqueceu completamente do vinho que já estava acabando. 

Observou ela encher seu copo mais uma vez e viu que já estava na hora de parar. 

—Já chega por hoje Hermione—falou tirando o copo de sua mão—Vamos subir. 

—Não quero subir. 

—Mione... 

—Vamos para o meu apartamento. 

Rony arqueou a sobrancelha. 

—Tem certeza? Não acho que seria... 

—Não vamos fazer nada, apenas quero alguém que tenha passado por algo difícil, isso me consola, saber que não sou a única que se ferra bonito na vida. 

Rony sorriu. 

—Então vamos olhos bonitos. 

Seguiram para o apartamento de Hermione que estava meio zonza pela quantidade de vinho que bebeu. Rony não estava achando aquilo uma boa ideia, mas não conseguia dizer não para ela. 

Droga. 

Estava entrando em território proibido, e a qualquer momento, poderia ser atacado.