Admirador secreto? escrita por Isa


Capítulo 7
Medo.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/695510/chapter/7

Dylan sorria consigo mesmo, ao trocar mensagens com seu admirador secreto. Qualquer um que o visse, o acharia idiota, por estar no meio da aula de Espanhol ignorando tudo que o senhor Rodriguez dizia, e rindo, suspirando e tendo “ataques de garotinha de doze anos apaixonada” em frente ao smartphone. Mas o que podia fazer? Havia algo sobre “A.S” que o deixava intrigado, era como se o conhecesse incrivelmente bem. O lado ruim acabava sendo não saber com quem conversava / flertava. Aquilo podia se voltar contra ele, a qualquer momento. Contudo, confiava no desconhecido, sabe-se lá o motivo.

Bem, na verdade, o fato de não saber a identidade do rapaz não era realmente o único problema.  Tinha também um fator muito significativo chamado Tyler Raymond. A cada dia que se passava, ficavam mais próximos e, com isso, seu interesse multiplicava-se por mil. Queria estar na companhia de Ty, todo o tempo. E pior: começara a ter ciúmes de Lydia! Sentia-se patético. Os dois nunca terminariam e ele ficaria ali, fazendo papel de otário. Não sabia se era proposital por parte do amigo, mas... Às vezes tinha a impressão de que Tyler estava apenas “jogando” com ele. Que os flertes nunca passariam disso e que deveria desistir. Entretanto, era teimoso e insistente demais para fazê-lo. Ele gostava do de olhos avelã e o teria para si.

A menos que “sei-lá-quem” decidisse aparecer e revelar-se. Aí, quem sabe, esqueceria Tyler e teria uma chance com alguém que gostava dele, e por quem sentia mesmo – apesar de não conhecer.

“Já falei que você está particularmente lindo esta manhã?” – A.S. ♥

Dylan sorriu novamente ao ler a mensagem. Desde que haviam começado a trocar mensagens e que percebera que seus sentimentos por Tyler iam muito além de vontade de beijar, estava se arrumando mais. Queria impressioná-los.

“Já, mas não me incomodaria se dissesse outra vez.” – Dylan. :3

“Sendo assim...” – A.S. ♥

“Você está particularmente lindo esta manhã. ;)” – A.S. ♥

“Se bem que, sendo sincero, você sempre está.” – A.S. ♥

 Dylan olhou ao redor, procurando por alguém que mexesse no celular. Ninguém. Bom, então sabia, ao menos, que seu admirador secreto não estava em sua classe de Espanhol. Era uma pista... Quase inútil, mas melhor do que nada.

“Talvez se me contasse quem é, eu poderia dizer o mesmo.” – Dylan. :3

Não obteve resposta.

— Senhor Churchill... – o professor chamou-o, fazendo com que levasse um leve “susto”. – Se não quer prestar atenção na aula, tudo bem, eu não me importo, apenas... Guarde o telefone e faça-me o favor de obedecer às normas da escola.

Murmurou um “sinto muito, senhor Rodriguez”, enquanto abria a mochila e colocava o aparelho lá dentro. Não muito tempo depois, a aula – finalmente – teve fim e, ao ir até a porta, teve uma surpresa: Tyler esperava por ele, com um enorme sorriso. Aquele sorriso, que tanto amava.

— Hey, Dyl! – Ty cumprimentou-o, visivelmente feliz.

— Oi... – disse, quase que em um sussurro, pois ainda se encontrava maravilhado pela ação do colega.

— Seu próximo horário também é vago, ‘né? – a pergunta foi feita com certo conhecimento de causa, quase como se o outro apenas precisasse de uma confirmação para o que já sabia.

— É sim... Por quê?

— Ótimo! – Ty exclamou, o abraçando. – Nós vamos sair então.

— “Sair”? – repetiu confuso. – E aonde vamos? 

— Não importa. Só quero passar um tempo a sós com você. – respondeu Tyler, com uma naturalidade absurda.

Um enorme sorriso brotou nos lábios de Dyl e seu coração falhou uma batida. Droga, ele estava tão pateticamente apaixonado...

***

Havia algo muito errado em seu relacionamento e ela sabia. Tyler não agia mais como antes... Ele deixaria de ser seu namorado perfeito, aquele que sempre a fazia sorrir, para alguém distante, que a fazia se sentir mal, triste... E paranoica! Tudo bem, sempre fora um tanto ciumenta, mas aquilo não se tratava mais de ciúmes bobos...

Suspirou.              

Quando foi que as coisas se tornaram tão horríveis? Costumavam ser o “casal perfeito”, um exemplo de como duas pessoas apaixonadas se comportam. E então, de repente, o garoto começa a agir estranho, evita-la... Inventar desculpas sobre sair com Nate, quando ela sabia que os dois, sabe-se lá a razão, estavam brigados. Odiava pensar sobre, mas não havia outra explicação... Ele a estava traindo!

Lydia queria chorar, mas se segurou. Não ali, no meio da rua, voltando para casa – a pé, diga-se de passagem, já que o namorado havia simplesmente sumido sem ao menos avisar – depois da escola. Naquele momento, tudo que queria era estar com Allison. Precisava da melhor amiga...

***

Nate não esperava que Maritza fosse aparecer em sua casa, perguntando se podiam conversar, sem nenhum aviso prévio. Bem, aconteceu, e lá estavam os dois, sentados na cama do rapaz, esperando que o outro começasse a falar.

Por fim, acabou sendo Mari a primeira a quebrar o silêncio:

— Eu estou preocupada com você.

A “confissão” repentina fez com que olhasse para ela, com uma expressão questionadora. O que aquilo deveria significar? Não se falavam há quase duas semanas. Ou melhor, ele não falava com praticamente ninguém fazia esse tempo todo. Estava péssimo por brigar com Tyler.

— Por que não me diz o que aconteceu? – ela indagou. – Somos amigos, você sabe, apesar de tudo. E eu me importo com você, Nate. Eu me importo demais... E é meio decepcionante saber que não confia em mim, sendo que diz que me ama o tempo todo.

Ele, ainda em silêncio, direcionou então seu olhar até sua mão direita, que agora estava coberta pela da latina. Sorriu, minimamente.

— Eu amo. – afirmou. – E eu confio! É só que... Se eu te contar, terei que expor o Ty e... Eu não posso fazer isso. Não sei nem como consegui ameaçá-lo daquela maneira, eu... Sou um tremendo babaca.

— Ameaçar? – Mari franziu o cenho. – Do que... Do que você está falando, Nate?

Ele abriu a boca, mas nada disse. Será que deveria contar a ela? Aquilo não poderia chegar ao ouvido de Camilla, nem de mais ninguém, mas precisava desabafar. E era em Maritza Hidalgo que ele confiava o suficiente para isso.

— Preciso te contar uma coisa. – disse certo de que não faria nenhum mal. – Mas você precisa me prometer que ninguém mais ficará sabendo. Nem o Elliot, nem o Dylan...

— E quanto a Cami? – ela questionou de maneira um tanto quanto inocente. Nate quase riu. Como a garota até o momento não havia notado que a irmã espalhava todo e qualquer segredo que lhe era confessado?

— Ela também não. – respondeu calmo, optando por entrar no tópico “a Camilla é uma fofoqueira da qual nenhum ser humano na Terra além de você e seus pais gosta” em outra oportunidade. – Promete?

Ela assentiu. Sabia guardar segredos, quando estes eram realmente importantes. E pela expressão de seu amigo – amigo? – podia ver que esse era o caso.

***

 Tyler olhava a montanha-russa com os olhos brilhando. Dylan, que se aproximava com dois algodões doces em mãos, não pôde conter um sorriso diante daquilo. Quando Ty virou o rosto e seus olhares se encontraram, ele sentiu seu coração falhar uma batida, para então acelerar loucamente. Aqueles olhos lindos acompanhados daquele sorriso indescritível de tão apaixonante, eram sua perdição. É, tarde demais... Estava se apaixonando pelo namorado de Lydia Evans!

Balançou a cabeça, voltando ao “mundo real”, enquanto se aproximava.

— Vai querer o rosa ou o azul? – perguntou.

— Tanto faz. – disse Ty, dando de ombros. Entregou-lhe então o azul. – Quer ir na montanha-russa?

— Hm... Melhor não. – murmurou em resposta. – Vai você, eu te espero aqui.

Ty olhou-o confuso por três segundos, até que compreendeu.

— Você tem medo? – o questionamento foi feito com certo deboche por trás. Desviou o olhar, constrangido. Tyler gargalhou. – Meu Deus, Dyl! Eu não acredito. Agora é que eu quero mesmo que você vá!

Bufou.

— Eu não tenho medo, Raymond. – redarguiu, revirando os olhos, embora sorrisse, pelo simples fato de ser incapaz de ficar mal-humorado na presença do outro. – Só não gosto.

— Então prova. – Tyler o desafiou, com um sorrisinho malicioso.

— Tudo bem. Vamos lá. – aceitou, sem pensar muito bem.

Assim, seguiram até a fila do brinquedo, em meio a provocações e piadas. E também alguns flertes.

Inicialmente, Tyler não pretendia ir ao parque de diversões após o passeio pelo shopping, que veio depois do cinema. Eles apenas iam inventando mais e mais coisas para fazer, porque não queriam abandonar a companhia um do outro.

— É agora. Ainda dá tempo de desistir. – provocou novamente ao se sentarem lado-a-lado em um dos carrinhos.

— Eu não tenho medo! – exclamou Dylan, frustrado.

— Se você diz. – Ty piscou, ainda rindo.

Contradizendo-se, assim que o brinquedo começou a se mover, uma expressão de pavor instalou-se em seu rosto, e pôs as duas mãos firmes nas travas de segurança.

— Certeza que não tem medo? – indagou Tyler, rindo. E, logo no primeiro looping, ergueu seu celular para filmar a reação do amigo.

— É claro que eu tenho! – Dyl continuou a mentir, descaradamente, embora tivesse os olhos fechados com força àquele ponto do percurso.

Os carrinhos continuaram a correr, até pararem no meio de outro looping, os deixando de cabeça para baixo. Nesse momento, o pânico foi mais forte que seu orgulho, e Dyl agarrou a mão do outro, como se sua vida dependesse disso.

As bochechas de Tyler adquiriram coloração avermelhada, mas mesmo assim sorriu, dando um beijo do rosto do outro, que finalmente abriu os olhos, ficando igualmente corado.

E de mãos dadas permaneceram durante todo o passeio de montanha-russa.

***

Compulsivamente.

Essa palavra parecia ser a única capaz de descrever a maneira como sua melhor amiga chorava e Allison não aguentava mais não saber o que havia acontecido, estava começando a se desesperar por dentro. Antes, somente se limitava a abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem – por mais que não soubesse o que –, mas agora precisava saber se fosse para aconselhar ou ajudar de alguma forma.

 - L-Lyds... – chamou incerta. – Me diz o que aconteceu.

Devido ao choro, não foi capaz de compreender a resposta de Lydia, entretanto, sabia que havia ouvido “Ty”.

— Desculpa, e-eu... Não entendi. O que ele fez? – questionou confusa. Nunca a tinha visto naquele estado pelo garoto.

— Eu nem mesmo sei se ele fez alguma coisa! – a exclamação só serviu para deixar Alli ainda mais perdida em meio a situação. – Não é mais a mesma coisa...

Na esperança de compreendê-la melhor, a loira pôs fim ao abraço, mantendo apenas uma dos braços ao redor dos ombros da ruiva, e olhando-a nos olhos verdes inchados, graças às muitas lágrimas derramadas.

— Eu acho que ele está me traindo... – a afirmação fez a boca de Alli abrir-se, em choque. Certo, Lydia era uma garota ciumenta e sempre tinha medo que alguém o roubasse dela, mas ela nunca havia dito aquilo, com todas as palavras, realmente cogitando a hipótese. – Sabe... Ele mente ‘pra mim, Alli. Diz que vai sair com o Nate, quando eu sei que eles ainda não se acertaram. Ele dá mais atenção ao celular do que a mim e... Não sinto mais como se ele fosse o cara certo. Estou sempre tão sozinha na companhia dele...

Allison não conseguiu dizer nada, apenas voltou a abraçá-la. Vê-la daquele jeito a machucava de um jeito que sequer conseguia explicar. Investigaria isso mais a fundo. E caso fosse um fato, e não mais uma insegurança da ruiva... Não responderia por si. Tyler podia até ser seu amigo, mas ninguém mexia com “sua” Lydia e saia impune disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Admirador secreto?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.