— Um pouco mais de 20 anos, toda a nossa família e “amigos” – Disse fazendo aspas com as mãos. – Estávamos em viajem em outro país, passaríamos 4 semanas nos divertindo e curtindo o lugar, foi a primeira e a última vez que isso aconteceu. – Ela se levantou e foi até a grande janela que havia em sua sala. – Patrícia foi a minha melhor amiga, iríamos embora no dia seguinte e eu havia acabado de brigar com o Estevão e queria muito o apoio dela. – Suspirou. – Mas assim que cheguei percebi que a porta estava aberta, quando entrei eu vi a sua mãe ali, jogada no chão tentando respirar, a levantei a cabeça dela e ela tentava me falar algo, mas a bala havia atravessado o pulmão dela, foi quando eu vi a arma e a peguei, mas quando caí em mim e fui tentar ligar para a ambulância, o seu pai abriu a porta com a policia logo atrás dele e me pegou com  a arma ainda nas minhas mãos. – Sua voz começou a embargar pelas lágrimas – E fui presa por um crime que não cometi, consegui um bom advogado que realmente acreditou em mim e consegui provar perante a lei a minha inocência.

— Quando Maria ficou sabendo que a matei para os nossos filhos ela veio me questionar – Estevão tomou a palavra. – Eu estou tentando consertar os meus erros, por isso vamos voltar a nos casar.

A mente de Leonel voltou ao dia que soube da morte da sua mãe, um dos piores dias da sua vida. Ele quis a verdade, mas era muita coisa pra assimilar agora. Então ele olhou para o seu padrinho e perguntou.

— E você acredita nela?

Os olhos do Estevão se arregalaram, havia mentido muito nos últimos anos, principalmente para os seus filhos, e ele considerava o homem da sua frente como um deles.

— Entenda Leonel. – Não poderia mentir mais. – Eu sei que pra você está sendo difícil assimilar toda essa história, porque eu mesmo não tomei um veredito ainda.

Maria podia ouvir o seu coração se quebrando novamente, não queria admitir, mas sentia falta da cumplicidade dela com o ex marido.

— Eu vou pra casa. – Leonel se levantou pegou suas coisas e foi embora.

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Em um outro lugar.

— Estrelinha volta aqui. – Carlos andava pela casa – Seu macho não aguenta mais esperar é hoje.

Essas palavras soaram e eram como facas cortando a sua pele, como se arrependia de não ter ido pra faculdade, agora estava dentro do guarda roupa chorando de pânico. No fundo sabia que iria acontecer.

— Amorzinho. – Sua voz demonstrava a sua loucura. – Vem menina, quero te apresentar o meu “amiguinho.”