Eu olho para o meu reflexo no espelho

Por que estou fazendo isso comigo mesmo?

Perdendo minha cabeça por um pequeno erro

Eu quase deixei meu verdadeiro eu na pratileira

Não perca quem você é no borrão das estrelas

Ver é enganar,sonhar é acreditar

Tudo bem não estar bem

Ás vezes é difícil seguir seu coração...

   Who You Are - Ed Sheeran

Ponto de vista:Renesmee Cullen.

Enquanto Jane dirigia para escola,depois de termos nos acomodado no hotel dos Swan,na noite anterior.Permaneço perdida em pensamentos, relembrando as palavras que disse a Riley,sobre ele querer ser alguém que não é.Noto o quanto isso soa hipócrita vindo de minha parte.Afinal era isso que eu estava fazendo.Estava fingindo ser outra pessoa.Alguém que eu evidentemente não era.

    Até ontem isso não me incomodou,não fui esperta o bastante para notar o que estava acontecendo,mas agora ,percebo o que eu estou fazendo.Estou fugindo,estou fazendo algo que eu julguei minha mãe tanto por fazer.Estou fugindo de Renesmee Cullen.Porque essa garota a qual eu finjo ser,não é ela.

  Mal percebo quando Jane estaciona na entrada do colégio.Só noto quando a mesma passa a mão na frente do meu rosto,para  se certificar de que eu estava mesmo nesse planeta.Pisco repetidas vezes,despertando.Então suspiro.

—Você está bem? Pareceu uma estátua o caminho todo. —ela notou com as sobrancelhas franzidas.Assinto rapidamente.

—Estou. —respondo forçando um sorriso.Em seguida abro a porta do carro,e desço do veiculo.

—Que tal tomarmos café da manhã na lanchonete? Não comemos nada no hotel. —Jane ofereceu,ainda querendo comprovar se eu estava bem.

—Vai você...Eu preciso...Nos vemos depois. —não consegui nem inventar uma desculpa.Pois minhas constatações anteriores,estavam me torturando.E só uma perguntava passava por minha cabeça “O que eu estou fazendo com a minha vida?”.

   Caminhei pelo corredor,mesmo não tendo intensão de ir a lugar nenhum.Mas como o destino adora brincar com a minha cara,e adora colocar pesos na minha consciência,o mesmo tratou de fazer com que Alec,aparecesse no momento em que eu menos precisava vê-lo.Lá estava ele,com um sorriso acolhedor nos lábios,e com uma expressão que dizia “Eu sei quem eu sou,e você sabe?” É,eu estou começando a ficar paranoica.

—Ei...Como foi a noite das garotas? —ele podia ter feito milhares de perguntas.Tipo “Você assistiu aquele filme que eu te indiquei semana passada?”, “Você viu que o dólar aumentou?”.Mas não,ele resolveu fazer a única que me faria me sentir um péssimo ser humano.

   Encarei aquele que era meu melhor amigo.Aquele por quem eu acreditava estar começando a ter sentimentos amorosos,e cheguei a conclusão,de que eu poderia mentir para mim mesma,mas não para Alec.Não porque ele descobriria logo de cara.Mas porque eu o amava.Amava demais.

—Eu menti. —revelei querendo ser sincera com ele.Querendo ser sincera com alguém.Alec me olhou sem entender.

—Sobre o que? —ele parecia temer a resposta daquilo.

—Sobre ontem...Eu não tive uma noite de garotas com a Jane,eu fiz algo imprudente,algo que você nunca me deixaria fazer se soubesse.Fui para uma corrida ilegal,porque achei que isso seria o máximo,e porque achei que isso me deixaria livre...Mas droga!Eu não me sinto livre Alec,eu me sinto presa,numa bola de neve,cheia de mentiras. —admiti sentindo lágrimas se formarem nos meus olhos.Eu estava pouco me lixando para as pessoas ao nosso redor.Eu estava frágil.

—Por que me contou? —Alec quis saber,porque tinha total conhecimento que em outras situações eu não contaria.

—Porque eu venho mentindo há muito tempo.Eu venho mentido para todos,e o pior,venho mentindo para mim mesma.Eu não sou uma garota rebelde,que faz coisas malucas,e que desobedece os pais.Eu não sou uma pessoa que bebe até a madrugada,e fica com o máximo de garotos que conseguir.Eu não sou a garota que precisa provar para alguém,que pode fazer algo.Eu não sou uma bad girl,Alec.Eu sou a garota que patina no gelo,que surpreende as pessoas,eu sou a garota com a família maluca.E até ontem eu achava que precisava de alguém para resgatar essa garota,só que eu notei que a única pessoa que pode resgata-la sou eu mesma.Eu só quero ser Renesmee Cullen.Eu só quero ser a garota que é a melhor amiga de Alec Volturi.Eu decididamente não quero ser a garota que mente para você. —minhas palavras o surpreenderam.Tanto que seus olhos azuis transbordaram emoção.

—Eu odeio essa garota. —ele revelou divertido,arrancando uma risada libertadora minha.

—Eu também. —admiti.Alec me abraçou de lado,e começamos a andar juntos,rumo a lanchonete.

—Então o que faremos hoje? Sem corridas ilegais,festas até a madrugada... —Alec questionou curioso.

—Eu nãos sei você,mas eu estou com muita saudade de patinar no gelo. —anunciei sorrindo.Alec me olhou surpreso.

—Está ai algo que Renesmee Cullen faria. —ele notou.

—Sabe...Não quero deixar de me divertir...Eu só não quero mentir mais,ou fazer tudo errado.Falei tanto em não fazer coisas das quais eu me arrependeria no futuro,e acabei notando que fiz uma lista delas. —comentei,suspirando.

—Somos humanos,Nessie.Até você.Cometer erros faz parte. —Alec me tranquilizou.O fitei pelo canto do olho e fui pega no flagra. —Por que está me olhando assim? —ele perguntou sorrindo.

—Eu só notei,que mesmo eu sendo outra garota,você continuou ao meu lado.Mesmo a odiando,como você disse. —dei voz aos meus pensamentos.

—Talvez seja porque eu te amo. —Alec não se envergonhou em admitir,e também não haviam motivos para isso.Parei nosso percurso,e fiz com que ele olhasse no fundo dos meus olhos.

—Se é para continuar sendo sincera...Quando eu te propus,que esperássemos até termos certeza dos nosso sentimentos...Eu estava com medo...Não de estragar o que tínhamos.Estava com medo,porque desde que notei que posso estar apaixonada por você,não consigo agir com a lógica. —revelei e Alec se aproximou de uma forma perigosa.Próximo demais.

—Por que você não para de querer controlar até o que sente,só por cinco minutos? —ele questionou sorrindo.

—Não seria Renesmee Cullen se não fizesse isso.Eu seria a outra garota.E você odeia ela. —desviei da verdadeira resposta.

—Você ainda vai me enlouquecer. —Alec declarou.

—Eu já fiz isso.  —comentei divertida.Então todas minhas preocupações da manhã diminuíram.Porque eu estava com Alec.E quando eu estava com ele eu me sentia segura.E segurança evidentemente faz parte de amar alguém.Notei assim,que mesmo que gostar de Alec fosse ir contra tudo que eu acreditava ser confortável para mim,eu deveria arriscar.Porque Alec Volturi,certamente valia o risco.

   Após aquele momento,nos juntamos aos nossos amigos,e ignoramos o tanto de indecisões que estávamos enfrentando por causa da adolescência.Constatei a melhor maneira de você descobrir que não quer ser,é sendo essa pessoa.Eu não estou dizendo que todos tem que se tornar uma vadia mentirosa como eu virei,só estou dizendo que um dia eu irei encarar isso como uma experiência.E não por eu ser uma prodígio,mas sim por eu ter uma parte Swan no meu sobrenome.Pois minha mãe me ensinou que não podemos modificar o passado,que as vezes nem queremos isso.Só o que podemos fazer é ver o lado bom de todo contexto.E sabe  que eu vi sendo essa pessoa totalmente diferente? Que Renesmee Cullen é minha melhor versão.

—Hoje teremos um almoço especial lá em casa...Papai quer comemorar o fato de que conseguiu comprar aquele chalé que ele tanto queria em Aspen. —Alec informou,quando estávamos no intervalo.Eu me recordava desse chalé,quando eu era criança Alec tinha ido passar o fim de ano lá,e Aro se apaixonou pelo local,e vinha tentando negocia-lo a anos.Mas pelo que parecia o dono era um porre,e só hoje ele conseguiu o feito de convence-lo.

—Não dá...Irei almoçar com Lewis hoje. —contei meus planos,e ele assentiu.Jane que estava ao seu lado,devorando um sanduíche,encarou Seth esperando que ele respondesse/aceitasse o convite.E ao ver aquele olhar direcionado a ele,percebi algo muito interessante.Jane tinha uma queda,na verdade um penhasco,por Seth.

—Vou ter que recusar...Marquei com a Leah na empresa hoje. —foi a resposta dele,e aquilo fez os gêmeos Volturi revirarem os olhos ao mesmo tempo.

—Vocês são péssimos amigos sabia? Vocês sabem como o papai fica chato quando consegue fechar algum contrato? Ele fica repetindo umas mil vezes o quanto é competente. —Jane falou totalmente indignada com nossa recusa.

—É exatamente por isso que eu recusei. —Seth falou sem nenhuma vergonha na cara.

—Eu não! Sério! Eu adoraria ouvir o Aro,ele é fascinante...Mas eu realmente tenho que me encontrar com o Lewis. —comuniquei,revirando a pizza nada saudável que eu havia comprado. —Mas a noite nós podemos... —antes o que eu terminasse o que eu tinha a dizer,Alec me interrompeu.

—Eles não vão participar do programa. —Alec disse com um sorriso estranho.

—Que programa? —uma curiosa Jane questionou.Mas foi ignorada.

—Por que eles não estão inclusos? —essa foi a minha pergunta.

—Porque seremos só nós dois. —aquela resposta fez com que todos nós arregalássemos os olhos.

—Tipo um encontro? —indaguei,arqueando uma sobrancelha.

—Tipo um encontro. —ele confirmou,e aquilo me fez rir.

—E eu não deveria ser informada disso,desde que teve a ideia? —perguntei curiosa.

—Você disse que não quer perder o seu controle.Ai vai a novidade:Eu estou no controle. —Alec me informou,com um ar charmoso.

—Estou ansiosa por isso. —afirmei sorrindo.Alec me olhou sorridente também.Para cortar o clima,Jane fez uma careta que expressava nojo,e todos rimos em seguida.

—Vem cá,só sou eu que estou percebendo que isso de me ignorar está virando um costume? —Jane questionou ofendida. —Você não se incomoda em ser ignorado,Seth? —ela direcionou a pergunta ao nosso amigo.

—Na verdade não.Entre sair hoje a noite com esses dois,que estão na vibe “Não quero estragar as coisas com você.Você é muito importante para mim” e cortar os pulsos,a ideia dos pulsos parece tentadora. —Seth disse irônico,e aquilo fez com que eu jogasse um pedaço do sanduíche de Jane nele.

—Você anda prestando atenção demais em nós. —Alec notou.

—E como não poderia? Essa história de vocês,está ficando clichê,já decorei até as falas “É diferente com a gente.Somos duas pessoas que querem ser amigas,mas às vezes,ficam atraídas uma pela outra” —ele falou dramaticamente.Jane gargalhou como se sentisse vingada.Eu e Alec nos limitamos a revirar os olhos,enquanto sorriamos.

   Eu sempre me considerei uma garota sortuda,por ter a família que tinha.Mas eu sou ainda mais sortuda pelos amigos que conquistei,aqueles três,faziam com que eu nunca me sentisse sozinha.E mesmo numa conversa boba como aquela,eu ainda me sentia especial por conhece-los.

[...]

  Lewis veio me buscar,e em seguida me comunicou que iriamos almoçar no Merin.Gostava de momentos como aquele,que eramos apenas nós dois.Meu avô tinha algo incrível,que o fazia me entender.Fazia com que ele tivesse ótimos conselhos.Fazia com que ele fosse um bom ouvinte.E era isso que ele estava sendo,enquanto eu despejava todas minhas inseguranças,frustrações e arrependimentos,ele apenas me escutava.

—Eu acho que isso de ser uma criança prodígio te cegou um pouco...Você se sentiu confiante em fazer coisas que aparentemente eram extraordinárias,quando na verdade só eram impulsivas. —e lá estava ele,notando tudo.

—Quando eu era criança,era fácil sabe? Eu só precisava fingir que entendia o quão duro o mundo pode ser.Mas agora eu me sinto uma estúpida,por um dia ter me considerado mais madura que minha mãe.Porque ela aos 18 anos já sabia quem era.E eu tive que experimentar mil faces,para notar que no fundo,eu não sei o que eu quero. —desabafei,e logo depois tomei um pouco do seu suco.

—Você acha mesmo que Bella sabia quem era?Ela decidiu se casar aos 18,porque se considerava madura para isso,então ela notou que foi precipitada,quando James a traiu.Ela errou,e ela podia muito bem ter remoído isso.Mas ela não o fez,ela continuou no processo de auto descoberta,ela teve você,e isso a fez perceber o quão forte ela poderia ser.Ela reencontrou Edward e percebeu o quão firme poderia ser.Ela continuou se descobrindo,quando me conheceu,quando descobriu que Victoria era sua irmã,quando ela morreu,quando Anthony nasceu...E ela ainda continua se descobrindo...Porque é isso que fazemos,passamos a vida toda melhorando,evoluindo,em busca da nossa melhor versão. —suas palavras acolhedoras me fizeram sorrir.

—E quanto a Alec? —questionei em dúvida sobre isso.

—Eu te conheço,Nessie.Sei que mesmo em meio a esse caos,aquela garota que sempre vê o lado bom das coisas está ai.Aquela garota que odeia machucar quem ama.Você vai descobrir se o que quer é mesmo ficar com o Alec. —Lewis garantiu.

—Ainda tem meus pais,como me desculparei...por estar agindo tão mal nos últimos tempos? —perguntei preocupada.

—Irá ser você mesma,a filha que eles amam,e eles irão te desculpar. —meu avô falou com certeza.

—Que Carlisle e Charlie não me ouçam dizendo isso,mas você é o melhor avô do mundo. —afirmei,e em resposta ele beijou minha mão.

—Isso porque você me ensinou.Assim como você ensinou Bella a ser uma boa mãe,Edward a ser um bom pai... —a lista parecia longa demais,e aquilo me alegrou.

—Assim como Owen ensinou Victoria a ser uma boa pessoa. —notei emocionada.Lewis me encarou com nostalgia.

—É. —ele concordou.

—Mamãe deixou de falar sobre ela. —contei,encolhendo os ombros.

—É doloroso. —Lewis disse.

—Owen me perguntou há alguns dias...Se eu achava que a tia Victoria o levaria para Paris nas férias,já que ela amava aquele lugar...Eu disse que sim,e então quando eu estava sozinha,percebi o quão melhor seria se ela estivesse lá para responder aquilo. —a essa altura não impedi  que as lágrimas caíssem dos meus olhos. —O que eu estou fazendo? Isso era para ser um almoço divertido,eu transformei isso numa terapia. —falei enxugando meus olhos.

—Eu fico feliz que se sinta confortável em desabafar comigo. —Lewis me tranquilizou sorrindo.

—Certo...Mas vamos animar isso aqui...Conte-me as novidades. —pedi,e então iniciamos uma conversa agradável sobre os alunos dele da faculdade.Gargalhei com seus relatos,e contei a ele sobre algumas coisas que Anthony aprontou na semana passada.Em suma,nos divertimos como sempre fazíamos.

    Naquele momento me senti eu mesma.E aquilo foi o suficiente para eu ficar feliz.

[...]

   Próximo as duas horas tarde,Lewis me deixou em casa.Ele não pôde entrar pois estava atrasado para um compromisso.Quando cheguei a sala,fiquei surpresa por encontrar minha mãe e meu pai em casa.Ambos estavam na sala,e pareciam estar assistindo um filme.Eles não notaram minha presença,estavam distraídos.Parei na soleira da porta,e observei aquela cena.Eles pareciam tão apaixonados.Era incrível como o amor deles não se desgastou com o tempo.Estava intacto...Quer dizer...Ele só aumentava...A cada dia.Eu via isso na forma como eles se olhavam.

    Minha presença foi denunciada,quando deixei meu chaveiro cair sem querer.Os dois se viraram no sofá e me encararam.Sorri singelamente para eles.Me perguntando como consegui ser injusta com aquelas pessoas.Aquelas que me amavam tanto.

—Como foi o almoço? —minha mãe questionou,se levantando.

—Foi ótimo...Lewis é ótimo. —respondi ,suspirando.

—Você parece tensa,aconteceu algo? —ela sempre percebia como eu estava me sentindo.Meu pai também me olhou,a procura da resposta.Me aproximei mais deles.

—Na verdade...Preciso dizer algo a vocês. —contei sem hesitação.

—O que? —minha mãe questionou preocupada.

—Eu menti sobre ontem...Eu não estava na casa da Jane...Eu fiz algo estúpido...Fui a uma corrida ilegal,menti para vocês ontem,como venho mentido a muito tempo.Achando que isso era algo que podia ser justificado por eu ser uma adolescente.Mas não é! Quem mente é alguém sem caráter...E você me ensinou a ter isso...Eu só estava me sentindo pressionada nos últimos tempos.A faculdade.Todos repetindo como eu deveria ser.Todos dizendo que eu não era tão boa quanto você.Em algum momento eu deixei saber o que eu realmente queria. —conclui que a única forma de ser perdoada era contar a verdade.Mamãe me olhou de um jeito carinhoso,e meu pai,demonstrou se sentir culpado.

—Nessie...Por que não nos disse antes como se sentia? —ela questionou.

—Não queria que vocês deixassem de enxergar a garota que sabe de tudo,quando olhassem para mim. —revelei minhas inseguranças.

—Filha,você pode achar que eu estou decepcionada com você,por suas atitudes recente,e na verdade eu deveria estar...Só que...Eu me sinto orgulhosa.Filha,você não teve medo de se arriscar para descobrir o que te faria feliz.Tem noção de que eu só consegui fazer isso quando já era uma adulta? Você não tem que ser igual a mim.Você nem deve.Porque você sempre foi perfeita,com esse seu jeito estranho de ver o mundo.Agir seguindo seus impulsos não é irresponsável,isso é sua forma de demonstrar seu amor pelas coisas.Eu fico feliz por ter passado por cada coisa do seu jeito,por cada fase,sem se deixar se afetar.Você sobreviveu 8 anos sem um pai,e com uma mãe super insegura.Você superou a morte da sua tia...Você é incrível . —suas palavras me surpreenderam,tanto quanto ela se surpreendia com as minhas quando eu era uma criança.

—Então não está brava? —questionei.

—Estou.E muito. —ela confirmou e aquilo me fez gargalhar.Eu tinha a melhor mãe do mundo.Papai que até agora não havia dito nada,por fim se pronunciou:

—Nós precisamos voltar para a parte da corrida ilegal. —ele comunicou autoritário e dessa vez minha mãe também se entregou a risada.

—Escutem só...Eu proponho algo,cada vez que eu seguir meu coração,direi a vocês.Mentir nunca mais. —garanti,e os dois me abraçaram,como se concordassem com isso.E com aquela situação,lembrei de algo,por isso me desvencilhei dos meus pais.Os deixando confusos.

   Fui até a cômoda perto da estante dos livros,e a abri.Retirando de lá,uma duzia de envelopes.Andei até meus pais,e entreguei os papeis ao meu pai.Enquanto via ele me questionar com os olhos.

—Você me perguntou sobre as cartas de recomendação da faculdade.Eu menti. —revelei,e com aquelas palavras,ele não demorou muito para abrir o primeiro envelope,tendo a ajuda da minha mãe para abrir o resto. —Eu fui aceita.Em Harvad,Yale,Oxford,Stanford,Princeton,Cambridge... —minhas palavras,fizeram ambos arregalarem os olhos.

—Por que não contou? —minha mãe perguntou sem entender.

—Porque meu plano é não ir. —aquela resposta sim fez eles ficarem surpresos.

—Como assim? —meu pai perguntou incrédulo.

—Eu tenho um ano antes de completar a idade correta para a faculdade.Eu quero ser uma médica,quero passar por a experiência da faculdade,mas não agora.Eu quero passar esse um ano,viajando pelo mundo,e conhecendo cada minimo pedaço dele. —apresentei minha ideia brilhante.

—E quando pretendia nos contar sobre isso? —minha mãe questionou demonstrando não ter gostado nada daquilo.

—Quando eu tivesse certeza que vocês não seriam contra. —contei.

—E se disséssemos não,mudaria algo? —ela perguntou como se já soubesse a resposta.Na verdade ela realmente sabia.

—Eu iria viajar,e não por ser desobediente.Mas por vocês dois terem me ensinado a seguir meus sonhos,independente do quão complicados eles possam ser,se são clichês ou não,se são previsíveis ou não.São meus sonhos. —falei o que vinha do meu coração.Em resposta a isso,meu pai me deu um beijo demorado na testa.

—É lógico que iremos te apoiar. —meu pai disse,amoroso.Minha mãe suspirou.

—Sempre iremos. —ela garantiu.

—Obrigado. —agradeci com lágrimas nos olhos.

—E quando tiver alguma dúvida ou problema querida,fale conosco.Somos uma família.Resolvemos as divergências juntos. —minha mãe afirmou.Os dois me abraçaram novamente.E eu me senti tão acolhida nos braços deles.

—Ei! Não se esqueçam que essa família tem 4 componentes. —ouvimos Anthony gritar do alto da escada.Tal como a Renesmee criança faria,e rimos.Logo ele também estava no nosso abraço.

    Naquele momento me senti uma tola,por ter demorado tanto tempo para perceber o quão bom era ser somente a garota com os pais incríveis.