The Wonders Vol 1: Catastrofe escrita por Marcos Bossolon


Capítulo 10
Episódio 1: Eclipse (pt 10)




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Eduardo - Mato Grosso

 

Eduardo estava com as costas doendo quando chegava com os filhos na charrete. As aulas hoje tinham acabado mais cedo e encontrou os dois voltando a pé no meio do caminho, então estava chegando mais cedo do que esperava. O carro de Osvaldo ainda estava em sua propriedade, o que o irritou bastante.

Logo que desceram o cachorro veio ao seu encontro latindo. Juliano, seu filho de dez anos, correu e abraçou o cachorro enquanto o pai ajudava Mateus, de doze anos a descer da charrete. Mesmo com os abraços do filho, o cachorro não parou. Puxava Eduardo pela aba da calça com o focinho.

— Sai. Sai! Bicho sarnento! — Resmungou Eduardo.

— Parece que ele quer mostrar alguma coisa, pai! — Disse Juliano.

— ultimamente todos os bichos daqui parecem ser inteligentes! — Resmungou novamente Eduardo. — Muito bem! Me mostre oq eu você que mostrar. Anda!

Eduardo seguiu o cachorro para dentro de casa deixando os filhos para trás. Subiu as escadas atrás do animal e encontrou-o parado à porta do quarto choramingando. De dentro do quarto ouvia-se algum barulho e risos. Apressadamente Eduardo apressou-se para abrir a porta, mas deu com ela trancada. O interior do quarto silenciou enquanto ele tentava forçar.

Desistindo de forçar a porta, Eduardo arrombou-a com um chute perto da maçaneta. A porta escancarou-se revelando o que estava acontecendo. Sobre sua própria cama, por baixo dos lençóis, Adriele e Osvaldo estavam completamente nus encarando-o assustado.

Eduardo mal podia acreditar no que via. Aquele velho que tentava tirar tudo de Eduardo estava agora tirando sua mulher. Furioso Eduardo entrou no quarto com os punhos fechados e insultando Osvaldo com todos os palavrões que podia pensar. O velho levantou-se num pulo e se vestiu apressadamente enquanto Adrielle se colocava entre eles.

— Sai da frente Adriele, que ocê é a próxima! — Urrou Eduardo deixando seu sotaque caipira descontrolado.

— não faz isso, Eduardo! Você não entende! Isso é tudo um engano! — Tentava argumentar a mulher.

Osvaldo se vestiu e correu pela porta enquanto Adriele segurava Eduardo. O homem se desvencilhou da mulher e partiu em perseguição do velho. Saiu de casa a tempo de ver Osvaldo entrando em seu carro e acelerando.

— Ninguém deixa esse carro sair! — Gritou Eduardo sem saber para quem.

Seus filhos se entreolharam confusos. Mas o que parece ter seguido as ordens não foram nem seus filhos nem sua mulher. Foram todos os animais da fazenda. O cachorro perseguiu a caminhonete enquanto as galinhas voavam baixo até o vidro, atrapalhando a visão de Osvaldo. Até o maldito galo ajudou. Os bois estouraram a cerca e correram em fúria atingindo o carro em cheio, fazendo-o tombar.

Nem Eduardo nem sua família acreditavam no que tinha acabado de acontecer. Sua mulher que saíra naquela hora terminando de se vestir parecia ainda mais confusa ao ver a caminhonete tombada e os animais espalhados em volta dela.

Osvaldo saiu rastejando sob a caminhonete tombada. Não parecia muito ferido, de modo que se pôs de pé com dificuldade. Os bois pareceram formar uma espécie de barreira para que o velho não fugisse. Eduardo se recompôs e seguiu em direção de Osvaldo.

Desesperado, Osvaldo correu pelos campos da fazenda até a beira do rio que cortava o fundo da propriedade. Encarou o rio com a correnteza forte por causa das chuvas recentes e se voltou apr seu perseguidor. Eduardo vinha na frente, acompanhado dos filhos e da mulher que tentava acalmá-lo. Atrás dele uma pequena tropa formada pelos animais da fazenda.

Juliano era o único olhando aquilo com admirassão. Eduardo encarava seu inimigo com fúria nos olhos. Adriele estava desesperada tentando acalmar o marido e Mateus olhava assustado do pai para os animais.

— Eduardo. — Falou Osvaldo com fraqueza na voz — Eu sou seu padrinho. Isso é tudo um mal entendido.

— Eu entendo tudo muito bem! — disse Eduardo. — Você tenta tomar minha propriedade, minha herança e agora minha família! A quanto tempo isso vem acontecendo?

— Você tem que entender que o amor de vocês acabou. — Disse Osvaldo. — Eu posso ajudá-la nos sonhos que você não pôde realizar. Eduardo... Eu sou seu padrinho. Melhor amigo do seu pai... Eu só quero o seu bem.

— E eu quero ocê morto! — Disse Eduardo entre os dentes.

De subido um de seus bois pareceu estar de prontidão para obedecer a ordem. Como que um servo fiel, o boi avançou na direção do velho enfiando seu chifre direto na barriga de Osvaldo. A reação de horror tomou conta de todos da família, inclusive de Eduardo. O boi se afastou e o corpo de Osvaldo caiu no rio, sendo levado pela correnteza.

Adriele caiu ao chão chorando e seus filhos deram um passo para trás. Eduardo esbugalhou os olhos quando o boi o olhou. Parecia sentir que o boi estava contente em ter cumprido o que Eduardo mandara. Pensou consigo que talvez todos aqueles animais estivessem mesmo cumprindo tudo que ele mandava. Olhou para a esposa sem saber o que fazer.

— Está tudo bem. — Disse ele à Adriele.

— Você matou ele! O que vai ser da gente agora!

— Está tudo bem! — Repetiu Eduardo abaixando-se e abraçando a esposa. — Não está sendo um dia fácil. Eu sei que não estamos muito unidos ultimamente, Adriele. Mas vamos superar isso como uma família.

Adriele chorava em seus ombros enquanto os dois filhos se aproximavam e se uniam a eles.

— Acho que descobrimos uma coisa muito mais extraordinária — Sussurrou Eduardo olhando para todos os animais em volta.

 


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