Dois Solteirões e Uma Pequena Dama escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 8
Capítulo 08 – As Meninas Dão Uma Força


Notas iniciais do capítulo

Juaassaid, minha linda, muito obrigada pela recomendação. Fiquei apaixonada por tudo o que disse. Capítulo especialmente pra você. Espero que goste :)

A todos uma boa leitura.



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Depois que Pétala dormiu, Edward e Isabella saíram para um passeio pela cidade. Emmett e Rosalie ficaram por um bom tempo sozinhos no andar de baixo. Falaram sobre a viagem que ele faria na manhã seguinte, sobre Pétala e também o trabalho.

E quando os beijos tiveram início se tornou difícil controlar o desejo de entrega de ambos. As carícias os conduzindo de forma apressada ao inevitável. No momento em que a primeira peça de roupa foi arrancada, Rosalie teve em mente que havia uma criança dormindo no andar de cima. E o irmão dele poderia retornar a qualquer momento com Isabela.

Emmett fez um gesto de cabeça concordando que fossem pra outro lugar, afastando-se a contra gosto dos lábios dela mais uma vez. Os dois já estavam sem as roupas de cima. Estando só de sutiã, Rosalie sentia o ar frio na pele, enquanto subiam as escadas as pressas. Emmett parecia nem sentir a diferença. A porta do escritório foi trancada com um baque, por conta da agitação dos dois. Emmett apertou os olhos, perguntando-se se a criança teria acordado com o barulho. Rosalie olhava pra ele demonstrando a mesma aflição. Nenhum dos dois desejava parar agora.

Ainda entre beijos, acabaram esbarando em alguns dos móveis no escritório. As mãos deles alcançaram com precisão o fecho do sutiã dela. Foi a muito custo que Rosalie conseguiu alertá-lo do barulho que estavam fazendo. Dos sons que deixavam escapar ainda que controlassem.

Tendo o rosto próximo ao pescoço dela, ele conseguiu dizer:

— Você tem razão – e quando sua voz saiu estava rouca. Estava louco por ela e já não conseguia mais controlar, tampouco disfarçar.

Nos minutos que se seguiram controlaram ao máximo qualquer barulho. Acabaram fazendo amor no sofá de dois lugares, em couro preto, do escritório dele.

[...]

Assim que chegaram, Edward e Isabella perceberam uma bagunça diferente na sala. Algumas coisas fora do lugar, outras derrubadas. Repararam na camisa preta de mangas compridas que Emmett estava vestindo quando deixaram o apartamento mais cedo. E na blusa preta de lã feminina, com estampas na parte da frente, que claramente pertencia a Rosalie, atiradas de qualquer jeito no sofá.

Entreolharam-se , em seguida, olharam pro andar de cima. Não perceberam nada diferente. Nenhum som. Mas quando estavam entrando no quarto de Edward, ali mesmo no térreo, pensaram ter ouvido um barulho, algo como um rosnado, que logo foi abafado. A porta foi fechada atrás de suas costas. No minuto seguinte, Bella e ele estavam enroscados em cima da cama.

A manhã chegou trazendo o sol fraco de outono brilhando entre nuvens.

As cortinas silhouette brancas estavam abertas no escritório. Emmett sequer tinha pensado em fechá-las quando entraram ali à noite. Agora um filete de luz do dia batia no rosto dele.

Os dois ainda dormiam apertadinhos no sofá de dois lugares. A manta que antes era apenas decorativa, agora aquecia seus corpos.

A barda pinicou no rosto e ele ergueu a mão para coçar o local. Ainda estava de olhos fechados, a única coisa que ouvia era a respiração leve da mulher dormindo em seus braços, e o friccionar das unhas na barba que despontava no rosto.

Rosalie se mexeu nos braços dele. Emmett abriu os olhos reparando bem no rosto dela. Rose ainda dormia. Esfregou a mão grande e pesada na barriga dela e a beijou no pescoço com lentidão.

Ela abriu os olhos com a típica preguiça matinal. Memórias da noite anterior lhe trouxeram um sorriso ao rosto.

— Bom dia – disse ela, a voz sonolenta ainda.

— Bom dia – ele falou. Roçando os lábios nos cabelos dela, num um beijo breve. – Dormiu bem?

Rosalie sentia as carícias da mão dele outra vez em sua barriga.

— Você chama aquilo de dormir?

Ele deu um meio sorriso, as covinhas despertando em seu rosto como o dia lá fora, preguiçosamente. Se permitindo apertar as mãos nas laterais da cintura dela, apreciando o contato íntimo.

— Foi maravilhoso – murmurou. – Você é maravilhosa.

Rosalie sentiu o corpo dele reagindo, coladinho ao seu.

— Você é maníaco por sexo – acusou em voz baixa.

Ele tornou a pôr um sorriso no rosto, se atrevendo apertar ainda mais o corpo dela ao seu.

— Descobri que com você sou muito mais – confidenciou, roçando a barba por fazer à pele delicada do rosto dela causando arrepios.

Tinha começado beijá-la no pescoço quando ouviu a voz de Pétala chamando por ele, da porta no outro lado do corredor.

— Papai. Papai?

Rosalie se deixou rir.

— O dever me chama – disse Emmett, com um ar risonho. E exagerado orgulho. Ele pulou fora da manta, catou as roupas no chão e se vestiu o mais rápido possível.

— Papai – ele ouviu novamente. E dessa vez parecia que ela iria chorar.

Fechou o zíper da calça as pressas e rumou para a porta fechada do escritório.

— A minha blusa não está aqui – ele ouviu Rosalie dizer. – Como vou sair?

Ele se virou. Ela já estava se vestindo quando percebeu que a blusa certamente ficara na sala ontem à noite.

Pétala continuava chamando por ele.

— Aguenta um pouco aqui. Eu vou ver a Pétala e já desço para pegar sua blusa na sala. – Ele deu dois passos para trás, segurou o rosto dela entre as mãos e beijou brevemente seus lábios.

— Não demore – Rose alertou com ele já abrindo a porta do escritório para sair.

— Não vou.

Ele saiu no corredor, com Rosalie chegando um pouco mais pro lado para não ser vista por quem que pudesse estar por ali.

Pétala estava de pé na porta do quarto dele, vestida pijama de pezinhos cor-de-rosa, e a ovelhinha embaixo do braço. Seu rostinho choroso e amassado suavizou ao avistá-lo em frente à porta do escritório, no outro lado do corredor. 

— Bom dia, minha Pétala cheirosa – Emmett a cumprimentou, sorridente. Pétala sorriu de volta, mostrando os dentinhos minúsculos. As covinhas se exibindo nas bochechas de ambos como um reflexo um do outro.

— Você dormiu aí? – ela perguntou, parecendo achar estranho que ele estivesse passado à noite no escritório.

Emmett deu alguns passos a frente e a pegou no colo. Deu um cheirinho nela e começou a caminhar na direção da escada.

— É, eu dormi, sim – confirmou.

— No chão?

E ele deu um beijo estalado no rosto dela.

— Não. O papai dormiu no sofá. – Ele já começava descer o primeiro lance de escada quando ela tornou a perguntar.

— Por quê?

— Por quê? – ele repetiu, fazendo cocegas na barriguinha dela. – Quer saber por quê? – Pétala sorriu, confirmando com a cabeça. – Porque tem uma garotinha que ronca muito dormindo na minha cama – brincou.

— Eu não ronco, não – Pétala se defendeu.

— Você não tem como saber. Está dormindo quando isso acontece. Ora essa.

— Tenho sim, ora essa – ela tornou se defender. – A Coraçãozinho disse pra mim. Você, sim, ronca papai. Muito alto até. Que nem um urso na caverna.

Emmett gargalhou. Já estavam no segundo lance de escada.

Ainda trancada no escritório dele, Rosalie ajeitou os cabelos com as pontas dos dedos como pôde. Já que sem a blusa não tinha como sair de lá. E a bolsa tinha ficado também no andar de baixo.

Ouviu a gargalhada de Emmett enquanto falava com a filha, e sorriu imaginando os dois enquanto falavam.

— Você é uma espertinha – ele disse pra Pétala. Estavam a caminho da sala. Pôs ela sentadinha no sofá e ligou a tevê no canal infantil.

— Fique aqui um pouco. Eu já volto, pra te levar pra escovar dentinhos e trocar de roupa.

Recolheu a blusa de Rosalie no sofá, ao lado da menina, sem querer chamar atenção.

— De quem é? – Pétala perguntou.

— É da Rose. Eu vou levar pra ela agora.

— Por quê? Ela tá sem roupa? Onde ela tá? Ela dormiu aqui?

— São muitas perguntas. Agora não dá pra responder.

— Por quê? – ela pediu novamente.

Emmett deu risada. – Olha – ele mostrou na telona da tevê –, não é a Doutora Brinquedos? Você não gosta desse desenho? Tem até uma ovelhinha igual a da Doutora.

Pétala anuiu, abraçando sua ovelhinha idêntica a da Doutora.

— Mas eu mudei o nome dela. Agora é Coraçãozinho, não é Lambie.

— Eu também gosto mais de Coraçãozinho – o pai admitiu. Assim que ele voltou a subir as escadas, Pétala pôs o polegar na boca.

Passados uns instantes, ela se levantou e correu até a porta do quarto do tio, forçando a maçaneta com a mãozinha gorducha. A porta fez barulho, porém não abriu.

— Titio, você tá aí? Titiô, abri essa porta.

Emmett tinha acabo de voltar, com Rosalie bem atrás dele. Estranho que a filha não estivesse assistindo ao desenho favorito, se afastou um pouco da sala indo em direção à suíte do irmão, passando pelo armário embutido onde guardavam árticos esportivos. Encontrou Pétala forçando a maçaneta do quarto do tio para poder entrar.

— Ei, o que está fazendo aí? – perguntou a ela.

— Tá fechado com a chave? Por que o titio trancou? – Ela estava com a mãozinha na maçaneta, soltando devagar ao perceber Rosalie atrás de Emmett.

— Bom dia, coração – disse Rose. E a garotinha correu até ela. Rosalie a pegou no colo, beijando imediatamente suas bochechas. Fazendo Pétala se esquecer da porta do quarto do tio no mesmo instante.

— Você dormiu aqui, na casa do papai?

— Ahã – Rose respondeu, abrindo um sorriso pra ela.

— Aonde?

— Lá em cima. No escritório.

— Mais o papai?

Rosalie implorou ajuda a Emmett com o olhar.

— Bem, o papai também dormiu lá.

— Por que na cama dele não cabia todo mundo? Ficava tudo apertado?

Os dois adultos riram.

— Acho que apenas pegamos no sono no lugar errado – dessa vez foi o pai quem falou.

— Que nem eu quando tô vendo desenho e durmo uma soneca?

— Mais ou menos isso.

Naquele instante, a porta do quarto de Edward foi aberta e ele apareceu usando a calça escura do pijama e uma camisa branca de malha. Bem atrás dele estava Bella, e ela vestia a parte de cima do pijama dele, cujas mangas ficaram um pouco compridas demais.

— A outra titia também dormiu aqui? No quarto do titio? Por quê?

— Bom dia – os dois disseram.

— Em um minuto voltamos – Edward avisou. E fechou a porta outra vez.

— Por que, papai? Por que ela dormiu no quarto do titio?

— Porque ela ficou com muito sono. Aí não conseguiu voltar pra casa.

— Que nem a Rose? Fada do papai.

— Isso mesmo. Agora vem com o papai. Você precisa escovar os dentinhos e se trocar. Nada de ficar bisbilhotando no quarto do seu tio.

— Eu adorei toda a história da Fada do Papai – Rose piscou pra ele.

— A Rose pode ir também? – Pétala pediu, se recusando a trocar de colo.

— Pode. Se ela quiser, ela pode sim.

Olhando no rosto de Rose, Pétala perguntou:

— Você quer ir, Fada do Fapai?

— Sim. Eu quero, sim. – E ela ergueu a mão fazendo um carinho no rosto de Pétala, que sorriu satisfeita. As mesmas covinhas do pai, Rosalie pensou. E teve vontade de apertá-la.

Os três subiram as escadas outra vez.

Aproximadamente uma hora depois, Emmett estava pronto para sair. A bagagem de mão descansava ao pé da porta.

Edward tinha chamado um táxi para levar Bella em casa, depois de ela recusar sua carona. Já que teria de cuidar da sobrinha com a saída do irmão.

Emmett e Rose dividiriam o mesmo táxi. Ele a deixaria na casa dos pais dela, e de lá seguiria para o aeroporto.

— Pronta para se despedir do papai, princesa? – Ele estava parado ao lado do sofá quando falou com a filha. Tinha acabado de conferir os documentos que levaria na viagem.

Pétala estava sentada no sofá, com o polegar na boca, assistindo a um episódio de Manny, Mãos à Obra. Os olhinhos desviaram da grande tela de tevê, de repente, assustada. Afastou o polegar da boca no mesmo instante e saltou do sofá às pressas. Correndo para junto dele, trôpega.

Rosalie deixava o banheiro social quando percebeu Pétala se agarrar as pernas do pai. Via pavor sem seus olhinhos escuros e um nervosismo repentino.

Emmett se abaixou pegando-a no colo. Os bracinhos rapidamente envolveram o pescoço dele.

— Você vai ficar com o titio hoje – ele explicou pra ela. E Pétala balançou a cabeça se recusando. – Mas você já ficou com ele outras vezes. Qual o problema? Ele judiou de você?

Outra vez a menina negou, balançando a cabeça. – Você vai embora... – falou baixinho. Sem largar dele.

— Não estou indo embora. Só estou indo resolver umas coisas de trabalho. Volto pra ficar com você o mais rápido possível. – Ele tentou pôr Pétala no chão, mas ela agarrou-se ainda mais a ele.

— Eu volto logo, minha Pétala cheirosa.

— Não – ela choramingou, recusando-se a soltá-lo. – Não.

— Acredite no papai, princesa. Eu volto.

— Não – tornou a negar.

E Emmett implorou ajuda ao irmão. – Mano ajuda aqui. O táxi já está esperando lá embaixo.

Edward largou o celular em cima da mesa da sala de jantar e foi tentar ajudá-lo. A verdade é que não precisou muito, pois Rosalie já estava cuidando disso.

— Não fique assim, coração – ela falou pra garotinha. – Seu papai não está indo embora. Ele volta. E quando isso acontecer, ele estará com um presente bem legal pra você. – Rose olhou pra Emmett sugestivamente.

Ele meneou a cabeça deixando claro que havia entendido.

— É, princesa – disse pra filha.

Rosalie prosseguiu tentando fazer a menina mudar de ideia.

— Seu papai vai fazer essa viagem bem rapidinha. Você vai ficar com o titio, vai ver desenho animado nessa telona maravilhosa. Eu queria ter uma telona dessas na minha casa, sabia?!  – piscou pra ela. – Talvez até vocês façam um passeio. E então quando chegar a noite, o titio vai cantar pra você dormir. Daí quando você acordar o papai já vai estar de volta. E com presente bem bonito.

Pétala fez beicinho. – Eu não quero presente... – ela sussurrou, mas Rosalie escutou. E ficou sentida pela garotinha que sentia tanto medo de ver o pai partir. – Eu só quero o papai. Só o papai.

Emmett beijou na testa da filha. Cheio de amores por aquela criatura pequena que chegou em sua vida sem aviso. – Eu volto... – falou pertinho dos cabelos dela.

Pétala afastou os braços do pescoço dele e se deixou levar por Rosalie pros braços do tio.

Ela já estava nos braços de Edward, quando Rosalie afagou suas costas pequena e beijou na parte de trás de sua cabeça.

— Tchau, meu coração – Rose se despediu. – Eu volto pra te ver antes mesmo do seu papai voltar.

— Tchau – Pétala falou sem muito entusiasmo. Se preocupando em olhar o pai.

— Não vai no céu, tá bom? – ela pediu a ele. Sua angustia era notável. E foi aquele pedido inocente que fez com que todos percebessem que o que ela sentia era um enorme medo de perdê-lo como havia perdido a mãe.

Isso fez Emmett reavaliar a forma como falou do céu pra ela. Talvez tivesse feito pensar que as pessoas iam pra lá e ficavam presas. Mas não tinha tempo para falar disso agora, precisa ir para o aeroporto.

— Eu não vou, Pétala – disse na intenção de tranquilizá-la, ainda que minimamente. – Eu prometo.

— Eu amo muito você, papai.

— Eu também te amo, minha Pétala cheirosa.  O seu tio vai cuidar de você até eu voltar. E eu prometo que volto logo. – Ele chegou perto do irmão e beijou na cabeça da filha. Erguendo o olhar, falou diretamente com Edward. – Cuide bem dela.

— Nem precisava pedir.

— E vê se não vai carregar ela pra lugares que uma garotinha não deveria frequentar.

— Qual é cara?

— Na primeira vez que deixei você cuidar dela, você a levou escondido para assistir a um jogo de baseball.

— Tinha muitas famílias lá. Nem era nada terrível como você faz parecer.

— Mas você deu tanta porcaria pra ela comer que o resultado foi uma terrível dor de barriga, lembra?

— Me dá um desconto, eu sou novo nisso. Não pensei que isso fosse acontecer. Mas agora eu já sei. Aprendi a lição.

— Você não vai levá-la a outro jogo e eu estou falando muito sério, Edward. Quero minha garotinha em casa, e em segurança até eu voltar.

— Deixe de ser chato e se mande logo daqui antes que eu desista de ficar com ela. A menina vai ficar bem.

Emmett olhou incerto à bagagem de mão ao lado da porta.

— Está certo – finalmente ele se decidiu. Caminhando até lá e pegou a bagagem na mão.

Rosalie se pôs ao lado dele. – Tchau, meu coração. Comporte-se direitinho. Não vá deixar o titio pirado. Mais do que ele já é – sussurrou.

A menininha ficou acenando do colo do tio, vendo os dois deixar o apartamento juntos.

Emmett parou na porta para olhar pra ela. – Tchau, minha Pétala.

— Tchau, papai. Volte logo, tá bom?

— Está bem.

Eles deixavam o apartamento enquanto ainda, na tevê, Manny cantava junto com as ferramentas.

E Então eram somente os dois no apartamento.

Edward deixou Pétala no sofá e no mesmo instante ela começou cantar junto com os personagens do desenho animado.

Percebendo que o tio se afastava, interrompeu a canção pra falar com ele.

— Aonde você vai, titio?

Ele olhou pra ela sobre o ombro. – Vou só pegar meu notebook no quarto. Não demoro nada.

— Tá bom – ela sorriu pra ele. Voltando imediatamente a atenção ao desenho na tela da tevê.

O tio não demorou em voltar como prometeu. Ele se acomodou no sofá oposto, com o notebook no colo. A manhã inteira foi assim desse jeito, Pétala vendo desenho animado. E o tio resolvendo coisas pela internet. O almoço mais uma vez foi entregue no apartamento.

Depois de almoçarem juntos no balcão da cozinha, Edward decidiu levá-la para brincar um pouco na pracinha. Empacotando a criança de agasalhos antes de sairem.

Pétala brincou um pouco no balanço e no escorrega. A caixa de areia foi totalmente deixada de lado. Com aquele clima frio, a areia estava gelada.

Ao voltarem pra casa, ele ajudou ela com as coisas do banho. Depois serviu um lanche bem gostosinho, deixando que comesse no tapete da sala com a tevê ligada outra vez. O desenho que aparecia na tela era Henry Monstrinho.

Houve um momento que ela imitou Henry dizendo algo sobre seu lanche ser grrrrrrrrandioso, exatamente como ele, puxando o r.

Pétala acabou dormindo depois de dois episódios. A tigelinha de biscoitos e frutas, pela metade. O copinho de treinamento onde foi servido o achocolato, praticamente vazio. Um copo de Danoninho, vazio, estava de ponta cabeça. Tudo isso ao lado dela no tapete.

O tio ainda não tinha visto, estava ao telefone com o irmão.

— Ela está bem. Está certo, vou passar o telefone pra ela... – e ao se aproximar, viu que dormia no mesmo lugar onde tinha sentado pra lanchar. – Desculpe irmão, ela acabou dormindo aqui no tapete com a tevê ligada.

— Leve ela pra minha cama, então – A voz de Emmett soou através do telefone. – Mais tarde eu ligo de volta, antes do horário oficial de ela dormir. Qualquer coisa me ligue.

— Certo. Fique tranquilo, estou cuidando bem de nossa Pequena Dama.

Assim que a ligação foi finalizada, Edward pegou a sobrinha no colo e levou para o quarto do irmão. Deixando-a na cama grande, enrolada nas cobertas. Passou a mão no rostinho dela afastando os cabelos dos olhos, achando um pouco quente. Mas foi só isso. Então ele a deixou lá e voltou para o andar de baixo.

Mudou o canal de tevê e diminui o volume para não incomodar a soneca da sobrinha. O notebook nas pernas enquanto trabalhava nele. Pensou ter ouvido Pétala tossir pela babá eletrônica, mas o silêncio tomou tudo outra vez. Um minuto depois, ouviu um som estranho e o choro veio logo em seguida.

— Papai. Titio – ouvi-a chamar. Ela parecia agoniada, prestes a chorar.

O tio largou o notebook de qualquer jeito em cima do sofá e correu para as escadas, subindo de dois em dois degraus. Não parando de correr até alcançar o quarto do irmão. Como a porta estava apenas encostada, ele somente a empurrou.

Correu os olhos ao redor da sobrinha. A menininha parecia apavorada. A pele de seu rosto estava pálida. Havia vômito nas cobertas em torno dela.

Foi enquanto ele ainda entrava no quarto que Pétala começou a vomitar de novo. Correu para junto dela, nervoso, sem saber como agir. Para seu desespero sentiu uma vontade horrível de vomitar também. Mas conseguiu controlar. Depois de um tempo ela parecia não ter mais o que pôr pra fora, então, limpou ela com um paninho umedecido em água morna e trocou a roupinha que ela vestia por um pijama vermelho de flanela.

Trocou os lençóis e cobertores em tempo recorde. Ajeitou seu corpinho novamente nas cobertas limpas, antes de pegar o telefone sem fio na mesinha de cabeceira do irmão e ligar pra Bella. Três toques, e ela atendeu sua ligação.

— Alô.

— Oi, sou eu, Edward.

— Está tudo bem? Por que não está ligando do celular?

— Estou com problemas.

— O que aconteceu? Onde você está?

— Estou com Pétala aqui, no quarto de meu irmão. Ela não está muito bem. Vomitou duas vezes em menos de cinco minutos. Está queimando em febre. Não sei o que fazer. Liguei do fixo porque não consigo lembrar onde deixei o celular. Estou apavorado.

— Muito bem. Pode me dizer como ela está agora?

Ele olhou bem a sobrinha, deitada na cama com a cabeça no travesseiro de Emmett.

— Ela não parece nada bem. A cor no rosto dela não está muito boa.

— Tudo bem. Ligue para o pediatra e peça para ele ir até aí. Eu ainda estou no trabalho. Ligue pra namorada de seu irmão. Vê se ela pode ir aí te dar uma força. Encontro com vocês assim que sair daqui.

— Essa não, ela está vomitando outra vez – Ele viu a sobrinha sentada na cama, vomitando entre as pernas. A pele de seu rosto tinha perdido parte do vigor. Tudo em volta ficando sujo outra vez. – Eu vou ter de desligar. – Ele nem esperou pra ouvir o que Bella tinha a dizer, finalizou a ligação. A maldita ânsia de vômito o pegou outra vez. Por um instante pareceu que ele iria vomitar, mas não saiu nada.

Ele tentou amenizar o sofrimento da criança afastando os cabelos da frente do rostinho pálido. Quando ela parou de vomitar, limpou a boca dela com um paninho. Enrolou o cobertor sujo jogando-o no chão.

— O titio já volta – ele falou, agoniado, se afastando da cama.

— Titio fica... – Pétala choramingou, apavorada.

— Eu já volto Pequena Dama. O titio vai só chamar o médico pelo telefone.

— Tá dodói... – disse a ele.

— Ele vai fazer você ficar boa de novo.

Correu para fora do quarto a ouvindo chorar chamando por Emmett e pela mãe.

Edward desceu as escadas o mais rápido que conseguiu. Passando feito um foguete para a cozinha, onde, na porta da geladeira, junto a outros números de emergência, o número do telefone do pediatra estava.

Cinquenta minutos depois, o pediatra deixava o quarto de Emmett com uma maleta preta na mão.

— Ela vai ficar bem – disse ao tio da menina, que parecia assombrado. – É uma virose. A febre deve baixar em alguns minutos com a medicação que dei. Seria bom dar um banho nela também, isso ajudaria baixar a febre. Ela não deve voltar a vomitar. Mas se isso acontecer você deve dar o remédio de enjoo. Siga as orientações que deixei por escrito e vai dar tudo certo. Qualquer dúvida me ligue novamente.

— Farei tudo certinho – o tio falou, sentindo-se mais tranquilo.

— Se amanhã ela ainda estiver se sentindo mal, leve ela ao meu consultório para fazer mais exames.

Edward anuiu.

— Obrigado.

— Quando o pai dela volta de viagem?

— Amanhã, eu acho.

— Tem alguém de confiança que possa vir te ajudar com ela essa noite, caso não esteja confiante em fazer isso sozinho?

— Minha namorada e a namorada de meu irmão. Elas disseram que viriam passar a noite aqui com a gente.

— Isso é ótimo.

Edward acompanhou o médico até a porta, e quando a abriu, Rosalie estava lá, prestes a tocar a campainha. O porteiro tinha permissão para deixá-la subir assim que chegasse.

Rosalie e o médico se cumprimentaram educadamente. Ele explicou algumas coisas pra ela sobre a saúde de Pétala, depois entrou no elevador. E Rose, no apartamento.

— Onde ela está? – pediu.

— Lá em cima. Na cama de Emmett.

Antes de ele terminar de falar, Rosalie já subia as escadas, apressada. Perguntando pra ele se Bella já havia chegado.

— Ainda não – respondeu. E foi nesse momento que campainha tocou. – Ele mostrou a porta com a mão. – Com certeza agora é ela. E realmente era. Elas eram as únicas a poderem subir sem anunciar. 

Ele abriu a porta e Bella estava lá, com os cabelos caindo no rosto e a bolsa embaixo do braço.

Ela deu um passo à frente. – Como ela está? – pediu.

A porta foi fechada bem atrás das costas dela.

— Acho que melhor. O pediatra saiu daqui a poucos minutos. É provável que tenha passado por ele quando estava chegando. Rose acabou de subir pra vê-la.

Ambos se aproximaram e trocaram um beijo breve.

Lá em cima, Rosalie chegou ao quarto de Emmett com passos apressados. Procurando a criança sob as cobertas pesadas, na cama king size.

— Oi, coração. – Ela sentou na cama, ao lado de Pétala, afagando seus cabelos escuros. E também seu rostinho ainda febril. – Como se sente meu anjo?

— Quero o papai – Pétala murmurou. Rosalie percebeu os lábios dela bem vermelhos e ressecados. Tinha certeza que era por causa da febre.

— Ele vai voltar logo. Lembra que te falei que quando você dormisse e acordasse ele estaria aqui?

A garotinha meneou a cabeça, concordando.

— O seu titio, a Bella e eu vamos cuidar de você até ele chegar. Vai ficar tudo bem.

Rosalie sabia que ela precisava de um banho, tanto pra ajudar baixar a febre como para tirar o cheiro de vômito. Afastou as cobertas, que o tio tinha trocado pela segunda vez em menos de uma hora.

— Vem, meu coração – falou, pegando a menina no colo com cuidado. Pétala gemeu ao passar os bracinhos em volta do pescoço dela. – Eu vou cuidar de você, meu anjo. A febre vai baixar rapidinho e você ainda vai ficar cheirosinha. Depois vou preparar uma sopa bem gostosa pra você tomar.

— Você é que nem uma mamãe – Pétala falou baixinho. Enchendo Rosalie de puro carinho e afeto. – Mamães cuidam das filhinhas. A minha mamãe tá no céu. Ela não cuida mais de mim.

Rose apertou Pétala num abraço carinhoso. – Eu vou sempre cuidar de você. E sabe por quê? Porque eu a amo, e amo também o seu papai. Quero sempre vê-los bem.

Rosalie entrou no banheiro de Emmett com a menina no colo. Preparou a banheira com água morna e os sais de banho que encontrou por lá. Tirou o pijaminha, a calcinha de algodão e pôs ela dentro da banheira com cuidado. Pétala gemeu ao sentir a contato da água no na pele do corpo. Mas logo se acostumou à temperatura. Rose a banhou com o mesmo cuidado e carinho que a mãe teria feito.

Esfregou os cabelos finos com suavidade e teve todo cuidado em não deixar cair espuma nos olhinhos. Por um instante Pétala chegou a fechar os olhos, imaginando que fosse sua mamãe, Callie, a lhe banhar com tanto carinho.

E então Rosalie a enrolou na tolha lilás de capuz e a levou de volta pro quarto. Pegou no closet de Emmett um pijaminha limpo; calça e blusão de mangas compridas nas cores amarela. Antes vesti-la secou todo seu corpinho com o mesmo cuidado de antes.

Terminava de vesti-la quando o tio e a namorada entraram no quarto.

— Eu estava ligando pra Angela – Bella justificou a demora. – Como ela está? –perguntou, chegando mais perto.

— Parece melhor. Acabei de dar um banho nela, isso vai ajudar a febre baixar. Agora vou descer e preparar uma sopinha pra ela.

— Eu iria dar o banho nela – Edward se explicou. – É que tive de acompanhar o pediatra até a porta, e aí vocês chegaram. Não foi por desleixo. De toda forma, muito obrigado Rose.

— Eu sei que você faria isso. Não se preocupe Edward. E não precisa me agradecer. O importante é que ela fique boa logo.

— Nós ficamos com ela pra você preparar a sopa – Bella ofereceu e o tio concordou.

— Pode pentear os cabelos dela?

— Eu penteio. Não se preocupe – Bella confirmou.

Rosalie se retirou, deixando que os dois cuidassem de Pétala enquanto preparava a sopa.

Isabella pegou a escova de cabelos e o creme de pentear. Penteou com cuidado os fios escuros dos cabelos de Pétala. Depois acomodou ela ao travesseiro do pai.

O celular de Edward tocou, e ao retirar do bolso soube imediatamente quem era.

— Vou atender lá fora – disse pra Bella, mostrando o visor com a foto do irmão. No instante seguinte, ele estava do lado de fora do quarto, no corredor.

— Tia Bella – Pétala começou a falar –, eu também vou pro céu? – Bella olhou para ela, confusa. – A mamãe também ficou dodói e depois ela foi morar no céu – a menina explicou.

— Oh, não, amorzinho. Você não vai pro céu. Não está tão dodói assim, graças a Deus. Amanhã quando o seu papai chegar, você já vai estar bem melhor pra poder brincar com ele. E com todos nós.

Pétala virou o rostinho de lado.

Bella afagou sua bochechinha, que antes estivera sem cor.

— O que foi querida?

A menina suspirou tristonha. – Eu queria a mamãe de volta... Sinto saudades. – confessou baixinho. – Eu não gosto que ela foi morar no céu.

Edward ainda falava ao telefone com o irmão, parado no patamar da escada.

— Sim, o pediatra já esteve aqui – ele dizia. – Não faz sequer uma hora que isso aconteceu.

— Por que não me ligou? Caramba, Edward. Eu te pedi tanto pra me manter informado.

— Eu não queria que entrasse em pânico como eu entrei. Você está longe, entenda.

— Como não, cara? Pétala é minha filha. E está aí sozinha e doente.

— Sozinha, não. Eu estou aqui com ela.

— Quando digo sozinha quero dizer sem o pai e sem a mãe.

— Mas eu sou o tio. Um tio que a ama muito. E que está te ajudando a criar ela. Sou quase um segundo pai.

— Como ela está agora?

— Está bem melhor. Já faz um tempinho que não vomita. E a febre está baixando como esperado.

— Eu vou voltar – Emmett avisou.

— Mas e a reunião de amanhã?

— Não interessa. Já falei com algumas pessoas hoje. Eu vou voltar pra minha filha. E vou voltar agora mesmo. Vou pegar o primeiro voo. Devo chegar aí durante a madrugada ainda. Ela já dormiu?

— Ainda não. Rose e Bella estão aqui me ajudando. Elas estão sendo incríveis. Sua garota acabou de subir com uma sopinha pra Pétala tomar.

Por alguma razão saber que Rose estava lá cuidando de Pétala deixou Emmett bem mais tranquilo.

— Ela deve estar começando a tomar a sopa nesse instante.

— Tudo bem. Não vou atrapalhar. Só diz pra ela que estou voltando e que a amo muito.

— Tudo bem, cara. Até mais, então.

Assim que a ligação foi finalizada, Emmett se encarregou de ajeitar suas coisas na mala e descer até a recepção do hotel para fechar a conta. Daria um jeito de avisar que não compareceria a reunião na manhã do dia seguinte. Pediu que chamassem um táxi que o levasse direto ao aeroporto. 

Se tudo ocorresse bem em poucas horas estaria em casa, cuidando da coisa mais importante de sua vida.

 


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Notas finais do capítulo

A fic está acabando, pessoal. Teremos apenas mais dois capítulos.
Aguardo por vocês nos comentários.
Beijo, beijo
Sill