Dois Solteirões e Uma Pequena Dama escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 7
Capítulo 07 – Brincando no Parque


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Ká, minha querida, muito, muito obrigada pela recomendação. Tu sabes que quase me fez ter um treco né? Claro que você sabe rsrsr.

Desejo a todos uma boa leitura ;)



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Com a chegada da sexta-feira, Edward, enfim, teve seu encontro com Isabella. Os dois saíram para jantar e terminaram a noite numa badalada casa noturna. Entre um drinque e outro, dançaram e trocaram carinhos.

Acabaram tendo de pedir um táxi para voltar pra casa. Dirigir com o nível de álcool que tinham no organismo estava fora de cogitação.

Edward ficou no apartamento dela. Os dois tinham cantado desastrosamente dentro do elevador. E gargalharam feito dois bobos quando tropeçaram no tapete da sala de estar. Acordando Angela, a amiga que divida o apartamento com ela.

Os dois se deixaram cair ali mesmo no tapete da sala. Angela apareceu usando um pijama de inverno que carregava estampas de personagens da Marvel. Jogou um cobertor em cima deles, deixando que dormissem ali mesmo onde estavam.

Acabou rindo sozinha ao ouvir a amiga, numa voz enrolada, dizer:

— Aê, eu não estou sentindo meus lábios. Eles ainda estão aqui?

Edward se inclinou sobre ela numa analise minuciosa e a resposta veio logo depois.

— Sim, eles estão bem aqui. Mas, se me permite, prefiro ter certeza – Foi quando os lábios dele pressionaram os dela, meio desajeitado.

No dia seguinte, acordaram por volta do meio-dia. Edward tomou um café bem forte na companhia dela e da amiga e logo depois eles despediram.

O apartamento estava silencioso demais quando chegou. Chamou pelo irmão e pela sobrinha, mas não houve resposta de nenhuma das partes.

Chegando à cozinha, descobriu um bilhete preso a porta da geladeira com um imã de anúncio de um restaurante italiano.

“Fomos almoçar com a Rose. Voltamos mais tarde.”, dizia o bilhete. E abaixo havia alguns rabiscos feitos por Pétala em giz de cera colorido e também umas florezinhas. As mesmas florezinhas que ela desenhava em tudo que era lugar.

Deixou o bilhete onde estava e foi tomar um banho. Antes de entrar no chuveiro ligou para Bella e a convidou para almoçar com ele.

Cerca de uma hora depois, estava outra vez em frente ao prédio dela aguardando que descesse.

Acabaram almoçando num bistrô supertranquilo. Fugindo um pouco da agitação da noite passada. Depois foram caminhar pelo parque que ficava nas redondezas.

Apesar do frio, o céu estava limpo. Aqui e ali uma folha seca caia na relva, sempre depois de uma breve dança no ar.

Um garotinho, de aproximadamente dez anos de idade, lançava um graveto para que seu cachorro, um buldogue branco, o pegasse e trouxesse de volta até ele. A mãe estava sentada na grama, com um livro na mão, a sombra de uma árvore cujas folhas foram reduzidas pela mudança de estação.

Dois adolescentes ouviam músicas, com os fones, sentados no banco de ferro fundido.

E então ambos avistaram duas figuras conhecidas. Uma delas grande demais, a outra, muito pequena, e usava um par de asas de fada furta cor. Eles corriam atrás de uma bola com as cores do arco-íris. Havia também uma terceira figura, mas, essa Edward desconhecia. Por causa da cor do cabelo, e por estar com o irmão, deduziu que fosse Rose, a garota de quem ele vinha falando ultimamente.

O safado tinha bom gosto, pensou. Foram chegando cada vez mais perto, ouvindo as risadinhas de Pétala. E a voz da garota loura falando com ela.

— Isso, bonequinha, chute a bola pra longe. Não deixe que o ele a alcance.

Edward imaginou que “ele” fosse seu irmão. E estava certo. Emmett pegou a bola colorida na mão depois de pará-la com o pé. Usando o braço livre para agarrar Pétala e mantê-la embaixo do braço como quem carrega uma bola de futebol americano.

Ele correu alguns metros carregando a filha assim desse jeito. Pétala riu alto. E, então, Emmett gritou “Touchdown” interrompendo a corrida. Ele endireitou Pétala no braço, beijando todo seu rosto de bochechas coradas. Ela estava tão feliz, rindo escancaradamente exibindo covinhas nas bochechas iguais as dele.

Rosalie se aproximou dos dois. Levando a touca de tricô vermelha que Pétala deixou cair. Emmett a abraçou com apenas um braço, deixando que a bola caísse na grama desbotada. Os três riram juntos.

— De novo, papai. De novo! – Pétala pediu, entusiasmada.

Rosalie colocou a touca novamente na cabecinha dela, tomando cuidado em ajeitá-la confortavelmente sobre as orelhas. De canto de olho, Pétala viu o tio se aproximar, de mãos dadas com Bella.

— É o titio – falou em voz alta. – E ele tá com a Bella.

Edward deu risada, ouvindo a sobrinha falar dele.

— É o seu irmão? – Rose perguntou a Emmett. Percebendo Pétala inquieta no colo do pai. Louca para ir ao encontro deles.

— Vem aqui Pequena Dama – ela ouviu o rapaz chamar. E imediatamente Emmett pôs a filha no chão.

— Sim, aquele é meu irmão – Emmett respondeu, vendo a filha correr pros braços do tio. – E aquela é Bella, a garota dele. Que, na verdade, eu não conhecia pessoalmente.

— Bella, você veio com o titio – os dois ouviram Pétala falar. E ao tornarem olhar naquela direção a encontraram nos braços do tio, recebendo mimos tanto dele quanto da garota que estava com ele.

— Claro que, sim – Bella respondeu animada. – Eu estava morrendo de saudades dessa Pétala cheirosa. Como você está, princesa? O seu titio me contou que você se machucou na escada esses dias.

E garotinha disparou a falar sobre como havia caído e batido com o queixo no degrau da escada.

— Pétala já a conhecia? – Rosalie perguntou a Emmett.

— Elas se conheceram no dia que meu irmão levou ela no jogo de baseball sem minha autorização. Aquele mesmo dia que fui à farmácia de seu irmão. Foi por causa das coisas que ele deu pra ela comer naquele dia, que Pétala ficou com dor de barriga.

— Vai parecer maldade o que vou dizer agora – começou Rose. – Mas se ela não tivesse ficado com dor de barriga não teríamos nos conhecido. Então, eu poderia dizer que ele foi irresponsável, mas não vou.

Emmett puxou ela para mais perto e lhe beijou os lábios sem pressa.

— Olha lá o seu papai se beijando – Edward anunciou, mostrando com a mão os dois.

Pétala soltou uma risadinha.

— Ela me deu essas a asas, a Fada do papai – contou orgulhosa. – São de fadas. Você gostou titio que eu virei uma fadinha?

— São lindas – elogiou, olhando melhor as asinhas presas nos bracinhos dela como se fosse uma mochila. – Uma fadinha graciosa.

Ela sorriu outra vez.

— Quer jogar bola, titio?

— Quero. Quero, sim. Vamos lá?

— Você também vem Bella?

— Eu também. Claro que sim. Acha que vou ficar fora dessa?! Nem pensar.  Quero ver como essa fadinha joga bola.

— Titio, agora me põe no chão.

Edward a pôs no chão, e ela correu pra buscar a bola perto de onde estava o pai.

Emmett e Rosalie se aproximaram dos dois.

— O que faz aqui? – Emmett pediu ao irmão. Mantendo a expressão risonha no rosto.

— Estávamos almoçando num bistrô aqui perto. Acabamos resolvendo dar uma volta. Não esperávamos encontrar com vocês aqui.

Logo após as apresentações preliminares, Isabella e Edward foram brincar um pouco com Pétala e sua bola colorida.

Rosalie e Emmett aproveitaram que a garotinha estava distraída para namorar um pouco. Sentados a sombra de uma árvore de folhas secas e precárias.

De tempos em tempos ouviam as risadinhas de Pétala. E a risada dos dois adultos que brincavam com ela.

— Edward tome cuidado para ela não cair – Emmett levantou a voz, depois de beijar na têmpora de Rosalie.

— Não se preocupe irmão. Estamos de olho nela.

Emmett voltou à atenção a Rosalie.

— Quer ir ao meu apartamento hoje? Pétala iria adorar ter você lá na hora de ela ir pra cama. Ela realmente gostou de você. E com aquele presente que deu, ficou ainda mais animada.

— Está me convidando para dormir com você? – e ao dizer isso, tentou não sorrir.

— Na verdade, estou convidando para dormir no mesmo quarto comigo e com minha filha. – E quando Rosalie olhou no rosto dele com confusão. Emmett se viu explicando. – É que Pétala ainda não tem um quarto só dela. Ela não tem sequer uma cama só sua.

— Bem, precisamos resolver isso, então – a resposta veio de Rosalie. – Pétala precisa de um cantinho só dela. Com coisas de menina. Com suas cores favoritas, que claramente deu pra ver que são os tons de rosa e lilás.

— Você me ajudaria com isso? Digamos que meu irmão e eu não somos muitos bons com essas coisas. Não somos muito bons em escolher coisas de menina. Acabamos sempre deixando que ela decida. E às vezes não dá muito certo.

Rosalie encostou as pontas dos dedos no rosto dele e o beijou nos lábios brevemente.

— Farei isso com todo o prazer – confidenciou logo depois.

— Obrigado.

— Aliás, quantos quartos tem seu apartamento?

— São duas suítes. A minha e a do meu irmão. Tinha outro quarto ao lado do meu, só que quando nos mudamos pra lá, eu o transformei num escritório. Era pequeno e nos dois optamos cada um por sua suíte.

— Você estaria disposto abrir mão do escritório pra transformar num quartinho pra ela?

— Sim. Faço qualquer coisa por minha Pétala.

Rosalie sorriu pra ele. E eles voltaram a se beijar mais uma vez.

Edward deitou na grama desbotada, e Pétala se sentou em sua barriga. Rindo de algo que Bella falava.

— Acho que devemos levá-la de volta pra casa. Está ficando muito frio aqui – Rosalie sugeriu. E se pôs de pé imediatamente.

Emmett também se levantou. – Você vem com a gente?

— Não recusaria esse convite por nada.

Os dois se puseram a caminhar sobre grama, até onde estavam os outros rindo e conversando.

— Pétala? – Emmett chamou. – É hora de irmos pra casa, princesinha.

Ela virou o rosto para vê-los chegar. A touca vermelha de tricô na cabeça, cobrindo toda sua testa.

— Rose vai com a gente?

— Vai.

— Eu vou, sim, coração.

— Obá! – ela pulou na barriga do tio, que no mesmo instante contorceu o rosto numa careta de dor e desconforto.

— Bella também pode ir?

Emmett olhou da filha para a garota que acompanhava seu irmão.

— Se ela quiser.

E Pétala ficou pulando, depois de ter se levantado da barriga do tio, com os bracinhos pra cima. Contente a beça. 

— Você vem Bella?

Isabella meneou a cabeça, concordando.

— Mas você vem com o papai e a Rose. O titio vai com Bella no carro dele – Emmett explicou pra ela. – Eles encontram com a gente lá. Vem! – Ele ofereceu a mão pra ela. E Pétala correu até ele. Sua mãozinha na mão grande do pai quase desaparecia. E, então, ele perguntou ao irmão. – Você leva a bola dela, mano?

— Levo, sim. – Edward prontamente recolheu a bola colorida da sobrinha na grama. – Nos vemos daqui a pouco em casa, gatinha.

Pétala deu tchauzinho pra eles, em seguida ofereceu a mão a Rosalie, que aceitou de bom grado. E ela deixou o parque de mãozinhas dadas com os dois.

Mais tarde, estavam todos juntos no apartamento.

Após olhar todo o apartamento, Rosalie ficou um tempo no escritório de Emmett, no andar de cima, vendo como poderia transformar aquele espaço num quarto para uma garotinha. Não era arquiteta, nem decoradora de ambientes, mas tinha certeza de que poderia fazer um bom trabalho. Com ajuda de todos, chegariam ao bom resultado.

Agora estavam todos na sala assistindo ao filme da Pequena Sereia. E havia uma grande tigela de pipocas ao alcance de todos.

Edward e Isabella estavam aconchegados no sofá. Rosalie e Emmett no tapete, apoiando as costas em almofadas, com Pétala sentada entre os dois, inda usando as asinhas furta cor. Ela tinha tirado o casaco, a touca e também os sapatos. Seus pezinhos calçados apenas com meias coloridas vez ou outra roçavam em Rosalie e também em Emmett.

Tão natural quanto os pezinhos de Pétala roçavam em Rosalie, ela afagava seus cabelos escuros. Muitas vezes sequer se dava conta desse gesto.

Emmett presenciava aquilo e seu coração se enchia de uma sensação que até então desconhecia. Como se fossem projetados para estarem juntos. Havia amor singelo, amabilidade, conforto e bem-estar. Algo como ter estado longe por muito tempo e então voltar para casa. Estar em família.

Ele então erguia a mão, fazendo uma carícia na nuca de Rosalie com as pontas dos dedos. Senti-a reagir a sua carícia com um leve curvar de ombros. Ela o olhava e seus lábios se uniam em um beijo breve. E quando voltavam se afastar, Emmett via em suas íris sinais de desejo. Tinha certeza de que era o mesmo efeito que enxergava nele.

Edward e Bella riram de qualquer coisa no filme. Pétala se esticou, olhando pra trás até conseguir vê-los. Gostando de tê-los ali. Seus olhinhos escuros, com um brilho de satisfação notável. Nesse momento, Emmett beijou nos cabelos dela, bem no alto da cabeça.

Momentos mais tarde, quando o filme chegou ao fim e os créditos subiam na telona da tevê, Pétala correu para seus brinquedos. Foi apenas questão de segundos para Isabella e Rosalie estarem com ela, numa brincadeira de bonecas e chá.

Os rapazes se distraíram com o canal de esportes. E quando chegou a hora de Pétala tomar banho e colocar o pijama, Emmett se levantou.

As três ainda brincavam no espaço entre a sala de jantar e a cozinha.

— Pétala – Emmett chamou. – É hora do banho filhinha.

— Ah... – ela gemeu sem querer ir. – Eu tô brincando com as titias.

— Vem, princesa. Você já brincou bastante hoje. Agora é hora do banho.

— Não quero papai. Não quero tomar banho agora. Amanhã. Outro dia.

— Que amanhã, outro dia o quê?

Isabella e Rosalie riram juntas.

Pétala fez beicinho enquanto Emmett retirava de sua mão pequena a xicarazinha lilás de chá. Deixando-a sobre a mesinha de plástico colorida.

— Não quero – voltou a falar, toda chorosa. – Por favor, papai... Não faz a Pétala ir pro banho. Não quero agora tomar banho. Eu tô cheirosa.

— E se nós fossemos com você? – Rosalie sugeriu. – Eu te dou o banho e a tia Bella pega seu pijama. Desse jeito você toma banho sem chorar?

Pétala concordou meneando a cabeça. Então Rosalie ficou de pé, pegando ela no colo.

— Para qual banheiro? – ela pediu a Emmett.

— Lá em cima. Na minha suíte.

Isabella também se levantou. Pétala aproveitou para estender a mãozinha a ela.

— Onde ficam as coisinhas dela? – Bella pediu. – Roupas, pijamas, meias, essas coisas.

— Arrumei um espaço temporário pras coisas dela no meu closet. Vocês vão encontrar tudo o que precisam lá.

— Perfeito.

As três subiram os dois lances de escada conversando. Pétala com as perninhas ao redor do corpo de Rosalie, passando um braço ao redor do pescoço dela. O outro braço estava estendido enquanto segurava no braço de Bella com a mão.

— Quer que eu prepare o jantar? – Edward perguntou ao irmão, desviando o olhar das três no alto da escada.

— Você preparando o jantar? – Emmett duvidou, deixando de olhar no alto da escada pra olhar pra ele.

— Tem tudo na geladeira, congelado. É só pôr no micro-ondas. Não tem mistério.

— Por mim, tudo bem. Eu vou lá em cima, no escritório, enquanto ainda o tenho – especificou, porém, sem sinal de irritação. – Vou resolver umas coisas sobre a viagem de amanhã.

Ele deu alguns passos, subindo em seguida três degraus. Parando para olhar outra vez o irmão.

— Você vai ficar com ela amanhã, não vai?

— Sem problemas. Que horas você pretende sair daqui?

— Vou sair mais ou menos por volta das oito da manhã e só devo voltar no dia seguinte.

— Escute, eu sei que combinamos de não trazer ninguém pra dormir aqui desde que Pétala chegou pra morar com a gente, mas, bem... será que Bella poderia ficar pra dormir aqui hoje? Ela já está aqui e...

— Por mim tudo bem. Ela é legal. E já deu pra perceber que você está amarradão nela.

— Valeu irmão. Só por curiosidade, Rose também vai ficar pra dormir?

— Acredito que sim. A menos que ela não queira.

— Onde a Pétala vai dormir?

— Essa é uma boa pergunta.

— Talvez você possa arrumar o colchão inflável no escritório e levá-la pra lá depois que ela dormir.

— De repente pode até ser uma boa ideia – Emmett respondeu, voltando a subir as escadas.

Quando estava entrando no escritório ouviu as vozes das três vindo de dentro do quarto. Elas pareciam cantar alguma canção infantil que falava da hora banho. Sentiu-se grato por elas estarem cuidando de Pétala àquela noite. Às vezes pensava que Pétala precisava de uma ajuda feminina na hora do banho. Mas o que poderia fazer se toda família que ela tinha agora se resumia a ele e ao irmão. Havia a avó e o avô paterno, mas esses vivam longe de São Francisco. E, até então, não faziam ideia de como contar pra eles.

— Essa banheira é do papai – ouviu a filha falando um instante depois. E acabou entrando no escritório com um sorriso de satisfação estampado no rosto.

Rosalie lavou os cabelos de Pétala com todo o cuidado, evitando que espumas atingissem seus olhinhos. Esfregou a esponja de banho em formato de flor por todo o corpinho dela vagarosamente. Sendo ainda mais cuidadosa na higiene das partes intimas.

Ao terminar, enrolou Pétala na toalha de banho amarela com capuz e a levou no colo para o quarto. Deixou-a de pé na cama do pai enquanto a secava.

Isabella se encarregou de vestir nela o pijama cor-de-rosa de pezinhos e de passar o perfume.

— Que garotinha mais perfumada – comentou, apertando-a nos braços ao lhe dar um cheiro. Pétala gargalhou apertando os braços pequenos em volta do pescoço de Bella. 

— Você é muito cheirosona também – lançou, fazendo as duas rirem.

— Agora vem cá – Rosalie chamou do outro lado da cama. – Me deixa pentear esse cabelo bonito.

Devagar ela se afastou de Bella e foi até Rose.

— Já que é Rose quem vai pentear seus cabelos, eu vou descer e ver o que seu tio está fazendo.

Bella encontrou com Emmett na porta do quarto quando estava saindo.

— Obrigado por ajudar com Pétala – agradeceu ele.

— Não foi nada. Ela é um amorzinho. É muito fácil estar com ela.

Emmett meneou a cabeça concordando. E deixou que Bella passasse para o corredor.

Ele encontrou Pétala sentada na cama feito um indiozinho, com Rosalie atrás de suas costas lhe penteando os cabelos cuidadosamente. O frasquinho de creme para pentear infantil, bem ao lado delas. Podia sentir de longe o cheirinho de produtos infantis e de criança limpa.

— Gostou do banho filha? – ele falou, atraindo a atenção das duas ainda enquanto se aproximava.

— A Rose e a Bella deram banho em mim – Pétala contou orgulhosa.

— E você fez muita bagunça no banheiro do papai?

— Só um pouquinho.

— Um pouquinho? Tem certeza?

Emmett se sentou na cama, esticando-se pra para beijar na testa da filha. As asinhas furta cor estavam bem ali ao lado, em cima de sua cama.

— Que menininha mais cheirosa papai – disse.

Pétala deu uma risadinha. E catou o fraquinho de creme para pentear na mão, levando-o ao nariz para sentir o cheiro.

Emmett olhou para Rosalie. Ela tinha um sorriso nos lábios que ele imaginou ser de satisfação, quando seus olhos se cruzaram.

— Estava pensando se você não gostaria de passar essa noite aqui – Emmett lançou o convite mais uma vez. E ficou ansioso esperando pela resposta dela.

Rosalie ficou em silêncio, dando mais duas escovadas nos cabelos finos e úmidos de Pétala. E ao responder abriu um sorriso.

— Eu adoraria.

Foi difícil controlar o impulso de beijá-la, ainda que soubesse que tinha de se controlar na presença da filha.

Pétala escapou do espaço apertado que ficou entre eles e largou o fraquinho de creme no colchão, tentando alcançar sua ovelhinha.

— Não devemos nos beijar assim na presença dela – Rosalie alertou com as mãos nos lábios.

— Desculpe, eu não consegui controlar.

Pétala pegou sua ovelhinha de pelúcia e correu para fora do quarto, vestida com aquele pijama de pezinhos cor-de-rosa que fazia parecer um filhote de urso.

— Pétala – Emmett ergueu o tom de voz. – Tenha cuidado na escada.

— Tá bom, papai – ele a ouviu dizer do corredor. – Cuidado na escada – falou pra si mesma.

— Ela ainda está com o sinal do machucado no queixo. Você viu?

— Sim, eu vi. Deve ter doído muito.

— Você precisava ter visto o quanto que ela chorou.

— Ah, eu imagino. Coitadinha.

Emmett olhou o vão da porta por onde Pétala tinha acabado de sair. Se certificando de que ela não voltaria, beijou Rosalie com força, mostrando através do beijo um desejo insano por ela. Uma promessa do que aconteceria mais tarde.

O tio recebeu Pétala no pé da escada, depois de ela ter demorado uma eternidade para chegar ao último degrau. Ela ainda estava com medo por causa da queda que tomou ali. A pequena cicatriz em seu queixo não deixava esquecer-se disso.

Ele a pôs sentadinha na bancada e foi buscar o jantar dela.

Rosalie e Emmett também desceram.

— Vocês vão jantar conosco? – Edward perguntou, vendo-os se aproximar do balcão.

Isabella pegava o restante da louça nos armários.

— Pétala vai jantar aqui sozinha? – Rosalie estranhou que o pratinho dela fosse o único na bancada.

— É que na mesa ela fica desconfortável. O prato fica muito alto quando ela senta na cadeira – o tio se viu explicando. Em seguida entregou um guardanapo a Pétala.

— Vocês nunca pensaram em comprar uma cadeira pra ela ou um assento elevatório?

— Na verdade, não – a resposta veio de Emmett. Ele estava há alguns passos atrás dela. Rose precisou se virar para olhá-lo.

— Podemos ir juntos escolher uma, quando quiser.

— Por mim poderia ser amanhã mesmo. O problema é que tenho uma viagem de negócios marcada e não tenho como adiar. Eu pretendia falar sobre isso com você mais tarde, quando Pétala já estivesse dormindo.

Rose pareceu satisfeita com a informação dele. Em querer informá-la de sua viagem, mesmo que ainda não tenham assumido um relacionamento.

— E Pétala? – ela perguntou logo depois.

— Vai ficar comigo – Edward foi quem respondeu. Ele estava indo ajudar Bella pôr a mesa. E ela completou.

— Nós podemos ajudar.

— Estou de acordo – admitiu Rosalie. – Eu estarei trabalhando, mas, você pode me ligar a qualquer momento. Se for algo de estrema importância, virei pra cá correndo.

— Vocês podem fazer isso? – Emmett pediu.

— Trabalho pro meu pai. Aliás, ele está até viajando, como você já sabe. Nem vai saber que deixei o escritório por algumas horas. Ninguém vai contar. Todos irão pensar que estou tratando de assuntos da empresa.

— Estarei disponível no telefone a qualquer hora. Chegarei aqui logo que possível – Bella explicou.

— Então tudo bem – Emmett concordou. – Vocês o ajudam, caso precise.

— Papai – Pétala chamou. – Corta, por favor, esse frango.

— O papai achou que o seu titio já tinha feito isso. – E ele foi para junto dela. Pegou os talheres e se pôs a cortar os alimentos no pratinho.

— Desculpa princesa – pediu o tio. – Eu acabei me esquecendo de cortar.

— O papai tá cortando tudo já – ela falou pro tio com aquele rostinho de satisfação que alegrava a todo mundo.

— Está bem. Mas você me desculpa, não é? Por ter esquecido e tal.

— Desculpo, sim.

— Espera – alertou Rose. – Acabei de ter uma ideia. – Ela se afastou a caminho da sala de estar onde pegou algumas almofadas. Levou todas para a sala de jantar e as pôs na cadeira empilhadas.

— É uma ótima ideia – Bella concordou. – Elevar o assento pra ela, claro. Por que não pensamos nisso, Edward?

— Marcamos bobeira – ele falou.

Enquanto Rosalie verificava as almofadas na cadeira, Bella foi pegar Pétala na banqueta.

— Eu vou cair titia – ela falou assustada, quando, ao sentar, seu bumbum afundou um pouco nas almofadas.

Emmett se aproximou trazendo a louça dela, deixando tudo pertinho.

— O papai vai sentar aqui do seu lado. E a Rose, no outro. Não vamos te deixar cair. Não precisa ter medo.

Depois de um momento de indecisão, Pétala olhou de um para o outro. Pegou a colherinha e começou a comer sua comida. Acreditava neles, afinal.

Os outros dois também se puseram em seus lugares à mesa.

Pétala olhava no rosto de cada um deles. Satisfeita por tê-los todos ao seu lado. Eles faziam a ausência de Callie menos dolorosa.

Os quatro adultos conversaram normalmente sobre qualquer assunto que surgia. Pétala ia virando o rostinho acompanhando os sons de suas vozes, permitindo, de tempos em tempos, as covinhas brincarem suas bochechas, sempre que alguém lhe lançava uma palavra de carinho.

De vez em quando Emmett a ajudava com um ou outro alimento que lhe era posto no prato.

Rosalie olhava para Edward quando fez a pergunta:

— Você quem preparou o jantar?

— O frango e os legumes já vieram prontos, só tive o trabalho de pôr no micro-ondas . O arroz foi Bella quem fez. O vinho já nós tínhamos em casa há algum tempo. E suco de Pétala veio do mercado junto com as outras coisas. Resumindo, não fiz praticamente nada.

— Espero que o arroz tenha ficado bom – Bella comentou.

— Ficou ótimo – disse Rose, levando uma garfada à boca.

E Emmett agradeceu. – Obrigado, Bella.

— Ninguém agradece a mim? – Edward se queixou.

— Obrigado Edward – todos eles disseram simultaneamente.

Pétala acabou rindo de como todos falaram juntos.

— Obrigada titio – disse um momento depois. – Essa comidinha é uma delícia.

Edward ficou todo cheio de si, mesmo tendo dito antes que não tinha feito praticamente nada. De alguma forma isso acabou divertindo os outros.

Quando todos terminaram, Emmett pegou Pétala no colo.

— Hora de escovar os dentes e ir pra cama, mocinha – avisou a ela.

— O titio também tem vir – ela falou, sendo levava pelo pai. Toda fofinha naquele pijama de pezinhos cor-de-rosa que era seu favorito.

Edward deixou o guardanapo e foi atrás deles.

— Por que os dois? – Bella foi quem perguntou primeiro.

— Temos de cantar pra ela toda noite antes de dormir. E às vezes ler uma historinha também.

As meninas riram, imaginando os dois cantando todas as noites pra garotinha dormir.

— O que vocês cantam? – Rosalie se viu perguntando.

— Qualquer coisa. Canções inventadas, algumas que já decoramos. E assim vai.

— Vem titio.

— Já estou indo, Pequena Dama.

Momentos depois, as duas ouviram suas vozes desafinadas entoar And I Love You So, canção de Elvis Presley.

As duas se entreolharam e, no minuto seguinte, deixaram seus lugares à mesa e subiram rapidamente as escadas. O som das vozes desafinadas ficando mais alto à medida que se aproximavam do quarto.

Bella e Rosalie pararam na porta do quarto de Emmett. Vendo-os ali, aos pés da cama, de costas pra porta, movendo o corpo de um lado pro outro fora do ritmo, enquanto cantavam Elvis Presley.

Pétala estava com a cabeça apoiada ao travesseiro, encoberta até a cintura com os cobertores de inverno. O sorrio de covinhas cravado no rosto.

Ao fim da canção, ela estava com o polegar direito na boca. A outra mãozinha acariciando o pé da ovelha de pelúcia.

Edward beijou seu rosto e se afastou. Emmett beijou sua testa e ajeitou o cobertor em torno de seu corpo pequeno.

— Eu te amo, princesa – sussurrou próximo ao rosto da filha.

— Eu amo você, papai – sua vozinha soou sonolenta. E ela se virou de lado, pondo novamente o polegar na boca. Apertando Coraçãozinho no braço.

— Eu posso? – Rosalie pediu, quase sussurrando também.

Emmett ergueu o olhar, olhando na direção da porta. Somente agora se dando conta, os dois, da presença das garotas.

— Claro – ele concordou, logo que ela indicou sua filha na cama com a mão.

Rosalie entrou no quarto com passos cautelosos. Evitando fazer barulho. Aproximou-se da cama e se curvou beijando no rosto de Pétala.

— Boa noite, coração.

Pétala a surpreendeu ao abrir os olhinhos e tirar o polegar da boca para beijar no rosto dela. Um beijinho suave. Num instante, estava com o polegar na boca outra vez.

Edward acendeu a luz do abajur antes que o irmão desligasse as luzes do teto.

Todos eles se retiraram do quarto, evitando fazer barulho, um logo atrás do outro. Deixando que a garotinha tivesse um sono tranquilo.

 


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Notas finais do capítulo

Aguardo por vocês nos comentários :)
Beijo, beijo
Sill