Eram sete horas em ponto, Clara chegou se arrastando na escola. Se apoiando onde conseguia. Sua aula começava 7:05, ou seja, ainda tinha cinco lindos minutos para se recuperar. Sua cabeça doía, estava suada, sentia tontura, estava ótima para não dizer ao contrário.
Caminhava lentamente para sua sala, faltando um minuto conseguiu entrar, pegou uma cadeira encostada na parede, seu lugar preferido, assim podia dormir durante a aula.
—Clara você está péssima. -Alison chegou sentando atrás da amiga.
—Uma garota adora ouvir isso. -Sorriu irônica segurando a cabeça.
—É sério o que aconteceu? -A menina estava realmente preocupada com a amiga, o estado de Clara era precário.
—Bati a cabeça no criado mudo, mas não é nada grave. -Deu um sorrisinho tentando convencer a amiga.
—Bom dia alunos. -A professora de história vinha entrando na sala.

[...]

—Clara! -Uma voz que parecia vir do além gritava. -Clara, acorda!

A dona da voz levantou a cabeça ainda sonolenta e abriu os olhos, procurando quem a chamava.

—Você dormiu a aula toda. Duas horas, foi o tempo que dormiu. E aliás perdeu dois tempos de história. Vem já bateu.

Olhou ao redor e não havia mais ninguém na sala. Levantou sonolenta, pegou sua mochila e saiu da sala acompanhada da amiga.
Andavam pelo corredor como se fosse mais um dia normal, afinal era um dia normal não era?
As duas conversavam sobre assuntos aleatórios, amava isso, poder ter uma amiga na qual nunca ficava sem assunto.
Daniel caminhava pelo corredor mexendo no celular quando Clara o avistou.
—É.. Alison, tenho que ir ali falar com alguém, me encontra no pátio em vinte minutos. -Nem deixou a amiga responder, saiu andando em encontro com Daniel.
—Cadê o dinheiro? -Foi direto ao ponto arrancando o celular da mão do garoto.
—Oi pra você também! -Deu um sorrisinho.
—Cadê o dinheiro? -Repetiu.
—É uma história bem engraçada, você vai até gostar. -Segurou os ombros da garota. -Não tem dinheiro!
—O QUE? -Gritou chamando atenção dos que estavam perto.
—Isso mesmo que ouviu, engraçado né. Agora se conforme gata. -Piscou o lado direito do olho retirando o celular das mãos da garota.
—Como assim, não tem dinheiro Daniel? Eu beijei você, quero receber.
—Acontece que o beijo só valia pro primeiro dia de aula, e não para o segundo.
—Você é um idiota sabia?
—Já me xingaram de coisas piores, acredite. -Passou a mão no cabelo.
—Acredito sim, e acredite você é tudo isso, e mais. -Se retirou e foi ao encontro com Alison no pátio.

Caminhava normalmente quando sentiu uma dor na parte de trás e reparou que seu bumbum estava contra o chão.
—Ah fala sério, hoje é o dia dos idiotas ou o que?
—Wow tigresa, vai com calma. -A pessoa estendeu a mão lhe oferecendo ajuda para levantar.
—Tigresa seu... -Cedeu a mão, e levantou com a ajuda da pessoa.
—Wow de novo. Olha a boquinha suja.

Clara levantou a cabeça e reparou em quem estava em sua frente.

—Colin, prazer. -Deu sorrisinho de lado.
—Amigo do Daniel certo?
—Não ouse se referir a Daniel Hunter como meu amigo. -Estufou o peito e dilatou as narinas.
—Tá, mas você joga no mesmo time que ele, certo?
—Poise, infelizmente.
—Te procurei por toda parte, e você aqui com... -Foi parando, ao reparar em quem estava com Clara. -Colin Meyer.... de mãos dadas.

Clara olhou para as mãos que ainda estavam presas nas de Colin.

—Não, não estamos. Você está imaginado coisas Alison, vamos você tem que tomar o remédio lembra.

Segurou a amiga pelos ombros e foi a guiando para fora da escola.

—O que está rolando entre você e o Meyer? Pensei que estava com o Daniel. -Se sentaram debaixo de uma árvore que tinha ali.
—Nós não estamos juntos. Não tá rolando nada entre mim e o Colin, e não tá rolando nada entre mim e o Daniel. -Disse rápido.
—Mas você gosta de um dos dois. -Deu um risinho.
—Alison. -Tocou no queixo da amiga fazendo olhar pra ela. -Olha pra mim. Esse é meu terceiro dia de aula nessa escola. Não tem como eu gostar do Daniel, nem do Colin, que aliás conheci ainda gora.
—Tá bom, tá bom. -Levantou as mãos se rendendo.
—Valeu. -Deitou a cabeça no ombro da loira.
—Como era lá no Kansas?

Clara levantou a cabeça, e um brilho surgiu no olhar da menina quando escutou o nome de sua cidade natal.

—Lá é maravilhoso sabe, não é tão grande como aqui, mas também não é tão pequena. Eu tinha amigos fantásticos, uma casa não tão rica como a que tenho aqui....-Alison a interrompeu.
—Pera aí, acabei de perceber uma coisa, você nunca me contou como você veio parar aqui.
—Não? -Olhou pro lado. -Já devo ter contado sim Alison, você que não lembra. -Tentou convencer a amiga.

Era fato que ela não queria contar que morava com Bryanna, ou melhor, que era meia irmã da garota mais chata da escola, da cidade, do estado, do país, do mundo, do universo. Mas também, ela nunca tinha contado sua vida com detalhes como contaria pra Alison Cooper.

—Não Clara, eu tenho uma ótima memória, e você nunca me contou. Então se importaria se contasse pra mim agora? -Implorou com o olhar.
—Tudo bem, mas promete que não vai deixar de ser minha amiga? -Segurou na mão de Alison. -Você é a única coisa que tenho de bom pra viver aqui. -Puxou a loira pra um abraço.
—Ei, claro que prometo. Agora conta. -Se separou do abraço.
—Meus pais se separaram quando eu tinha sete anos. Eu sempre fui uma garota que se conformava muito rápido com qualquer coisa, então não sofri muito quando eles se separaram. Mas a dois meses atrás eu perdi meu pai. E eu nunca tinha levado tanto tempo pra me conformar com isso. -Um olho desceu pela sua lágrima. -Meu pai sempre foi aquele homem brincalhão sabe, ele contava as melhores piadas do mundo. -Sorriu emocionada. -Minha mãe conheceu um cara em uma das suas viagem de emprego. Então um dia antes de vim pra cá soube que ela havia se casado com ele. Me conformei rápido porque ela devia ter uma boa explicação por cima de tudo isso, mas até agora ela nunca me contou. E acontece que esse cara que ela se casou é podre de rico, mas antes que você fale que tá bom demais... a filha dele é a Bryanna. - Mordeu os lábios.
—MENTIRA! -Alison gritou.
—Alison cala a boca. -Tampou a boca da amiga.
—Da pra tirar a sua mão suja da minha boca. -Tirou a mão de Clara. -Obrigada! Então que dizer que você é irmã da Bryantula? -Deu uma gargalhada.
—Espera aí, Bryantula? Que merda significa isso Alison?
—Ah sabe, tarântula, Bryanna, sabe, são iguais. -Falou mexendo as duas mãos.
—Você é demais!

As duas ficaram rindo e conversando sobre coisas aleatórios até o tempo bater para um novo tempo de aula.

[...]

—Você já percebeu como a Alison tá linda man? -Disse Stuart observando Alison sentada de baixo de uma árvore conversando com Clara.

Stuart e Daniel estavam encostados no muro conversando, sobre garotas, bares, tudo que vinha na mente.

—A garota era gamada por você ano passado Stuart. Agora que veio reparar nela? -Deu um tapa no ombro do amigo.
—Era? Bom, imagina só eu, você, e as duas amigas ali, na casa de praia dos meus tios. Oh delicia. -Disse Stuart olhando pro além.
—Eu e a Clara? -Gargalhou. -Sem chances, entre zero a dez dou menos dez. Seria mais fácil eu beijar você, que rolar algo entre eu e a Clara. Puff nada haver.
—Por que tá na defensiva? -Olhou sério pra Daniel. -Uuuh, cê tá caidinho pela Clara. -Cutucou o peito do moreno.
—Quem tá caidinho pela Clara? -Bryanna chegou sorridente apoiando o rosto no ombro de Daniel.
—Ninguém! Bryanna eu já falei que não to afim de você.
—Olha eu vim aqui em paz. -Fez sinal de paz com os dedos. -Vou dar uma festa na casa de praia hoje, e vocês estão convidados. Na verdade toda a escola está, mas fiz questão de convidar vocês pessoalmente, principalmente você Daniel. -Depositou um beijo no canto da boca do moreno. -Bye bye boys!
—Man, olha o que você está desperdiçando. -Os dois olharam pra Bryanna desfilando.
—Não, Não! -Balançou a cabeça. -Ela é irritante Stuart, não suporto ela. - Revirou os olhos.
—Bom, mas se eu fosse você pegava ela de jeito. -Mordeu os lábios.
—Achei que estava de olho na Alison. -Mexeu a sobrancelha apontando pras duas levantando de baixo da árvore.
—Eu to livre man, tenho que aproveitar. -Correu pra dentro da escola.

[...]

—Pronto, mensagem enviada pra toda a escola.
Bryanna e suas seguidoras passavam desfilando pelo corredor da escola escutando os celulares apitando recebendo o convite.
—Convidou a Clara? -Uma de suas seguidoras perguntou.
—Mas é claro Barbara, por que não convidaria?
—Pensei que odiava ela. -Disse outra.
—E odeio. Mas já ouviram o ditado, mantenha os amigos perto, e os inimigos mais perto? -Sorriu. -Vocês não sabem de nada mesmo, preciso de novas seguidoras.

Não tem hora mais feliz que a hora da saída. Tá, talvez não seja TÃO feliz assim quando se vai ter uma festa à noite.
Bateu o sinal, e todos os alunos saíram correndo, atropelando uns aos outros.

—QUE HORA É AGORA? -Clara gritou com ritmo.
—É A HORA DA SAÍDA. -Respondeu Alison no mesmo ritmo.
—É HORA DE QUE? -Clara subiu na mesa da professora.

Só estavam as duas ali na sala de espanhol.
—É HORA DE SAIR. -Gritou Alison subindo com a amiga.

As duas começaram a dançar em cima da mesa, dizendo coisas aleatórias.
Uma morena, quem a conhecia podia dizer que era uma das seguidoras de Bryanna, passava por ali e escutou as duas cantando, discretamente segurando o riso, tirou da bolsa o celular e gravou todos os movimentos.

[...]

—Aí não, eu disse ali. -Apontou pra perto da piscina. -Deixa que eu coloco seu incompetente. -A loira gritou ritou com o funcionário.
—Olha senhorita, não trabalho para pessoas como você. -Respondeu o homem.
—Como eu? O que você quis dizer com isso? -Perguntou se aproximando do homem que ia andando pra trás de acordo com os passos da princesinha loira mimada. -Sabe com quem está falando?
—Aaaah Bryanna, você nem sabe....

Charlotte chegou correndo, o que não conseguiu freiar e acabou batendo em Bryanna, que fez derrubar o homem na piscina e espirrar água molhando tudo ali perto.

—CHARLOTTE, olha o que fez. -Apontou pro vestido. -Esse vestido é novinho, e você molhou ele. -Disse passando a mão no vestido.
—Mas é só água. -Disse como se fosse óbvio.
—Não é só água, é uma água super super super... ah deixa pra lá. Vou trocar de roupa. -Foi em direção à porta da casa de praia.
—Espera aí, tenho algo super importante pra te contar.
—Não dá pra esperar?
—Não!! -Puxou a "amiga" pelo braço.

As duas sentaram nas cadeiras que tinham ali, Charlotte pegou o celular e mostrou o que tinha gravado.

—AÍ MEU DEUS. -As duas gargalhavam. -QU-QUE RIDI-CULAS! -Bryanna chorava de tanto rir.
—Sabia que você ia gostar.

Charlotte estava feliz, estava conseguindo impressionar Bryanna, a rainha da Briget High School.
Quem sabe assim, ela poderia se tornar super popular na escola. Era tudo que interessava essas "amiguinhas" de Bryanna, a fama.

—Eu amei, finalmente alguém competente aqui. -Sorriu pra morena. -Tenho varias coisas pra fazer, ir no salão, falar com a Victoria Beckham pra saber da minha roupa. Nos falamos depois.
—Victoria Beckham? -Charlotte sussurrou pra si mesma.

Do outro lado da cidade Alison e Clara passeavam pelo shopping. Alison estava querendo comprar uma roupa nova, nunca ira em festas, por isso não tinha roupas pra ir em uma.

—O que acha desse? -Alison fez uma pose.
—Ui, ficou sexy. -Clara disse mordendo os lábios. -Experimenta esse.
—Que lindo Clara, por que não compra você? -Disse entrando no provador. -Quero dizer, seu padrasto é um dos homem mais ricos do mundo. -Saiu do provador.
—Esse tá maravilhoso Ali. -Sorriu encantada pra amiga.
—Acha mesmo? -Se olhou no espelho. -Acho que ficaria melhor em você. -Moveu sua mão pro zíper.
—Não. -Segurou a mão da loira. -Tá perfeito em você. Vem vamos pagar.

Alison se olhou mais uma vez no espelho e sorriu pra imagem que era refletida naquele pedaço enorme de vidro. Havia gostado do resultado. Retirou o vestido e dirigiu pra pagar o belo vestido.

—Você não vai comprar nada? -Alison perguntou pra Clara.
—Não, não. Vou com o que tiver de bom no guarda roupa. -Saíram da loja.
—Posso me arrumar na sua casa? Andrew passa e pega a gente lá.
—Claro que pode. Estava precisando de uma carona mesmo.

Saíram do shopping e um clima nada bom apareceu no céu. Espantando quem estava andando pelas ruas de San Francisco.

—A festa da Bryantula vai ser um fracasso se chover. -Disse Clara entrando no taxi.
—Ela sempre teve sorte com isso. Dessa fez não deve ser diferente.- Comentou Alison.