— Alison! -Clara, da porta da sala 14 chamava pela loira que estava posicionada atrás de uma mesa com ingredientes posicionados ao lado direito da mesa.

— Clara, o que cê ta fazendo aqui? –Alison perguntou impacientemente nervosa.- O festival já vai começar.

— Eu sei, só vim te desejar boa sorte.- Lançou um sorriso amigável e reconfortante pra amiga que parecia estar se afogando num mar de ansiedade e nervosismo.- E sem contar que na exposição ta um saco, temos que ficar em pé esperando que alguém pare na nossa pintura pra podermos explicar, é um tédio.

— Amiga da minha vida, eu sinto muito por você, mas eu preciso ir!

— Tudo bem, também tenho que voltar pro meu estabelecimento de nada.- Deu um ultimo sorriso e se pôs no corredor a caminho da sala de exposição.

“É o seguinte, a exposição de artes começou faz 10 minutos, artesanato começará em 5 minutos, natação também já começou e culinária começará agora. Desejo a todos um ótimo festival e um brilhante caminho pro futuro, aqui é a Diretora Wilson falando.”

— Bryanna eu to nervosa. – Charlotte ruía a unha enquanto caminhava ao lado de Bryanna pelo corredor.

— Para de roer a unha Charlotte. – Bryanna bateu na mão da companheira.- Não é preciso ficar nervosa, não vamos cometer nenhum crime, vamos apenas fazer justiça, lembre-se.

— Eu sei, mas isso parece mais injusto que justo.

— Charlotte você está aqui para obedecer, não pra dar suas opiniõezinhas inúteis que não vão mudar nada na minha vida!- Disse olhando pra morena que não parecia nem um pouco calma.- Agora volta a andar que o festival de culinária já começou, e assim que sair o resultado você vai ter que entrar naquela sala e tirar todo mundo.

— Tá bom, mas se alguma coisa der errada...

— “Mas se alguma coisa der errada”.- A loira imitou a voz da morena.- NADA vai dar errado, e SE der, a culpa vai ser sua!

As duas voltaram a caminhar bem lentamente, enquanto no ginásio ocorria uma conversa bem severa que ninguém jamais sonhou em acontecer na história daquele colégio. Daniel e Colin discutiam amigavelmente com os outros membros do time como seria o jogo do próximo dia que os mesmos vinham treinando a meses pra competir com o grande rival, os Buketes.

— Ai o Daniel vai chegar pela esquerda, tomar a bola do Sebastian e fazer o gol, entenderam?- Perguntou Colin.

— Tendi, mas e eu? – Ryan um dos jogadores questionou.

— Você Ryan, você ficará no banco reserva.- Daniel respondeu tirando risada do resto.

— Por que?- O menino questionou assustado. – Fiz um gol na competição passada.

— Um gol contra, seu idiota!- O treinador Stevens entrou no vestiário tirando a atenção de todos do quadro.

— Senhor o que está fazendo aqui?- Colin foi até o homem que tinha cara de doente se recuperando.- Você está doente, tinha que estar em casa deitado na cama tomando sopa.

— Esse é o problema, passei um mês tomando sopa de galinha daquela mulher, quero um x-tudo brasileiro carregado de bacon e maionese caseira.- O homem se aproximou do quadro com anotações e desenhos das posições dos jogadores.- Vamos logo treinar pessoal, daqui a pouco minha mulher chega, e vocês não vão querer ve-la brava.

O treinador pegou o apito que estava pendurado em um gancho na parede, o colocou sobre o pescoço e empurrou todo o time pra o ginásio, seria o ultimo treino, teria que sair tudo perfeito.

                                                           [...]

— Professora hoje em dia ninguém mais se interessa por arte, isso é horrível.- Clara comentou com a professora que parecia também arrasada.- Apenas duas pessoas tiveram interesse na minha pintura.

— E uma na minha.- Elizabeth uma aluna da aula de pintura comentou.

— Resumindo, dez pessoas ao todo tiveram interesse nessa sala.- Um outro aluno comentou.

— As pinturas da Nina fazem falta.- A professora sussurrou alto o suficiente para todos os alunos perto dela escutarem.

— Espero que não seja muito tarde para pôr meus quadros em exposição.- Nina apareceu na porta tirando a atenção de todos na sala.

— Nina!- Clara foi em direção a mesma e a cumprimentou com um abraço.

— Você está gravida!- A professora se aproximou da morena barriguda.

—Sim, espero que não seje um problema, porque de problemas já tenho vários.

—Não, problema jamais. Seja bem vinda minha linda, guardamos um lugar especial para você.- A professora que agora estava com um sorriso de orelha a orelha guiou sua aluna preferida até um cantinho onde estava vazio a espera da pessoa ideal para ele.

— Espero que não tenha sido tarde demais.- Lamentou Nina arrumando os quadros.

— Não mesmo, os avaliadores ainda nem apareceram.- Sra Mayara a professora de artes caminhou até a porta.- Estava esperando por você.- Deu uma última piscadinha para a barrigudinha e saiu da sala.

— Que bom que está aqui, estava com saudades. – Clara se aproximou da amiga. Sua barriga parece que vai estourar.

— Porque você não viu quando ela chuta.- Nina comentou acariciando a barriga por cima do vestido.

— Mas consigo imaginar, eu to tão empolgada.- Disse Clara animada.

— Eu também.

— Podem entrar! – A professora entrou na sala, seguida de um homem e uma mulher.- Alunos, esses são Samuel Goten, e Emma Sullevan. Eles estão aqui para avaliarem a criatividade, o carisma, a qualidade, a história da pintura de cada um.

Todos olhavam atenciosamente para a professora que discursava, após o termino todos se arrumaram nos lugares e quando menos esperavam a sala encheu com vinte pessoas espalhadas por toda a sala, todos olhavam admiravelmente cada detalhe a se expressar e escutavam atenciosamente cada história de cada quadro.

— Você tem um ótimo ponto de vista de tudo, e soube expressar cada detalhe, cada sentimento e consegui sentir, muito bom, certo Emma? - O homem que usava uma roupa super moderna e segurava uma prancheta no braço e uma caneta na mão sempre escrevendo, perguntou a mulher ao seu lado.

— Nossa, bem criativo, eu também amei, você tem futuro garota.- A mulher sorriu para a morena buchudinha mais linda da sala.

— E desculpem me intrometer, mas essa é uma das minhas melhores alunas a anos. – A professora abraçou Nina de lado.

Enquanto tudo ocorria muito bem naquela parte do colégio, em outra sala inundada de pressão, nervosismo, e cheiro de comida ocorria um Masterchef.

— E é isso, nossos jurados estão nesse momento decidindo o resultado que sairá daqui a uns instantes.- Comunicou o apresentador também conhecido como Sr Cohan, o professor de culinária.

— Charlotte é agora! - A loira anunciou sorridente.- Eu irei ao banheiro me trocar e você vai tirar todo mundo dessa sala quando ele anunciar que já tem o resultado.

Bryanna saiu da sala, correndo até o banheiro e colocando a peruca e uma outra roupa. Era agora ou nunca que a sua “justiça” seria feita.

— É agora Charlotte, você consegue! - A morena respirou fundo.

— Já temos o resultado senhoras e senhores.- O professor anunciou andando até a mesa dos jurados.

— Socorro, socorro! - Charlotte entrou na sala gritando assustando a todos que estavam ali.- Tem dois garotos brigando la no jardim, a briga ta muito feia.

— Meu Deus, já avisou aos diretores? – O professor perguntou caminhando até a menina que parecia assustada.

— Não, eu não sabia o que fazer, é horrível professor.

— Você sabe quem são os dois alunos?

— Não, não consegui ver, eles estão cheios de sangue e rolando pelo jardim, é assustador.- Charlotte chorava.

— Eu sou médico, posso dar uma olhada.- Um homem no meio da multidão da sala se pronunciou.

— Otimo, vamos lá!- Sr Cohan puxou o homem.

— Vou junto, pode ser o meu filho ele só se mete em confusão.- Uma mulher resmungou.

— É pode ser o nosso filho, temos que ir vê.- Alguns pais comentavam entre si saindo da sala.

— Não acredito, agora que iriamos saber do resultado.- Alison resmungou saindo de traz da mesa.

— Eu não perco isso por nada.- Scott um colega de culinária de Alison disse correndo para fora da sala.

— Ninguém pode perder, vamos! - Um foi puxando o outro até a sala esvaziar, exceto por Alison.

— Tá, fazer o que? Até os jurados foram.- A loira caminhou para fora da sala a deixando literalmente vazia.

Bryanna que esperava do lado de fora disfarçadamente animada, entrou na sala tentando ao máximo andar de costas para a câmera de segurança que todas as salas possuíam. A loira foi até a mesa dos jurados onde estava depositado um envelope branco, a garota abriu aquele tão importante papel que daria uma bolsa para a melhor faculdade de culinária do país, e trocou o cartão que estava dentro sem olhar o nome, por um cartão que possuía o nome de “Alison Cooper”.

— Fomos enganados! - Bryanna escutou a voz de aborrecimento do professor e se escondeu embaixo da mesa dos jurados.

— Eu juro que eles estavam lá professor! - Charlotte entrou na sala junto com todo mundo que havia se retirado.

— Não havia ninguém lá Srta Rodriguez.- O professor voltou para o seu lugar acompanhado de todos os jurados.

— Eles devem ter ido embora quando percebeu que alguém estava indo até lá.

— Se o Jackson estiver se metido nessa briga ele vai ver quando chegar e casa.- Uma mulher baixinha e gordinha fez cara de mau tirando risada de alguns.

— Já chega Srta Rodriguez, retire-se para podermos retornar a nossa atividade.- Sr Cohan fez sinal com a mão a apontando para a porta.

— Eu estou indo, mas não porque o senhor está pedindo, e sim porque e preciso.- E por fim a garota saiu da sala.

— Senhoras e Senhores, o ganhador de uma bolsa para uma das melhores faculdades de culinária do país, é..... Alisson Cooper!

Confetes saíram do chão e todos aplaudiam animadamente a vitória sabotada da garota.

— Isso é verdade? - A loira perguntou sem acreditar.

— Pode acreditar, você ganhou uma bolsa para a University Of Nebraska Lincoln. – O professor anunciou mais uma vez tirando mais aplausos do público.

Por baixo da mesa Bryanna sorria satisfeita. Tirou o celular do bolso e digito algumas palavras e mandou pra companheira que fez o plano ir pra frente.

“Plano foi um scesso. – De Bryanna Benson Para Charlotte Rodriguez.”

Enquanto daqui era vitória, do ginásio era cansaço e da sala de artes era alegria e duvidas, o festival chegava ao final.

“Parabéns alunos, nosso festival foi um sucesso, quero parabenizar todos aqueles que conseguiram uma vaga para o futuro, e aqueles que ainda não conseguiram paciência, desejo um ótimo final de dia para todos.”

E os autos falantes vibravam a voz da diretora.

— Eu consegui amor! – Alison pulou sem cima de Stuart assim que a turminha se encontrou.

— Parabéns sua maravilhosa.- O menino rodou a namorada.- Desculpa não ter visto a sua grande vitória, tive que resolver uma parada ai com minha família.

— Tudo bem, o importante é que eu vou pra melhor faculdade de culinária dos Estados Unidos da America, chupa essa perdedores.

— Uma das melhores.- Clara corrigiu a amiga.

— Deixa de ser estraga prazeres.

— A Nina conseguiu uma bolsa pra Julliard.- Clara anunciou enfraquecendo o sorriso de Alison.

— Parabéns barrigudinha.- Stuart abraçou a morena.

— Obrigada pessoal, mas não sei se vou.- A menina anunciou espantando a outra morena.

— Por que não? Era o seu sonho.- Disse Clara.

— Exatamente, era, bem no passado, meu sonho é outra coisa agora.- Olhou pra barriga.

—Você não pode desistir Nina.- Clara continuava.

— Mas eu não me importo mais tanto com a arte.

— Olha essa barriga!- Daniel chegou tirando o clima de tensão.

— Oi Daniel.- Cumprimentou o namorado da amiga.

— Nossa você ta melado de suor.- Disse Clara fazendo cara de nojo.

— Treinador pegou duro hoje.- Disse o moreno passando a mão na testa “tentando” limpar o suor.

— Achei que ele tava doente.- Clara estranhou.

— Ele fugiu de casa, algo de não aguentar mais a sopa de galinha da esposa.

Uma tela surgiu no corredor principal da escola, onde a maioria das pessoas estavam concentradas. Então uma voz desfigurada por algum aplicativo começou o vídeo.

“Algumas pessoas acreditam tanto nas outras que não olham pro lugar mais sombrio nas mesmas. Hoje gostaríamos de desmascarar uma pessoa que causou ilusão em uma de nossas alunas e colegas. A câmera de segurança flagrou uma aluna entrando na sala 14ª após ser evacuada por um alarme falso, e trocando os resultados do festival de culinária. Mas quem faria algo assim? Deveríamos confiar mesmo em nossos amigos? Denunciamos Clara Hope por invasão.”

O som parou, por tanto o vídeo de uma menina morena entrando na sala de culinária e trocando os resultados continuava passando, e todos que estavam ali inclusive jurados olhavam para a menina que menos sabia o que se passava.

— Era a Clara!- Afirmou Stuart olhando pra tela.

— Não foi a Clara!- Nina defendeu a amiga.

— Mas a Clara está usando a mesma roupa que a menina do vídeo.- Alison se pronunciou aflita.

— Calma Alison, não fui eu.- Disse Clara tirando olho da tela e olhando para a amiga.

— Quero muito acreditar.- A loira disse deixando escapar uma lagrima.

— Calma amor.- Stuart acariciou o braço da namorada.

— Não me toca.- Alison fungou o nariz e mexeu o braço.- Por que você fez isso?

— Não fui eu Alison.

— Claro que foi, tem um vídeo Clara.- Alison apontava pra tela que ainda rodava o vídeo.

— Alguém tira a porcaria do vídeo.- Daniel gritou.

— Mas não sou eu.

— Que raiva, você sabia o quanto isso era importante pra mim Clara.- A loira enxugava as lagrimas que desciam o rosto sem intervalo.

— Eu sei o quanto isso é importante pra você Alison, eu jamais faria isso.- Desceu a primeira lagrima no rosto da tal culpada.

— Então por que fez isso? Foi por que estava cheia dos meus “ciuminhos” por causa dessa vaca da Nina? Ou por que você sabia que eu não era capaz de conseguir?

— Para com isso! Vamos conversar mais calmas por favor.- Clara tentava se acalmar.

— Acalmar? Eu acabei de perder uma bolsa pra faculdade dos meus sonhos, e você quer que eu me acalme? Clara você é pior que a Bryanna, você realmente extrapolou o limite de ser uma vaca traidora.

— Não fala isso.- A morena já soluçava.

— Arrrrrrrg! Como eu queria falar muito mais.- Escorria lagrimas pretas pela bochecha de Alison.

— Mas não sou eu no vídeo, me escuta por favor.- A voz de Clara saia tremula por causa do choro.

— PARA, não acredito mais em você, obrigada por arruinar minha vida.- Limpou as ultimas de muitas lagrimas e saiu dali, deixando uma plateia de boca aberta, e uma ex amiga chorando muito.

— Alison!- Clara tentou chamar a loira, porém sem sucesso.

— O que vocês estão olhando? Vamos, aqui não tem nada pra vocês.- Daniel saiu espantando toda a multidão que olhavam pra tudo.

— Não fui eu.- Clara repetia chorando.

— Eu sei meu amor, eu sei.- Daniel respondia abraçando a morena.

“Clara Hope compareça a direção. Clara Hope compareça a direção.”

Os autos falantes repetiam.

— Preciso ir Daniel.- Disse Clara se afastando do namorado.

— Quer que eu vá junto?- Perguntou o menino atencioso.

— Não, não precisa.- Deu um selinho no namorado e limpou as lagrimas que restavam ali no rosto.

— Que beijo salgado.- Daniel comentou arrancando uma risadinha de Nina.- Quer carona pra casa barriguda?

— Acho melhor eu esperar a Clara, ela vai precisar de apoio.

— Eu vou ficar!- O moreno tirou as chaves do bolso.- Vai querer barriguda?

— Para de me chamar assim.

— Desculpa!- Sorriu sem graça.- Vamos barri... Nina!- Balançou as chaves.

— Vamos, se prometer me dar notícias da Clara.

— Prometo!- Os dois caminharam até o carro.

                                                           [...]

— Diretora não foi ela.- Sra Mayara dizia.

— Mas professora Mayara nós temos uma prova em vídeo.- A diretora dizia acompanhando o vídeo pela decima vigésima trecentésima vez.

— Mas ela estava comigo na sala de exposição, não tem como ela ter saído da sala sem eu perceber.- A professora suspirou.

— Eu sinto muito Clara, você foi uma ótima aluna o tempo que estudou conosco...

— Você está me expulsando?- A morena levantou da cadeira e arregalou os olhos.

— Sente-se por favor.- A diretora pediu.- Você infringiu as regras da escola, você fez uma coisa muito séria.

— Mas não fui eu.- A morena tentou dizer pela ultima vez.

— Desculpe Srta Hope, mas você não tem provas que provam o contrário, e nós temos uma prova que mostra você fazendo.

— Nem da pra ve o rosto da Clara.- A professora voltou a se pronunciar.

— E qualquer um poderia ter uma roupa igual a minha, uma vez Selena Gomez e Katy Perry usaram a mesma roupa em uma premiação.- Clara comentou fazendo a diretora mandar um olhar reprovador.

— Quem é Selena Gomez e Katy Perry? Olha Srta Hope, o assunto aqui é você. Faremos uma reunião com sua mãe e decidiremos o melhor pra você, até lá você estará suspensa.

— O que? Não, diretora isso vai manchar meu histórico, nenhuma faculdade vai me aceitar, por favor eu aceito horas e horas de trabalho.

— Mas ainda faremos uma reunião com a sua mãe, você trabalhará nas horas vagas na cozinha todas as segundas e quartas, e as terças e quintas arrumará a biblioteca.

— Obrigada diretora!- Sorriu agradecida.

— Isso manchara seu histórico também.

— Mas uma suspensão é maior.- Clara disse aliviada.

— Podem se retirar.

A professora Mayara e Clara se retiraram na direção parando no corredor onde tudo ocorreu.

— Obrigada professora, obrigada mesmo, não sei o que aconteceria sem você.- A menina puxou a professora para um abraço.

— Eu não fiz nada, você conseguiu tudo sozinha.- A professora disse contente.

— O que eu faço professora? Eu nem sei o que aconteceu aqui.

— Eu também não sei, mas pode contar comigo pra o que quer que seja. Mas agora preciso ir.- Lançou um sorriso em consolo e despedida.